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História Memories And Letters - Ataraxia


Escrita por: feeljhn

Notas do Autor


Ataraxia (nome do capítulo) é um termo grego para um estado lúcido, caracterizado pela ausência de preocupação. Para os epicuristas, a "ataraxia" era sinônimo da única verdadeira felicidade possível para uma pessoa.

obs: O símbolo [Ѫ] significa uma quebra de tempo.

Capítulo 22 - Ataraxia


Domingo. Talvez um dos poucos domingos que já tive o desprazer de acordar. Isso apenas pelo fato de estarmos encerrando aquele fim de semana inesquecível. Fui acordado pelo barulho da janela batendo, provavelmente aberta por conta da forte ventania que fazia em plena manhã. Antes que eu pudesse me levantar, de fato, da cama, senti um certo peso impedindo que eu executasse tal ação. Quando levantei a coberta, vi que você estava, mais uma vez, abraçado à mim e observar tal cena me fez rir, pois comecei a pensar se eu seria capaz de sair dos teus braços sem te acordar.

- Tae – falei sussurrando enquanto acariciava teus cabelos macios e bagunçados. Fiquei mais um tempinho brincando com seu cabelo até que minhas mão se cansou e parei.

- Continua – você falou sonolento, se referindo ao cafuné.

- Você tava acordado e não falou nada? – me pronunciei, recebendo de você uma risada fraca e sonolenta. Depois de um pouco tempo fazendo o que você desejara, retomei minha fala – Tae, vamos. Você não tá com fome?

- A comida pode esperar – respondeste com esforço por estar tomado pela preguiça matutina.

Eu sabia que você ia continuar dando mais e mais desculpas para não se levantar, então optei em jogar sujo.

- Até mesmo se a comida for eu? – pronunciei alto e claro para não ter que repetir tal frase suja.

- Quê? – você falou dando um pulo na cama e tornando a se sentar, olhando para mim com uma expressão de surpresa.

- YA! – falei lhe socando o ombro – Só assim pra você se acordar, né? – completei rindo, já me levantando da cama.

- Jeon Jungkook, não faça isso comigo. Sou cardíaco, sabia? – falaste com a mão no peito, se recuperando do susto enquanto ria. Mal havíamos começado a namorar e eu já havia achado um ponto fraco em você.

Em tal manhã, comemos rápido e nos apressamos em arrumar nossas bagagens, pois queríamos chegar em Seul na faixa do meio dia, horário que eu havia combinado com vovó Tsunade. Felizmente, a chuva havia se tornado fina, deixando aquela manhã mais calma, com um cheiro agradável de mato molhado.

Um táxi nos buscou e, em tal viagem até a estação de trem, paguei minha parte, mesmo com você quase me impedindo de pagar. A volta para Seul foi meio cansativa. Não demorou muito para que nós dois caíssemos de sono e não notássemos o momento em que chegamos a Seul. A voz do trem que anunciava a nossa chegada à Seul foi que alertou à nós dois.

Ao desembarcar, ainda sonolentos como dois zumbis, fomos até a saída da estação. A mesma estava quase vazia, talvez pelo fato de não ser exatamente uma época de férias, em que a tal estação fica infernalmente lotada. Contudo, havia alguns seres humanos em tal local e, entre eles, a ser humana mais preciosa do meu mundo: vovó Tsunade. Ela, ao nos avistar, veio ao nosso encontro sorridente.

- Vovó – exclamei animado, me curvando para abraçá-la – Senti saudades – continuei enquanto a abraçava.

Ela apenas riu em meus braços me abraçando forte e eu sabia que não havia resposta melhor. Ao separar nosso abraço, ela pegou minhas mãos e sentiu o anel em meu dedo, direcionando seu olhar para o mesmo.

- Oh – ela falou apontando para o anel e depois de observar o mesmo anel nos dedos de Taehyung, continuou – Não acredito, é o que estou pensando? – ela falara rindo alegremente enquanto abraçava nós dois.

- Sim, vó – respondi enquanto a mesma nos abraçava. Sorri com a reação dela e notei que você claramente não estava entendendo tal reação inesperada mas, mesmo assim, sorria retribuindo o abraço.

- Que ótimo, agora o meu pedido vai fazer mais sentido – vovó Tsunade falara depois de separar o abraço, ainda sorrindo largo enquanto admirava nós dois.

- Que pedido, vó? – indaguei curioso.

- Eu iria pedir para você convencer seu jovem amigo para se juntar a nós no almoço mas creio que não vai ter que se esforçar para convencê-lo – vovó Tsunade falara, deixando ambos nós dois intimidados.

- Você pode? – perguntei para você.

- Claro, seria um prazer – você respondera sorrindo para mim e para minha vó.

[Ѫ]

Pegamos um táxi e fomos para a minha casa, onde iríamos ter o almoço, que tinha o suficiente para alimentar um batalhão coreano. Quando chegamos, vovó Tsunade foi pra cozinha preparar os últimos detalhes e, depois de deixar você à vontade na sala de estar, fui ajudá-la a colocar a mesa e arrumar o resto que faltava. Comemos um verdadeiro banquete e me alegrava ver que vovó Tsunade e você estavam se dando bem, e eu, com certeza, não poderia pedir nada além disso. 

Terminado o jantar, nós fomos para a varanda da minha casa e naquele mesmo chão de madeira, ficamos sentado trocando conversas aleatórias e carinhos. Fazia frio e o inverno do fim de ano já se aproximava. O semestre estava no fim e eu poderia aproveitar a minha tão desejada férias com você. Você ficou deitado com a cabeça no meu colo enquanto eu fazia cafuné e, pelo visto, ambos nós dois tiramos proveito da situação, porque eu amo fazer cafuné e você ama receber cafuné.

- Ya, Kookie – você falara, interrompendo o silêncio.

- Hm – falei ainda com os olhos fechados com minha cabeça encostada na parede, tomado pela preguiça.

- Sabia que eu tinjo muito o cabelo? - você continuou puxando tal assunto aleatório.

- É? – falei fraco.

- Sim, mas ainda não preciso tingir no momento.

- Por que?

- Ah, eu só tinjo quando me meto em encrenca.

- Sério? – falei já tornando a olhar para você, surpreso com tal informação inédita.

- É, como se fosse um disfarce, sabe? Quando voltei de Incheon depois de te conhecer, acabei me metendo numa confusão aqui em Seul e precisei tingir pra essa coloração atual.

- Hm, então se você tingir o cabelo.. – falei minha frase incompleta propositalmente.

- É por que eu aprontei – você completara tal frase.

Rimos e ficamos em silêncio, apreciando a leve ventania que pairava naquela varanda.

- Tae, eu estava pensando.. – falei enquanto ainda mexia em seus cabelos - Acho que vou pedir demissão no trabalho.

- Por que? 

- Ah.. - hesitei um pouco em responder. O fato é que eu não precisava mais trabalhar, já que o único motivo de eu querer trabalhar era para esquecer você. Mas preferi não expor o real motivo de eu ter começado a trabalhar para você - Acho que vou me sentir desconfortável em namorar o filho do meu patrão - falei rindo sem graça, tentando fingir tal desculpa, apesar de não ser totalmente uma mentira.

- Sem contar que você vai ter mais tempo pra estudar, ainda mais nessa época de provas – você complementou com tal motivo.

- Sim, ainda tem isso.. Falando nisso, você já pensou no que eu falei?

- De entrar numa faculdade? – você perguntara e, depois de eu confirmar, você continuou – Pensei sim.

Um singelo silêncio novamente surgiu.

- E..? – falei.

- Acho que ainda não me sinto pronto – você falara com normalidade.

- Não se sente pronto? - indaguei, respirando fundo pra não me descontrolar - E quando você vai ficar pronto?

- Não sei, mas eu não tenho pressa e você sabe muito bem disso – você tornara a responder com calma, o que me fez pensar que você não pensou seriamente no assunto.

- Eu sei, mas.. – você me interrompeu se sentando e, tornando a me olhar, tomou voz.

- Mas, você, como um bom namorado, vai compreender perfeitamente minha decisão, né? – você falara enquanto pegava minha mão.

- É.. – respondi cabisbaixo.

Você me deu um selinho e, acariciando meu rosto, proclamou.

- Kookie, desculpa se eu não ajo de forma madura, só não quero me sentir pressionado, você entende?

- Tudo bem.. Só espero que você saiba que falo isso pro seu bem.

Você sorriu e, me dando um selinho, falou.

- Eu sei, e aprecio muito isso em você.

Você voltou a se deitar, colocando mais uma vez sua cabeça no meu colo e eu retomei ao meu tão amado cafuné. Não demorou muito silêncio para você voltar a falar.

- Sua vó reagiu bem ao namoro, né? – você falara com os olhos fechados, talvez por estar aproveitando o cafuné.

- Sim, confesso que eu tinha minhas dúvidas sobre como ela reagiria – falei liberando um leve sorriso ao relembrar o momento.

- Eu não tenho dúvidas de que o meu pai me mataria – você falara rindo em suas palavras.

- Mais um motivo pra eu pedir demissão – respondi rindo em conjunto.

- Pelo menos, você pode contar com o apoio da minha mãe, ela sabe que sou gay.

- Ah, menos mal.

- E os seus pais? Você pretende contar? – você perguntara abrindo os olhos e olhando para mim.

- Eu não sei.. Eles não estão por aqui, então acho que não preciso me preocupar.

- Mas e se você precisar contar, como você acha que eles reagiriam? – questionaste sério.

- Não tenho certeza.. Claro, meu pai me mataria também, mas talvez minha mãe possa me apoiar.

- Sei.. De qualquer forma, vamos ter um ao outro – você falara enquanto pegava minha mão desocupada e entrelaçou a mesma em sua mão.

- Sim, isso você pode ter certeza – falei me curvando para lhe beijar.

[Ѫ]

Os dias se passaram naturalmente. Como Jin conhecia você, achei justo contar pra ele que estávamos namorando e ele quase surtou quando dei a notícia, já se colocando à disposição de ser o padrinho de casamento. 

- Ya, não faz nem uma semana que começamos a namorar, não exagera, né? – falei.

- Eu sei, eu sei, mas se trata de você, um dos meus melhores amigos, e de Taehyung, o garoto mais amável que já conheci, então faço questão de ser padrinho de casamento.

Depois de ter que lidar com a euforia interminável do Jin, ainda tinha que lidar com o Sr. Song. Ele era um senhor muito calmo e atencioso, sem dúvidas, um ótimo patrão. Por isso, ter que pedir demissão acabou se tornando algo difícil pra mim. 

No fim do expediente, enquanto estava eu e ele na cozinha, aproveitei o momento de calma.

- Sr. Song, será que o senhor tem 1 minuto? 

- Claro – ele falara e, depois de respirar fundo, tomei coragem e falei.

- Eu gostaria de pedir demissão.

- Por que tão de repente? Não gostou de trabalhar aqui? - falou rindo, descontraindo um pouco aquele momento tenso.

- Longe disso, Sr Song. Esse trabalho é ótimo e eu admiro o senhor mais do que tudo, como patrão e como pessoa, mas a faculdade anda me sobrecarregando muito e ainda tenho que cuidar da minha vó, que fica em casa sozinha - falei, esticando um pouco mais as minhas mentiras. Vovó Tsunade, mesmo sendo idosa, tinha mais disposição do que eu. Ainda bem que Sr. Song não sabia desse detalhe.

- Ah entendo..

- Mas se o Sr quiser, posso continuar trabalhando até que o senhor ache alguém para me substituir.

- Oh, isso seria perfeito, Jungkook – ele falara.

Me partiu o coração ter que fazer aquilo mas eu não via mais necessidade de continuar ali. Mas, sem dúvidas, só levei comigo experiências boas e memoráveis.

[Ѫ]

Jin e eu saíamos com mais frequências nessas últimas semanas de outubro. Não para encher a cara e se divertir, mas para estudar para provas finais. Acabei ficando sem tempo de te ver devidamente, mas, vez por outra, você me esperava na saída da faculdade e me levava para tomar sorvete ou simplesmente para irmos até alguma praça próxima só para me ajudar a estudar. Nos fins de semana, dias nos quais eu me permitia sair pra me divertir, eu saia com vovó Tsunade para algumas feiras culturais ou culinária. Vez por outra, você nos fazia companhia, e isso completava minha felicidade, afinal, eram as minhas duas pessoas favoritas que estavam ao meu lado. 



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