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História Memories And Letters - Bilita Mpash


Escrita por: feeljhn

Notas do Autor


Bilita Mpash (nome do capítulo) é o oposto do pesadelo - não apenas um sonho "bom", mas um lendário estado de felicidade, onde tudo é perdoado e esquecido.

Capítulo 5 - Bilita Mpash


Depois de termos visitado Incheon, fomos para algumas algumas outras cidades turísticas próximas de Seul, como Ansan, Seongnam, etc. De fato, pude aproveitar bastante um pouco de cada cidade, mas, toda noite, quando estava sozinho, sem nada para fazer, meus pensamentos sempre se voltavam para aquele garoto loiro. Mas, além daquilo tudo, o mais importante: minha sexualidade. Será mesmo que eu, Jeon Jungkook, gosto de.. homens? Ou Taehyung era apenas uma exceção? Sem muitas opções, decidi me abrir com Jimin, que, inclusive, já havia se tornado um grande amigo de confiança depois de quase 2 semanas de viagem.

- Jimin, eu estava aqui pensando.. – falei alto me deitando na cama enquanto ele estava no banheiro terminando seu banho.

- O quê? Calma, não tô te ouvindo – disse Jimin saindo com a toalha na cintura, mostrando seu abdômen formado, enxugando seu cabelo com uma toalha secundária. Me senti meio envergonhado em falar sobre o assunto com Jimin, ainda mais ele estando daquele jeito, pois ele, talvez, poderia pensar que eu seria tentado a gostar dele durante nossa viagem.

- Ahh, então.. – disse, desviando meu olhar do seu corpo molhado – Você conhece alguém que goste de homens? Digo, alguém que seja homem e também goste de homens..

- Você quer dizer alguém que seja homossexual – ele disse, enquanto se encaminhava para o banheiro levando sua roupa para se trocar.

- Isso, você conhece alguém que seja assim? – eu perguntei, tentando transparecer não muito desconfortável com tal assunto inédito.

- Sim, conheço muito bem alguém que seja, e creio que você também conheça ele – depois que Jimin disse isso, ficou um silêncio repentino. Pensei comigo mesmo quem poderia ser. Quando ele saiu do banheiro já pronto para dormir, perguntei.

- Ué, quem seria?

- Eu po, você não percebeu? – ele disse com total naturalidade em um tom risonho. 

Eu nada falei. Apenas fiz uma cara de “isso é sério?”, sem saber muito o que falar.

- Qual o motivo da pergunta? – Jimin perguntou, a fim de quebrar aquele silêncio.

- Ah, então.. Eu acho que estou meio confuso em relação à isso – disse, enquanto me sentava na cama, direcionando-me para ele, como se fosse uma sessão terapêutica – Eu nunca fiquei com um menino, sabe? Na verdade, nunca fiquei com ninguém. Mas aquele garoto que comentei com você, Taehyung, ele parece ter despertado algo em mim que me fez questionar muito sobre isso e eu não sei o que fazer. Sequer sei no que pensar sobre, pra falar a verdade - conclui um pouco agoniado com tantas dúvidas.

- Hmmm – disse Jimin, interessado, enquanto levava seus dedos ao queixo - O certo é que você primeiro experimente um de cada. Dependendo dos seus gostos, talvez você possa até ser bissexual, entende?

- É, acho que entendi um pouco – disse, ainda meio desnorteado com aquilo. Depois daquela noite, parece que nós ficamos cada vez mais íntimos um do outro, sem muitas coisas para esconder, principalmente quando se tratava sobre sexualidade.

Ainda naquela noite, Jimin explicava um pouco sobre o seu mundo, sobre seus amores, sobre os preconceitos que tinha que lidar todo o dia, sobre ele querer muito dizer para os seus pais sobre sua sexualidade, entre outras problemáticas envolvendo esse assunto assustador. 

Diante do que ele falava sobre seus problemas, eu já pensava no que a minha família poderia pensar de mim. Meu pai, sem sombra de dúvidas, iria me desprezar mais do que quando eu não quis cursar medicina. Já a minha mãe talvez pudesse me entender, mas eu não podia afirmar isso com total certeza, pois nunca tinha chegado a conversar sobre relacionamentos com ela. Minha vó? Eu não tinha a mínima ideia. Como ela nasceu em uma época conservadora, era capaz que ela também não entendesse. Aish!

Será que valia a pena arriscar em algo que a sociedade ainda não aceita com bons olhos? Ainda mais na Coréia do Sul, onde a homofobia praticamente prevalece na sociedade. Se bem que a melhor pergunta que eu deveria fazer a mim mesmo era: Será que valia a pena arriscar tudo isso por um garoto desconhecido?

“Estou focando meus pensamentos em algo que provavelmente não venha a acontecer” pensei, tentando levar em conta as baixíssimas probabilidades que eu tinha em poder lhe reencontra, Taehyung. Respirei fundo. Estava cansado naquela noite, já que eu havia conversado por horas com Jimin.

O mais interessante de toda a nossa conversa foi que Jimin, apesar de tantas dificuldades e barreiras árduas, não deixou se levar pelo o que as pessoas falavam. Ele havia optado em ser feliz, por mais que as pessoas não o aceitassem do jeito que ele, verdadeiramente, era. Eu não conseguia entender por quê as pessoas odiavam os homossexuais. Se for levar em conta a religião, até que dá pra entender, mas, ainda assim, era difícil compreender tanto ódio sobre a homossexualidade. Por que escolher ser feliz incomodava tantas pessoas? Por que?

Tantas questões vieram em minha cabeça em uma só noite, seria isso psicologicamente possível? Talvez eu devesse entrar no Guinness Book por pensar em milhares de assuntos bagunçados em uma única noite. Tudo aquilo havia me deixado com fome, mas eu sabia que era preocupação da minha parte, a qual me fazia comer como um mostro.

Ao olhar as horas no celular, vi que ainda era 21h, então era provável que o restaurante do hotel ainda estivesse aberto. Me arrumei sem fazer muito barulho, pois Jimin estava dormindo, peguei meu headphone, minha carteira e saí para procurar alguma coisa para comer. Enquanto descia as escadas, lembrei-me de uma música que era, inclusive, bastante condizente com a situação. No mesmo instante, procurei ela nas minhas músicas e, ao achar, dei play.

Ainda no início da música, me sentei próximo da escadaria e parei para me concentrar melhor em ouvir a letra daquela música. Ao ouvir a letra por completo, relembrando cada pedaço da música, o seu sorriso, Taehyung, me veio em mente, me fazendo sorrir bobo quase que automaticamente. 

Depois desse acontecimento, minha fome já havia passado. Eu havia tranquilizado a mim e a minha mente perturbada. Resolvi, então, voltar para o quarto e dormir. Ao me arrumar na cama, notei que a noite estava brilhosa, repleta de estrelas. Aquilo havia me acalmado mais ainda. Me lembrava os momentos em que eu ia escondido até o terraço do meu prédio em São Paulo e me deitava enquanto ouvia música. Éramos só eu, os meus fones de ouvido e as estrelas. Meus companheiros fiéis e eu. Mais uma vez dei play naquela música que mais parecia um hino, uma prece para os meus momentos de agonia, e coloquei-me em posto de observação às estrelas ao som de Save Me, nome da música que eu estava ouvindo nesse dia.

[Save Me]

Eu quero respirar, eu não gosto dessa noite
Eu quero acordar, eu não gosto de estar em meus sonhos
Eu estou preso dentro da minha própria mente, então estou morrendo
Não quero ser sozinho
Só quero ser seu

Por que é esse lugar sem você é tão escuro?
É perigoso, minha aparência arruinada
Me salve, eu não consigo nem me pegar
Não consigo

Ouça os sons do meu coração
 Está chamando por você, por si mesmo
Nessa preta escuridão
Você brilha esse tanto

Por favor, estenda essa mão, me salve, me salve
 Eu preciso do seu amor antes que eu caia, caia

Hoje, a lua está brilhando, o espaço vazio dentro das minhas memórias
Este lunático que me engoliu, por favor, me salve hoje à noite
(Por favor, me salve hoje à noite, por favor, me salve hoje à noite)
Nessa loucura imatura, esta noite que vai me salvar

Eu soube que você era minha salvadora
Das partes dolorosas da minha vida, a única mão que vai se esconder de mim
O melhor de mim, eu não tenho nada a não ser você
Me levante mais alto para que eu possa rir de novo

Obrigado por fazer isso por mim
Por me deixar voar
Por ter me dado asas assim para voar
 Por dar asas para mim, que está amassado
Por acordar a mim, que está sufocando
Por acordar a mim, que só viveu dentro de sonhos
Quando eu penso em você, eu me esclareço
Eu joguei fora toda a tristeza e similares
Obrigado, por se tornar um nós"

E, ao som dessa poesia em forma de música, dormi e sonhei, talvez, pela milésima vez, com você, Kim Taehyung.


Notas Finais


1- A música "Save Me" é do grupo sul-coreano BTS.


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