"TRAIDOR DO SANGUE! IMUNDO! TROUXA! SANGUE RUIM!"
O retrato da Sra Black continuava a gritar, fazendo seus urros de pragas ecoarem pelos cômodos silenciosos da casa no Lago Grimmauld, 12°, enquanto o homem, de meia idade e aparência cansada rondava, desatentamente, os corredores abandonados. As "crianças" dormiam, Gui patrulhava o lado de fora e Arthur finalmente pudera descansar, o silencio da calada da noite era para Lupin, preferível as conversas única e exclusivamente sobre o menino Potter, claro, Remus o adorava, apenas cansava de estar tao imerso aquela guerra, digamos, infantil entre as trevas e o escolhido. À apenas algumas semanas da lua cheia, tudo que ele queria era a calmaria para colocar as idéias no lugar.
"Você saberia por quem eu estou apaixonada se não ficasse tanto tempo se vitimizando."
As palavras da metamorfa ainda perambulavam, estrondosamente, pela sua cabeça.
"Dora..." – ele suspirou em silêncio, preso em seus pensamentos.
Não era novidade que a menina tinha chamado sua atenção assim que a viu. Corajosa, inteligente, divertida, e convenhamos, um tanto atrapalhada, Nymphadora Tonks definitivamente conquistava a todos por onde passava.
Ele sorriu com a ideia daquele sentimento tão inusitado ser recíproco, afinal, ela tinha uns bons anos a menos que ele.
– Hey, lobinho. – a voz, vinda do alto da escada cortou seus pensamentos – Seu turno acabou. Eu assumo daqui.
– Olá, Dora. – ele assentiu, sem mudar a doce expressão – Suponho que não precise, estou suficientemente disposto pra assumir o turno da noite.
– Ora Remus, pare de ser teimoso! Você está parecendo um defunto! – ela riu – Uma boa noite de sono e estará pronto para as de amanhã.
– Veja você, Nymphadora. – ele retrucou no mesmo bom humor da jovem, a fazendo revirar os olhos – Mas afirmo que, mesmo contra suas indicações, sinto-me disposto o suficiente pra continuar.
– Pois então, lhe farei companhia. – ela marchou alegremente para lado dele e sorriu.
Lupin retribuiu o sorriso animado de Tonks.
Andaram em silêncio por alguns cômodos, inquietamente, algo de estranho borbulhava em seu estômago sempre que chegava ao lado daquela divertida mulher.
– Como vão as coisas com Molly? – perguntou a ela, depois de vários minutos de silêncio.
– Creio que não excelentes. Ela me culpa por Gui estar com a Fleuma. – ela riu, fazendo em seguida uma careta de dor, e tendo seus cabelos curtos e rosa, crescendo até ficarem longos e platinados – Bláblá aquele Tonks serr muito desastrrada. Bláblá Arry Potta salvarr Gabrrielly. – brincou em sua excelente imitação de Fleur Delacour.
Remus riu.
– Odeio aquela garota. – Tonks deu ombros, balançando os cabelos que se encolheram novamente após a expressão de dor – Molly age como se a culpa fosse minha.
– Acho que podemos afirmar que Molly nutre do mesmo sentimento que você, pela Fleur. – Remus comentou, quando entraram em um dos cômodos, e sentaram-se diante a lareira, com trepidantes chamas quentes.
– Sabe... Não podemos simplesmente escolher por quem nos apaixonamos. – Nymphadora disse, olhando diretamente para ele, que encarou a chamas com mais concentração, sabendo exatamente do que a garota estava falando.
Pelo tempo que correu, olharam para as chamas, para a decoração da casa dos Black, evitando fazer contato visual. Tonks brincou com as cores de seu cabelo, cumprimento e até feições faciais, antes de finalmente explodir.
– Por Merlin! É tão difícil você assumir assim? – gritou, olhando para ele. Remus se assustou, antes de olhar fundo nos olhos de Tonks.
– Dora, não é tão fácil quanto você pensa. – suspirou – Sabe da minha condição.
– Claro que sei Lupin! Mas eu não ligo! – cruzou os braços como a garotinha que ele via – Você foge! Foge como um cão assustado!
– Você é jovem e bonita. – Remus começou a colocar as idéias para fora, ensaiara tanto essas frases como em um monólogo em sua cabeça – E eu Dora? Sou velho, pobre e tenho "um probleminha peludo". Convenhamos, você pode conhecer um jovem auror... – as palavras saíram, cortando a sua garganta – ... Que possa se adequar a você.
– E-eu não quero! – o sorriso presente a poucos minutos em seu rosto já desaparecerá, as bochechas de Tonks agora coravam em um vermelho extremamente intenso – O que custa entender que eu te amo?
Agora foi a vez de Lupin corar bruscamente. Gaguejou algumas palavras desconexas, tirou os cabelos grisalhos da testa, coçou a barba por fazer, passou a língua nos lábios secos e desviou o olhar algumas vezes. Nymphadora, por sua vez, olhava, quase sem piscar na direção dos olhos, de um castanho bem claro, de Remus.
– Diga alguma coisa... – ela sussurrou, quase em um tom inaudível – Por favor, diga alguma coisa.
Tonks mexia incansavelmente suas pernas, sem cortar o contato, sentia as lágrimas brotarem em seus olhos. Ele iria dizer alguma coisa! Ele tinha que dizer! Não poderia ficar ali, em silêncio pelo resto da madrugada. Não podia deixar ela sem resposta. Não quando partilhavam o mesmo sentimento. O mesmo amor.
Ela tinha certeza do que sentia, desde o momento em que o viu. Não tão belo, não o melhor bruxo, e muito menos um sangue puro. Mas de longe o homem mais incrível que ela já conhecerá no alto de seus vinte e dois anos de idade. Gostava de conversar com ele, ou simplesmente de ficar ali, em silêncio apenas perto dele, mesmo que por muitas vezes, ele a tratasse como uma de suas alunas de treze anos.
Ainda ali, parada em silêncio, sem mover um músculo, suas esperanças não cessaram. Era a ele quem Tonks amava, e não iria desistir simplesmente assim, do seu amor.
Na mesma inquietação mental que a garota, Lupin aproximou seus dedos dos cabelos dela, brincando com eles até a altura do queixo de Tonks, abandonando os fios e tocando, com seu dedos calejados, a pele macia - até a pele dela era delicada. Percorreu então, toda extensão do maxilar, causando pequenos arrepios em Nymphadora. Seus lábios foram se aproximando, e ele a obsercou fechar os olhos, ansiosa pelo contato de seus corpos.
Selaram então um beijo, suas línguas dançavam em perfeita sincronia, como se seus corpos esperassem por aquele momento. Remus nunca tinha tido essa sensação, Tonks, até então, não tivera homem algum a fizesse sentir como se sentia com Lupin.
A mulher levou suas mãos quentes ao rosto maltratado do amado, percorrendo suas cicatrizes com o polegar, Lupin soltava suspiros baixos a cada toque da garota em seu corpo.
E então, tão repentinamente como começou, o beijou cessou, Nymphadora deitou a cabeça nas vestes surradas de Remus, e ele a abraçou, beijando sua testa e sussurrando baixo em seu ouvido.
– Eu também te amo, Dora.
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