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História Mentes Quebradas - Um novo dia


Escrita por: Rickmoore

Notas do Autor


E a história continua. Com o amanhecer de um novo dia, o nosso personagem principal continua confiante na sua decisão.

Capítulo 3 - Um novo dia


Uma harmonia calma começa-me a soar nos ouvidos, despertando todos os meus membros. O despertador anunciava o começo de um novo dia. Abri os olhos lentamente, desviei os lençóis e coloquei os pés sobre o tapete que se encontrava perto da minha cama. Olhei o espaço em volta, meio adormecido, meio desperto, enquanto me deparava com o facto de que tinha dormido uma noite, ou parte dela, descansado, algo que nunca tinha acontecido nesta semana após a morte da minha irmã.

            Ganho coragem para me levantar e vou em direção à casa de banho. Dispo o pijama e meto-me na banheira, deixando a água bater-me gentilmente nas costas enquanto a minha mente se esvaziava de todo e qualquer pensamento, como se ainda não tivesse acordado, ou se estivesse apenas a fazer uma limpeza preparando para armazenar a informação de um novo dia.

Só fechei o chuveiro quando a minha mente tinha acabado as “limpezas” e reestabelecido o objetivo que tinha traçado nesta noite. Saí da banheira, limpei-me com a toalha e voltei para o quarto para me vestir. Reparei na roupa preta que tinha preparado na noite anterior, mas decidi não a vestir, optando por roupas mais coloridas, mostrando a minha determinação em seguir em frente. Talvez tenha sido a primeira vez que me tivesse preocupado com a roupa que iria vestir, mas vi-me na obrigação de o fazer. Seria a primeira vez que iria à escola após o terrível acontecimento, não queria que as pessoas tivessem pena de mim, preferia que ninguém tocasse nesse assunto, embora tivesse plena consciência de que o iriam fazer.

            Mal acabei de me preparar, fui á cozinha e liguei a máquina que a minha mãe tinha comprado para não ter de ser sempre ela a cozinhar, embora ela mesma preferisse os métodos tradicionais. Anunciei á máquina que para o pequeno-almoço queria dois crepes de chocolate e dois copos de leite. Era o pequeno-almoço preferido da minha irmã mais nova. Coloquei os ingredientes que a máquina me ia pedindo, e após ela declarar que estava tudo pronto, fui acordar a minha irmã.

            Bati á porta. Como não havia resposta abria-a devagarinho e chamei-a com voz baixa:

            -Ana está na hora de acordar, hoje voltamos á escola.

            Ela respondeu-me com alguns resmungos meio desanimados. Embora ainda tivesse 7 anos, a morte da irmã mais velha tinha-lhe causado também um grande impacto, provavelmente também ela tinha tido a primeira noite sem pesadelos:

            -Olha que o pequeno-almoço são crepes!

            Ao ouvir este nome ela atirou rapidamente com os lençóis e olhou-me nos olhos com um sorriso a querer aparecer nos lábios. Pude então reparar no estado em que se encontrava. Os olhos estavam vermelhos de tanta lágrima que tinham deitado fora, as bochechas, que sempre ajudavam na sua aparência divertida, estavam também vermelhas e já não mostravam nenhum sorriso. O cabelo estava todo desalinhado, como se não o penteasse há um mês. Senti um aperto no meu estomago, aquela não parecia a minha irmã mais nova. No entanto senti uma réstia de esperança quando os seus lábios soletraram as palavras:

            -De chocolate?

            Não consegui esconder um sorriso, aquela ainda era a minha irmãzinha. Disse então:

            -E com um copo de leite a acompanhar.

            O sorriso apareceu, por fim, nos seus lábios, enquanto as suas bochechas ganhavam uma cor mais alegre. Ela tentou esconder a sua alegria replicando de seguida:

            -Eu estarei contigo em 15 minutos, agora sai do meu quarto que eu quero-me preparar.

            Assim fiz, fechando a porta atrás de mim. Fiquei contente por ela não ter mudado. Embora tentasse parecer adulta, escolhendo até palavras mais “caras”, ela no fundo continuava a ser uma criança, assim como eu.

            Voltei á cozinha e deparei-me com o pequeno-almoço já preparado. Tiro-o da máquina, enquanto ela me deseja um bom apetite. Fiquei parado a fita-la. As máquinas agora ajudavam-nos em tudo, com cada vez mais melhorias, tornando os seres humanos totalmente dependentes delas. Este facto levou á existência de cada vez mais manifestações, em vários lugares, contra esta dependência das máquinas, havendo até pessoas que tinham renunciado toda e qualquer tecnologia e viviam agora em locais selvagens, não deixando que ninguém entrasse nos seus territórios. Após esta decisão nada mais se sabia sobre eles, mas o facto é que estava a atrair cada vez mais pessoas, embora houvesse uma esmagadora maioria que preferisse a ajuda da tecnologia. Quem diria que algo criado pelo Homem os pudesse dividir?

            Desviei a minha atenção da máquina e acabei de por o pequeno-almoço no sítio certo, só faltava a minha irmã e podia começar a comer.

            Enquanto esperava não consegui aguentar tanto suspense e tive de ligar o telemóvel e ir ver os locais onde tinha deixado as mensagens da última noite. Tal como tinha planeado tinha gerado uma discussão infinita. A maioria eram pessoas a rirem-se á minha custa. Tolos. Não têm noção do que acontece á sua volta. Ignorando este facto, parecia haver uma pessoa ou outra que concordava comigo e que parecia interessada.

            Fui então á sala que tinha criado para o grupo, e pude constatar, num misto de alegria e surpresa, que estava um autêntico caos! Muitas pessoas estavam no chat a mandar cada vez mais mensagens sobre o que seria o grupo, onde estaria o administrador, e como raio iriamos mudar o mundo virtual. Ignorei o chat e fui á sala de mensagens recebidas. Muitas pessoas tinham escrito a frase que eu tinha pedido para poderem ser membros do grupo. Reparei, com um sorriso nos lábios, que muitos dos que tinham gozado publicamente estavam agora a mandar-me mensagens sobre coisas que eles achavam que estava mal no mundo virtual. Repugnante! Uma das características piores do ser humano. Quando estavam todos juntos apontavam todos para o mesmo lado, mas quando se encontravam em privado mostravam o seu verdadeiro ser. Odiava pessoas assim, por isso ignorei-as completamente e procurei por pessoas que captassem o meu interesse.

            Esta busca foi interrompida pela chegada da minha irmã. Escondi rapidamente o telemóvel e abri-lhe um largo sorriso mostrando-lhe o pequeno-almoço. Os seus olhos cintilaram por um momento, dirigindo-se de seguida á sua cadeira, começando a comer o seu crepe.

            Juntei-me a ela, pois parecia que já não comia há um ano. E o nosso pequeno-almoço foi assim. Um silêncio pesado enrolava-nos e parecia que nos tentava estrangular. Não havia nada para falar, nada havia para dizer. As palavras estavam presas na garganta ou então tinham sido levadas por quem quer que tenha levado a nossa irmã. 

            Acabamos de comer e fomos lavar os dentes. Aproveitei este momento a sós para encontrar os membros do grupo Unkowns. Uma pesquisa que se revelou interessante…

            O relógio da cozinha anunciava que eram horas de ir para a escola. Pus o telemóvel no bolso e fui ter com a minha irmã, que se encontrava já ao pé da porta. Pus-lhe a mão no ombro e disse-lhe:

            -Estás pronta para encarar um novo dia?

            Ela hesitou, mas por fim respondeu:

            -Desde que esteja contigo estou pronta para o que der e vier!

            Sorri. Não foi um sorriso forçado, mas sim um sorriso verdadeiro por ter a família que tenho. Abri a porta e juntos saímos de casa, enquanto a minha mão esquerda, escondida no bolso, escrevia a mensagem para os 11 membros do grupo Unknowns:

            “Que comece o show!”


Notas Finais


E então, gostaram? Partam para o próximo cap!


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