Selena On
Eu não me lembro dos detalhes, só me recordo da surra porque sinto a dor. Mas uma coisa esta clara, depois de cair pela segunda vez na beira da escada, estava tudo ficando lento e escuro, eu vi alguém me defender e acordei na cama, algumas horas depois, o filho da mulher cheia de silicone e botox, me salvou. Eu via tudo embaçado, passei a mão no meu rosto e sentir algo diferente no meu rosto, ele estava inchado. Como vou trabalhar assim?
Harry!
Tentei me levantar, mas senti falta de ar, me deitei do mesmo jeito que estava e peguei meu celular no criado mudo, com dificuldade. O nome do Styles piscava e fazia meu celular vibrar em cima do criado mudo Sentia-me mais cansada do que uma maratonista.
Harry: Calem a boca. -Falou distante do telefone. -Selena!
Eu: Oi Harry. -Digo no telefone segurando o choro, olhando para o teto do meu quarto.
Harry: O que aconteceu? -Perguntou, seu tom era uma mistura de surpresa com preocupação. -Eu te esperei por quase meia hora, não tive como ficar mais porque eu tinha que ir para o treino, na verdade, estou nele.
Eu: Nada, eu só não estou me sentindo muito bem. -Falei sentindo meu ombro doer. -Senti uma tontura e deitei para ver se melhorava, perdi o horário.
Harry: Quer que eu vá até ai te ver? Precisa de remédio ou sei lá...?
Não, ele não pode me ver assim. Sem falar que só vai piorar tudo. Se Molly fez a cabeça de Wesley falando que eu sou prostituta, aparecer algum homem a minha procura daria razão a ela.
Eu: Não! -Falei desesperada, só de imaginar que poderia apanhar novamente. -Wesley te mataria, até hoje não superou termos pego o carro dele para passear. -Dei uma justificativa qualquer, porém boa.
Harry: Selena, você não parece estar nada bem. -Observou desconfiado.
Eu: Não se preocupe comigo, eu vou ficar bem.
Harry: Está bem, eu vou deixar você em paz. -Falou e eu me senti tão mal, eu acho que fui meio grossa.
-Anda Styles, para de falar com a namoradinha e vamos treinar.
Harry: Espero que você fique melhor. -Falou rápido. -Beijo.
Eu: Obrigada. -Falei desligando o celular.
Comecei a chorar, por causa da dor, do ódio e da depressão. Eu acho que nunca desejei tanto ter minha mãe, para ela cuidar de mim, fazer um cafuné e dar um beijo na testa. Eu queria me sentir amada, mas não um amor qualquer, um genuíno. Me levantei, cautelosamente, por etapas. Sentei na cama, respirei fundo e fiquei de pé. Caminhei até o banheiro, praticamente me arrastando e chorei mais ainda vendo meu reflexo no espelho do banheiro do meu quarto. Doía só de piscar, meu olho esquerdo ia ficar claramente inchado, e roxo.
Eu: Ai meu Deus. -Levei a mão até a boca, começando a soluçar ao reparar no meu estado. Eu acho que não vou sair de casa por uma semana. Enchi a banheira enquanto me despi, vendo mais hematomas do que aparentava existir. Entrei na banheira, a água quente, conseguiu relaxar um pouco, fechei meus olhos e fiquei submersa, já começava a sentir a falta do ar, abri meus olhos sentindo ficarem irritados. Um... Soltei o estoque de ar que tinha no pulmão. Dois... Senti meu coração falhar. Trê... Voltei a respirar, abri meus olhos vendo a garota que morava aqui, Sierra se não me engano. Ela tirou o excesso de água do meu rosto e eu engasguei enquanto cuspia a água.
Sierra: Eu saio por quinze minutos e você tenta se matar?! –Perguntou enfurecida, pegando uma toalha e me ajudando a se enrolar no tecido. -Seria mais fácil ter te deixado caída lá embaixo. –Comentou no mesmo tom, passando meu braço esquerdo por trás do seu pescoço, me suportado até a cama.
Eu: Sierra, não é? -Perguntei com esforço, a dor que sentia só piorava. Ela assentiu. –O que aconteceu? Tipo, de verdade.
Sierra: Você provocou Wesley, simples assim. –Falou desnorteada, ela parecia tentar me ajudar, mas ela mesmo não sabia como. –Deixa eu te fazer uma pergunta. –Falou se sentando ao meu lado. -Você é louca, não é? Só pode.
Eu: Eu não o provoquei. –Falei em minha defesa.
Sierra: Provocou, sim. -Falou me olhando emburrada. –Todas as vezes que você o enfrenta só piora para o seu lado, ele ia te matar a base da pancada hoje. –Se levantou indo até o meu guarda-roupa, tentando abrir sem êxito. –Tem trava? –A vi olhando para a fechadura do armário, revoltada.
Eu: Pega qualquer coisa na cômoda. –Falei cansada, sóimaginar o esforço que eu ia ter que fazer para pegar a chave certa na minha bolsa, do outro lado do meu quarto.
Sierra: Você teve sorte que Adam te ajudou. –Falou abrindo cada gaveta até chegar à de pijama. –Ninguém enfrenta o seu pai.
Eu: Ele não é meu pai. –Digo irritada e ela jogou uma camiseta velha e um short.
Sierra: Realmente, melhor não ter pai do que ter um Wesley. –Falou ficando de costas para eu me vestir e indo para o banheiro. Vesti uma roupa intima e as peças que ela tinha separado.
Eu: Pronto. –Disse e a vi voltar.
Sierra: Sinto... Sinto muito por você. –Falou jogando o peso do seu corpo que estava apoiado na sua perna esquerda para a direita.
Eu: Eu também sinto. –Falei olhando para ela. Escutei uma batida de leve na porta e vi Adam aparecer na porta. Com a caixa de pronto-socorro.
Adam: Oi. –Falou sorridente. –É aqui o único lugar que tem paz na casa?
Sierra: Paz, é uma palavra muito significativa.
Adam: Vamos cuidar um pouco desses machucados. –Falou e eu concordei.
Fui para o meio da cama, dando espaço o suficiente para ele se sentar, até deitaria se não estivesse de cabelo molhado. Eu devo admitir que nunca imaginei eles cuidando de mim. Afinal, eu nunca dei confiança a ninguém e odiei-os a partir do momento em que os vi. Adam colocou o saco de gelo dentro de um pano e me entregou para eu segurar no meu olho.
Sierra: Quando eu entrei no quarto ela estava se matando na banheira. -Falou em francês. -Se ela queria morrer, devia ter nos avisado, assim Wesley faria isso.
Adam: Sierra! Se coloca no lugar dela, ela não teve uma vida fácil. -Falou no mesmo idioma que a garota.
Sierra: Ela deve nos odiar, não devíamos ajudar ela.
Adam: Ela não nos odeia, ela odeia o cara que espancou ela, só que infelizmente ele virou nosso padrasto.
Sierra: Você sabe que vai ter conseqüências o seu ato heróico, ou não sabe?
Adam: Eu agüento. –Falou imodesto. -Agora ela... –Falou com dó.
Sierra: Não me lembro de você ter agüentado da última vez.
Eu: Wesley já te bateu? -Perguntei treinando meu francês.
Os dois pareciam ter paralisado, de certo, acharam que eu não sabia falar em francês, ou algo do tipo.
Adam: Uma vez. -Falou sério. -Nada de mais.
Eu: Wesley nunca faz nada de mais. -O fitei e ele sorriu de canto.
Adam: Vou me corrigir, nada que eu não pudesse suportar.
Sierra: Mas mudando de assunto, de quem você ganhou tantos presentes?
Eu: Presentes?
Harry On
A sensação de estar no gelo era indescritível, era um Styles diferente. Não deixava nem um dos meu problemas entrarem na pista, mas hoje eu falhei. Liguei para ela, com intenção de acabar com minhas preocupações, mas aconteceu justamente o contrário.
Jay: O que aconteceu com você?
August: Nunca te vi jogar tão mal.
Eu: Aquela garota que veio me ver jogar...
August: Huuum. -Soltou maliciosamente. -A morena gostosa.
Jay: Styles pegador, quem perdoa é Deus, Harry não perdoa ninguém.
August: Quem tem dó é violão.
Jay: Quem tem freio é bicicleta...
Eu: Cala boca. -Falei rindo contra a minha vontade, saímos da pista e tiramos os patins indo para o vestuário. -Ela não parecia bem.
August: TPM, pronto, descobrimos.
Eu: Não, ela disse que era dor de cabeça, mas sinto que não é só isso.
Entramos no vestuário, tirei meu capacete e abri meu armário colocando o equipamento de proteção dentro dele.
Jay: Faz um visita a ela. -Sugeriu se despindo, deixando mais tatuagens a mostra. -Uma visita surpresa. -Falou com um sorriso cheio de malícia.
Eu: Será?
Gus: O pretextos você já tem. -Falou colocando uma toalha branca sobre o seu ombro. -O que pode dar de errado?
É, ele tem razão. Tomei um banho rápido, só para não ir suado e troquei de roupa. Me despedi de meus amigos, correndo até o estacionamento. Destravei meu carro e joguei minha mochila no banco de trás, passei o cinto de segurança e liguei o carro.
Eu: Ligar para a Mia. -Ordenei para o comando de voz no carro, enquanto saia do estacionamento ouvi chamar o número dela.
Mia: Irmãozinho! -Falou empolgada. -Como está?
Eu: Estou bem e você? -Falei concentrado no tráfego.
Mia: Bem, obrigada.
Eu:Está ocupada? -Perguntei parando no sinaleiro.
Mia: Não, pode falar. -Disse e eu soltei o ar do pulmão. -O que te aflige?
Eu: Selena.
Mia: Quem é Selena?
Eu: Uma garota, incrível. -Falei acelerando o carro. -Só que eu estou preocupado, por coincidência, ela tem uma péssima relação com o pai dela.
Mia: Não a conheço, mas já a entendo.
Eu: Só que Cece me falou uma vez que o pai dela é muito agressivo, e ela tem um certo medo dele.
Mia: Compreensível.
Eu: Eu tenho a impressão de que aconteceu algo sério com ela, embora ela dizer que estava com dor de cabeça.
Mia: Está indo a visitar? –Deduziu e eu concordei como de ela pudesse ver.
Eu: Queria levar um presentinho, mas nada extravagante... É só uma desculpa para ver se ela realmente está bem.
Mia: Entendi. -Falou animada. -Se eu tivesse doente, eu adoraria ganhar alguma coisa diferente, algo para me animar sabe?
Eu: Flores e chocolate?
Mia: É meio clichê, mas sua decisão. -Confirmou. -Só que não fique só nisso, digo, um cafuné, uma companhia boa...
Eu: O que você gostaria de ganhar então?
Mia: A questão é que eu não sou a Helena.
Eu: Selena. –A corrigi.
Mia: Você entendeu. –Falou irritada, nunca a ouvi dizer que estava errada, então obviamente ela não ia admitir dessa vez. –Por exemplo, você levaria Daya para um restaurante fino, com uns milhares de talheres?
Eu: Não. –Falei e imaginei Mia fazendo uma cara do tipo: Claro, afinal ela era uma vagabunda. –Entendi. –Falei pensando em um livro.
Mia: Entendeu, né? Meu garoto. –Falou distante do microfone do celular. –Tenho que ir.
Eu: Certo, eu também. –Falei me despedindo dela.
Passei na Waterstone, só para ver Camilla se ferrando no domingo, ela era tipo minha monitora lá. Entrei na loja a vendo de longe, a morena agora com mechas azuis ao invés de roxa semicerrou os olhos, devia estar odiando me ver. Ri da cara dela me aproximando do balcão.
Camilla: O que você está fazendo aqui? –Perguntou entediada.
Eu: Assim que trata os clientes? –Estranhei franzindo o cenho. –Vim fazer compras.
Camilla: Desde quando você lê? –Debochou. –O setor infantil, com livros cheios de figuras é ali. –Apontou para a brinquedoteca da loja.
Eu: Eu te odeio. –Comentei dando uma volta na loja.
No meio da minha busca para um livro para a morena achei um livro interessante, estilo cinqüenta tons de cinza, deduzi pela capa, até pensei em dar para lermos juntos. Ri dos meus pensamentos devolvendo o livro no devido lugar. Romance? Não... Continuei a andar até achar os mais vendidos. Não tem como errar assim, peguei o Diário de Anne Frank, se ela não gostar eu fico para mim.
~~
Cheguei a casa dela, confesso estar apavorado com a possibilidade de esbarrar com o pai da mesma. Apertei a campainha rezando para não ser ele que me atendesse, a porta se abriu acabando com o suspense. Vi um mulher, creio ser a madrasta dela, já que a mulher sorriu, porem não mexia nem um músculo do seu rosto.
-Mais um presente para sua filhinha, amor. –Ela se curvou para pegar o mesmo em minha mão e eu esquivei escondendo ele atrás do meu corpo.
Eu: Só entrego pessoalmente. –Falei e a mulher riu.
-Bem, acho que você não vai querer vê-la naquele estado.
Eu: Que estado?
Wesley: Fecha essa porta, ninguém vai ver ninguém. –Ouvi a voz do pai da Selena ecoar pela casa de uma maneira arrogante.
-Eu entrego o presente para ela. –Falou estendendo a mão com um sorriso estranho.
Eu: Eu entrego outra hora. –Se Gomez que convive com ela não confia nela, quem dirá eu. Vi uma garota descendo as escadas, mas não era a que eu queria ver. –Pelo menos, pode falar para Selena que eu estive aqui?
-Qual seu nome?
Eu: Harry, Harry Styles. –Falei e ela se endireitou, tentando aparentar melhor.
-Claro que aviso. –Falou sorrindo. –Styles, não é? –Confirmou e eu agradeci recuando. –Ok, tchau. –Acenou fechando a porta.
Analisei a casa, tentando achar outra maneira de entrar. Uma janela no segundo andar estava escancarada. Ok, vamos ver se as aulas de parkour serviram para alguma coisa.
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