História Mercy. - Prólogo.

Deidara's POV

- Onde você está? - perguntei impaciente

Eu estava sozinho, no meio da calçada, encarando o enorme prédio a minha frente, e sinceramente, estava irritado pelo atraso do mais velho. Gostaria de saber por que ele reclama de meus atrasos, sendo que ele faz o mesmo sempre.

- Estou na rua de baixo, espere um pouco! - ele disse calmo como sempre. Eu já estava começando a desistir.

- A sessão já vai começar, un! - alterei a voz, e o mesmo gargalhou do outro lado da linha

- Já estou virando a esquina! - olhei para a tal esquina e fiquei encarando o local o esperando.

- Estou te esperando aqui em frente a  porta de vidro do shopping. 

Desliguei o telefone e o guardei no bolso, esperando Shisui finalmente surgir pela rua. Eu estava batendo o pé, irritado com a demora do mesmo. Até que avistei uma cabeleira negra andando calmamente do outro lado da calçada, o maldito ainda sorri largamente para mim.

- Venha logo, un! - ordenei indo até o meio da rua e puxando o mesmo pelo pulso.

- Oi pra você também Deidara! - ele riu e eu revirei os olhos, comecei a caminhar mais rapidamente, fazendo o moreno resmungar.

- Se eu perder o começo do filme, te mato!

Entramos no shopping, indo rumo ao cinema, sorte que eu já havia comprado os ingressos pela internet. Chegando na sala, a sessão já havia começado, mas eram apenas trailers de outros filmes que estava passando na tela.

- Chegamos a tempo! - Shisui disse após se sentar ao meu lado.

Escolhemos poltronas entre o fundo e o meio, para ter uma visão mais ampla da tela. Alguns casais se beijavam e eu não poderia estar mais desconfortavel; já que Shisui além de meu melhor amigo, ainda é meu ex "ficante".

- Por sorte, un. - eu confirmei me ajeitando na poltrona macia. - Droga... - exclamei chamando a atenção do meu amigo - Esquecemos de comprar pipoca e refrigerante! - revirei os olhos e suspirei, fazendo uma careta de raiva.

- Já sei... Já sei... - ele me encarou e sorriu de canto - Já estou indo buscar! - ele se levantou.

- Espera! - o chamei - O dinheiro! - peguei a carteira do bolso e comecei a pegar as notas.

- Deixa comigo! - ele virou as costas e começou a andar para fora do local, tentei chamá-lo, mas em vão.

- Baka! - exclamei sorrindo.

Shisui é meu amigo desde que me conheço por gente, mesmo sendo dois anos mais velho, ele é um companheiro para todos os momentos, até para os de carência. Ele é o unico amigo em que confio de olhos fechados, e o unico que consegue conciliar faculdade e noites ao telefone comigo. Talvez eu seja uma pessoa grudenta e possessiva, mas entenda, só tenho um amigo fiel.

Sempre fui uma criança complicada e até irritante, então quando encontrava algum amiguinho, eles sempre perdiam a paciência e se afastavam. Mas Shisui foi diferente, talvez por ser mais velho e tão animado quanto eu. 

- Voltei! - ele disse com um sorriso e apenas com dois refrigerantes nas mãos. - Eles disseram que a pipoca acabou... - isso me poupou uma pergunta.

- Majide? - suspirei frustado e peguei um dos copos.

Shisui se sentou e o filme começou no mesmo instante.

[...]

- Você é um imbecil mesmo! - eu gargalhava alto e sinceramente não me importava, eu já estava levemente alcoolizado mesmo.

- Baka! - ele exclamou pegando a garrafa de vodka de minha mão. - Alias...

- un?! - o encarei

- Quanto tempo falta para você se formar mesmo? - ele disse contando nos dedos.

- Faltam apenas cinco meses, seu burro, un! - eu ri vendo o moreno ainda contar nos dedos!

- E finalmente seremos colegas de quarto na faculdade! - ele abriu os braços e se deitou na grama da praça, onde estavamos. Ficava proxima ao shopping, e nós sabiamos que seria legal beber algo hoje, era uma noite agradavel. - Dei? - ele chamou minha atenção novamente.

- O que foi? - perguntei pegando a garrafa de vidro.

- E se algo acontecer, e você não conseguir entrar na faculdade? - franzi o cenho com a pergunta.

- Como assim? - me deitei ao seu lado e nossos olhos se encontraram.

- Eu fico pensando... - ele suspirou - Se você não passar na prova de admissão... - tomei um gole da bebida e continuei a o encarar - Será que continuaremos tão amigos assim?

- Você é muito otimista, un. - eu ri do comentário e depois tomei o restante de alcool que havia na garrafa. - Vamos falar sobre outra coisa...

- Tipo o que? - ele voltou a se sentar na grama.

- Me conta por que se atrasou... - me sentei ao seu lado e coloquei a garrafa vazia ao meu lado.

- Bom... Como você sabe... - pegou outra garrafa da sacola que estava ao seu lado. - Sasuke confia muito em mim... E ele estava agindo estranho esses dias... 

- Por que? - ele me entregou a garrafa

- Ele descobriu que o irmão se tornou um criminoso mercenário... - quando percebi já estava com a boca entre-aberta e com os olhos ampliados.

- Mas os pais dele não são ricos e tudo mais? - abri a garrafa e comecei a beber mais.

- Sim... Mas pelo visto meu primo gosta mesmo do caminho errado... - ele suspirou.

- Então você conhece esse irmão do Sasuke? - perguntei o obvio, mas estou bebado demais para me corrigir.

- Claro que sim... E talvez você tambem o reconheça! - ele disse pegando a garrafa de minha mão. - Na infância, eu e Itachi viviamos grudados, como dois irmãos. Mas então o seu pai, Fugaku, se mudou pra outra cidade. - bufou e bebeu um gole do alcool. - Na época, eu era muito novo ainda para ir visitá-los usando o metrô, então eu mal os via... 

- E por isso vocês se afastaram, un?

- Sim... - me entregou a garrafa - Provavelmente nessa nova cidade, Itachi se envolveu com coisas erradas e acabou se tornando esse criminoso...

- Mas como você e sua familia souberam disso? - juntei as sombrancelhas.

- O próprio Itachi entrou em contato com o pai, dizendo que tinha novos negócios e que não voltaria nunca mais para casa. Também disse que o trabalho mercenário não era o bicho de sete cabeças que todos pensam... - ele revirou os olhos e pude notar seu tom de furia - Eu ainda não me conformo que alguém como Itachi, tão inteligente, pôde entrar no mundo do crime.

- Nem eu...

[...]

Voltei para casa bebado, e notei que meu avô já estava dormindo, então com todo cuidado possivel comecei a subir as escadas em silêncio.

Pena que sou uma negação.

Quando notei eu estava no chão, desci todos os degraus da escada rolando feito uma bola de futebol. Meu avô assustado surgiu no topo do local assassino e começou a rir de minha situação.

- Pensei que ficaria bravo, un. - disse passando a mão em minha cabeça, o velho continuava a rir de minha situação.

- Você não presta nem pra subir uma escada Deidara!  - ele gargalhava cada vez mais alto e eu já estava me irritando.

- Obrigado vovô Oonoki. - eu disse a palavra maldita e o velhote se irritou, parando de debochar na mesma hora.

- Vá para seu quarto! - ele disse apontando para o corredor, me levantei do chão e comecei a subir as escadas.

A sorte da noite foi que ele não pareceu notar meu jeito embriagado, então pude entrar em meu quarto sem levar nem mesmo um tapa.

Me deitei na cama e joguei o tênis longe, as roupas eu logo trocaria. Peguei meu celular do bolso e comecei a mandar mensagens para Shisui, contando o que havia acabado de acontecer.

[02:46]

Você: Amanhã eu espero muito não ter dor de cabeça '~'

Shisui: Idem! 

Shisui: Inclusive, boa noite!

Você: Você já está indo dormir?

Shisui: Mas é obvio!

Shisui: Você realmente acha que vou ficar a noite toda falando com você?

Você: Acho...

Shisui: Achou errado!

Shisui: Boa noite!

[02:50]

Depois de notar que o maldito realmente não iria ficar acordado comigo, resolvi colocar meu pijama e ir dormir.

Mas durante esse tempo acordado, ainda fica me perguntando: por que alguém como Itachi Uchiha, irmão de Sasuke, se tornaria um mercenário? A familia do mais velho é rica, muito bem estruturada, tem uma empresa estável; então por que?

Não sei o que se passa na cabeça de alguém como ele, mas nunca me aproximaria de alguém assim. Imagina que coisa mais pertubadora, você estar sempre do lado de alguém que é um assassino, alguém que sempre está sendo perseguido. Eu nunca teria coragem de me envolver com algo do tipo.