História Mercy (Hiatus) - Always

Selena On

Ódio! Era isso que eu sentia de Wesley, a presença dele me incomodava, me deixava na defensiva, eu achava que nunca mais o veria nessa vida. E por causa dele, eu odeio todas essa pessoas que estão com ele.

Wesley: Até que enfim!

Eu: Até que em fim? –Estranhei sua frase. -Está falando serio? Eu ia voltar só ao meio dia e são nove horas! –Falei revoltada, devido a sua ignorancia.

Wesley: Anda gazeando aula, Selena?

Eu: Se estivesse não é da sua conta, você me deixou aqui sem olhar para trás, do que te importa agora... Se eu esperei anos, três horas não são nada. -Falei com hostilidade. O clima pesou ficando um silêncio incômodo.

Wesley: Ah, essa é a minha esposa, e os filhos dela.

Medi os três e arquei uma sobrancelha.

Eu: Não me lembro de ter perguntado nada. -Disse o cortando. -Vocês não vão ficar aqui por muito tempo.

Wesley: Abra essa porta, vamos ficar aqui você querendo ou não.

Eu: Tudo bem, sejam bem-vindos ao inferno. -Fui até a porta, a abri e a empurrei. Deixei o caminho totalmente livre. -Pois assim que entrarem eu vou fazer vocês implorarem para sair. Eles ficaram se encarando por um tempo.  Wesley tentou me repreender apenas pelo olhar, veio um flash de memórias em minha cabeça. -Tudo bem, eu vou primeiro.
Fui direto pro meu quarto e me tranquei dentro dele. Minhas mãos estavam trêmulas. Ok, calma. Eu vou morar com essas pessoas que eu não conheço, considerando que tem três quartos contando com o meu e que eu tenho a chave de todos está tudo ótimo. Estou apavorada.

Ok, as coisas mais valiosas, eu escondo. A chave do meu quarto, eu levo comigo. Fui até o meu guarda-roupa. Certo, a trava ainda funciona, está tudo bem por aqui. Abri uma gaveta da minha comoda e peguei um vidro que estava cheio de moedas e notas. Será que eu uso esse dinheiro? Eu juntei para a faculdade caso não ganhasse bolsa, mas eu não quero ficar com eles... não se precipite, Gomez.

Eu ouvia os passos deles e a conversa, algumas palavras ficariam estranhas, se não levar em consideração que eles são canadenses. Eu já estava acostumada em ficar sozinha, e pretendo continuar porque literalmente eu odeio conviver com muitas pessoas. Meu celular tocou várias vezes. Cece. "Cece: Sis, o que aconteceu?" "Logan: Selly, precisa de ajuda?" "Desconheçido: Oi aqui é o Harry, Cece está louca atrás de você… Então, dá um sinal de vida." Quatro chamadas perdidas da Cece, duas do Logan, duas do suposto número de Harry. Respirei fundo. Sai do quarto e vi uma garota de no maximo 14 anos. Ela estava de braços cruzados, como se fosse exigir algo. Ignorei ela fechando a porta, tranquei a porta e coloquei a chave no meu bolso. Ela continuou me olhando.

Eu: Que foi? -Perguntei impaciente.

-Eu quero um quarto só meu. -Forcei uma gargalhada.

Eu: Que pena querer não é poder, querida. -Coloquei minha mão no ombro dela.

Ela me lançou um olhar mortal e eu a ignorei novamente, como sou boa nisso. Eu mereço mesmo.

-Aqui não tem nada light? -A mulher falou.

Eu: Os incomodados que se retirem... Não sei se já ouviu esse ditado, mas aqui é bem usado, é um tipo de indireta um tanto quanto apropriada a essa situação.

Wesley: Respeite a Molly.

Eu: Quem é você mesmo? Ah é, o cara que matou minha mãe, fugiu e me abandonou, posso te levar por vários motivos para a justiça, homicídio, invasão de propriedade privada, abandono de menor.

Wesley: Eu não invadi nada, a casa é minha. Comprei ela, está no meu nome.

Eu: Eu moro aqui desde quando nasci, foda-se se você pagou, que ela está no seu nome, na primeira oportunidade você se mandou, por que não sai agora?

Wesley: Você era mais educada.

Eu: Pois é, aprendi a ser espelho, se a pessoa me trata bem, tratarei ela do mesmo jeito.

~~

Harry On

Ninguém dedurou a Gomez, mas eu confesso que fiquei curioso pra saber o que havia acontecido. Depois que a aula acabou fui pra casa da minha mãe, estava com preguiça de ir até a minha. Cece e Logan foram junto, já que Joyce mora na minha frente e Logan ia almoçar lá. Joyce sempre foi uma palhaça, mas perto Logan ela piorava. Era muito engraçado conversar com eles. Ela tropeçou no meio do caminho e levou um tombo que rasgou sua calça e ralou todo seu joelho. Nos rimos muito antes de ajudar ela, mas fiquei com dó depois. Chegamos na rua da minha antiga casa após 20 minutos.

Eu: Melhoras, Joyce. -Desejei rindo ao lembrar da cena.

Joyce: Eu estou bem, mas minha mãe vai me matar por causa da calça.

Logan: Na verdade essa era a única que não estava rasgada no joelho então ela nem vai perceber. -Brincou e Cece o encarou seria. -Ah... Batata. -Falou que nem um idiota e ela gargalhou alto, me fazendo rir.

Me despedi entrando em casa, vi as panelas no fogão borbulhar e minha mãe falando no telefone. Parecia que estava a um bom tempo lá.

Emma: Ah, oi filho. -Cochichou. -É seu pai.

Neguei várias vezes. Não queria falar com ele, talvez seja porque o meu velho não tem nenhum assunto além de trabalho.

Emma: Maxon, eu vou falar com ele depois. -Disse irritada. -Eu tenho que cozinhar! -Falou mais impaciente. -Ah, tchau. -A vontade da minha mãe era mandar ele ir se fuder, mas como ela não fala palavrão.-Homem chato. -Ri da sua maneira de falar. -Como foi a escola?

Eu: Foi normal, mãe. –Disse soltando a mochila ao lado do sofá.

Emma: E a garota? –Perguntou a caminho da cozinha. Sorri e logo neguei rapido com a cabeça.

Eu: Mãe, eu não estou morrendo de amores por ela, ela é bonita, inteligente e tudo mais, mas eu não estou a esse ponto.

Emma: Acho bom, meu filho não vai se envolver com uma qualquer... –Disse abaixando o fogo. Chama ela pra vir assistir um filme aqui na minha casa.

Seria uma boa ideia, se eu não conhecesse minha mãe. Ela é do tipo que gosta de saber que estou gostando de garotas, mas dai fica com ciumes, acha que vou casar com elas e me esquecer dela, implica com elas até desistirem de ter algo comigo. Eu não entendo ela.

Eu: Não! –Falei como se não tivesse possibilidades nem uma de isso acontecer.

Emma: Porque? –Se fez de inocente.

Eu: Nem conheço ela.

Emma: Ela não vai no seu apartamento.

Eu: Ahn? -Me fiz de desentendido.

Emma: Isso mesmo, não vou cuidar de nem um bebê.

Eu: Mãe, eu não sou assim.

Eu fui pra livraria, tipo lá é legal, não faço quase nada, da pra ler alguns livros, sem falar que agora está se modernizando, com cd's, videogames... Saudades dos tempos quem que um bookshop só vendia livros, em partes. O pessoal daqui é legal, Camilla é tipo a mais velha, com 25 anos, morena com mechas roxas. Vive com chiclete em sua boca. Ela sabe onde está cada livro. James, eu e Becky somos novatos. Não vou mentir, Selena não sai da minha cabeça. Eu não me reconheço, eu nunca fui assim. O QUE ESTÁ ACONTECENDO COMIGO?!

Camilla: Está tudo bem?

Eu: Não... Quer dizer sim.

Camilla: Garotas? –Olhei confuso para ela. -Garotos?! –Perguntou com os olhos arregalados.

Eu: NÃO!

Camilla: Okay... Garotas.

Eu: Eu só estou meio confuso. Nunca senti isso, só a conheço há poucos dias.

Camilla: Amar não tem tempo, pode fazer poucos dias, ou anos.

Eu: Eu estou ferrado... -Estou falando sobre amor, eu não quero fazer isso. - Me taca um livro na cara.

Camilla: Não, os livros podem se machucar. –Falou seria. Dei minha risada mais falsa e ela riu. -Vai trabalhar apaixonado.

Eu: Cala boca... -Disse desesperado e ela riu. -Ah! Eu a odeio.

Camilla: Posso conviver com isso.

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Narradora On

O sinal bateu encerrando as aulas daquele dia e acordando Selena, que não tinha dormido a noite por causa dos novos hospedes. Eles falavam de mais durante a noite e Selena só conseguiu dormir por voltas das quatro da manhã. A garota nunca gostou de estar em um ambiente com muitas pessoas, preferia o silencio e seus livros do que pessoas, afinal elas só servem pra machucar, esse é o ponto de vista da Selena. Pessoas só servem pra machucar.

Ela se levantou de sua mesa e foi até seu armário, guardar seu material. Harry estava do outro lado do corredor com o namorado da vizinha, conversando sobre algo que ele não estava prestando atenção, seu pensamentos estavam na Selly. Ainda estava com raiva de si mesmo de estar gostando de uma garota que mal conhecia. 

Logan: Eu já vou indo, minha vó está meio doente. -Disse fazendo um cumprimento diferente com o novo amigo.

Harry: Até. –Se despidiu indo em direção da Selena. Inevitavelmente um sorriso se formou no rosto da garota. -Hey Gomez. -Disse colocando o braço por tás do seu pescoço. -Tudo bem?

Selena: Sim. -Mentiu. -E você?

Harry: Estou bem. -Disse com um sorriso torto. -O que houve? Você dormiu durante a aula.

Selena: Ah... Eu não consegui dormir direito durante a noite.

Harry: Andou pensando em mim até tarde, né? -Disse em um tom brincalhão.

Também. Selena pensou, mas deu uma gargalhada para disfarçar e não ter que mentir para o garoto.. 

Harry: Já te falaram que a sua risada é...

Selena: Tão ridícula e escrota que chega a ser engraçada? -Tentou adivinhar e antes que ele pode-se dizer algo ela voltou a falar. -Sim.

Harry: Eu ia dizer que ela é bonita, eu gosto dela... Como da dona.

As bochechas dela ficaram vermelhas, sua mão começou a suar e uma coisa estranha se movia em sua barriga. Ela ficou com tanto medo de seu coração bater tão forte que o garoto escuta-se que ela saiu dos braços do garoto e seguiu em direção a sua casa.

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Harry On

Fiquei encarando ela se distanciando, tentando absorver o que aconteceu ali. Ela ficou diferente, foi algo que eu falei? Corri tentando alcançar ela. 

Eu: Gomez! -Gritou e ela parece não ter escutado. -Hey, espera! Porque fez isso?

Selena: Isso o que?

Eu: Isso! Sair do nada, sem se despedir.

Selena: É que eu tenho que resolver uns problemas em casa...Perdão.

Eu: Sabia! -Disse vitorioso. -O que está acontecendo?

Selena: Nada, deixa pra la. 

Eu: Ah, qual é? Me deixe te ajudar... –É OBVIO QUE ELA NÃO VAI DEIXAR, SEU ANIMAL! -Amigos são pra isso.

Selena: É que Wesley voltou e tá morando na minha casa e disse que a casa é dele. -Okay, quem é Wesley? Estou perdido.

Eu: Quem é Wesley? -Perguntei confuso. No fundo com ciumes.

Selena: Meu pai. -Disse bufando e eu senti aquele sentimento ir embora. -Ele sumiu durante anos e agora voltou com uma nova familia, eu não sei se vou conseguir ficar lá, talvez eu more em um apartamento alugado, sei lá... -Disse e vi uma lagrima involuntária sair do olho da garota.

Eu: Selly, sempre quando precisar pode me chamar, ligar, mandar uma mensagem ou fazer sinal de fumaça... Eu vou correndo. -Disse e ela me abraçou forte, meu que perfume é esse? -Sempre. –Sussurei.

Selena: Harry. -Disse se afastando de mim ainda me abraçando. -Eu... -Ela deixou a frase no ar e olhei nos olhos dela, eu senti a respiração pesar, desci o olhar pra sua boca e esperei mais palavras saírem de lá... -Eu Agradeço.

Coloquei minha mão em sua nuca e aproximei meu rosto do dela...