História Secretos of a Mermaid Life - A Painfull Loss

Quando acordei Noah já havia se levantado, o relógio marcava exatamente sete horas da manhã. Mesmo sendo cedo eu me levantei e abri as cortinas para deixar a luz entrar, para minha surpresa o tempo estava frio, embora fosse verão, e chuvoso.

Pus uma legging cinza confortável e uma blusa de mangas de emoji com uma meia quente nos pés.

A agitação na sala era incomum para essa hora da manhã, mas ao chegar lá embaixo que fiquei realmente surpresa, Lolla cozinhava panquecas para todos e Cath estava com Chloe no colo, que tentava pôr a estrela no topo da árvore de Natal, mesmo que as luzinhas ainda não tivessem sido colocadas.

— O que está acontecendo? — perguntei enquanto ria baixinho comigo mesma.

— Bom dia! — todos gritaram animados em coro, eu só conseguia rir da animação de todos ali. — Estamos decorando a árvore de Natal.

— Eu vou pôr a estrela lá no alto — Chloe disse já descendo dos ombros de Cath e correndo até mim.

— Mas Chloe, as luzinhas ainda não estão na árvore, você tem que esperar — Cath veio atrás

— Alguém pode me ajudar aqui fora? — uma voz masculina veio do jardim da frente. — Bom dia Aly.

— Bom dia. Eu vou lá te ajudar — respondi já pegando alguns enfeites de jardim.

Haviam três caixas na escada que dava acesso a casa, começamos pela caixa das luzinhas e coisas que precisavam ir na tomada e penduramos por toda extensão da grande varanda. Depois pegamos os enfeites grandes e pesados para pôr na grama, um papai noel e algumas renas eram os principais decorativos dentre os enfeites e duas pequenas árvores serviam de adorno, uma de cada lado da porta de entrada, com pequenos penduricalhos coloridos.

— Ficou lindo, não vejo a hora de ver essas luzes acesas — disse animada. Depois de umas três horas de trabalho, conseguimos acabar todo o exterior da casa e ainda ver Chloe colocar a estrela no topo da árvore.

Eu sorria todo o tempo, sem motivo, apenas por ser época de natal, e eu ainda teria uma desculpa para voltar para o mar e ver meu pai de novo.

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— Tem certeza que não quer que a gente vá com você? — Cath me perguntava pela milésima vez no dia depois que disse iria voltar para casa no Natal.

— Tenho. Não há perigo, confie em mim — respondi usando exatamente as mesmas palavras de todas as vezes anteriores.

— Nós sabemos, mas nos preocupamos com você Aly! — Maya disse mais uma vez naquela tarde.

— Olha, está ficando tarde e por mais que ficar seria ótimo, eu preciso ir vê-los, ainda não sei o final de toda a confusão que se passou.

Abracei-as e saí correndo em direção ao píer da praia mais perto. Pulei sem hesitar, sabendo que todas as outras sereias podiam sentir minha presença, não era importante comparado ao que eu estava prestes a rever.

Finalmente alcancei o meu reino, onde todos estavam cabisbaixos e o movimento era pouco. As casas não eram coloridas e majestosas como antes, era tudo sombrio e controlado. Algumas pessoas passavam e sorriam fraco para mim e algumas tocavam meu ombro de leve, como se me consolassem, mas eu não entendia o motivo daquilo, não fazia o mínimo sentido na minha cabeça e minhas memórias nebulosas.

— Alicia! Você precisa sair daqui — Lyanna, uma velha amiga minha veio me advertir assim que me viu. — Depois de Grace assumir o trono tudo ficou perigoso e ela te procura, tenho certeza que a essa altura ela já sabe de sua presença no reino e está a sua procura neste momento!

— O que? Como assim Grace assumiu o lugar de meu pai?

— Oh, você não sabia? Mary não foi te avisar?

— Avisar o que? Lyanna, está me assustando!

— Aly, seu pai foi levado, ele não sobreviveu.

A água salgada do mar se misturava com as minhas lágrimas confusas e imperceptíveis, ninguém podia ver, mas eu estava chorando.

— Vem, vamos te esconder — Lyanna me puxou em direção a sua casa e eu assenti.

Eu já não chorava mais, a dor da perda da família era forte e marcante, porém eu e meu pai nunca fomos muito ligados, ele tinha seus deveres como rei e sempre queria a minha segurança, o que acabava me deixando presa e me tirando toda a liberdade que o mar me proporciona hoje. Eu sabia que a dor emocional da perda de minha mãe havia sido muito pior.

— Faz muito tempo? — perguntei à menina que tentava me consolar.

— Não muito, foi um dia depois de duas novatas virem buscar seus anéis.

— Entendo. Só espero que não fique assim por muito tempo...

Quando Lyanna entrou na sala falando que os guardas já procuravam por mim, eu soube que era hora de ir embora, por mais que doesse partir e deixar a cidade em que nasci num estado deplorável.

— Um dia eu voltarei, prometo. E trarei minhas duas novas amigas, que se tornaram sereias também.

Foi uma despedida rápida, assim como o reencontro.

A viagem de volta para a casa na terra foi curta e dolorosa, deixar o lugar onde eu nasci foi triste e mais ainda agora que vi que aquele povo precisava de ajuda.

— Você voltou rápido, está tudo bem? — Lolla me disse assim que me viu com frio na porta muito antes do previsto.

— Nada grave — menti — só que eu achei melhor voltar antes que eu me apegasse demais a minha antiga casa.

— Nesse caso, é mais do que bem-vinda para comemorar o Natal conosco.

Sorri sem muito entusiasmo e entrei para ir tomar um banho e me trocar. Desci as exatas cinco horas da tarde e fui recebida com um abraço da pequena Chloe.

Cath me puxou escada acima e me fez trocar de roupa, ela disse que íamos sair para uma festa chique de Natal em um condomínio chique. Ela me emprestou um vestido comprido sem mangas branco com renda vermelha na barra e na gola, e prendi meu cabelo em um coque em forma de flor. Cath estava com um de renda azul e o cabelo solto com alguns cachos. A pequena Chloe estava em um vestido que parecia de daminha branco e cheio de florezinhas roxas. Lolla estava maravilhosa, seu vestido era Rosa bem claro e seu cabelo estava preso em um meio coque com cachos e uma flor falsa enfeitando. Noah vestia um terno branco e sapatos cinzas com os cabelos penteados para trás. Era uma família muito bonita sem dúvida.

— Você voltou! — Noah disse me abraçando, eu retribuí o abraço e peguei em sua mão, fomos andando daquele jeito até lá fora, onde uma limousine branca nos esperava.

A casa onde a festa aconteceria era muito grande, com uma entrada espaçosa e decorada, um salão de festas onde estavam as mesas e pessoas conversando sempre de maneira elegante com taças de vinho na mão, todas bem vestidas, música clássica tocava ao fundo e garçons passavam servindo bebidas que eu não conhecia ou poderia beber, alguns poucos passavam com sucos ou água, as vezes com bebidas sem álcool.

Rapidamente todos já estavam acomodados em seus devidos grupos e eu era arrastada para lá e para cá sendo apresentada aos outros como uma menina estrangeira, as vezes Cath me apresentava como a melhor amiga e Noah me apresentou para duas pessoas como sua namorada.

O jantar foi agradável e alegre, a verdadeira ceia de Natal era no dia seguinte, mas a festa era dia vinte e três para que as pessoas pudessem aproveitá-la com suas respectivas famílias e amigos.

De volta a casa eu vesti meu pijama e fui me deitar. Antes que conseguisse fazer o que pretendia, ouvi batidas na porta.

— Pode entrar — disse para a pessoa que bateu, a porta se abriu lentamente e Cath entrou.

— Pode me contar por que você voltou mais cedo? — ela me perguntou.

— Não me quer aqui?

— Claro que eu quero! Não se esquive da pergunta!

— Meu pai foi levado algumas semanas atrás e parece que ele não sobreviveu, agora o reino foi tomado por Grace, minha madrasta, que comanda com punhos de ferro e não perdoa traições a sua lealdade.

— Não chore! Vai ficar tudo bem, você vai ver — Cath tentava me confortar, mesmo sabendo que não conseguia, pois, as lágrimas só passavam a cair cada vez mais.

— Eu não sei mais. Na hora o choque não foi tão grande eu acho, agora que eu percebi o que realmente aconteceu, que ele não vai voltar.

Mais batidas na porta, Noah a abriu devagar e entrou com uma bandeja de comida na mão, eu ri do ato ainda chorando e peguei a bandeja de suas mãos, colocando-a em cima da escrivaninha.

— Eu vou deixar vocês dois sozinhos... — Cath disse saindo e me olhando com aquela cara que só ela faz.

— As lágrimas são para o que? — Noah disse me abraçando.

— Eu realmente preciso falar?

— Não, se você não estiver confortável para falar está tudo bem. Só saiba que eu estou aqui se precisar.

— Obrigada — disse em um fio de voz, as lágrimas voltaram a sair e ele me abraçou mais forte.

Depois de muitas horas chorando, o sono tomou conta de mim e eu fui dormir, mas as palavras de Lyanna atormentavam meus pensamentos.