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História MERMAID - Chapter VI


Escrita por: CH33RY

Capítulo 7 - Chapter VI





As enormes folhas de palmeira verde-oliva sobrenadavam o
agitado mar que rodeava aquela ilha deserta. As brisas agitadas e o céu cinzento participavam daquele clima frio parcial. No meio dos grãos de areia esbranquiçados que eram constantemente molhados pelas ondas, Jimin carregava a
canoa improvisada para o mesmo com as duas mãos, quando teve contato com a água gélida
soltou a canoa, subiu na mesma sentindo o balançar da movimentação das águas.
Esperava por Serena para que pudesse se despedir, sentia calafrios de tensão percorrerem
por todo o corpo, a melancolia do momento não podia ser evitada, pensava se um dia retornaria a ver aquela sereia, o mesmo nunca imaginaria que Serena seria a
primeira pessoa por qual se apaixonaria. Uma silhueta mergulhava sobre a canoa,
Jimin já sabia quem era: Serena. A sereia se revela subindo seu corpo diante as águas. Aos olhares dos dois se encontraram, um sorriso fraco foi mantido em ambos rostos.
Sabiam que era uma despedida, porém tentavam não tocar muito no assunto.
Jimin então decide quebrar aquele silêncio desconfortável, esquiva um pouco seu corpo para que pudesse se aproximar mais da sereia.
-Então, acho que essa é nossa despedida... - Diz em um tom desanimado. A sereia que antes tinha um sorriso falso em seus lábios, agora o desmancha e se desaba em lágrimas, abaixa um pouco o pescoço para que Jimin não fitasse seu rosto e limpa rapidamente as duas bochechas com os dedos escamosos. O garoto que já havia percebido a tristeza da sereia, o sorriso do mesmo também se desmancha, leva as duas mãos até o rosto de Serena e o caricia com os dois dedões, sentiu uma pontada em seu peito, aquele momento estava sendo mais difícil do que pensava.
-Serena, eu prometo, eu nunca vou esquecer você, você é muito importante para mim... - Falava tentando confortar a sereia, que o fita com os olhos marejados. - Eu te amo Serena. - O garoto se declara com um olhar apaixonado reluzente em seus olhos. A sereia abre um sorriso envergonhado sem pronunciar nenhuma palavra sequer, apenas esquivou seu corpo para mais perto de Jimin e segurou o rosto do garoto com suas duas mãos, em questão de segundos havia selado seus lábios no do garoto, a sereia temia que seu ato seria inusitado porém o seu beijo é correspondido.
Após alguns segundos os dois separam seus lábios, se fitaram por segundos com os olhos cintilantes. -Tenho que ir Serena, antes que o sol se ponha... - Pronunciou-se Jimin com palavras trêmulas em quanto cariciava as longas madeixas da Sereia, que respondeu a frase com um olhar cabisbaixo e doloroso. Sem pronunciar mais palavras, o garoto pega os remos improvisados e olha para o horizonte oceano, rema sem olhar para trás pois sabia que se mais despedidas forem ditas, mais dor ambos sentiriam.
Serena apenas observava com o olhar embaçado por conta das
contínuas lágrimas, o seu amado partir, sem poder impedir, sem poder mudar o cruel destino e sem poder viver uma vida ao lado de Jimin. Naquele instante, pela primeira vez em toda sua vida odiava-se por ser uma sereia, e não ter um par de pernas como um ser humano comum. Já virava
de costas para continuar a nadar no monótono mar a qual viveu em toda a sua vida, tentou pensar em qualquer coisa, até mesmo na sua coleção de conchinhas, menos em Jimin. E falhou. Pensava se ele encontraria ajuda, se iria se perder,
passar fome ou qualquer tipo de dificuldade, apenas preocupação e mais preocupação. “Maldição!” pensava consigo mesma. Até que toma uma decisão, uma decisão muito precipitada: Segui-lo. Olhava ao redor a procura de Jimin, até
que para seu olhar no barquinho de madeira que seguia adiante, a sereia mergulha, nadando em direção ao garoto, tentando ao máximo não chamar muita
atenção, em questão de poucos minutos já estava próxima ao rapaz, nadava apenas a alguns centímetros de distância de Jimin, que nem suspeitava que estava sendo seguido.
Então, uma silhueta gigantesca surge em meio aos horizontes,
era um navio europeu que se aproximava.
-Finalmente! – Gritou Jimin se esquivando um pouco para frente para observar melhor o que via diante de seus olhos, a sua
salvação. O garoto então segurou com mais firmeza nos dois remos, e remou com toda a força que possuía nos braços, Serena apenas acompanhou receosa. Com
esforço e minutos que pareciam não acabar mais se aproximavam cada vez mais do navio.
-Hey! Preciso de ajuda! Socorro! – Jimin gritava o mais alto que alcançava balançando os dois braços na tentativa de ser notado.
O navio mudou de curso, passou a ir na direção de Jimin.
O rapaz ouviu o alerta soar pelo navio: "Homem ao mar!"
Serena tirou o corpo da água, apoiando as duas mãos na borda da canoa.
-S-Serena?! - Jimin se assustou, recuando um pouco. -O que faz aqui? - Ajoelhou, curvando-se para aproximar-se dela.
A mente da sereia virou uma tela branca. Como um quadro onde o pintor ainda não esboçou sua obra de arte.
-Eu só não quero que vá, Jimin! - Disse por fim. -Eu não quero ficar sozinha. Não quero ficar longe de você!
-Não tem outro jeito, Serena. Eu tenho que ir. Não pense que está sendo fácil para mim tomar essa decisão.
Os olhos da menina ficaram brilhantes por causa das lágrimas que se formavam.
-Ah! Não faz essa cara! - Passou as mãos no rosto da sereia, secando as lágrimas. -Eu te amo e você sabe disso.
-Se dizer eu te amo te fizesse ficar... - Suspirou. -Acho que eu repetiria isso para sempre.
Jimin esboçou um sorriso triste. Uma pontada no coração. Uma dor forte no peito. Uma tristeza inigualável.
Desviou o olhar. O navio estava próximo. Já era possível ver detalhadamente. Os mastros e as grandes velas brancas com uma cruz vermelha no centro. Um navio de Portugal. As cordas presas em diversos tipos de amarras, os inúmeros canhões em ambas as laterais, corais agarrados no casco do navio.
"Homem ao mar!" ouviu-se ao longe.
-Saia daqui! É perigoso! Eles podem te ver! - Jimin ordenou para a sereia, empurrando-a levemente.
-Não! Não vou embora! - Protestou.
Na pior hora.
Inferno destino! Nunca tem bons planos para ninguém?
O navio aproximou-se, estava a metros de distância. Os marinheiros jogaram uma espécie de escada de corda no mar, para que Jimin pudesse subir no navio. O garoto ainda tentava afastar Serena dali. Não queria que ela fosse vista.
-Pare de tentar me afastar! - Serena apoiou as mãos na lateral do barquinho e ergueu o corpo, deixando boa parte dele fora da água. Olhava Jimin séria. Estava convencida do que iria fazer, mas começava a duvidar se havia sido realmente uma boa ideia.
Não, não foi.
-Olhe! Uma sereia! - Um marinheiro exclamou do convés.
-Magnífico! - Exclamou outro.
-Tragam-na para cá! - Uma ordem foi ouvida de outra voz, uma voz mais grave.
Jimin assustou-se quando viu uma rede ser jogada no mar.
Uma rede de pesca.
De repente toda a atenção foi desviada do garoto para a sereia.
-Serena! - Exclamou ao ver a garota presa nas cordas. Ela começou a se distanciar da água, sendo levada para o navio.
Mergulhou na água. Nadou até o navio e pôs-se a escalar pela corda que pendia na lateral. Chegou no convés, onde pode ver Serena debatendo-se, tentando livrar-se da rede a todo custo. Marinheiros a cercavam, alguns tocavam em sua pele ou sua calda, pareciam não acreditar que era real.
-Ei! Soltem ela! - Esbravejou, chamando a atenção dos marinheiros. Olhares divertidos voltaram-se para ele, como quem não vê perigo em um jovem sem uma faca sequer para usar como arma.
-Oh, rapaz! Não vê o que você encontrou? É uma sereia, ela irá nos render muito dinheiro! - Um marinheiro gordo de blusa listrada e manchada se aproximou de Jimin. Segurava um charuto aceso, abrindo um sorriso e exibindo alguns de seus dentes de ouro.
-Devo te agradecer por isso! Como forma de gratidão, poderá ficar em meu navio.
-Vocês precisam soltá-la! - Insistiu, vendo o sorriso literalmente amarelo do outro se desmanchar.
-Acha que vou desperdiçar uma chance dessas? Poupe-me garoto. Agradeça por eu te deixar subir neste navio. - Alisou a barba com uma das mãos, virando de costas, quando ouviu uma exclamação:
-É sério, vocês precisam soltá-la! Ela não vai sobreviver fora d'água!
O homem bufou. Mas pareceu entender onde Jimin queria chegar com aquela insistência.
Levantou uma mão, como um maestro, chamando a atenção dos homens.
-Coloquem ela naquele barril com água. - Apontou para o grande barril de madeira envelhecida.
Serena foi levada até lá, colocaram-na no barril, sem deixar de antes amarrar suas mãos atrás das costas.
Jimin ficou lá, parado no convés, fazendo o papel perfeito de estátua. Esperou os marinheiros se dispersarem e foi até Serena, recebendo olhares ameaçadores do tipo: "Não ouse fazer besteira."
-Serena! - Falou
-Jimin...
-Que ideia foi essa?! Eu te disse para ficar longe! - Praguejou, numa expressão de raiva.
Os olhos dela marejaram.
-E-Eu... E-Eu... Só não queria que você fosse embora. - Baixou o olhar, sentindo os lábios trêmulos pelo choro.
Jimin sentiu uma culpa lhe invadir. Não queria fazê-la chorar. Colocou a mão em seu rosto.
-Eu vou te tirar daqui. Prometo. Hoje à noite. - Acariciou a bochecha da menina suavemente, secando uma lágrima que insistia m em descer de seus olhos.
Afastou-se dela, querendo afastar os olhares desconfiados dos outros homens para os dois.
O dia passou. O céu mudou de cor. Preenchido agora pelas cores quentes que transitavam desde próximos ao sol, onde reinava um amarelo-ouro, até onde começava a nascer a lua, onde o céu era colorido pelo vermelho escarlate que escurecia até o azul-petróleo. O navio seguia na direção da lua, à leste. Saíam do Caribe e iam para Lisboa, em Portugal.
Os ventos sopravam fortes, extremamente favoráveis à navegação. O capitão não discutia com o outro homem responsável pela navegação do navio. Sem bússolas quebradas. Sem sinal de tempestade.
Uma quase tranquilidade.
Escureceu. O céu estrelado, preenchido por pontinhos brancos, parecendo uma tela preta repleta de respingos de tinta branca. O navio sendo guiado na direção da lua, lutava com as ondas para manter-se na direção certa.
Jimin tinha uma faca em mãos, escondia-a por baixo da blusa. O convés estava praticamente vazio, não fosse pelo homem que segurava o leme esculpido em madeira, direcionando o navio. Porém ele estava com o rosto apoiado nos braços, e os braços apoiados no leme. Provavelmente cochilando.
-Serena. - Chamou-a baixo.
A sereia desviou o olhar para ele. Tinha algumas queimaduras nos ombros por ter de passar o dia com só metade do corpo na água. Ardiam. Mas nada que importasse no momento.
Jimin cortou as amarras e pegou Serena nos braços. Andou até o costado enquanto segurava a menina.
-Você vai ficar bem? - Perguntou, olhando para ela.
-Vou... Me promete que não vai se esquecer de mim.
-Como eu iria me esquecer da mulher que amo? - Sorriu triste.
Ela beijou-o.
-Eu te amo, Jimin.
-Eu te amo, Serena.
O rapaz esticou-se e a largou. Observou-a mergulhar nas águas escuras. Logo a figura da sereia emergiu da água. Ela não disfarçava a expressão triste.
-Adeus! - Ela acenou para ele.
Ele não respondeu com palavras, apenas correspondeu o aceno.
A viu sumir nas águas do oceano. Se arrependeu de não ter ficado naquela ilha.
Passou as mãos nos cabelos castanhos. A última visão daqueles orbes azuis hipnotizantes veio à mente. Deitou no convés. Mesmo após todos os ocorridos, suas opiniões sobre as camas fedorentas dos navios não mudou. Não deitaria naquelas colônias de pulgas nunca.
O dia voltou, radiante.
Jimin foi acordado com um puxão forte, sendo levantado pela gola da camisa com tamanha força que a fez descosturar levemente.
-Foi você não foi?! - O homem barbudo, o capitão do navio, o do sorriso literalmente amarelo, disse em alto e bom tom, tirando qualquer resquício de sono que Jimin poderia ainda ter.
-Eu? Eu o quê?
-Foi você que libertou aquela sereia, não foi?
-E-Eu não fiz nada! - Amaldiçoou-se por ter gaguejado.
Recebeu uma sobrancelha arqueada em pura desconfiança em troca.
-Eu juro! Não libertei aquela sereia!
-Não, huh? Entendo... - O capitão desviou o olhar para um volume por baixo da camisa do garoto, agora denominada monte de trapos rasgados. Levantou a camisa do rapaz e viu a lâmina. Pegou a faca num movimento único. Observou o objeto, olhando de soslaio para Jimin logo depois. -Então, por que dessa faca?
Péssimo ator. Péssimo mentiroso. O perfeito desastre.
-Traidor! - Exclamou, apontando a faca para Jimin. Iria acerta-lo com a lâmina quando o viu cobrir o rosto com os braços e teve a inesperada visão de um anel dourado com o símbolo da nobreza portuguesa. Baixou a faca. -Você é da nobreza?
Jimin olhou para a própria mão. Havia ganhado aquele anel de presente da mãe da garota com a qual se casaria. Foi um agrado, fora os anéis de compromisso. Suspirou disfarçadamente.
-Sim, eu sou sim.
O rapaz percebeu o quanto aquela simples afirmação lhe ajudaria a virar o jogo e começar a aclamada manipulação. Sorriu de canto.
-Você não mataria alguém da nobreza, mataria? - Perguntou, olhando para o capitão. O homem diminuiu a força com que segurava a gola da camisa de Jimin.
O capitão esboçou o sorriso amarelo. Entrou no jogo.
-E se eu matasse? O que aconteceria?
-Sua vida viraria um verdadeiro inferno.
O homem soltou a gola da camisa de Jimin. Cerrou os dentes. Levou o charuto à boca e o acendeu. Relutante, disse:
-Quando chegarmos a Lisboa, não quero ver você de novo.
-Isso é um acordo?
O capitão apenas soltou a fumaça do charuto no rosto do rapaz e virou de costas, ignorando a pergunta.
Jimin passou a mão pelas mechas castanhas e sorriu satisfeito. Olhou para os marinheiros que o encaravam descaradamente e desfez o sorriso.
-O que estão olhando? - Disse e pôs as mãos na cintura.
Os olhares se dispersaram, juntamente com os donos deles.
O dia passou mais uma vez.
Outro dia passou.
E outro.
E mais outro.
E assim em sequência.
O monótono azul das águas inquietas do mar. O enjoo inesperado nos primeiros dias.
Semanas de convivência com aqueles homens exageradamente arrogantes. Semanas de dor nas costas por dormir no sujo convés.
Era noite. O céu não tinha uma estrela sequer. Encoberto pelas nuvens, mantinha a coloração preta e, em alguns pontos, cinza-escuro.
Jimin anotava em seu caderno. Mas suas anotações não estavam voltadas nos registros da viagem, e sim, em Serena. Ele desenhava a sereia pacientemente, procurava abusar de sua boa memória para poder retrata-la com todos os mínimos detalhes. Sentia uma tristeza profunda. A melancolia incômoda, que voltava a cada vez que pensava na menina. Fechou o caderno de capa de couro e o pôs no bolso da camisa. Apoiou-se no costado e tratou de lembrar de cada momento que passou junto com Serena, um a um, sem deixar escapar nenhum detalhe. Lembrou daquele sorriso verdadeiro que só vira nela. Deixou uma lágrima escapar. Mesmo sentindo saudades, estava feliz de ter tido a chance de conhecer alguém, para ele, tão fascinante.

Amanheceu. O dia ensolarado de um verão que chegara a poucos dias. Trazia brisas quentes, que movimentavam as velas daquele navio que transportava especiarias. O cheiro do cravo, da canela, do gengibre, da pimenta, ficou impregnado nas paredes do depósito onde levavam os produtos.
Haviam chegado em Lisboa. O navio atracou no porto e Jimin foi um dos primeiros a descer, não por escolha, foi tirado de lá à chutes e empurrões. Caiu deitado no porto de tábuas de madeira. Levantou. Limpou a poeira, mesmo que não adiantasse muito, sua roupa havia se transformado num monte de farrapos. Já sabia onde deveria ir. Propôs-se a ideia de correr. Saiu em disparada até a casa de sua mãe, uma enorme moradia próxima ao palácio do rei. Esbarrou em algumas pessoas ao longo do trajeto. A emoção de poder reencontra-la era extasiante. Avistou a casa. Parou na frente da porta. Sentia seus pés descalços em contato com a madeira polida da varanda. Bateu na porta com as juntas dos dedos. Demorou um tempo até ouvir o barulho de passos do lado de dentro e o som da fechadura sendo destrancada. Uma mulher de meia-idade apareceu por trás da porta. Vestida com um vestido longo, como uma dama da corte portuguesa. Arregalou os olhos ao ver Jimin parado em frente à ela.
-Oi... Mãe...
Não respondeu, apenas abraçou-o com toda a força que conseguia. Deixou as lágrimas escorrerem por suas bochechas. Soluçava, apertando o abraço, tentando acabar com a dor de achar ter perdido seu filho. Foi um baque descobrir que a embarcação em que Jimin e o pai estavam não havia voltado para Lisboa.
-Meu filho! Senti tantas saudades! Você está bem? Como voltou? - Passava as mãos no rosto do filho, como toda mãe, examinando-o, vendo se não tinha machucados.
-Eu estou bem e, bom, é uma longa história.
Abraçou-o novamente. Jimin retribuiu o abraço caloroso. Inspirou o perfume da mãe, aquele aroma que lhe trazia tantas lembranças boas.
-E seu pai? Onde está?
O garoto baixou o olhar. Ficou triste por um momento. A moça logo entendeu a mensagem. Deixou mais uma lágrima escapar.
-Vem. - Pegou na mão do filho. -Tome um banho e depois venha até a sala. Temos muito o que conversar.
Jimin obedeceu sem hesitar. Subiu para o banheiro. Foi um alívio poder tomar um banho com água que não fosse salgada. Poder se limpar. Saiu do banheiro e viu os seus colares que havia deixado em cima da cama. Dois colares. Um de pingentes, onde seu olhar parou no pingente de conchinhas que Serena o havia dado, e o outro feito de conchinhas coloridas e pérolas. Mais um presente de Serena. Aqueles colares se tornaram preciosos para ele. Colocou-os no pescoço e desceu até a sala. Sua mãe o esperava.
-Sente aqui. - Deu leves tapinhas na almofada vermelha do sofá onde estava. Ele o fez. -Agora me conte, o que aconteceu nessa viagem?
Jimin soltou um suspiro longo. Começou a contar. Os detalhes não passavam despercebidos. Contou do naufrágio. Contou que acordou numa ilha deserta. Contou que encontrou uma sereia. Foi quando sua mãe o interrompeu.
-O quê? Uma sereia? Você só pode estar brincando.
-Estou dizendo a verdade, mãe. Eu vi uma sereia.
-Você devia estar alucinando.
-Não, mãe! Eu vi uma sereia, e ela falou comigo. Ela se chamava Serena.
-Filho, tem certeza que foi isso mesmo que viu?
-Foi, mãe! Foi sim! - Bufou. Sabia que essa história seria tratada como delírios de um jovem náufrago.
A mãe suspirou em desaprovação. Não conseguia acreditar na história do filho, por mais que tentasse.
-Prossiga.
Jimin respirou fundo antes de voltar a contar. As palavras continuaram a fluir. Deixou de fora as partes do romance, incluindo o beijo entre os dois. Contou como conseguiu voltar a Lisboa, pelo navio que transportava especiarias. A história, em alguns pontos, parecia inacreditável à quem ouvia, tudo o que se tratava de seres míticos nunca vistos, ou pelo menos ninguém nunca havia voltado para contar a história, até agora, não era bem aceito.
A mãe de Jimin levou a mão até a mão do filho.
-Bom, fico feliz que tenha voltado, meu filho. - Abraçou-o novamente. -Senti saudade.
-Também senti saudade, mãe... Muita. - Envolveu-a em seus braços. Aquele momento lhe lembrou as vezes em que Serena o abraçava.
Nostalgia.
Melancolia.
Tristeza por saber que nunca a veria de novo.
O dia passou. A tarde chegou.
Na beira da praia, com a barra da calça dobrada nos tornozelos e sentado nas pedras que beiravam a areia, estava Jimin. A areia de Lisboa não era a mesma da ilha onde encontrara Serena. A imagem daquela ilha paradisíaca veio à mente. Inspirou o ar quente que vinha do mar.
Em casa.
Mas por que ainda sentia um vazio? Como se estivesse incompleto?
Claro. Faltava Serena. A dona do par de olhos azuis mais lindos que Jimin já havia visto.
Ele segurou o cordão de conchinhas. Comprimiu os lábios. A frase de Serena ecoava em sua mente: "Me promete que não vai se esquecer de mim."
-Não vou, Serena. - Com a voz trêmula, proferia as palavras. -Nunca vou me esquecer de você. Nunca.
O pôr do sol estava próximo.

Serena estava sentada nas rochas lisas do litoral da ilha. A ilha a qual conhecera Jimin. Segurou o colar de couro trançado e olhou o pingente esculpido em ouro e prata. Os desenhos imprecisos.
Perfeito.
Lágrimas escaparam de seus olhos avermelhados pelo choro que não cessava.
Doía.
A saudade doía.
-Por que você teve que ir embora, Jimin?
Suspirou.

O sol estava se despedindo no horizonte. Jimin olhava para o espetáculo de cores quentes.
-Eu te amo, Serena. - Disse para o vento, na esperança de essas palavras chegarem até Serena.

De uma das ilhas do Caribe, a muitas milhas de distância de Lisboa, Serena apreciava a mesma visão de Jimin: o lindo pôr do sol.
Mas não era a mesma coisa sem ele ao seu lado.
-Eu te amo, Jimin.
Talvez, em algum lugar no meio do imenso mar azul, as duas frases carregadas pelo vento tenham se encontrado.
ℱℐℳ.
 


Notas Finais


Oi pessoas lindas! Então é isso, o final de Mermaid! Agradeço a todos que acompanharam até aqui e gostaram de minha história, foi um prazer para mim e minha coautora escrever essa história linda! Até a próxima leitores! <3


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