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História Metamorfose - Prólogo


Escrita por: leticiamendiola

Notas do Autor


Essa Fanfic é minha, porém é originalmente da novela Bety, a feia, estou adaptando a história para o universo da Feia mais bela, espero que gostem

Capítulo 1 - Prólogo


“Metamorfose: substantivo feminino; mudança completa de forma, natureza ou estrutura; transformação, transmutação” Essa é a definição do dicionário para a palavra metamorfose, pois ali, no dicionário, ela é apenas isso, uma palavra impregnada de explicações e sentidos exatos, entretanto para mim, metamorfose é mais que uma palavra, para mim ela é um conceito, um conceito dotado de vida, espirito, pensamento e atitudes. Eu antes da metamorfose era como uma lagarta, sem asa e sem cores, arrastando-me no chão, mas como a lagarta eu também mudei, a metamorfose aconteceu e eu ganhei cores e asas, me transformei em uma borboleta e estou disposta a ganhar os céus e voar, enfim chegou minha hora de quebrar o ovo e viver.

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Senti meu celular vibrar em cima da mesa enquanto eu tomava café e estudava a coluna financeira do país, sem dar muita atenção à chamada, olhei rapidamente para a tela a fim de averiguar quem me ligava tão cedo. Meu celular não reconheceu o número, porém eu sim o reconheci e me senti instantaneamente tonta, literalmente tudo girou e o ar me faltou, aquele número eu conhecia de memória e jamais poderia esperar que após quase um ano eles entrariam em contato comigo novamente. Em minha mente fui transportada para um ano atrás e como se fosse um filme, vi tudo se repetir.

 

Dez meses atrás.

 

Nas últimas dez horas aquela era a enésima vez que eu lia aquela carta e a dor ainda era tão forte quanto da primeira vez, aquelas palavras ainda continuavam sendo um veneno que me matava aos poucos cada vez que eu lia aquele pedaço de papel. Como podia seu Fernando ser tão cruel? Do Omar eu podia esperar qualquer coisa, mas do seu Fernando, jamais. Tudo foi uma farça e eu cai de idiota na piada deles, naquele plano desumano e mesquinho. Ele realmente achou que eu iria lhe roubar a empresa? Ele realmente foi capaz de chegar tão baixo a ponto de dormir comigo para resguardar um patrimônio? Fernando não só dormiu comigo, mas também me iludiu, me usou e eu fui burra de ter caido naquele teatro. Naquele momento eu não estava odiando ele, ele tinha meu desprezo e eu fiquei com a parte do ódio só para mim. Eu me odiava por ser carente ao ponto de acreditar que um homem bonito, rico e bem sucedido como ele poderia sequer olhar para mim, uma mulher pobre e feia, feia não, horrorosa mesmo, era isso que eu era, uma mulher horrorosa, indigna de ser olhada e burra demais por ter caído naquele maldito teatro.

“Burra, burra, idiota, imbecil” Me xinguei mentalmente incansáveis vezes, dormi por puro esgotamento mental, dormi jogada em minha cama, ainda com as roupas do dia, sem nem ao menos tomar um banho ou comer alguma coisa. Acordei horas depois já com a claridade no quarto e minha mãe batendo na porta e perguntando se eu estava doente, pois já era sete da manhã e eu ainda não tinha me levantado para ir ao trabalho. Falei com minha mãe que hoje eu tinha o dia de folga e iria dormir um pouco mais, obviamente ela deve ter estranhado, mas discreta, saiu e me deixou dormi.

Depois que ela parou de bater na porta eu não mais dormi, seria impossível, a carta ainda estava ao meu lado na cama e a dor ainda impregnava meu corpo. Respirei várias vezes seguida, estava agitada, nervosa e hiperventilando, já era dia e eu tinha que fazer alguma coisa, eu só não sabia o que fazer, pois não seria capaz de ir para o trabalho e rever Fernando, Omar ou qualquer outra pessoa dentro da Conceitos.

Eu iria fugir deles para sempre? Sim, certamente sim, eu só não sabia como, estava amarrada a Conceitos não como uma funcionária e sim como a dona. Sem muito mais pensar resolvi começar a agir, levantei da cama e fui até minha escrivaninha, peguei um papel em branco e uma caneta cor azul e iniciei uma carta.

 

“Caro, Fernando.

 

Te escrevo essa carta para meramente acompanhar e carta de seu amigo Omar, uma completa a outra, graças a carta de seu amigo te escrevo essa.

Após eu ler e reler a carta de Omar por diversas vezes pude perceber muitas coisas, a primeira delas é a mais óbvia, vocês são as piores pessoas do mundo, são seres desprezíveis que me dão asco, nojo de um dia ter os conhecido e a segunda coisa é que sou uma idiota por ter acreditado em ti, entretanto a terceira coisa que observei é que você, Fernando, além de tudo é uma pessoa não dotada de personalidade e inteligência, pois tem que ser guiado sempre por alguém, horas pelo seu amigo Omar e horas por mim, sua feia assistente. Tendo esse terceiro item em mente, tomei a liberdade de lhe escrever essa carta, pois o verdadeiro sentido dela é para te deixar as instruções que você precisará fazer para ter sua empresa de volta. Não se preocupe, nenhuma dessas instruções incluem você me beijar, abraçar ou sequer olhar para mim, a tortura já acabou, pode se sentir livre.

Primeiramente você terá que entrar em contato com Tomas, pois ele estará com toda a documentação necessária da Conceitos, que passará a empresa novamente para o nome de sua família, irei revogar o embargo, a Filmes e Imagens deixará de ser a dona da Conceitos, então a única coisa que o senhor terá que fazer é ligar para o Tómas e marcar com ele para que ele lhe entregue a documentação que é sua por direito.

Creio que a essa altura não há necessidade de que eu diga que estou me demitindo e tão pouco que eu apresente uma carta de demissão, pois essa carta já é instrumento suficiente para isso, certo?

Atenciosamente

Leticia Padilha Solis”

 

Após escrever a carta senti meu ódio aumentar, eu já não mais chorava e nem tinha vontade de chorar, agora eu precisava apenas agir e deixar toda a lamuria para depois. Sai de casa literalmente escondida, nem meu pai e nem minha mãe notaram, fui até o cartório e revoguei por instrumento público o embargo da Filmes e Imagens, peguei a documentação e entreguei na casa de Tomas, deixei com sua mãe e pedi que ela lhe entregasse, sem muito explicar a ela qualquer coisa, pois naquele momento tudo que eu menos queria era falar qualquer coisa que fosse. Ao invés de ir para casa fui para uma praça e fiquei sentada no banco.

O que eu faria agora? – Era tudo o que eu conseguia pensar e não fazia ideia de como agir. Como um estalo de loucura, uma ideia me dominou, seria louco, seria insano, porém era tudo que eu necessitava naquele momento. Sem ponderar, deixei a loucura me dominar, fui até o banco e aproveitando que o cartório ainda não tinha tido tempo de comunicar ao mesmo sobre o fim do embargo, usei a conta da empresa e saquei uma quantidade razoável de dinheiro, nada muito alto, porém o suficiente para que eu colocasse meu plano em pratica. Sai do banco agitada, tanto pelo valor que eu carregava comigo em minha bolsa quanto pela excitação do plano, como uma injeção de adrenalina eu momentaneamente parei de pensar na dor da traição de Fernando e passei a me concentrar em executar tudo que eu precisava.

Corri para casa e peguei meus documentos, novamente sentei em minha escrivaninha e peguei um papel e a mesma caneta de tinta azul, dessa vez a carta iria para meus pais.

 

“Papai e mamãe.

Desculpe escrever essa carta, pois vocês mereciam muito mais que isso, mereciam que eu sentasse agora no sofá da sala com vocês e me abrisse e contasse tudo que se passou comigo nas últimas horas, toda dor que senti e o motivo dela, que eu contasse porque resolvi fugir e me esconder do mundo por um tempo, porém não tenho coragem, a verdade é que tenho vergonha de me abrir com vocês.

Peço que lembrem da educação que me deram, do caráter com que me formaram e confiem em mim, confiem que posso cuidar de mim sozinha, afinal já não sou mais a menininha de vocês, tenho vinte e sete anos e cresci. Eu realmente cresci e por isso tenho que aprender a viver por mim mesma e é isso que farei, não tenho coragem de me despedi, pois sei que se eu fizesse isso da maneira certa, além das perguntas de papai, as lagrimas de mamãe iriam me atar em casa e eu não iria pode voar e segui.

Papai, mamãe, hoje eu me demiti e resolvi tirar uns dias de férias de tudo, juro que não enlouqueci, apenas chegou minha hora de mudar, não pretendo passar mais que alguns dias fora de casa, no máximo dentro de um mês retorno para casa.

 

Eu amo vocês e assim que eu chegar em meu destino ligarei.

Com amor,

Lety”

 

Se escrever a carta de Fernando não me fez chorar, escrever para meus pais me fez derreter-me em lagrimas, sai de casa novamente escondida, papai deveria está na praça jogando e mamãe talvez no mercado ou na casa de uma amiga. Sem malas, apenas com meus documentos, fui em direção ao aeroporto, mas antes passei na conceitos e deixei com Celso o envelope com a carta de Omar e a minha carta, eu sabia que em poucos minutos o envelope chegaria na mão de Fernando.

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Há dez meses atrás eu entrei em um avião rumo ao litoral, na carta para meus pais eu disse que ficaria um par de dias, que seria apenas umas férias de no máximo um mês e esse realmente era meu plano, apenas respirar um pouco e mudar de ar, porém acabou que o par de dias se estendeu e hoje já faz quase um ano que não piso em casa, no litoral fiquei apenas cinco dias, tempo necessário para embarcar em outra loucura e ir rumo aos Estados Unidos, mais especificamente, Nova Iorque, onde moro hoje e tenho trabalho e amigos. Minha vida mudou totalmente e eu de gata borralheira virei à cinderela, na minha história só não existiu a fada madrinha, ela deu lugar ao anjo da guarda e, meu doce Gabriel, foi o responsável por me salvar.

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Me acomodei no avião e não conseguia para de pensar na loucura que eu estava fazendo, assim que aquela maquina decolou, senti vontade de mandar parar e descer dali, porém era inútil, agora tudo já tinha sido feito e eu não mais poderia voltar atrás.

“Odeio avião” O homem sentado ao meu lado reclamou comigo “É um absurdo quando paramos para pensar quantas coisas poderíamos está fazendo ao invés de ficarmos aqui sentados, trancados e entediados durante as próximas duas horas de voo” Eu queria ficar calada, pensando na minha loucura ou na minha dor, mas aparentemente aquele homem do meu lado estava disposto a gastar toda sua hora de voo conversando com quem ele nunca viu na vida e provavelmente nunca mais iria ver. Eu fiquei calada, não estava com cabeça para conversas, me limitei a dizer apenas “Verdade” e torcer para o assunto acabar.

“Me chamo Gabriel e você?” O homem perguntou mostrando claramente que não estava disposto a se calar, só então olhei para ele e pude notar que o nome combinava com sua aparência, realmente ele parecia angelical. De cabelos e barba extremamente loiro e olhos azuis, seu sorriso era gentil, Gabriel era inegavelmente um homem muito bonito.

“Me chamo Leticia” Optei por usar meu nome e não meu apelido, raramente eu falava meu nome, desde pequena o apelido Lety tinha se sobressaído ao meu nome, porém naquele momento não achei confortável usar meu apelido e sim meu nome inteiro, de forma invisível a metamorfose já começava em mim.

“Bonito nome” Gabriel disse parecendo ser sincero “Está indo visitar sua família no litoral ou apenas passar umas férias?” Ele perguntou, cada vez ficava mais claro que ele não estava disposto a seguir o voo quieto e calado. Respirei fundo.

Por um segundo avaliei minhas opções, a inicial era mentir, falar qualquer coisa e tentar acaba de vez com o assunto, minha segunda opção era falar a verdade, literalmente, desabafar para aquele total desconhecido e contar que eu estava fugindo, fugindo não só da Capital, mas fugindo dos problemas e também fugindo de mim mesma, me escondendo do mundo que eu vivo. Aquela segunda opção era uma loucura, aquele homem não me conhecia e tão pouco iria entender toda a minha história, porém eu precisava desabafar, estava sufocada desde que li a carta, meu mundo desmoronou e eu estava andando sob os destroços dele calada, sem gritar, sem me desespera, construí um muro de farças onde eu estava inteira quando na verdade eu estava em pedaços. Falar com aquele homem seria bom, eu poderia desabafar e ele jamais iria conhecer os personagens da minha história, seria um bom ouvinte e depois seguiríamos sem nunca mais nos vermos. Ele não queria assunto? Agora ele teria assunto pelas próximas duas horas de voo.

 

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Minha melhor decisão foi desabafar com Gabriel, ele ouviu tudo calado, me deixou falar, chorar. Aquele homem que até então eu nunca tinha visto antes acolheu minha dor e se fez um amigo, ledo engano quando pensei que depois seguiríamos cada um para um canto, Gabriel me adotou e eu encontrei nele um amigo, sem planos e sem conhecer a cidade, fiquei hospedada no mesmo hotel que ele e logo no segundo dia ele se fez meu anjo da guarda.

 

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“Leticia, hoje tenho grandes planos para você” Gabriel parecia acordar cada dia mais lindo e animado, veio ao meu encontro no restaurante do Hotel pela manhã para tomarmos nosso café da manhã, tal como no dia anterior.

“Planos? Vai me mostrar um novo local na cidade?” Perguntei animada, o litoral era encantador, o mar libertador e Gabriel uma ótima companhia.

“Não, hoje vamos colocar em execução o projeto metamorfose” Ele falou animado, eu podia jurar que seus olhos estavam mais azuis, de tanto que brilhavam animados.

“Projeto metamorfose?” Perguntei sem entender.

“Hoje é dia da lagarta virar borboleta” Ele respondeu. Não, aquilo não fazia sentido, não naquele momento, mas hoje vejo que fez todo o sentido.

 

Gabriel foi comigo ao salão de beleza, me entregou a uma funcionária e passei a manhã inteira fazendo depilação facial, hidratação capilar, corte de cabelo, maquiagem e unhas. Sai dali uma nova pessoa e mal pude acreditar na imagem que o espelho refletia, por que mesmo eu tinha me escondido por tanto tempo? Jamais saberei responder a essa pergunta. Do salão fomos passear pelo shopping, compramos uma roupa nova, um óculos novo e terminamos o projeto metamorfose no dentista retirando meu aparelho. Sim, Gabriel estava certo, eu tinha virado uma borboleta e queria voar.

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Voei tanto que hoje, dez meses depois já não me encontro nem mais no México e sim nos Estados Unidos, Nova Iorque, capital da economia mundial.

Quando voltei a realidade a ligação já tinha caído na caixa postal, peguei o aparelho e desbloqueei a tela, conferi novamente e o número e não tinha dúvidas, aquela ligação era da Conceitos, antes mesmo que eu pudesse continuar divagando em pensamentos, o celular tornou a vibrar, agora em minha mão e eu não tive outra alternativa a não ser atender.

“Pronto” Atendi a ligação ...

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Notas Finais


Gostaram da fic? Espero que sim.


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