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História Metamorfose - Em um segundo tudo pode mudar


Escrita por: leticiamendiola

Capítulo 11 - Em um segundo tudo pode mudar


FERNANDO

 

Acordei sábado me sentindo um príncipe de um conto de fadas, sem narcisismo ou egocentrismo, me senti extremamente mais bonito, mais feliz, mais completo e até mesmo mais alto. Seria possível aquilo? Eu acho que sim, deveria ter algo a ver com o fato de que eu estava flutuando. Nunca pensei que o amor nos fazia tão bem, eu estava pleno. A primeira coisa que fiz foi mandar uma mensagem de bom dia para Leticia e ela rapidamente me respondeu com um “Boa tarde” Só então olhei a hora e vi que já era quase uma da tarde, eu tinha dormido horas seguidas e estava completamente relaxado. Passamos o sábado e o domingo todo trocando mensagem, eu estava morto de saudades, mas ela tinha ido passar o fim de semana junto dos pais.

Segunda-feira cheguei na Conceitos o mais cedo possível e fiquei a esperando, assim que ela chegou e fechou a porta da presidência, me levantei e fui até ela, Lety me conhecia bem, sabia o que eu faria e seu sorriso me deu a permissão necessária. Sem qualquer palavra trocada lhe agarrei pela cintura e juntei seu corpo ao meu, o beijo foi calmo e longo, impregnado de saudade.

“Bom dia, amor” Falei e lhe dei um selinho, ela imediatamente riu.

“Amor? Que piegas, Fernando”

“Não seja chata” Apertei seu nariz.

“Não pensei que você era do tipo que gosta dessa coisa de trocar o nome da pessoa por amor ou qualquer outro apelido bobo”

“Eu também não pensei que eu era assim, mas eu sou e pronto” Falei imperativo e ela riu novamente. Não adianta ela tentar, hoje ela não tiraria meu bom humor.

Por volta das dez da manhã Paula Maria veio até a sala e explicamos algumas coisas para ela, a probrezinha estava totalmente perdida, mas tanto Leticia quanto eu estávamos dispostos a ajuda-la.

“Trouxe nosso almoço?” Lety me perguntou por volta de meio dia e meio.

“Óbvio que sim” Fui até minha pasta e peguei os dois pratos, já tínhamos combinado por mensagem no dia anterior que eu levaria o almoço dela na segunda-feira. Almoçamos e voltamos a trabalhar. Estávamos conseguindo manter um profissionalismo pleno na empresa, ao menos era o que eu pensei, afinal o que estava acontecendo com a gente não estava afetando nosso desempenho no trabalho, porém eu estava começando a achar que não iria demorar muito para nossos nomes serem alvos de fofoca.

Ao longo da tarde percebi que Paula Maria tinha trocado uns documentos, chamei ela até a sala e como Leticia era mais didática que eu, começou a lhe explicar o como seria a maneira certa de organizar os documentos, em um momento de distração, Lety que estava em pé próximo a mim que estava sentado, colocou sua mão em meu ombro, foi um gesto simples e natural para nós dois, eu continuei digitando o documento no notebook e ela explicando para Paula Maria as coisas, no entanto, quando olhei para Paula Maria pude ver que ela olhava fixamente para a mão de Leticia sob meu ombro e provavelmente nem ouvia o que Lety falava. Respirei profundamente. Aquilo iria gerar fofocas com certeza.

 

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Passamos a semana inteira trabalhando de forma focada,  trocando apenas beijos calmos e desfrutando do prazer de toques sutis como uma massagem, um toque de mãos, um carinho na nuca e muitos sorrisos. Verdadeiramente estávamos curtindo um ao outro, sem pressa, apenas desfrutando de estarmos juntos. Tudo era novo, cada sensação era nova e se fazia deliciosa.

Como era sexta-feira à noite, convidei Lety para ir comigo ao cinema, era um filme de ação e ela provavelmente não iria curtir, mas estava saindo de cartaz e eu queria muito vê-lo e não tinha companhia, ela aceitou ir comigo ao cinema e combinamos que tal como na sexta-feira anterior, sairíamos cedo da empresa e eu lhe buscaria em casa às dezenove horas.

O cachorro de Leticia ainda parecia bastante assustador, ela insistia que ele era bonzinho e não mordia, porém eu estava longe de ficar convencido disso, aquele cão deveria ser mantido em zoologico, ele era grande e tinha o latido extremamente assustador.

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Deixei o carro no estacionamento do shopping e abri a porta para que ela saísse do veiculo. Assim que ambos já estávamos do lado de fora do veiculo segurei em sua mão e pude senti-la se assustar com minha atitude, porém ela nada disse e eu também nada comentei, seguimos de mão dadas.

Erámos apenas mais um entre vários casais naquele shopping center, caminhamos de mãos dadas pelos corredores e antes de irmos assisti ao filme, jantamos em um local bastante informal, porém com uma ótima refeição. Seguimos para o filme e como previ, enquanto eu assistia a tudo empolgado, Leticia dormiu nos primeiros minutos. Eu sorri e lhe admirei, deitei sua cabeça em meu ombro, envolvi meus braços em torno dela e tentei deixa-la confortável, ela dormiu o filme todo enquanto eu fazia cafune em seu cabelo e assistia atento a cada cena.

As luzes do cinema ficaram acessas e só então ela despertou, com cara de sono ela me olhou quase que perdida  e eu apenas sorri para ela. Eu vou me arrepender a vida inteira por naquele momento não ter pego meu celular e tirado uma foto de Lety, ela estava simplesmente linda, com cara de sono e olhar perdido.

“Aposto que eu posso te fazer várias perguntas sobre o filme que você saberá responder todas”

“Você queria minha companhia e eu lhe proporcionei, mas ficar acordada enquanto esses homens ficam se matando já é demais” Fui obrigado a ri, nunca entenderei como mulheres preferem assisti comédia romântica ao invés de luta. Saimos do cinema e por termos pego a últma seção, era tarde da noite, fui direto levar Lety em casa e quando estacionei o carro na porta da sua casa já passava da meia-noite.

“A senhorita está entregue e eu sinto muito por você que dormiu o filme todo e perdeu toda a diversão da noite” Leticia me olhou com olhos travessos.

“Quem disse que eu perdi a diversão da noite? Que eu saiba a diversão da noite ainda nem começou” Ela sorriu ainda com os olhos travessos e senti meu corpo se arrepiar. Era isso mesmo que eu estava entendendo? Eu tinha entendido errado?

“Eu vou abrir a garagem para você estacionar, dorme comigo hoje, já está tarde para você voltar para casa” Eu não pude deixa de sorrir, Leticia tinha conseguido me surpreender e eu estava disposto a aproveitar cada segundo daquela diversão noturna que ela estava me propondo. Estacionei meu carro ao lado de sua moto,  ambos entramos timidamente em sua casa, estávamos cientes do que aconteceria naquela noite e a penumbra de timidez se colocou sobre nós dois. Taik quebrou um pouco o gelo, aquele cão era endiabrado e não parava quieto, eu já estava começando a me adaptar a ele e ele a mim.

“Por que você escolheu um cachorro tão grande? Ele certamente mede mais que você e pesa mais que você, é perigoso para ti cuidar dele” Eu estava sentado no chão da sala brincando com Taik no tapete e Lety estava sentada no sofá fazendo carinho me meu cabelo.

“Eu não o escolhi, foi presente de Gabriel”

“Eu ainda não estou certo que gosto da sua amizade com esse cara, eu não fui com a cara dele” Falei enciumado.

“Se você não foi com a cara dele o problema é seu, ele é meu melhor amigo” Leticia ainda consegui ser acida quando queria.

“Não vamos brigar por causa dele” Pedi e ela nada mais falou.

 

Ficamos na sala quase que por uma hora, parecia que ambos tínhamos medo de sugerir ir a qualquer outro cômodo, estávamos nos comportando como dois adolescentes prestes a perder a virgindade e não como dois adultos que já tínhamos feito amor várias vezes. Há pouco mais de uma semana atrás tínhamos sido levados pelo desejo do momento, porém naquele dia apenas nos deixamos ser levados e agora era diferente, pois ambos  éramos cientes do que iriamos fazer e estávamos os dois sem saber como agir. A situação toda beirava o ridículo e como homem eu sabia que a mim caberia dá o primeiro passo, afinal desejo não me faltava, movido pelo amor e pela vontade de amar, fiquei de pé e estava pronto para tomar Lety em meus braços e fazer novamente dela minha mulher. Minha vontade virou frustração assim que eu olhei para ela e ela estava dormindo. Como assim ela tinha dormido? E nossa noite de diversão? Eu não podia acreditar que ela tinha feito isso comigo, primeiro ela me acendeu e depois acabou rendida ao sono.

"Lety, Lety, eu estou ferrado com você" Resmunguei com um misto de irritação pela situação e bom humor por está com ela.

Sem conhecer a casa tomei a liberdade de sozinho subir as escadas e sem dificuldade achei o quarto dela, preparei a cama, desci novamente até a sala e a peguei em meu colo, subi com ela as escadas e deitei-a na cama. Em momento nenhum ela acordou. Não me restou outra saída se não me deitar ao seu lado e dormi junto dela.

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Acordei no dia seguinte e era inexplicável a sensação de acordar e ter Lety em meus braços, era como se eu acordasse, porém ainda continuasse sonhando. Fiquei olhando-a por quase dez minutos, apenas admirando e decorando cada centímetro do seu rosto.

Aproximei meu nariz de seu pescoço afim de senti seu cheiro, mas assim que meu nariz encostou em seu pescoço ela acordou, no mesmo segundo que ela abriu os olhos ela sorriu, eu não pude fazer nada além de sorri de volta.

"Bom dia, Fernando" Sua voz era doce.

“Me diga que isso não é um sonho” Pedi sorrindo, foi a vez dela se aproximar de mim e passar seu nariz pelo meu pescoço, o toque me fez arrepiar.

“Viu como não é um sonho?” Ela falou. Sem me importar muito se tínhamos acabado de acordar e ainda não havíamos tomado banho, escovado os dentes ou qualquer outra coisa que fosse, não resisti e a beijei na boca.

Um beijo que já começou apaixonado, pois estava guardado em mim desde a noite anterior quando ela dormiu, Leticia me beijou com a mesma paixão e intensidade. Senti o sangue circular em meu corpo e com um movimento simples fiquei por cima dela que rapidamente tirou minha blusa. Seu gesto tinha sido o sinal verde e aos poucos fomos nos despindo, em meio a suspiros e gemidos, atingimos o prazer três vezes seguidos.

Estávamos despidos e de mãos dadas, recuperando o folego.

“Eu gosto que com a gente tudo acontece de forma natural” Levei sua mão até minha boca e beijei-a.

“Fernando” Ela me chamou e eu olhei para ela “Eu te amo” Sorri feito um bobo, eu já não poderia sequer imaginar minha vida longe daquela mulher.

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Ficamos na cama até ambos nos rendermos à fome, o relógio cravava já quatorze horas, na casa de Leticia não tinha absolutamente nada dentro da geladeira ou do armário da cozinha. Ela alegou que como não sabia cozinhar não tinha motivos para fazer compras no supermercado. Optamos então por irmos procurar um local para comer.

 

“Fernando, aquele não é aquele menino que vende as coisas?” Leticia apontou para o outro lado da rua.

“Sim, é o Danilo, o que será que ele deve está vendendo hoje?” Perguntei curioso, ele sempre vinha com itens novos para a venda.

“Quantos anos esse menino tem?”

“Não faço ideia, eu realmente não sei nada sobre ele, apenas seu nome”

“Será que ele já almoçou?” Olhei para Lety e sorri, ela realmente estava pensando em convidar ele para almoçar com a gente? Como podia alguém no mundo ser tão parecido assim comigo? Literalmente eramos aquilo que os antigos chamam de a tampa da panela.

“Eu aposto que mesmo que ele já tenha almoçado aceitaria o convite para almoçar novamente” Ela riu.

“Verdade, então vamos lá”

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“Hei, garoto, o que temos para comprar hoje?” Danilo se surpreendeu em nos ver, mas o sorriso que ele deu deixou claro que a surpresa foi uma boa surpresa.

“Oi, tio” Ele me cumprimentou animado “Oi, tia”

“Oi, menino” Leticia respondeu com um sorriso doce e ainda permanecíamos de mãos dadas.

“Eu não sabia que vocês eram namorados, você tem bom gosto em tio, ela é linda. Se eu fosse um tanto assim mais velho” Ele fez uma pequena referencia com o dedo “Te roubava ela”

“Quer dizer que daqui a uns anos terei que me preocupar com você querendo me roubar a mulher?” Perguntei brincando e Danilo riu travesso “A gente veio te convidar para almoçar, aceita?”

“Se aceito? É obvio que aceito, ainda não consegui vender nenhuma dessas balas, to sem dinheiro para comer, vocês vão me levar mesmo para almoçar?” Ele tinha o rosto iluminado de felicidade.

“Claro” Respondi tão animado quanto ele.

 

Leticia e eu tínhamos preocupações evidente, afinal como assim ele não tinha dinheiro para comer? Será que seus pais não lhe davam nem o mínimo necessário? Sentamos no restaurante e novamente tomei a liberdade de pedi o prato dele e como da outra vez, pedi o mesmo para mim, Lety acabou optando por uma salada com peixe e enquanto esperávamos nossas comidas, Lety tentou começar a puxar assunto com o menino.

“Danilo, quantos anos você tem?”

“Oito anos, já sou bem grande”

“Sim, já é um homenzinho” Ela disse claramente tentando o incentivar a se abrir mais “E você tem muitos irmãos?”

“Sou filho único” Leticia me olhou assustada. Como assim ele era filho único? Alguma coisa estava de errada ali, geralmente meninos que ficam vendendo coisas pelas ruas são cheio de irmãos e os pais não conseguem sustentar a casa e colocam as crianças para trabalharem cedo, filhos únicos, não importa a classe social, sempre acabam sendo mais mimados e seus pais não os deixam ir para a rua ficar vagando, pois sustentar um não é tão dificil e sempre dá para contar com a ajuda de uma avó ou uma madrinha.

“Você sabia que eu também sou filha única?” Leticia continuava insistindo em puxar assunto de forma natural.

“Legal” Ele sorriu ainda não se dando conta do interrogatório, os pratos chegaram e Leticia teve a maturidade de não insisti mais em perguntar nada, deixou o menino comer e ficar mais confortável com a gente. Eu estava apenas acompanhando tudo de perto e deixando que ela com a sutileza feminina desvendasse toda a situação.

No fim do almoço convidamos Danilo a ir com a gente dá uma volta, como uma criança que anseia novidades, ele aceitou. Leticia e ele ficaram desfrutando de um sorvete enquanto eu fui buscar meu carro. Danilo ficou encantado com o carro e começou a tagarelar coisas do universo infantil. Fomos para um parque que ficava próximo a Conceitos e havia chegado ha uns dia na cidade, estacionei o carro e enquanto Leticia e eu caminhávamos de mãos dadas, Danilo seguia na frente correndo, eu estava orgulhoso de vê-lo tão feliz.

“É tudo tão estranho” Leticia falou o mais baixo que conseguiu para que o menino não nos ouvisse.

“Eu sei, a história não se encaixa”

 

O menino ia em todos os brinquedos e gastou um bom tempo no carrinho de bate-bate. O tempo começou a fechar e o anuncio de uma forte chuva chegou, paralelo a isso já passava das dezessete horas e o sol já dava lugar ao escuro da noite. A chuva caiu forte e nos protegemos dentro do meu carro.

“Danilo, me diga onde você mora que te deixo em casa” Pedi ao ligar o carro e falei de forma totalmente inocente, sem a intenção de pressionar ele ou qualquer outro tipo de coisa.

“Não precisa, eu pego um ônibus e vou sozinho” Sua voz se tornou desesperada e ele tentou abrir a porta do carro, foi inútil, eu já tinha travado o carro.

“Por que vocês me trancaram aqui? Eu quero sair” Como um bichinho preso em uma jaula ele começou a se desesperar. Eu não estava pronto para esse comportamento dele e a julgar pelo pânico nos olhos de Leticia, nem ela estava, a situação no carro ficou fora de controle tamanho era o desespero dele.

“Calma, Danilo, eu não te tranquei, apenas o carro trava automaticamente”

“Então me abre, tio. Eu quero sair daqui” Ele novamente forçou a porta.

“Se acalma, pois eu não vou deixar você sair daqui desse modo desesperado e nem no meio dessa chuva toda"

“Tio, você é muito legal comigo, mas eu sou encrenca, me abre logo e eu prometo que nunca mais cruzo com vocês” O menino parecia mais desesperado e pronto para chorar.

“Danilo, calma, a gente só quer te ajudar” Leticia tentou apaziguar.

“Eu não quero ajuda”

Novamente ele insistiu em abrir a porta, eu já estava imaginando que ele quebraria aquilo, sua agitação era tanta que em um gesto brusco ele deixou cair seu boné e para nossa total surpresa, seu cabelo caiu deslizando pelo seu pescoço e aquele menino assustado e acuado se mostrou ser uma menina.

Todos os três ficamos calados, totalmente empedrados perante aquela nova situação que se desenhou. Então aquele menino não era um menino e sim uma menina? Novas dúvidas borbulharam e se antes Leticia e eu estávamos preocupados, agora tudo tinha piorado e nossas preocupações se multiplicado.



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