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História Metamorfose - O mundo ficou ao contrário


Escrita por: leticiamendiola

Notas do Autor


O capítulo é longo e espero que vocês gostem

Capítulo 3 - O mundo ficou ao contrário


Assim que cheguei em terra firme e sai do avião, liguei meu aparelho celular e mandei uma mensagem para Gabriel, avisando que eu havia chegado bem e mandando que ele cuidasse direito de Taik, pois infelizmente eu não poderia traze-lo para o México, pois meu pai certamente não gostaria de ter um cão em casa, ainda mais um tão grande, mesmo sendo por poucos dias ele não aceitaria o animal. Após mandar a mensagem para Gabriel, ativei minha localização, assim meu celular mudou automaticamente o fuso horário e tudo o que mais precisaria ser alterado, por fim, me encaminhei à área para pegar as malas e poder desembarcar. Caminhei sem pressa, a verdade é que eu queria tardar ao máximo a realidade que iria enfrentar, eu estava com saudade de meus pais, sabia que ambos estavam me esperando no aeroporto, mas ainda assim estava com medo de enfrentar tudo, até mesmo eles.

 

Não levei uma mala monstruosa, apenas o suficiente para passar três dias, puxando-a eu respirei fundo e tomei coragem de cruzar a porta de desembarque. Por que mesmo eu não tinha feito isso antes e saído correndo? Eu não fazia ideia, tudo que sei é que quando vi meus pais ali, em pé, olhando com expectativa para os lados afim de me procurar eu só tive uma reação, correr, corri como uma criança em direção a eles e sem me preocupar com nada mais, abracei minha mãe e comecei a chorar. Eu não podia mensurar a saudade que estava deles, não até tê-los ali, em minha frente. Inicialmente minha mãe foi pega de surpresa, mas não demorou para me abraçar e cair no choro junto comigo.

“Minha menina, você demorou muito” Minha mãe disse e eu nada respondi, apenas lhe abracei mais forte, foram longo os minutos até que eu lhe soltei e abracei meu pai, de forma mais contida, muito mais rápida e sem muitas lágrimas, não por falta de saudade ou de amor, mas apenas por receio de saber o quanto ele ainda estava magoado comigo. Papai ter me abraçado já era um bom sinal, eu não iria forçar nada a principio.

“Minha filha, você mudou muito” Minha mãe disse sorrindo e nitidamente satisfeita, me obrigou a girar para me ver por inteira. Eu tinha optado por uma roupa simples e confortável para usar durante o longo voo, calça jeans, blusa preta e um salto 8, meu cabelo estava amarrado em um rabo de cavalo e eu estava com uma maquiagem leve. Meu visual atual em nada se assemelhava com as grotescas roupas que eu usava antes.

“Você está maravilhosa minha filha, linda demais, muito linda” Enquanto minha mãe seguia admirada, meu pai permaneceu mudo, nem me elogiava e nem me criticava, optou por me ignorar.

 

Entramos no velho carro de meu pai e seguimos para a casa deles, eu já não via mais lá como minha casa, era apenas a casa de meus pais. O caminho foi um espelho do aeroporto, papai seguiu calado enquanto minha mãe me enchia de perguntas e elogios.

 

Entrar na minha antiga casa foi mais confortável do que imaginei, ali era uma sensação de lar diferente da que eu tinha em meu sobrado, porém entrar em meu quarto foi catastrófico, eu queria sair correndo dali e pedi para dormir no sofá, pois eu já não me encaixava mais naquele cômodo, ver as roupas no armário então me deu agonia. Como mesmo eu podia me vesti daquela forma? Não era atoa que Luigi toda vez que me via perguntava onde era a festa de Halloween.

 

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Assim que acordei resolvi não adiar o inevitável e liguei para o celular que seu Humberto tinha me indicado, assim que ele atendeu senti um arrepio, eu tinha tomado uma decisão e por mais assombrosa que parecesse, seria no final minha melhor escolha.

“Seu Humberto, sou eu, Leticia Padilha” Falei assim que ele atendeu e notei sua surpresa.

“Tudo bom, Lety? Eu esperava que você me ligasse mais tarde, não achei que fosse me ligar tão logo que chegou”

“Seu Humberto, aprendi que algumas coisas devem ser feitas sem postergação”

“Você nunca me decepcionou Lety, nem mesmo quando eu tomei ciência de toda a confusão da empresa eu fiquei decepcionado com você,  pois ao checar os balanços reais e seus verdadeiros relatórios pude ver o seu esforço para ajudar a empresa e como sua manobra de embargo, embora não ética e nem legal, acabou ajudando muito a Conceitos” Fiquei calada, eu não tinha o que acrescentar “Eu gostaria que a gente pudesse se encontrar pessoalmente para tentarmos consertar de vez tudo isso” Ele tinha chegado ao ponto principal, um encontro físico entre ele e eu, mas eu sabia que aquilo seria insuficiente, eu sabia que seu Humberto embora estivesse tomado ciência das coisas, certamente ainda não estava tão dentro do assunto quanto Fernando, Omar, Márcia, Lopes e até mesmo Luigi e eu, para esclarecer todo o assunto e começar a trabalhar com balanços reais era preciso todos presentes na reunião, não apenas seu Humberto e eu.

“Seu Humberto eu estou disposta a me encontrar com o senhor quando o senhor preferir, mas não quero que seja um encontro apenas de nós dois, isso não vai solucionar nada. Eu aceito que a gente se reúna para solucionar toda a questão legal, mas exijo que seja na própria Conceitos, em uma reunião diretiva com todos os diretores, sócios e um advogado, pois precisamos esclarecer tudo e firmar um plano único onde ninguém posteriormente irá acabar se excluindo e colocando tudo a perder”

Eu sabia que estava assinando meu atestado de óbito, pois eu morreria por dentro ao me reunir com todos da Conceito novamente, ver Marcia iria me abrir feridas que ainda estavam em processo de cicatrização e doía quando acidentalmente eram tocadas, ver Omar seria dolorido, tal como uma facada, entretanto ver Fernando seria como perder o ar, morrer asfixiada, pois todas as feridas que ele me fez ainda estavam expostas, sangrando e sem nenhum tipo de remédio por cima, porém era necessário me reunir com todos eles, eu precisava resolver as questões legais aqui no meu país para voltar a minha vida tranquila em Nova Iorque, voltar aos meus investimentos financeiros, meus amigos e recuperar o oxigênio em meu corpo.

“Uma junta com todos? Você quer reunir Marcia, Omar, Fernando e Ariel no mesmo espaço?” Seu Humberto perguntou surpreso e eu diria até mesmo temeroso.

“Sim, não são assim as juntas diretivas bimestrais de vocês? Todos juntos? Apenas o senhor faça uma de urgência e juntos tentamos planejar como sair desse buraco”

“Não acho que seja uma boa ideia” Ele se limitou a dizer e calou-se.

“Seu Humberto, não podemos nos dá ao luxo de fazer coisas escondidos de um diretor ou um sócio, caso contrario ele poderá ir a juízo e acabaremos novamente envolvidos em problema jurídico, seria uma areia movediça. Eu aprendi na pele que não posso fazer nada escondido, que uma hora os segredos ficam as claras, então o melhor a fazer é reunir a todos "

“Você está certa, apenas vamos marcar nossa reunião para amanhã às 14 horas e eu me asseguro que todos estarão presentes”

Depois do combinado desligamos a ligação, eu estava nervosa, com medo de reencontrar todos, principalmente Fernando. Afinal como ele estava? Casado com dona Marcia? Provavelmente sim. Namorando mil modelos enquanto Marcia o esperava em casa? Sim, certamente sim. – É um canalha – O xinguei mentalmente.

 

Era aniversário do meu pai e assim que desci as escadas e cheguei na sala, fui surpreendida por Tomás, abracei meu irmão forte, Tomás e eu nos falávamos todos os dias através de mensagens, ele era muito mais que meu melhor amigo, sempre foi meu irmão. O aniversário de meu pai foi tranquilo, ninguém além de nós quatro, a noite chegou rápido e eu sabia que o dia seguinte chegaria mais rápido ainda.

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Eu não estava enganada, o relógio travesso correu e já era meio dia, faltava apenas duas horas para a reunião na Conceitos. Eu estava uma pilha de nervosos, sinceramente, não sabia o que esperar, eu estava preparada para o pior e o medo me possuiu. Senti falta do frio de Nova Iorque que me acalmava, senti falta da minha moto que me relaxava, de Taik que me fazia ri com suas peraltices e de Gabriel que me abraçava e dizia que tudo ficaria bem. Eu me senti desprotegida em meu próprio pais, não podia contar com ninguém, teria que ir até a empresa e enfrentar a todos sozinha.

Tomei um longo banho e tentei deixar inutilmente a agua limpar meus medos, sai do banho e enrolada na toalha sequei meu cabelo com o secador, passei meu hidratante favorito com essência de baunilha e optei por um vestido azul prussiano, que era colado do meu busto até metade da minha cintura e depois caia em camadas soltas até cinco dedos acima de meu joelho. No pescoço, escolhi um discreto cordão de ouro com um crucifixo para me dá sorte, já nos pés, o labutam preto de salto vermelho complementou o visual. Eu sabia que meu visual novo seria alvo de comentários, porém ele acabava me dando mais segurança, pois antes eu me sentia insuficiente em qualquer situação e agora eu me sentia normal, eu era uma pessoa digna como qualquer outra.

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Assim que o táxi parou na porta da Conceitos e eu desci do mesmo, senti minhas pernas petrificarem no chão, eu literalmente tinha perdido minhas forças para andar. O medo me dominou por completo e eu não sabia mais o que estava fazendo ali. Eu poderia virar de costas e sair correndo, certo?

 

Infelizmente eu não poderia, não existia nenhuma outra alternativa a não ser respirar fundo quantas vezes fosse necessárias e seguir rumo a fatídica reunião. Reuni forças que eu nem sabia que tinha e comecei a andar calmamente, no momento eu pensava apenas em respirar e manter um pé na frente e outro atrás sucessíveis vezes até por fim adentrar a Conceitos. Meu estomago revirou assim que meus olhos vislumbraram a recepção.  Senti-me vulnerável, agradeci a Deus por Paula Maria não está na recepção e fui direto para o elevador, eu não estava em condições de falar com ninguém e foi bom subir direto antes de ser metralhada por perguntas de Paula Maria, para continuar minha mare de sorte o elevador estava vazio, pude respirar e tentar me acalmar. Minhas mãos estavam geladas, eu definitivamente não estava pronta para retornar, não estava pronta para rever todos novamente e principalmente ele.

Meu relógio marcava quatorze horas e doze minutos, o que significava que eu estava a doze minutos atrasada. Era engraçado como as coisas por ali pareciam iguais, Paula Maria não estava na recepção e tão pouco as meninas do quartel estavam em seus postos, provavelmente estavam no banheiro fofocando sobre porque foi feita uma junta de urgência e todos estavam reunidos na Presidência. Se as meninas do quartel não estavam em suas mesas, Alice tão pouco estava na sua, mais uma vez olhei meu relógio e agora já marcava quatorze horas e quinze minutos, quinze minutos de atraso era muito, eu não poderia me da ao luxo de ficar esperando Alice aparecer para me anunciar, tentando controlar ao máximo meus medos, ansiedade e nervosismo, me dirigi sozinha até a porta da sala de reuniões e contando mentalmente até três, dei uma leve batida na porta e antes de ouvir qualquer resposta, abri a porta e pude visualizar um a um sentado envolta da grande mesa. Lá estava eles, os personagens de meus maiores pesadelos.

Marcia e sua cara de esnobe, Ariel e sua cara de desgosto, Omar com feição de perdido, Luigi demonstrando nitidamente que não queria está em uma reunião executiva, seu Humberto me olhava com uma cara de interrogação, certamente não me reconheceu. Não o culpo, ninguém ali parecia ter me reconhecido. Omar ... bom, esse não merece ser descrito e, por fim, estava Fernando, estranhamente ele pareceu me reconhecer no primeiro segundo que me viu, senti seu olhar se fixar em mim e me desnudar, não desnudar o corpo e sim desnudar a alma. Se todos ali pareciam iguais, ele parecia completamente diferente, não parecia ser o mesmo homem de dez meses atrás, ele estava distinto, pesado, eu não sabia explicar, fisicamente parecia o mesmo, porém seu olhar se tornou mais escuro, arrepiei-me em olha-lo, um arrepio ruim. O nosso breve contato visual foi interrompido pela voz de Márcia.

“Querida, hoje não tem cast para modelos, pode se retirar que estamos em reunião” Sua voz era de desprezo e eu apenas me fixei na parte cast para modelos, afinal o que ela queria dizer com isso? Será que estava ficando doida? Quase ri quando pensei que dona Marcia não estava ficando doida, pois sempre foi doida, mas consegui me segurar para não ri e apenas olhei para ela com uma sobrancelha arqueada.

“Boa tarde, senhores, eu sinto muito pelo meu atraso” Falei e dei um passo para dentro da sala tomando a liberdade de ficar de costa para todos eles enquanto eu fechava a porta, respirei aliviada quando me virei de costas, mas rapidamente me desvirei, teria que encara-los e aquele era só o inicio.

“Lety?” Luigi perguntou totalmente espantado e pude ver todos os demais, salvo Fernando, ficarem com o mesmo espanto em seus rostos.

“Apreciaria que o senhor me chamasse de Leticia, mas em todo caso, sou eu sim” Eu ainda estava em pé, tinham me reservado um lugar no meio dos irmãos Vilarroel e eu não estava com nenhum pouco de pressa em sentar entre Marcia e Ariel, ao contrário, quem mesmo que organizou a sala? Não daria para me colocar em outro lugar? Se bem que ainda era melhor sentar entre os Villarroel do que sentar entre Omar e Fernando.

“Por acaso você passou esse ano na cirurgia plástica? Meu Deus, me de o nome desse seu cirurgião que irei correndo agora mesmo para lá” Luigi disse e eu não me chateei, no final de tudo, aquele homem sem educação e sem limites, acabou sendo o que menos me feriu naquela empresa. Em todo caso não respondi a Luigi, seu Humberto tratou de me pedir para sentar-me e assim fiz, de forma desconfortável sentei-me na cadeira reservada a mim.

“Senhorita Padilha, fico feliz que apareceu para devolver nossa empresa” Ariel disse com toda sua arrogância “Agora que está bonita, se quer ser dona da Conceitos pode casar comigo e não precisa rouba-la como uma ladra” Que asqueroso, fiquei totalmente sem reação com seu comentário, não estava mais acostumada com toda a maldade que rondava aquele lugar, eu tinha passado quase um ano afastada deles e rodeada de pessoas boas e educadas.

“Lety não roubou nada, pare de falar besteira” A voz de Fernando me arrepiou, tanto tempo sem ouvi-lo, eu ainda não estava preparada para isso, rapidamente o olhei e lá estava novamente seus olhos turvos, desviei o olhar e por sorte seu Humberto controlou os ânimos e deu inicio a reunião.

Só duas pessoas falavam no inicio da reunião, o advogado de seu Humberto, explicando toda a situação e Ariel, que a todo momento me acusava de roubar seu patrimônio, todos os demais seguiam calados, apenas ouvindo o que o advogado dizia. O quadro final estava se pintando pior do que pensei, o nome da Conceitos já se encontrava em processo judicial, seguido pelo meu nome e da Filmes e Imagens, todos estávamos prestes a responder processo caso o juiz entendesse que tínhamos fraudado o sistema.

“O mais acertado a fazer nesse momento é a senhora dá continuidade a Filmes e Imagens e fazer dela uma empresa de verdade, pois no momento qualquer leigo percebe que se trata de uma empresa laranja, para explicar sua relação com a Conceitos, a senhora deveria voltar imediatamente a assumir seu cargo aqui, assim talvez o Juiz possa entender que a mistura patrimonial não foi por fraude e sim porque a senhora trabalha na Conceitos e montou sua própria empresa e enxertava dinheiro dela aqui para garantir o crescimento econômico da Conceitos que estava passando por crise” O advogado deu sua sugestão e eu quase pedi para ele repetir, pois realmente eu não tinha entendido bem, afinal ele queria que eu voltasse a trabalhar aqui? Certamente aquela não poderia ser a única solução, eu não aceitava isso.

“O senhor está me dizendo que eu devo voltar a trabalhar aqui?” Perguntei a fim de confirmar o óbvio.

“Só pode ser piada” Foi a primeira vez desde que começou a reunião, a cerca de uma hora e meia atrás, que ouvi a voz de Márcia.

“Sim, é o que estou sugerindo, na verdade, é a única opção que eu vejo no momento”

“Eu não posso, já não estou morando mais no México, não posso mais trabalhar aqui, amanhã mesmo eu volto para minha casa e nem sei quando voltarei para o país”

“Senhora, você não tem mais muita opção, a qualquer momento poderá ser intimada e obrigada a voltar para o país, em uma situação pior, pois o Juiz iria te obrigar a ficar aqui e você não poderia nem voltar para casa para resolver qualquer tipo de questão. Se aceita um conselho, vá para casa amanhã, tome uma semana para arrumar tudo por lá e volte para o México, faça daqui sua casa e siga o plano que estou propondo, assim todo mundo sai ganhando”

“Todo mundo sai ganhando? Todo mundo quem? Por que até agora eu só sai perdendo nessa história” Eu estava nervosa, nervosa por abandonar minha nova vida e mais nervosa ainda por está sendo obrigada a assumir minha antiga vida “Sinceramente, maldita hora que entrei para essa empresa” Praguejei e pude notar que todos me olhavam assustados. Talvez eu estivesse começando a passar do limite, porém eu tinha esse direito, estava irada, novamente Fernando e companhia tinham conseguido arruinar minha vida.

Peguei o copo de agua e tomei um gole afim de me acalmar, foi inútil, eu precisaria matar um para me acalmar, de preferencia matar seis pessoas, a começar por aquele advogado idiota, passar por Ariel, Marcia, Luigi, Omar e terminar matando Fernando, só após essa verdadeira chacina eu poderia me acalmar.

 

“Leticia, poderíamos conversas sozinhos?” Seu Humberto pediu-me assim que coloquei o copo novamente sobre a mesa.

“Não acho justo, acho que já foram feitas coisas demais pelas minhas costas nessa empresa, toda a conversa deve ser feita aqui, na sala de reuniões” Ariel disse e pude notar no rosto de seu Humberto o quanto ele ficou irritado.

“Acredite Ariel, ninguém aqui é mais interessado nos assuntos da Conceitos do que eu, fui eu junto de seu pai que trabalhei duro para chegar até aqui, você, suas irmãs e Fernando apenas colhem o fruto de nosso suor, por isso eu posso tomar qualquer decisão sozinho, está me entendendo bem? Qual decisão e não admito que eu seja questionado” Seu Humberto estava furioso e se levantou de sua cadeira “Me acompanhe Leticia” Eu preferi não mais falar nada, apenas me levantei e fui junto de seu Humberto para a presidência, naquele segundo eu pensei que nada do que ele me falaria ia fazer-me ficar por ali.

 

Fui tola,  sinceramente não faço ideia de como seu Humberto me convenceu a ficar na Conceitos e me obrigou a voltar a morar no México, só sei que nunca imaginei ver aquele homem de idade, bem sucedido e orgulhoso de seu trabalho ficar tão frágil a ponto de quase chorar na minha frente. Em nenhum momento seu Humberto me culpou, ao contrário, me elogiou por ter cuidado da Conceitos, pois ele viu que o dinheiro foi tirado da péssima administração de Fernando e minha parte sempre foi trabalhar ao máximo para injetar mais e mais dinheiro, eu nunca dei prejuízo a Conceitos, todo o prejuízo foi desencadeado por Omar e Fernando, e pude ver o quanto ele estava frustrado com seu filho, mal tocava em seu nome.

No final de toda nossa conversa, seu Humberto disse que por justiça, já que eu teria que abrir mão de minha vida para voltar a trabalhar nesse lugar, eu ficaria com a presidência, pois além de tudo, ele confiava em mim para esse cargo.

“Não acho que a junta concordaria com isso” Falei sincera, nunca, nem por um segundo sequer pensei em ser a presidente da Conceitos e aquela proposta me deu medo, afinal eu sabia da responsabilidade daquele cargo.

“Eles não tem que concordar, como eu disse para Ariel, não vou deixar que questionem minhas decisões”

“De qualquer forma seu Fernando vai questionar” Falar o nome de Fernando fazia todas as minhas feridas doerem e depois de vê-lo a dor apenas aumentou.

“Fernando não decide mais nada aqui, desde que eu soube de tudo assumi a presidência e Fernando agora é meu assistente, mas estou cansado, velho, não posso ter tanta responsabilidade, por isso decido que passo a presidência para ti, a única pessoa que apesar de tudo, eu confio”

Eu me senti tonta, meu mundo girou pela milésima vez naquelas últimas horas. Era isso mesmo, eu iria virar a Presidente e o Fernando seria meu assistente? Será que o mundo realmente tinha ficado ao contrário e ninguém tinha reparado?

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