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História Metamorfose - Os dois lados da metamorfose


Escrita por: leticiamendiola

Capítulo 5 - Os dois lados da metamorfose


 

“Você não cansa de me humilhar?” Eu estava de pé e ele sentado, entre a gente existia a mesa “Por que falou para seu pai o que você fez? Melhor, por que contar para todo mundo sobre isso? Queria se vangloriar por ter arruinado minha vida, é isso? É isso Fernando Mendiola, você sentiu prazer em me destruir? Por que me odeia tanto? Primeiro me ilude, me leva para cama e me usa como se eu fosse um objeto de circo, me expõe para o Omar e agora me expos para toda a empresa. Por que me odeia tanto?” Fiz mil perguntas e não dei tempo dele responder nenhuma, eu estava nervosa, literalmente gritando com ele e ele continuava sentado na cadeira, petrificado me olhando, sem qualquer reação ou voz.

 

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FERNANDO

 

Metamorfose, em inglês sua grafia passa a ser metamorphosis, seu significado no entanto permanece o mesmo, mudança biológica da forma, ou seja, há uma mudança total na estrutura física do ser.

Muitas pessoas pensam que a metamorfose ocorre de um segundo para o outro, como se nesse momento ainda se fosse um girino e no segundo seguinte já se transforma em um sapo, porém não é assim, o processo de metamorfose está longe de ser algo tão simplório, ele é divido em etapas, o animal passa a ter sua mutação por fases e inicia uma simples larva até atingir sua forma final. Ironicamente eu vejo minhas mudanças como a mutação de um animal, divida em fases.

Lembro que quando assumi a presidência da Conceitos eu não passava de um tolo, um homem mimado e egoísta. Com formação em Engenharia Industrial, eu nada sabia sobre administração, mas ainda assim, por pura competição com Ariel, fiz questão de assumir o cargo e competi com ele pela presidência. Na ocasião eu não fazia ideia sobre como é administrar uma empresa, não sabia como funcionava os planos de metas e nem os contratos, tudo que eu sabia era superficial, coisa que observei desde garoto vendo meu pai trabalhar. Fiz um plano irreal e até hoje não sei como meu pai aprovou aqueles absurdos, penso que meu pai o aprovou já sabendo que eram absurdos, ele apenas me queria na presidência para manter seu legado.

Assumir a presidência da empresa de minha família não me deu nenhuma maturidade, pelo contrario, acho que apenas piorou tudo. Agora além do dinheiro de minha família eu tinha uma posição através do meu cargo, contava com um bom salario por mês e tinha contato direto com muitas modelos. Me tornei um galinha e vi a empresa perder dinheiro e quase ir a falência no primeiro ano de minha posse. Eu estava totalmente ferrado, tinha arruinado tudo e foi então que Deus colocou um anjo da guarda em meu caminho, Lety. Lety tinha tudo que eu não tinha, toda a formação necessária para administrar a empresa. Ainda sendo egoísta e aproveitador, usei-a e a deixava fazer todo o meu trabalho, porém foi insuficiente, eu tinha contraído muitas dividas em nome da empresa e acabei convencendo Lety a manejar o sistema e criar uma empresa fantasma para salvar a Conceitos, fiel a mim, ela embarcou na minha ideia. Pobre Lety,, como me arrependo de tudo que fiz com ela.

Ainda assim, ao longo de todo esse tempo eu não lembro de ter mudado um segundo sequer, até que um dia, após Omar me convencer que Lety iria me roubar a empresa, entrei em um jogo sujo e a seduzi. Como se eu fosse um garoto de programa, usei meu corpo a fim de garantir meu patrimônio empresarial. Vendo pelo lado romântico, acho que foi ai que comecei a mudar. Lety era feia, nada vaidosa e tinha um gosto peculiar para roupas, mas ainda assim ela era gentil e carinhosa comigo, ingênua o suficiente para cair no meu teatro e se deixar levar por mim.

Beija-la pela primeira vez foi estranho, pois eu estava pronto para aquele ser o pior beijo de minha vida, mas estranhamente não foi ruim. Eu estaria exagerando se falasse que aquele primeiro beijo tenha sido o melhor beijo do mundo, ele não era o melhor, mas tão pouco era o pior, ele era normal e dentro da situação que eu me encontrava, ser normal já me assustava. Afinal, como eu poderia beijar minha feia assistente e achar o beijo normal?

Se beijar Lety era algo normal, dormi com ela foi algo além da normalidade, foi realmente muito bom, Lety tinha o corpo lindo, tinha a pele branca que contrastava perfeitamente com a minha pele morena, lembro da primeira vez que lhe vi nua, com seus cabelos soltos e sem óculos. Naquele instante eu vi que ela era linda e lhe amei com verdadeira vontade e acima disso, com verdadeiro amor. Éramos o contraste perfeito na cama e isso nos encaixava, ela delicada, pequena e sensível a cada toque meu, eu era alto, forte e desejava cada vez mais tocar, beijar e amar Lety.

Aos poucos Lety se tornou uma pessoa indispensável na minha vida, mas ainda assim, nesse ponto eu era um egoísta e continuava lhe usando. Lhe usava na empresa e lhe usava como minha mulher, ela cuidava de mim, me dava carinho, me protegia e me dava amor e eu pouco ou nada fazia para retribuir isso, no meu processo de metamorfose, ali, eu ainda estava na fase cafajeste, muito embora depois de ter dormido com Lety nunca mais ousei sequer beijar mais ninguém. Sem nem ao menos notar eu já pertencia a ela.

 

É engraçado que pode ter se passado dez minutos, dez horas, dez dias ou dez meses que eu ainda recordava ativamente do dia que minha vida mudou completamente.

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Já era quase meio dia e Lety ainda não havia aparecido na empresa, eu pensei em ligar para sua casa, mas algo me fez não ligar e esperar pacientemente pela sua chegada. Eu estava agoniado, aquela manhã estava totalmente improdutiva, pois minha cabeça estava em outro lugar.

Não tardou para Alice anunciar que Celso queria falar comigo, estranhei, ele nunca antes veio até mim, quando lhe deixei entrar ele não me disse nada importante, apenas que Lety tinha vindo até ele e entregue um envelope. Após falar isso ele me entregou o envelope e saiu da sala. Aquilo não poderia ser boa coisa, eu poderia pressentir isso. Já tendo ciência que naquele envelope continha algo ruim, tranquei a porta da minha sala e sentei no sofá para ler. A carta de Lety fez o ar parar de circular em meu corpo, imediatamente peguei a carta e Omar e comecei a ler. Nada que estava ali era verdade, eu não concordava com aquilo, li mais uma vez a carta de Omar e rasguei-a em pedaços, eu nunca mais queria ler aquilo, ninguém nunca mais iria ler aquela barbaridade. Por fim tornei a ler a carta de Lety e sem nem ao menos notar eu já estava chorando. Não me lembro da última vez que chorei, na idade adulta então, acho que nunca, mas naquele momento chorei como um bebê. Eu estava sozinho em minha sala, chorando sem ninguém para me consolar e eu sabia que tão pouco teria qualquer pessoa para me consolar naquele momento, pois a única pessoa que cuidava de mim e me amparava tinha ido embora. Tirando Lety ninguém realmente se preocupava comigo, nem mesmo Omar, que era um idiota machista que não me entenderia nunca, nem mesmo Márcia que vivíamos apenas uma relação de faixada e tão pouco meus pais, que há tempos eu não me relacionava com eles além de datas de aniversários e Natais. Pela primeira vez me senti sozinho no mundo, a única pessoa que me via como um ser-humano tinha ido embora e a culpa era toda minha, que lhe usei, que não lhe dei valor.

 

Passei a tarde inteira em minha sala chorando, trancado nas escurar paredes do meu escritório, sem comer nada, sem beber nada, apenas chorando a perda da única pessoa que se importava comigo e me amou verdadeiramente. Eu não poderia explicar para ninguém meu desespero, como um covarde, esperei todos irem embora e sai escondido, com o rosto vermelho de tanto chorar, a roupa amassada e um vontade infinita de não mais viver.

 

Fui para casa e quando cheguei apenas me joguei no sofá do meu apartamento, eu apenas tinha me transferido de sofá, deixei o do escritório para ir para o da minha casa. Vi o dia amanhecer enquanto eu fiquei deitado olhando para o teto, sem mais lagrimas, comecei a recordar de todos os momentos com Lety, começando no primeiro dia de trabalho dela e terminando no ultimo dia que lhe vi, quando ela me deu um beijo antes de sair do escritório para casa, o último beijo antes da maldita carta.

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Fiquei dois dias trancado em meu apartamento, eu não fazia ideia de como a Conceitos estava caminhando sem minha presença ou a de Lety e isso pouco me importava, tudo que eu queria era a oportunidade de ver Lety novamente e tentar me explicar, porém em sua casa, seus pais me falaram que ela tinha ido embora e a julgar pelo semblantes deles tristes e perdidos, ela realmente tinha ido embora. Eu tinha lhe perdido de vez. Marcia tentou me visitar, mas como há uns dias atrás eu tinha trocado minha chave, ela não conseguiu entrar em meu apartamento e provavelmente achou que ele estava vazio, afinal todas as luzes estavam apagadas mesmo sendo noite, o apartamento estava sem vida como eu.

Durante esses dois dias eu só abri a porta para uma pessoa, para Omar e sem nem ao menos trocarmos uma palavra eu lhe dei um soco, acabava ali nossa amizade, tudo que veio depois foi gritos e minutos depois ele deixou meu apartamento me chamando de louco e batendo a porta com força.

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Voltar para a Conceitos e não ter mais Lety em sua salinha ao meu lado foi uma tortura, dia após dia, aos poucos eu fui tentando fazer a coisa certa, ela não merecia ter se doado tanto para eu deixar tudo afundar, mas então eu vi que não tinha preparo e nem experiência para o cargo e não me restou outra saída que não ir até a casa de meu pai e confessar a ele toda a verdade.

Eu pude ver o desgosto nos olhos de meu pai e tive que conviver com esse desgosto diariamente de perto, pois ele assumiu a presidência e me colocou como seu assistente.

A única coisa boa de toda essa história foi que quando todos os sócios e diretores ficaram sabendo do embargo, Marcia terminou comigo, alegando que eu era um irresponsável ela terminou comigo e eu fiquei livre de todas as mentiras da minha vida. Já não estava mais em um relacionamento de faixada e tão pouco agindo como um menino mimado que esconde seus erros. Eu assumi todos meus erros e me coloquei disposto a consertá-los.

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Os últimos dez meses tinha sido apenas uma penumbra de vida para mim, eu já não tinha mais nenhum amigo, minha vida se limitava ao trabalho, onde eu era um mero coadjuvante, pois meu pai resolvia tudo. Ao final do dia eu ia para casa, onde eu passava a noite com insônia e pensando em como estava Lety.

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Dez meses depois, vê-la  foi ficar de vez no fundo do poço, ela estava ali, na minha frente e eu não podia fazer nada. Eu não podia falar com ela, me explicar, perguntar como ela estava, eu simplesmente não podia nada e tive que passar a reunião toda calado. A semana subsequente foi de puro entusiasmo, o tempo parecia congelado, nunca parecia chegar o dia que ela voltaria para a empresa e eu poderia novamente tê-la ao meu lado todos os dias. Eu tinha errado com ela, mas estava disposto a corrigi,  se fiz ela sofrer uma vez, não duvidava que iria faze-la feliz o resto da vida.

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Eu tentei fazer a coisa certa e lhe pedi desculpas, mas pude ver que a única coisa que consegui foi irritá-la mais. Eu sabia que ela não iria me desculpar de imediato, sabia que não daríamos aos mãos e tudo ficaria bem, porém tão pouco pensei que minha desculpa iria lhe irritar tanto. A verdade é que eu não sabia direito lidar com as mulheres, eu era um homem que saia com uma por dia, conquistava todas de forma fácil, eu não fazia ideia de como me redimir com Lety, como conquista-la definitivamente e mostrar que eu estava mudado. Quando ela começou a gritar comigo eu simplesmente congelei e fiquei calado.

 

“Você não cansa de me humilhar?” Ela ficou de pé e eu permaneci sentado, entre a gente existia a mesa “Por que falar para seu pai o que você fez? Melhor, por que contar para todo mundo sobre isso? Queria se vangloriar por ter arruinado minha vida, é isso? É isso Fernando Mendiola, você sentiu prazer em me destruir? Por que me odeia tanto? Primeiro me ilude, me leva para cama e me usa como se eu fosse um objeto de circo, me expõe para o Omar e agora me expos para toda a empresa. Por que me odeia tanto?” Eu estava mudo, sem reação e ao mesmo tempo feliz da vida, feliz porque depois de dez meses enfim estávamos tendo aquela conversa e eu teria a chance de me explicar.

 

“Não vai falar nada?” Ela gritou e eu abri a boca para falar, mas fui interrompido por ela antes mesmo de emitir qualquer som “Você é um idiota, mesquinho, mimado, irresponsável e ainda fica calado”

“Eu posso falar?” Pedi, eu tinha tantas e tantas coisas para falar e Lety não me dava espaço.

“Não pode, eu tenho vontade de te matar sabia? Você acabou com minha vida, eu me senti tão sufocada aqui que entrei no primeiro avião e fugi” Mulheres são realmente seres loucos, ela quer que eu fale e ao mesmo tempo diz que eu não posso falar. Optei novamente por me calar, deixar ela desabafar, gritar comigo e até mesmo me bater ou me matar se quisesse, ela tinha todo o direito “Eu aposto como você ficou feliz quando eu fugi, não é? Ficou rindo com Omar da tonta que fui”

Leticia sentou, acho que ela já tinha perdido as forças de continuar aquela briga, foi então que entendi que tinha chegado minha vez de falar.

“Desde o dia que você foi embora eu nunca mais falei com Omar e nem com mais ninguém, passei todos esses meses trancado dentro de mim mesmo. Eu não queria que as coisas tivessem tomado esse rumo, eu me apaixonei por você e nada que Omar escreveu naquela carta era verdade” Fui sincero.

“Mentiroso” Ela me xingou com ódio em sua voz e eu verdadeiramente tremi, o xingamento dela veio acompanhado de uma caneta que ela tacou em mim e eu desviei.

“Não estou mentindo, mas sei que nada que eu falar agora você vai acreditar, eu prefiro ficar quieto e que aos poucos você veja as coisas por si mesma, assim talvez você acredite”

“Eu nunca mais acreditarei em nada que venha de ti” As palavras dela eram duras, porém eu merecia cada uma delas.

“Lety ...” Tentei falar, mas ela me interrompeu.

“Leticia, será que terei que escrever para você entender que não tem o direito de me chamar de Lety? Leticia, até mesmo porque a Lety não existe mais, você e seu amiguinho mataram a idiota da Lety” Respirei fundo, nunca duvidei que seria difícil fazer Lety entender que eu amava, acreditar e aceitar meu amor, porém eu estava percebendo que seria muito mais difícil do que eu imaginei.

“Leticia, eu não contei para a empresa toda o que aconteceu com a gente, mas confesso que contei para meu pai, contei para ele quando desesperado fui pedi ajuda, pois você bem sabe que eu não entendo nada de como administrar essa empresa, pedi ajuda a ele e era justo para ele que eu  contasse toda a história. Não ache que eu tenho orgulho do que fiz, não tenho, mas eu fiz e não posso mudar” Ela me olhava calada, fiquei esperando uma resposta dela e tudo que ela respondeu foi.

“Você é um falso” Respirei impaciente, nada que eu falava ou fazia parecia ter resultado. Naquele instante eu percebi que teria que ter paciência, muita paciência para consegui mudar aquela situação. Eu só esperava consegui ter toda a paciência necessária, caso contrário, tudo estaria perdido.


Notas Finais


Sei como a maioria estava ansiosa para ver como Fernando tinha passado esses meses, agora entra a versão dele na história e a narrativa passará a ser divida entre Fernando e Lety.
Espero que tenham gostado do capítulo


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