- O que? Como assim não existe mais nós?! - Eliot não conseguia acreditar, havia engolido seu orgulho para estar ali. No entanto, reconheceu que havia sido cruel com Gabriel, queria ouvir sobre tudo o que havia acontecido, além do ciúme que lhe corria por dentro.
- Gabriel, você deveria ouvir o que o Eliot tem a dizer, pode ser importante, para os dois. - Mika ainda sorria de forma habitual, apesar de esconder sua frustração, talvez no fundo quisesse que Eliot não viesse, estava sendo egoísta com o amigo.
- Tudo bem. - Gabriel parecia aceitar o raciocínio de Mika, isso deixou Eliot enciumado novamente, pelo menor ouvir o raciocínio do outro e não o seu.
- Vou estar aqui fora, qualquer coisa você grita. E vá com calma Eliot. - Mika piscou para ambos e se retirou, não iria realmente ir embora, estava preocupado para deixá - los sozinhos.
Gabriel pegou sua cueca e colocou, se incomodando com o jeito que Eliot lhe olhava, na verdade estava envergonhado. Não imaginou que o rapaz pudesse aparecer ali, seu corpo ainda formigava com as sensações das mãos do outro. Os olhos do rapaz recaíram nas coxas no menor, eram redondas e pareciam bem macias, eram bonitas e femininas.
- O que foi? - Gabriel começou tentando ser imparcial, apesar da presença do outro mexia consigo, fazia seu coração estremece e acelerar.
- Vim conversar, percebi que ainda gosto de você e me perturba saber que Mika tocou no seu corpo, então acabei agindo sem pensar. - Eliot não tinha porque mentir, praticamente correu até a estação só de imaginar as mãos do outro percorrendo o corpo do menor.
- Você disse que sentia nojo de mim. - Aquilo doeu muito, não queria nem se lembrar das palavras cruéis e da expressão do outro.
- Por mais que no início eu quisesse acreditar que tinha, nunca se quer consegui ter. Me senti traído de fato, você mentiu, decepcionado, então procurei formas de apaziguar esses sentimentos, mas em nenhum momento senti nojo, por mais que eu tivesse dito isso. - Suspirou, colocando os cabelos para trás, deixando os olhos verdes brilhantes mais expostos.
- Minhas irmãs brincam de boneca comigo desde pequeno, me vestem de menina quando querem, então quando você realmente pensou em mim como garota eu não sabia como contar a verdade e acabei me encantando por você, pensei que poderia, sei lá, viver esse romance, mas não era eu lá. Eu errei, deveria ter dito logo e mostrado quem eu era. - Gabriel sorriu fracamente, deveria ao menos dizer seus motivos. - Me desculpe.
- Se você não tivesse feito eu não estaria apaixonado por você, não importa seu gênero ou algo assim, fique comigo. - Eliot sentia a respiração ofegar, estava nervoso, não deveria ter agido de forma tão transtornada e demorado a falar com Gabriel.
- Não. - Gabriel foi se levantando, as pernas não estavam mais bambas, então poderia ir até a calça e coloca - lá, se preparando para ir.
- Você ainda gosta de mim e eu de você, então porque? - Eliot não conseguia entender o motivo dele não aceitar.
- Ainda estou magoado, além disso você é hetero e talvez uma hora você talvez se decepcione comigo de novo. Eu... Não sou uma garota Eliot. - Se sentia tão aliviado ao falar a última frase, era como se tirasse o peso de suas costas.
- Eu não vou me decepcionar, nunca. - O rapaz soava mais desesperado agora, poderia perde - lo por causa da sua teimosia de não ir até ele antes.
- Você disse que enfrentaria tudo por mim e no primeiro obstáculo se afastou e precisou que outra pessoa te pressionasse a ponto de correr até aqui. - Gabriel estava tentando parecer calmo, contudo, estava prestes a chorar.
- Não, eu mudei e... - Eliot sabia da mágoa que havia causado.
- Então prove, vamos ser amigos primeiro, me conheça como eu sou, talvez possamos ser como éramos. - Gabriel dizia com o rosto vermelho, olhando para baixo, começando a andar até a porta, mas sentiu Eliot segurar seu pulso de forma firme.
- Tudo bem, mas não se aproxime tanto do Mika. - O maior estava mais que enciumado, sabia que não tinha o direito de afasta - los, contudo, a insegurança da conversa lhe deixava assim. Tinha medo de perder o menor para seu amigo.
- Eu gosto do Mika, ele é um bom amigo, não quero me afastar dele. - Gabriel afastou o braço do outro, seu coração deu um salto quando entrou em contato com sua pele.
- Desculpe. - Eliot foi acompanhando logo atrás e Mika estava lá fora pensativo, mas se voltou na direção dos dois, como nenhum voltou de mãos dadas e com sorrisos no rosto deduziu que o rumo da conversa não foi tão bom.
- O que houve? - O moreno indagou cruzando os braços.
- Somos amigos agora. - Gabriel respondeu ainda com as bochechas coradas.
- Sim, vou provar que gosto dele, independente de qualquer coisa. - Eliot dizia ainda frustrado por não ter sido aceito.
- Mika, pode me levar pra casa? - Gabriel indagou por ainda não sentir que deveria ficar próximo de Eliot por muito tempo, na verdade, a vontade era de abraça - lo e dizer que tudo bem, mas não aguentaria outra decepção e afastamento, queria ir aos poucos de novo, como se fosse a primeira vez, ter os primeiros encontros e depois que ele lhe conhecesse, poderiam começar um novo relacionamento sem mentiras e farsas.
- Claro, até mais Eliot. - Mika sorriu do seu jeito debochado, pegando no ombro do menor e o guiando até a moto.
Eliot viu os dois indo embora, contudo, o que lhe deixou feliz foi quando viu o Gabriel olhar para trás e acenar para si de forma bastante tímida, sem dúvida encantadora, porque não percebeu isso antes? Os pequenos gestos e detalhes, a delicadeza dos movimentos, era tão bonito e lhe prendia totalmente a atenção, como se não pudesse desviar o olhar. Só desprendeu da sua imagem quando Mika saiu de moto, sabia que o melhor amigo havia ajudado que ao menos os dois dessem o primeiro passo, mas temia que ele estava gostando do menor... Se afeiçoando mais do que planejou, quando Mika ia parar com isso? Colocar as necessidades dos outros acima da sua... Mas ele tirou uma casquinha da situação, ainda lembrava do Gabriel com a camisa dele na cama, corou de raiva e tentação.
- Tem certeza de que é isso que você quer? - Mika dizia, ajudando o garoto a descer da moto, acariciando seus cabelos de leve.
- Sim, eu ainda gosto muito do Eliot, mas eu quero que ele me conheça de verdade e veja se é isso que ele quer, não quero ser rejeitado daquela forma... - Estremeceu só de lembrar, não precisava chorar mais, não queria mais sentir isso.
- Acho que está certo, eu vou indo então... - Antes de Mika sair, sentiu sua mão sendo segurada pela mão macia e pequena do menino.
- Mika, você está bem? Digo, você não costuma se sentir sozinho...? - Gabriel indagou, inicialmente olhando para os olhos do rapaz, eram de um verde ofuscante, acabou desviando o olhar para os pés.
- Oh. - O maior se surpreendeu com a intervenção do menino. - Eu estou bem, você é um bom menino Gabi. Eu deveria ter vindo antes e te conhecer, assim poderia rolar um lance. - Ele piscou e afagou novamente os cabelos do menor, era adorável.
- Ah, eu vou assistir sua peça! - Não sabia direito o que dizer. Ficou vermelho e ergueu seu olhar, fitando o maior, queria poder dizer algo para conforta - lo, saber o que houve para esconder algo em meio aquele sorriso cheio de malícia, mas não tinha coragem.
- Até. - Mika colocou o capacete e saiu.
Gabriel olhou por algum tempo, no entanto logo entrou em casa e viu as irmãs lhe olhando com censura e revirou os olhos passando por elas.
- Quem era aquele? - Susana usava seu tom inquisitorial.
- Meu primeiro amigo gay. - Foi subindo as escadas se sentindo esgotado.
- Como é? - Teresa parecia incrédula com o que o menino dizia ao se trancar no quarto.
- Nós eliminamos o primeiro inseto, podemos eliminar o outro. - Susana mordeu a ponta do dedo até quase sangrar, mas foi impedida pela irmã, que segurava a sua mão com carinho.
- Calma. A gente da um jeito. - Teresa confortava a irmã.
Gabriel se deitava na cama e recebia a mensagem do Mika minutos depois.
" Não vou poder te buscar no sábado, mas vou te mandar o endereço em anexo.
Vai ser muito importante sua presença lá. É minha primeira grande estreia. "
O pequeno colocou o celular contra o peito e sorriu, queria saber o que faria dali para frente, sua vida havia dado uma reviravolta incrível. Ainda estava juntando os cacos do espelho que foi quebrado, porém as coisas seriam diferentes e prometeu a si mesmo que nunca mais mentiria.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.