O dia finalmente havia chego, não estava tão bem, pois nos últimos dias não conseguiu dormir, Gabriel não parava de pensar nas palavras de Eliot e na declaração de Mika. Aquela manhã parecia a mais fria se comparado as outro e estremeceu só de lembrar que era véspera de Natal. Havia prometido a Karin e ao Arthur que iria ver a enorme árvore toda enfeitada no centro da cidade, ao anoitecer iria ver Eliot e isso fazia seu coração disparar, sentia seu estômago revirar como acontecia nas vésperas de provas.
- Onde você acha que vai? - Susana interveio assim que viu Gabriel andar na direção da porta.
- Sair com a Karin e o Arthur. - O menino dizia sem entender, já havia avisado as duas e elas não pareciam se opor. Na verdade ambas iriam comemorar com os amigos e só voltariam de noite, já que o Natal passavam todos junto com o a família estranha que eram.
- Vestido assim? Nem pensar. - Teresa apareceu com um conjunto super feminino de mamãe noel.
- Me dêem um tempo, só hoje. - Gabriel não queria sair daquele jeito, ainda mais com a bota que subia até acima do joelho e o short curto naquele frio, apesar da meia grossa branca por baixo, estava inconformado.
- Então nos te trancaremos no seu quarto. - Susana dizia exasperada com aquela desobediência.
20 minutos depois o menino estava vestindo o conjunto, o pior era a calcinha vermelha que foi obrigado a usar por debaixo das peças, estava tão envergonhado com aquilo que achava melhor ficar dentro de casa, mas tinha tantas coisas importantes para fazer. Mordeu o lábio inferior, tomando coragem e saiu choroso, amaldiçoando as irmãs mentalmente, nem na véspera de Natal poderia ser deixado em paz.
- Sério que você veio vestido assim?! - Arthur estava tendo um ataque de risos que nem a Karin conseguia conter, segurando o namorado, as pessoas estavam olhando para situação, tinham pessoas com fantasias natalinas, no entanto Gabriel era o único que parecia uma perfeita garota, mesmo sendo garoto.
- Pode rir idiota... Minhas irmãs me pagam. - Choramingou, ao menos poderia admirar a grande árvore que estava no centro do shopping, ela seria ligada no final da tarde, quando houvesse o anoitecer e eles veriam o espetáculo de luzes. Aconteceria o teatro natalino no momento que isso ocorresse, depois disso iria se encontrar com Eliot, afinal, havia prometido e já havia tomado sua decisão, não passou todos aqueles dias pensando e se martirizando para não ter uma resposta. Gostava de Eliot, não importava a distância iria ficar ao lado dele. Mika era seu amigo, tinha se convencido disso.
- Mas você está gracioso Gabi, não fique triste. - Karin dava alguns salgadinhos bem quentes para o menino, falava a verdade quando elogiava o garoto.
- Tudo bem, eu já desisti de tentar Karin. - Suspirou desanimado, comendo o lanche.
- Não fica assim! Vamos nos animar Gabi. - Arthur tentava distrair o menino. Na verdade passaram a maior parte do tempo afastando urubus que queriam sair com Gabriel achando que ele fosse uma garota. Na visão do Arthur estava até sendo divertido, claro que Karin reprovou a atitude do namorado.
O espetáculo começava com músicas natalinas até a árvore ascender de baixo para cima, era lindo, as luzes vinham iluminando todo o local escuro até a estrela no topo. Gabriel ficou imaginando se Mika visse isso iria gostar ou continuar com o sorriso debochado e fazer algum comentário aleatório para lhe deixar envergonhado. A peça foi maravilhosa, mostrava o sonho e o valor dele, principalmente quando você desejava a noite de natal. Gabriel fitava cada detalhe e pensou se Mika conseguiria se tonar o artista que sonhou, e com pesar não poderia mais apóia - lo, na verdade não tinha o direito de ficar ao seu lado, porém sentiu tanto, tanto por não poder acompanhar o sonho tão importante de Mikael, sentia isso dês da primeira vez que o viu atuando, era incrível, ele era feito para o ramo artístico, mesmo que fosse escrevendo e mostrando ao mundo suas idéias e aspirações.
- Onde você vai? Ainda não terminou Gabi. - Karin dizia segurando a mão do amigo, o garoto se virou para ela, ele parecia nervoso e muito vermelho, além de parecer que estava prestes a chorar.
- Eu... Eu vou fazer o que acho certo Karin. - Se desvencilhou da amiga e correu, não sabia porque estava correndo, mas sentia que deveria, se não poderia ser tarde demais para voltar atrás em qualquer coisa que tinha decidido agora.
- Eliot... - A voz saia ofegante pelo telefone, havia ligado para o rapaz, sabia que não deveria falar isso pelo telefone, no entanto não tinha como encontra - lo. - Eu sinto muito... - as lágrimas começaram a descer, a voz embargada, parou antes de chegar na estação. - Me desculpe... Eu não posso te acompanhar... Eu não posso ficar do seu lado... Eu amo o Mika. - Chorava que nem uma criança. Descobrir isso fez seu coração inflar de uma forma que parecia difícil respirar e admitir isso era como se todas as coisas fizessem sentindo.
- Eu já imaginava Gabi. O Mika está no apartamento, vá lá antes que esse idiota faça merda. - A voz do Eliot era tranquilo que assustava.
- Tem certeza disso? - Anita estava na sua frente, vendo o rapaz desligar o telefone. - Digo, não quer ir atrás dele?
- Não, eu pensei que a minha história tinha terminado no ensino médio, mas eu vi que não era assim. - Eliot olhava para tela do celular, doía, mas não não era à mesma dor de quando Anita lhe enganou, ou melhor de quando a julgou errado. - Acho que temos muitas coisas para conversar.
- Sim. - A menina levava a mão até o rosto e sentia os olhos lacrimejarem, não sabia se daria certo, mas estava feliz por ao menos poderem tentar.
Gabriel segurava o celular contra o peito enquanto sentia as lágrimas descerem, não havia ninguém no trem e isso era bom, não queria que o viessem chorar. Na verdade havia dito adeus ao Eliot e ainda sentia certo pesar, contudo tinha total consciência sobre seus sentimentos, Amava Mika, lembrou - se de como ele tentou lhe ajudar, se não fosse por ele não teria superado ou sorrido. Quando ele tocou seu corpo, a sensação quente dos seus dedos, foi excitante e corou só de lembrar. O sorriso, o seu jeito que sempre lhe encantaram e fazia com que o fitasse e não percebesse que o estava sempre seguindo com o olhar.
Cada passo que dava na direção da porta da casa dele depois que saiu da estação sentia o coração dar um salto, estava muito nervoso e perceber que se vestiu daquela forma não ajudava nenhum pouco, mordendo o lábio inferior com certa força, estendendo a mão na direção da maçaneta, mas achou melhor apertar a campainha, assim que decidiu o que fazer a porta se abriu de repente.
- Você é um cuzão Mikael! Nunca mais me chame. - Saia da casa um rapaz bonito, loiro, cabelos enrolados e traços bonitos e delicados, mas com o rosto entorpecido de raiva. - Seu merda! Sai da frente.
Empurrou Gabriel que foi para o lado totalmente surpreso, vendo o garoto sair revoltado o suficiente para olhar na direção de Mika que agora estava na porta e mostrar o dedo do meio. O maior estava sem camisa, com o abdômen definido aparecendo e os braços musculosos, a calça estava com o zíper aberto e a cueca boxe aparecendo.
- D-desculpe, volto... Depois. - Gabriel já estava pronto para fugir quando sentiu a mão do maior em seu braço lhe colocando para dentro e o derrubou no chão do corredor com certo cuidado para não machucar o menor, ficando por cima dele. O menino estava assustado, encarando o rosto do Mika que agora estava sério.
- O que você veio fazer aqui. - Mika deslizou as mãos do garoto para cima fazendo o mesmo se sentir indefeso. - Ainda mais vestido desse jeito. - Apesar do rosto sério, o maior tinha o olhar lascivo e cheio de desejo.
- M-minhas irmãs que me obrigaram a vestir isso... E... Quem era aquele garoto? Eu... Eu interrompi alguma coisa? - Sentiu que acabaria chorando de novo, possivelmente Mika havia tocado naquele menino e feito coisas com ele, não aguentava pensar nisso e se sentia perturbado.
- Não, eu dispensei ele, porque não consegui parar de pensar em você e mandei ele vazar daqui e agora você aparece desse jeito, não vou conseguir me controlar Gabriel. É perigoso ficar comigo... - Mika aproximou os lábios da orelha do menor e mordiscou, lambendo em seguida, arrancando um gemido do menor que não parecia querer fugir.
- Tudo... Tudo bem, não precisa mais se controlar, porque... Eu amo você Mika. - Dizer aquilo fazia seu rosto ficar muito vermelho e o coração bater rápido, o maior que lhe fitava acabou se erguendo, sentando - se na sua frente. Sem acreditar no que ouvia.
- E o Eliot? - Só conseguia pensar no amigo, na verdade o sentimento de felicidade estava lhe fazendo sentir culpado.
- Eu falei com ele, disse que sentia muito. Porque... Não consigo deixar você ir, não consigo parar de pensar que quero seguir do seu lado e abraçar você, fazer... Fazer coisas com você também. - Levou a mão até a boca, muito vermelho, agora não sabia se conseguiria encarar o outro.
Mika levou a mão até o rosto do menor e segurou suas mãos, tirando - as dali, fitando - o como se quisesse ter certeza de que não era nenhum sonho, respirou fundo.
- Você venceu, sou totalmente seu. - Mika dizia como se fosse a coisa mais preciosa do mundo, puxando Gabriel e o abraçou com carinho, não conseguia sentir mais culpa, agora estava feliz demais para pensar que o tinha roubado do seu melhor amigo.
- Fique só comigo e mais ninguém! - Gabriel disse possessivo, apertando o maior com força, tinha certeza de todos os seus sentimentos.
- Sim. - Mika sussurrou no ouvido do Gabriel e o mesmo não deixou de se arrepiar, estremecendo. O maior se ergueu segurando o menino no colo, andando na direção da cama, Gabriel estava fofo demais para ignorar - lo daquele jeito e seu corpo parecia que acabaria explodindo a qualquer momento se não fizesse nada.
Gabriel estava disposto a se tornar um com Mika, apesar do coração descompassado e do nervosismo, queria apenas ele, o desejava tanto em todos os momentos e ficar com ele naquele momento fazia com que tivesse uma das suas melhores vésperas de Natal.
Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.
Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.