História Metamorfose de uma Cerejeira - Prólogo

Ela estava naquela idade irritante, questionadora, onde tudo precisa ser intenso, e onde aconteceu sua primeira transa. Era jovem comparado ao que esperam de uma mulher para perder a virgindade: 14 anos. Mas sabia de muitos rapazes que o haviam feito antes. E no alucinado desejo, saiu com aquele garoto galeante e misterioso, que apesar de não se envolver em longos papos fúteis, tinha aquele olhar de quem guarda em si muitos segredos.

Sem perceber estavam próximos, ela o chamou para sua casa, naquele jeitão frio e desapegado ele foi (sempre a desculpa do trabalho escolar), e a química que os circundava desde o primeiro olhar aconteceu. Deliciosamente. Sakura se entregou totalmente àquele rapaz, e ele a ela. Ela era sincera consigo mesma, com seus desejos e limitações, e ele, apesar de muito diferente, compartilhava desse caráter, sentindo uma admiração esquisita pela menina, uma inquietação.

Sem serem interrompidos, ambos gemeram e suaram naquela troca de prazer, sem lembrar de pornôs ou regras, e se preveniram devidamente. Seu corpo magro, os seios pequenos, eram tão gentilmente chupados por aquele rapaz branco e de olhos negros excitantes... Seus corpos faziam barulho, chocando-se em estocadas que pediam por novas posições, onde o calor de um eletrizasse o outro. 

E enquanto colocavam a roupa, ela percebeu que "só aconteceu". Não havia promessa de compromisso, nem garantia que aconteceria de novo. Foi bom, claro, e por si só isso já deveria ser uma garantia, mas ela sentia o peito quente e batimentos rápidos quando trocavam olhares, queria algo a mais. Ele a olhava sempre profundamente, de maneira que ela não conseguia decodificar se ele a correspondia, só se esquivar para não mostrar demais o fogo que a consumia.

-Sakura - Ino a chamou, sua melhor amiga. De novo a menina de cabelo rosa se distraía, vagando o olhar. A professora esperava por uma resposta, com a face rigorosa.

- "Eles não... sabiam que dariam tão certo..." - A menina traduziu do inglês, corada. Com todos os alunos assistindo interessados a cena, a professora soltou um grunhido que podia ser traduzido como  "correto, próximo". Suspirando, Sakura olhou para Ino, que a fitava incrédula.

- Sorte sua ser inteligente. Para de pensar naquele cafajeste, Sakura! - A loira falou, mesmo que baixo, com os olhos em fogo. Sakura corou, percebendo como sua amiga parecia estar em sintonia com seus sentimentos.

- Ele sumiu- Disse desanimada.

- Não, ele não só sumiu. Ele foi embora. - A palavra doeu - Se mudou de Konoha, e pela maneira como os garotos ficam te encarando agora, deve ter te deixado como a puta na boca dos moleques. - Ela mal disse isso e um grupo de rapazes mais velhos no corredor passaram, olhando e comentando sobre Sakura. A menina se escondeu com a franja, ficando com raiva da situação.

Por que quando ela se entregou, sendo sincera aos seus sentimentos e vontade, era a puta? Muitos garotos se gabavam de ter feito coisas pervertidas, e nunca eram recriminados. Ganhavam fama. Ela ganhou outra maldita fama.

Em menos de uma semana após o sumiço de um idiota misterioso e sua transa com a Haruno, todos na escola pareciam a importunar com algum tipo de comentário. Se ela havia amado, ou mesmo se apaixonado por aquele rapaz, isso se transformou em ódio. Por ele ter feito ela passar por situações constrangedoras e humilhantes, e dentro, bem no fundo, ela sentiu ódio de ser mulher.

- Deixa de ser besta,aproveita que aqueles gatos do Ensino Médio querem você e dá pra eles - Ino estava sentada na cama de Sakura, e quase, um quase muito pequeno, a menina não lhe mandou embora. 

- Eu daria se eles me vissem como gente! Eu não fico interessada em caras que falam "dá pra mim também" ou "faz gostoso em mim". Isso é repulsivo! - Murmurou em resposta, quase em gritos. O rosto deveria estar vermelho, pois sentia ele quente. Finalmente Ino parecia ter entendido, pois fazia uma cara de repulsa junto.

Para Ino Yamanaka, não passava de uma diversão, até por ela também ser notada, e um mar de possibilidades para a amiga (se ela seria a "puta" com um, porque não aproveitar e fazer do jeito que quisesse com os outros gostosos que vinham?). Mas faltou um pouco de empatia para ela perceber que a amiga não se sentia assim. Era violência, assédio o que Sakura sofria, só porque havia feito sexo casual. Como se os outros caras também tivessem direito de usá-la sexualmente só porque ela saiu do padrão esperado para as mulheres que (não seriam assediadas) seriam respeitadas. Como se ela não houvesse se dado o respeito, e por isso, eles podiam tratá-la feito um objeto sexual (puta). Como se o corpo dela, na verdade, nunca a houvesse pertencido para que ela fizesse o que bem entendesse, e agora que havia quebrado a norma, sentiria sua punição.

- Sakura, o que está fazendo? - Ino se levantou abruptamente, vendo a amiga soluçando com uma tesoura na mão. Seu corpo tremia, seu olhar decidido.

- Eles não têm o direito, entendeu? Não tem - Disse a Haruno, com um riso satisfeito.

Em um segundo, cortou seus longos e lisos cabelos rosas na altura da orelha, e cortou com a deliciosa sensação de quem finalmente se liberta de pesadas correntes. 

Seu sonho era medicina, não era? Foda-se então toda a sociedade que a aturdiu, os garotos que a apalparam e sussurraram em seus ouvidos, e foda-se Sasuke Uchiha. Ela seria ela, sempre, e somente dela.