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História Metronome - Meretrix.


Escrita por: InOdoremAngel

Notas do Autor


Ahola ~
Bem vindos ao primeiro capítulo de Metrônomo. Inicialmente, quero especificar umas coisas. Em primeiro lugar, essa é uma fanfic mais voltada para o lado criminal, sendo assim, cenas muito românticas não serão frequentes. Em seguida, é obvio que personagens irão morrer; uma quantidade significativa. Por fim, este é o primeiro arco da fanfic, ele terá pouco mais de dez capítulos, mas outros arcos virão. Neste primeiro, não irei dizer quem é o assassino, gosto do suspense.
De qualquer forma, espero que gostem. Boa leitura à todos :)
[ Tradução do capítulo: A Prostituta ]

Capítulo 1 - Meretrix.


      Levar cafés para meus superiores nunca foi bem o que eu tinha em mente de um "trabalho ideal". Eu nunca quis ficar sentada atrás de uma mesa o dia inteiro, atendendo telefonemas, levar o cão do meu chefe para o pet shop, ou pegar um buquê reservado na floricultura sempre que o cara fazia alguma merda para a esposa. Mas, infelizmente, era aquilo que eu estava fazendo nos últimos quatro meses. E eu devo admitir que me senti cansada logo nas primeiras três horas. Eu era uma treinee do secretário geral da Interpol, e não uma assistente idiota e burra. A boa notícia era que eu já tinha o meu discurso de ódio pronto para jogar em cima do homem, a má era que eu precisava daquele emprego. As pessoas ainda discriminam muito as mulheres, entende? Ainda mais em delegacias. Tch. Eu deveria ter tentado o Pentágono. Quem sabe até mesmo Quântico? Mas aquilo ali já estava virando palhaçada.
      Fechei os olhos e desperdicei alguns segundos para que pudesse respirar fundo e soltar o ar pela boca antes de passar pela porta do escritório, entrando na sala de James Wilkinson por fim. Ou melhor, "Senhor Wilkinson", como ele preferia ser chamado. Não me leve à mal, mas trabalhar com aquele homem era um porre. Ele era arrogante, machista, cínico e rude o tempo todo. Além do mais, xenofóbico. E eu sou asiática! A empresa inteira estava tirando uma com a minha cara, ou eram cegos o bastante para não perceberem quem ele era de verdade. A pior parte da história toda era que Wilkinson sempre foi conhecido por seu grande número de prisões. Ele lidera a parte bruta da coisa, a parte de corre atrás dos caras maus e usa armas para que pudessem se mostrar para o resto dos seres humanos comuns que os vissem por ai. É como se usar o blusão azul com as letras grandes e de cor chamativa nas costas dizendo "INTERPOL" nas costas não bastasse, ele ainda precisava escrever "somos a porra da" na frente. Se fosse para eu escolher uma pessoa pra morrer lentamente e bem na minha frente, essa pessoa seria James Wilkinson. Era uma pena ele ter um nome tão legal como aquele.

      — Chae Eun, minha asiática favorita! — o mais velho sorriu falsamente, seu tom de voz transbordava sarcasmo, e isso fazia com que eu desejasse arrastar sua cara no asfalto até que não sobrasse nem mesmo o farelo dos dentes. Mesmo assim, eu sorri para ele, meus olhos se fecharam por causa das bochechas erguidas.
      — Bom dia, Senhor Wilkinson. — nunca gostei de aeromoças, mas eu precisava fazer a mesma voz. Eu definitivamente odeio o meu trabalho. — Aqui estão os relatórios da ultima apreensão, — coloquei uma pilha de papéis da grossura de dois dedos em cima de sua mesa. — eu já terminei o seu discurso para a palestra sobre cybercrime e terminei o relatório sobre as investigações de cenas de crimes radiológicos para que o senhor tenha uma ideia melhor sobre a dimensão do assunto abordado já que... Dormiu durante toda a palestra. — ao terminar de falar, ajeitei outra pilha de papéis sobre sua mesa, sendo que esta possuía a mesma grossura de, mais ou menos, cinco dedos. Observar a expressão de quem iria morrer a qualquer momento de James foi, provavelmente, a melhor coisa que eu vi a manhã inteira. Quis soltar fogos de artifício.
      — Você... Você poderia me dar um resumo sobre toda essa coisa de... — ele fez uma careta e desviou o olhar para a sua miniatura magnética do modelo das bolas de Newton em cima da mesa, ao mesmo tempo em que coçava a nuca. — sobre toda essa coisa de crime radiológico? — estreitou os olhos e ergueu o queixo para que pudesse olhar para mim. Esquece o lance dos fogos de artifício, agora eu quero atirar nele.
      — Bem... — limpei a garganta. — Como o senhor já sabe, foi realizada no local da NNSS, uma antiga área de testes nucleares dos Estados Unidos, há quatro dias, destacando ambos os exercícios teóricos e práticos em um ambiente único e seguro. — gesticulei um pouco com a mão direita enquanto falava, o que se tornou uma mania com o passar o tempo. — A formação na NNSS incluía detecção de radiação, o uso de equipamento de protecção pessoal, técnicas de descontaminação e recuperação e embalagem de exposições radiológicas. O site fornecia um ambiente de treinamento mais realista e todos receberam respostas sobre o equipamento de detecção, como resultado de leituras de radiação mais à fundo do nível superior dos testes nucleares realizados anteriormente, que não são encontrados em áreas acessíveis em outros lugares.
      James fingiu estar interessado enquanto brincava com a sua boneca havaiana que se encontrava em cima da mesa. — Aham. — me interrompeu, dando um peteleco na cabeça da boneca, fazendo a mesma balançar algumas vezes. Eu odiava aquelas coisas também. Meu namorado tem uma dessas, mas fica dentro do carro dele e é um jogador de beisebol. — Continue. — mexeu a mão que tinha livre com gestos exagerados para que eu prosseguisse.
      — Certo... O curso também abordou a necessidade de desenvolver uma metodologia para a realização eficaz, orientado a inteligência e investigações para a prevenção em incidentes envolvendo fontes radioativas, nucleares e outros. Reunindo 35 representantes de aplicação da lei e do governo, uma parte importante do treinamento é incentivar uma maior cooperação entre os diferentes sectores a nível nacional e regional para uma resposta coerente e coesa. As atividades QBRNE da Interpol são parte da grande estratégia antiterrorista da organização, que formam um componente-chave dos esforços internacionais para melhorar a capacidade dos países para prevenir e combater todos os tipos de ameaças como solicitado pelo resoluções contra o terrorismo da ONU. Os países participantes são a Arménia, Azerbaijão, Bielorrússia, Geórgia, Cazaquistão, Quirguistão, Moldávia, Tajiquistão, Turquemenistão, Ucrânia e Uzbequistão. — conclui apoiando a mão sobre a pasta que segurava, meio que sem saber como ajeitar minha postura naquele momento.
      James olhou para mim pelo canto dos olhos após limpar a unha do dedo indicador com a ajuda do polegar. Céus, como ele era nojento! — Nada mal. — deu de ombros, voltando a atenção para as unhas. Nunca torci tanto para que a unha de alguém quebrasse na carne e ficasse infeccionado como eu estava torcendo naquele exato momento. — Como bônus, vou te dispensar para almoçar mais cedo com aquele rapaz, o seu namorado... Qual é mesmo o nome dele? — soltou um suspiro de menosprezo, fazendo com que eu sentisse vontade de fazê-lo engolir meus saltos baixos.
      — É Kiji... Senhor. — soltei um murmúrio, olhando para minhas próprias mãos sobre a pasta transparente.
      — Isso ai. — estalou os dedos como se fosse um gênio que tinha acabado de se lembrar de algo. Como eu odiava aquela atitude. — Saia para almoçar com ele hoje, você merece. Dispensada. — terminou. Acho que ele só estava fazendo aquilo para que pudesse passar o resto da tarde jogando paciência sem que eu enchesse o seu saco. Eu ainda te odeio, James Wilkinson.

      De qualquer forma, me retirei de sua sala em silêncio, voltando para a minha mesa, onde deixei a pasta e peguei a minha bolsa. Enviei uma mensagem para Kiji, pois sabia que ele já estava acordado. Aliás, esse não era o seu nome verdadeiro. Seu nome era Kyle Barr. As pessoas o chamavam de Kiji por causa da assinatura. De Qualquer forma... Era o horário em que passava Bob Esponja, e ele tinha um cliente marcado para um horário mais cedo hoje. Combinamos de ele me pegar no trabalho para que pudéssemos almoçar "no de sempre". É um fast-food, e não é de nenya franquia conhecida, mas a senhora que cuida do caixa trabalha com bilhetes e sempre esquece de rasgá -los, então podemos sempre repetir e pagar apenas uma vez. Que delicinha. Antes que eu pudesse chegar ao elevador, fui vista por Boyle. Ele era o cara que mexia nos arquivos, não tinha nada de durão, mas se fazia. Era baixinho, flácido, tinha bochechas fofas, calvo e ainda se iludia achando que, um dia, iríamos nos casar e ter filhos. No fundo, eu sinto um pouco de dó dele.

      — Chae! Chae, Chae, Chae! — Boyle me chamava enquanto eu ainda pensava se o ignorava ou não. Mas acabei parando de andar e me virando para ele, forçando um sorriso sem mostrar os dentes.
      — É, esse é o meu nome. — confirmei, juntando as mãos atrás do corpo. — O que foi? — me permiti tombar a cabeça para o lado e soltei um suspiro baixinho, me preparando psicologicamente para alguma cantada estranha.
      — O que acha de sairmos neste final de semana? Sabe... — o homem abriu um sorriso desajeitado e tentou se aproximar, mas eu recuei um passo. — Só nós dois...? Sozinhos. Ahn? Ahn? O que me diz?
      Ou eu nasci nesse mundo pra sofrer, ou eu era uma vidente, ou Boyle era previsível demais. Opção um e dois estão corretas. Olhei para cima, como quem estava pensando sobre o assunto. — Não vai dar, eu vou quebrar a perna amanhã. — me desculpe, mas foi a primeira coisa que veio à minha mente naquele momento rotineiro e desesperador que era negar Chace.
      Ele pareceu surpreso com minha afirmação, mas sua surpresa teve o lugar tomado por preocupação. — O que? Você vai ficar bem? — o cara parecia mesmo preocupado, revirei os olhos. — Mas como você sabe que...
       — Eles estão reabastecendo o frigobar com iogurte? — me inclinei para o lado pra tentar ver alguma coisa, mas não tinha nada. Felizmente, Boyle acreditou em minhas palavras e se virou, o homem amava iogurte. Foi quando dei uma de Forrest Gump e comecei a correr para o elevador. Cheguei à tempo. As portas de aço se fecharam e eu não me sentia uma pessoa tão ruim assim. Ponto para Grifinória.

      Uma coisa que nunca me ajudou muito foram aquelas músicas de elevador. Graças à Mark, um cara que mexia com sistemas, eu não ficava mais entediada dentro do elevador da empresa. Estava tocando Rolling Stones naquele exato momento. Eu não conhecia muito bem a música que tocava, logo não sabia seu nome, mas era melhor do que uma trilha sonora pra cagar. Quando cheguei no térreo, dei um tchauzinho pro senhor Hudson. Ele é o velhinho da portaria e, mais do que provavelmente, a pessoa mais legal do prédio inteiro. Era com ele que eu conseguia entrar nas salas de arquivos trancados. Em uma semana, desvendei três casos. Há.
      Kiji já estava me esperando, o que era bom, porque eu sempre fui do tipo que não gostava de esperar. Amém, porque o estúdio de tatuagem dele era próximo da empresa. Entrei no carro e Kyle me recebeu com um beijo castro nos lábios. Abri um sorriso pequeno com aquilo e mordi o lábio inferior ao fechar a porta. Como sempre fazíamos quando íamos almoçar juntos e como eu já expliquei, fomos comer no fast-food onde dava pra pegar dois lanches sendo que um saía de graça. Isso não é "falta de romance". Na verdade, sempre vamos com muito amor no coração. E na barriga. Nem eu e nem Kiji gostamos de restaurantes ou coisa do tipo, não possuímos uma alimentação muito saudável, apenas comemos aquilo que sentimos vontade. Até porque, um relacionamento não é baseado no restaurante onde o casal almoça. É no amor que sentem um pelo outro, e pela forma como se apóiam nos sentimentos que têm um pelo outro para passar por momentos difíceis. É verdade, eu ainda tenho meus momentos melosos.

      — E como estão as coisas no trabalho? — indagou-me com a fala embolada devido ao fato de sua boca estar ocupada com uma batata frita. Já havíamos feito o nosso pedido, e agora estávamos almoçando. — Wilkinson continua sendo um idiota? — soltou outra pergunta, só para que eu enfiasse outra batata em sua boca.
      — Ele é um imbecil, retardado, é um bastardo besteirol. — resmunguei, espetando o gelo do refrigerante com o canudo. — O cara continua me tratando como uma secretária. Ele não leva nenhum caso para o departamento, dorme durante as reuniões e eu ainda tenho que fazer o dever de casa dele. — gesticulei com as mãos, maldita mania.
      — Se você não vai comer, pelo menos me dá. — juntou as sobrancelhas, se referindo à batata frita que eu segurava entre os dedos. Levei a mesma até a boca e sorri de canto para Kiji. Era incrível a capacidade que ele tinha de me tirar a atenção, mesmo quando eu já estava bem puta. Meu sorriso se desfez quando ouvi sirenes policiais ao longe. Poucos segundos depois, cinco viaturas passaram em alta velocidade, pude ver isso através do vidro. — Kiji, a gente precisa ir. — falei dando um último gole no meu refrigerante e me levantando da cadeira, ao mesmo tempo em que puxava o meu blazer.
      — Mas... Eu não comi nem metade. — o moreno soltou um muxoxo e eu olhei para o lado, estávamos perdendo tempo.
      — Você viu aquilo? — minha voz saiu um pouco mais alta, mas não foi como se aquilo tivesse sido planejado, saiu sem querer. — Foram cinco viaturas, ao invés de duas. Sabe o que isso significa? — eu não tinha certeza, mas acho que meus olhos estavam brilhando. Ele revirou os olhos, respirou fundo e juntou suas coisas. Não saímos sem antes ele apanhar o copo de refrigerante e o hambúrguer. Devo admitir que fiz o mesmo, estava com fome.

      Quando saímos do fast-food, foi como se estivéssemos apostando uma corrida até o carro. Eu nunca fui boa na educação física, droga. Kyle se esforçava para conseguir dirigir e comer ao mesmo tempo, até que passei a segurar o seu hambúrguer, o que ajudou bastante em nosso trajeto. Podia ver as viaturas mais pra frente. Quando estas pararam, Kiji fez o mesmo. Saí do carro como se fosse um Barry Allen da vida. Normalmente, crimes comuns exigiam que fossem levadas apenas duas viaturas, afinal, quatro policiais eram o suficiente para conter um ou dois ladrões, certo? Três viaturas indicavam um perigo maior, ou quem sabe uma denúncia onde foi especificado um número alto de assaltantes, ou quem sabe algum espancamento, ou um latrocínio mal sucedido. Mas, cinco viaturas... Isso quer dizer assassinato.
      Quando saí do carro, pude perceber que a polícia já havia cercado o local, estavam em um beco sem saída. Alguns curiosos se esticavam - ou ao menos tentavam - por cima da faixa para ver o que tinha acontecido. Puxei o distintivo da interpol do bolso da calça e mostrei para o policial - cara, o mundo não tem nem ideia do quanto esperei por um momento como esse -, que permitiu que eu passasse por baixo da faixa de contenção, Kiji permaneceu dentro do carro. Na hora em que vi o que se passava, imaginei o quão sortudo fora meu namorado por não presenciar aquela cena. Algo tão nojento que fez com que eu sentisse vontade de vomitar o meu almoço recém ingerido.
      O que posso dizer é que havia muito sangue no chão e nas caçambas de lixo, de forma que o cheiro invadisse minhas narinas mesmo que eu as tampasse com a manga do blazer. A cena que se seguia foi o que embrulhou o meu estômago. Havia uma mulher. Ela estava morta, e amarrada em uma cruz. Abaixo dela, carvão. Sua barriga estava aberta, pássaros bicavam seu corpo, ela não tinha olhos. Na parede atrás de si, três letras escritas em sangue. “B.A.G”. 


Notas Finais


Se você chegou até aqui, meus parabéns! Pois conseguiu aguentar seja lá o que tenha acontecido neste capítulo. Muito obrigada pela leitura, e espero que você leia o próximo :)
Antes de ir, tenho uma pergunta: sabe qual foi a causa da morte dos peixes do Rio Nilo e de rios próximos? Responda à essa pergunta e saberá qual será o próximo crime.
Beijinhos ~


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