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História Meu amigo não tão imaginário - Sem gatos para você, Jimin.


Escrita por: coly-unnie

Notas do Autor


oi xuxus... vocês poderiam perdoar minha pessoa pela demora? eu explico direitinho nas notas finais, juro!

beijo apaixonado da nick e boa leitura! estou indo responder seus comentários~ amo vocês bebês <3 boa leitura.

Capítulo 6 - Sem gatos para você, Jimin.


Fanfic / Fanfiction Meu amigo não tão imaginário - Sem gatos para você, Jimin.

Dei uma última escovada nos meus cabelos e, pouco depois, ajeitei-os com meus próprios dedos. Eu ficava parecendo um palhaço quando penteava meus fios daquele jeito: arrumado e caindo para trás.

Suspirei em frente ao espelho, cara, a única coisa que eu não queria fazer hoje era sair. Eu estava com um sono do caramba porque, na noite passada, não dormi bem por, sabe, lance com o ChimChim e, poxa, após ter sido desculpado eu sentia que finalmente conseguiria relaxar. Dormir um pouco. Ok, dormir muito já que amanhã era sábado.

Só que, infelizmente, eu fiz a cagada de deixar Taehyung me descobrir. Descobrir que eu estava vendo um vídeo do Jimin, e agora, eu teria de arcar com as consequências.

— Boa noite. — ouvi a voz do meu pai e deixei de olhar para o tênis que eu amarrava nos pés para encará-lo.

— Oi. — vi-o entrar no meu quarto, deixando a porta aberta.

Uma coisa que eu nunca gostei era como meu pai entrava no meu quarto só para mudar tudo nele. Ele era meio controlador quando o assunto era organização e, sempre que ele chegava depois do trabalho e entrava no quarto para me ver, ele mudava algumas coisas de lugar, trocava a direção do meu ventilador de teto e abria as cortinas. Porque ele gostava daquele jeito e eu tinha que esperar ele sair para mudar tudo de volta, ou ele ficaria frustrado.

— Tudo bem? — confirmei com a cabeça, recebendo um beijo na testa após isso.

E, não me entendam mal, por favor. O meu pai é o cara mais legal do mundo. Eu gosto dele, é uma pessoa muito boa. Só tem seus poucos defeitos, como todo mundo por aí. Mas ele é realmente legal.

— Ah, pai… — resmunguei, vendo-lhe mexer na minha escrivaninha.

E lá estava ele mudando minhas coisas de lugar.

— Ok, ok. Parei. — riu da minha frustração. — Ei? Você está se arrumando? Vai sair?

— Vou sim. — a cara assustada dele dizia que ele não esperava mesmo por aquilo.

— Por quê? — era realmente raro eu sair de casa, por isso sempre que eu saía tinha que ter um motivo. E, bem, sim, sempre tinha um.

Mas isso não quer dizer que eu o diria o motivo real.

— Deu vontade. — vi-o andar pelo meu quarto, se sentando na cadeira perto da escrivaninha. — É nessa hora que você me oferece dinheiro e diz “finalmente meu filho está virando um adolescente normal”! — fiz uma voz engraçada, fazendo-lhe rir um pouco.

É, eu podia me aproveitar um pouco disso também.

— Dinheiro para quê? Impressionar um certo alguém? — ergueu uma das sobrancelhas. Ri e neguei.

— Não… eu só quero comer mesmo. — é, eu ia mesmo gastar com comida. — E normalmente não se usa dinheiro pra impressionar alguém. Se impressionar, é porque a pessoa impressionada não é a pessoa certa. Não acha?

— Hum, seu esperto. — girou sobre a cadeira de rodinhas. — Você não tem nenhum alguém especial, filho?

Meu pai também tinha isso de vir me perguntar sobre o amor. Mais do que qualquer um, ele era o que mais queria saber sobre a minha vida amorosa. O que era engraçado em alguns aspectos, mas deixava-o mais legal.

— Não pai. Eu tô solteiríssimo.

Ele riu.

— Ah, Jeongguk. Meu filho, você sabia que namorar é uma das melhores coisas na adolescência? Na vida também. — dei de ombros.

— Você acha, é?

— Claro! Você vai ver. Quando acontecer com você, meu filho… Hah! Não conseguirá viver sem.

— Estou doido para acontecer, então. — eu ri da cara de tacho dele pelo meu pequeno deboche, vendo-lhe se levantar em seguida e afrouxar sua gravata; isso significava que ele sairia do meu quarto para ir para o seu se trocar e descansar. Era uma coisa que ele sempre fazia, já que o meu quarto era o último que ele visitava ao chegar em casa.

— Ok. Eu deixarei um dinheirinho no balcão da sala. — aí sim ele estava falando a minha língua!

— Obrigado! — mostrei o meu melhor sorriso para ele, quem sabe ele deixasse mais um pouquinho após ver minha animação, né?

— Moleque interesseiro. — ri de sua resposta, eu era mesmo. Pelo menos naquela hora. — Boa noite Taehyung.

— Fala aí, tio? — vi Tae entrar no meu quarto, animado e bem vestido como sempre.

“As pessoas normalmente dizem que somos o que comemos. Mas isso é besteira! Na verdade, nós somos o que vestimos. E eu sou fabuloso!”

Taehyung disse isso quando tinha quinze anos e, desde então, só sai de casa usando roupas de marca extravagantes. E o Hoseok o seguiu, porque queria ser fabuloso também. Exatamente por isso que estou com roupas simples. Eu sou normal, ué. Fazer o quê?

— Primo. Finalmente! Nossa, que gatinho. — Hoseok não estava com ele, mas eu sabia que ele já estava aqui porque o Tae usava sua jaqueta. — Surreal, você fica muito bonito com essas roupas simples.

— Ah, é? — estranhei, estava esperando uns xingamentos e broncas por não me vestir direito.

— Sim. Gostei de como arrumou seu cabelo. — sorriu alegre.

— Tá. Será que você pode me contar para onde nós vamos?

— Vamos para a festa do Hyunwoo. — abriu meu armário, pegando o frasco de perfume e, em seguida, espirrou em mim.  

— Hyunwoo? Eu não o- — espirrei, fazendo-o parar de espichar aquele perfume e, enfim, guardá-lo de volta. — Eu não o conheço.

— Mas você me conhece, e eu conheço o Hoseok, e o Hoseok conhece o Changkyun, e o Changkyun conhece o Hyunwoo. Pronto! Podemos ir. — puxou-me pelo braço, sorrindo. — Jeon cheiroso Jeongguk. Aí sim. — fiz uma careta quando ele tentou me cheirar, soltando-me dele.

Dei um último beijo em minha mãe e prometi para o meu pai que iria ter cuidado. Peguei o dinheiro, guardei na carteira e, enfim, deixei Taehyung me levar para aonde ele quisesse. Hoseok e Taehyung estavam sentados na frente e eu, como sempre, atrás.

— Vou dar carona para uns caras, ok? — Hoseok me olhou, sorrindo. — Pronto para se divertir?

— Ah… É. Sim. Estou! — sorri nervoso, Hoseok pareceu surpreso com a minha resposta, praticamente saltando do banco da frente para me dar um tapa. Ele estava feliz.

Passamos na casa do Yugyeom e, com ele, veio o Mingyu. Conheço o Yugyeom, já o ajudei a encontrar seu seu celular em uma festa do colégio quando estávamos no fundamental e, então, passamos a tarde inteira conversando sobre um livro que nenhum garoto da nossa idade tinha vontade de ler — acho que nenhum garoto gostava de ler com treze anos. Mas depois eu não o vi mais e apenas o cumprimentava quando nos encontrávamos na rua, já que ele não estudava mais no mesmo colégio que eu. E o Mingyu? Estamos na mesma classe há um tempo. Ele é quieto e eu sou quieto. Então sempre que há um trabalho em dupla, nós fazemos juntos, e quando acaba, fingimos que não nos conhecemos e voltamos a ser dois quietos. Ele é legal, mas a gente nunca se aproximou de verdade.

Os garotos me cumprimentaram e todos começaram a falar sobre como a festa seria incrível.

E o caminho inteiro fora resumido em: “Hyunwoo convidou muitas pessoas, terá um mar de gente bonita!” “Hyunwoo é rico, vai ter comida!” “Hyunwoo alugou um pula-pula no ano passado e foi incrível!” “Hyunwoo socou a cara de um universitário na sua última festa e saiu intacto porque todo mundo ama ele e atacou o cara junto!” “Soube que nesse ano a piscina será aberta!” “Vai ter muita bebida, se for open bar ninguém me segura!” “Hyunwoo chamou o Jeon? Não Jeon você, Kook,  mas o Jeon Wonwoo!” e mais uma porrada de boatos, fofocas, informações, sei lá o que era, mas estava todo mundo muito animado e eu, por incrível que pareça, também estava.

Ao estar, depois de um bom tempo ao lado de pessoas da minha idade, eu me senti meio bem. Mingyu estava muito animado e eu nunca lhe vi assim. Yugyeom também, não o via há alguns anos. Ele estava bonito e tinha uma postura legal. Eu gostei de estar ali.

Após passarmos em uma loja de conveniência e comprarmos um fardo de cerveja, pago pelo nosso Hoseok todo maior de idade, nós chegamos na festa.

O Changkyun deixou-nos entrar assim que ouviu que estávamos com o Jung. A música alta e as luzes piscando já eram visíveis por nós e, honestamente, me assustavam um pouco.

Entendam que uma festa infestada de adolescentes pode ser um tanto assustadora para alguém que costuma não sair da casa.

Eu só me acalmei quando Taehyung entrelaçou nossos dedos e disse que ficaria comigo. Acho que sempre serei quem precisa de cuidados especiais dos mais velhos, principalmente do meu primo Taehyung. Afinal, desde sempre ele cuida de mim. Das fraldas até agora, ele sempre foi o meu melhor amigo. Ele sempre esteve ao meu lado.

E por pensar nisso brevemente, tive vontade de falar para o Tae que eu o amava e era muito agradecido por sempre ter-lhe na minha vida.

Até entramos na festa e ele começar a dançar no meio da sala.

Toda a fofura que eu estava pensando virou um misto de vergonha alheia, vontade de morrer e incontrolável desejo de sair correndo dali para todo o sempre.

― Jeongguk-ah, vamos encontrar o pessoal da nossa sala! ― Mingyu se agarrou no meu braço e é claro que eu fui com ele.

Ficar perto de um Hoseok e um Taehyung dançando era vergonha demais para mim. Não que eles dançassem mal, mas, eu não iria dançar, então ficaria parado ao lado deles que nem um retardado e, por enquanto, isso está fora de cogitação.

Chegamos na rodinha dos alunos da classe B-A, que era a minha classe. Lisa, Jaehyun, Sicheng e Eunbi eram os que eu reconhecia dentre todos. Não éramos amigos, só caímos na mesma sala desde o fundamental até agora, e por isso, já os conhecia um pouco. Básico do básico. Éramos colegas.

― Senhor Jesus cristo! ― Jaehyun nos olhou. Na verdade, ele olhou para mim. ― Desde o primeiro ano do fundamental até agora, essa é a primeira vez na qual vejo Jeon Jeongguk em uma festa! ― e fora o suficiente para todos olharem para a minha cara e ficarem boquiabertos para, em seguida, gritarem afoitos e aplaudirem minha presença sem necessidade alguma.

Mas não vou dizer que não gostei, seria mentira. Eu gostei muito e até fiquei envergonhado.

Não sabia que meus colegas de classe me notavam assim.

Mexeu com meu coração, ai.

Sentei no meio de Lisa e Jaehyun, estavam todos alegres e conversando sobre umas fofocas que eu não conhecia. Sujeong gargalhava alto e bebia cerveja, na verdade, todos bebiam cervejas, e talvez metade da felicidade extrema deles fosse por causa disso.

Todo mundo foi simpático comigo, provavelmente porque era uma das minhas primeiras vezes em uma festa e eles não queriam que eu ficasse deslocado, especialmente depois que eu disse que não queria uma cerveja. Uma vez provei uma cerveja com o meu pai, quando eu tinha doze anos, e não gostei nada. Para mim, era simples assim.

Eu gostei muito. Ali, observando todos risonhos e rindo junto, soube que aquilo era algo que eu queria, mas não sabia disso. Me sentir bem assim, mesmo estando fora do meu mundinho, fora da minha zona de conforto, eu gosto. Até o remix de Blue Jeans que está tocando é bom. E acho que minha vida no colégio pode ficar melhor a partir de agora, porque, vejamos, estou me dando bem com todo mundo da minha classe. Isso nunca aconteceu.

― Eu vou pegar mais algumas bebidas. Alguém me ajuda a trazer? ― Eunbi se levantou e, como eu queria ver um pouco mais da festa, me ofereci para ajudá-la;

― Eu vou com você.

Eunbi sorriu e eu também, a segui já que não fazia ideia do local das bebidas e acabei em um lugar super parecido com um bar. Era um balcão e tinha uma fila gigante até chegarmos perto do garoto que estava fazendo as bebidas. Coquetéis, na verdade. Acho que era esse o nome da mistura de bebidas que ele fazia.

― Não precisa esperar na fila se não quiser. ― me cutucou o ombro, chamando minha atenção. ― O pessoal só quer cerveja, eu sou a única que quer um drink do balcão. ― Eunbi gritou por conta do som alto, apontando para um freezer onde todos pegavam cervejas. ― Ali não tem fila.

― Mas essa fila é grande, você vai ficar aqui sozinha? ― perguntei, preocupado. Tem um mar de adolescentes aqui e a Eunbi é um cotoco de gente.

― Não quero atrasar o pessoal e nem você.

― Tudo bem, Eunbi, eu posso esperar. Não se preocupe, tá bom? Depois pegamos as cervejas. ― disse, vendo-lhe sorrir e confirmar com a cabeça duas vezes.

― Obrigada.

Permaneci ao lado dela até que nossa vez chegasse, ela pediu seu drink de cereja e fomos pegar as cervejas. Na verdade, eu levei tudo, mas não me importei por estar alegre demais e, aliás, Eunbi é muito legal, acho que podemos ser amigos no futuro.

É, eu estava muito alegre. E sim, era por estar em uma festa.

Super estranho.

― Finalmente!

O pessoal brindou a cerveja e eu levei uma das garrafas vazias ao alto também, apenas para não ficar de fora, o que causou algumas risadas no pessoal que notou. Joguei-me sobre o sofá mais uma vez, talvez ficasse ali até o final da festa. Estava me dando bem com todo mundo. Por quais motivos eu sairia?

― JEON JEONGGUK! ― aquele grito extravagante, ah, hyung, agora não… ― Jesus amado! Onde você foi?! Avisasse! ― Taehyung praticamente saltou sobre o sofá, me agarrando pelo pescoço.

Vergonha. Que vergonha.

― Ai, hyung, eu só vim pra cá com o Mingyu. ― o fiz se sentar sobre o sofá ― lê-se jogá-lo sobre a garota que estava sentada ao meu lado.

― Pelo amor de Deus, Taehyung, você vai me matar!  ― Yoobin gritou, se remexendo embaixo do Kim que deu risada e se esparramou ainda mais sobre ela. ― Filho da puta!

Os meninos puxaram o Tae antes que a Yoobin morresse sufocada e ele começou a rir, alegre. Nem sabia, mas metade das pessoas ali conheciam o Tae, talvez ele fosse popular e eu não soubesse. Ele fora cumprimentado e depois voltou sua atenção para mim.

― Você já comeu algo? Já bebeu? ― estendeu a mão para mim, a segurei e fui puxado até ficar de pé.

― Ainda não. ― deixei-me ser levado por ele, já que agarrou meu ombro e começou a me puxar para longe da minha rodinha de novos amigos.

― O que quer beber? ― perguntou pertinho do meu ouvido, dei de ombros e disse:

― Um refrigerante cairia bem agora. ― sorri, o abraçando de lado de volta. ― Cadê o Hobi?

― Foi descansar.

― Descansar? Por quê?

― Hoseok precisa descansar quando o assunto sou eu, Jeongguk.

Virei os olhos.

― Tá. Não vou nem perguntar.

Paramos de caminhar lado a lado assim que entramos no meio de uma multidão. Tivemos que andar entre as pessoas para conseguir passar. Agarrei a jaqueta dele para não me perder e passamos pelos estudantes, até que entramos na casa do Hyunwoo outra vez.

Descemos as escadas, chegando ao porão, menos lotado que o andar que estávamos antes.

Sabe o que o porão era? Era o paraíso.

Posso confirmar que Hyunwoo é um gênio! Um gênio, cara! Porque, caralho, o cara dá uma festa com DJ, open bar, cerveja de graça, piscina, um trampolim gigante e serve um bufê no porão. Sim. Um bufê, tipo aqueles de casamento, sabe? E estava fresquinho, mesmo lá embaixo, tinha até mesas organizadas para sentarmos. Preciso parabenizar esse cara, porque ele é genial.

― Taehyung, se todas as festas forem assim, quero que me leve em todas. ― disse para o meu primo, que deu risada e disse:

― Vou me lembrar disso.

Não havia uma mesa vazia lá, mas Taehyung disse que iríamos nos sentar com dois garotos de sua classe: Yunhyeong e Jongup. Sei lá quem eles eram, eu não conseguia pensar direito com aquele bufê lindíssimo me convidando para prová-lo.

Os cumprimentei rapidamente e deixei Taehyung lá para ir me servir. Ele disse que comeria depois, quando Hoseok chegasse. Não liguei. Eu só queria comer o mais rápido possível.

Meu prato era resumido em massa, muita massa, frango frito e carne. Principalmente carne de porco, muito gordurosa e risoto de arroz apimentado. Ah, o cheiro era uma delícia! Peguei um refrigerante de laranja no freezer e fui me sentar com os garotos para, enfim, me deliciar.

― Credo, Jeongguk! Que prato de pedreiro. ― Jongup falou ao ver o prato ― lê-se montanha ― de comida que eu trouxe.

― Se ser pedreiro significa comer isso, quero ser pedreiro.

Eles deram risada e eu caí de boca naquela montanha. Hoseok chegou logo depois; os cabelos estavam levemente bagunçados e as bochechas coradas, coisa que fez o Taehyung começar a tagarelar o quanto o Jung era lindo antes dele se aproximar o bastante para ouvir. Depois os quatro foram se servir e eu fiquei sozinho na mesa.

Já havia acabado praticamente tudo, o que sobrou fora uma asinha de frango frito e metade da latinha do meu refrigerante. Eu sou um moleque sem fundo, sério, mesmo que eu coma pra caralho, sempre terá espaço para mais. Acredito que eu seria obeso se não praticasse com o meu pai todas as semanas.

Estava chupando os dedos sujos de molho quando, de repente, meu olhar caiu sobre a mesa da frente; encostada na parede do outro lado e, consideravelmente longe da minha. Mas dane-se onde a mesa estava, o fato dela estar longe não era importante.

Importante era Park Jimin estar nela.

Eu o olhei por meio segundo e depois, ajeitei minha postura. Ele nem olhava para cá, sério, estava praticamente deitado sobre sua cadeira e com os pés sobre a mesa; conversava com um garoto magro de cabelos castanhos ao seu lado e, droga, Jimin ficava muito bonito daquele jeito. Naquela pose. Parecia um chefão, sério, e suas roupas formais só reforçavam a ideia.

Por que diabos ele era tão atraente?

― Sério, Jeongguk? De todos os petiscos do colégio você decide cair ‘pro lado de Park Jimin?

Tirei os olhos do loiro, encarando meu primo que acabara de se aproximar.

― O quê?

Vi-o se sentar, deixando seu prato sobre a mesa e, Hoseok também havia voltado. Os outros ainda não estavam ali.

― Eu vi você olhando, ok? ― Taehyung negou com a cabeça, estalando a língua repetidas vezes. ― Você é óbvio demais.

― Não estou caindo por ninguém.

― Eu não quero que você sofra. ― Tae disse, observei-o com um pouco mais de atenção e vi que ele estava um pouco bêbado. As bochechas estavam coradas demais e isso não acontecia com ele com muita frequência.

E ele só falava daquele jeito sobre Hoseok quando estava bêbado. Ficar elogiando-o, sabe? Sei disso porque tive que ajudá-lo muitas vezes quando ele voltava de uma noitada bêbado e, ele não só vomitava e ficava de ressaca, ele tagarelava sobre Hoseok o tempo inteiro também.

Sim, ele estava meio bêbado.

― Por que está falando desse jeito? Parece que eu estou apaixonado. Não viaja. ― franzi o cenho, não obtendo uma resposta por ele estar mastigando. ― Ele é bonito, oras. Só isso, tá?

― Só? ― Hoseok resolveu se meter também, erguendo apenas a sobrancelha direita enquanto sorria com uma colher entre os lábios.

― Sim. Por acaso não gosta de observar pessoas bonitas?

― Gosto de beijá-las. ― Hoseok disse, deu de ombros e vi Taehyung sorrir.

Huh? Óbvios.

― Tudo bem querê-lo, Jeongguk. Não é como se você não fosse bonito. ― Taehyung voltou a me olhar, deixando de lado sua comida para apertar meu ombro com força e olhar em meus olhos como se estivéssemos falando sobre algo muito sério. ― Jeongguk.

― Hã… Sim?

― Primo, você… Hum. É gostoso. Nossa, sim, você é muito gostoso. ― suas mãos acariciaram meus ombros, e ele olhou para baixo. ― Te vejo sem roupas com frequência. Só eu sei o quanto você é gostoso.

― Taehyung?...

― Calma, primo, deixe-me terminar. ― pigarreou. ― Jeon, você é lindo, meu querido primo. É sério, seu corpo é divino e seu rosto é de bebê, você é a definição de pedaço de mau caminho.

― Tá, eu não estou gostando de ouvir isso. ― eu também não estou, Hoseok.

― Ok, hyung, mas aonde você quer chegar dizendo essas coisas? ― ergui uma das sobrancelhas, fazendo-o se afastar e voltar a tomar sua sopa de frutos do mar.

― O que eu quero dizer é que… ― olhou para o Jung, que me olhou, depois fitou o Tae mais uma vez e deu de ombros. Meu primo me olhou, ficou pensativo por um tempo e depois riu baixinho. ― Me perdi. Não sei o que isso quer dizer, mas você é bonito. E ele também é. Acho que vai dar certo, vai nessa Kook.

― Vou em lugar nenhum. ― peguei meu refrigerante mais uma vez, sugando a ponta do canudo e ignorando um Taehyung escandaloso dizendo que eu só perdia tempo e que já havia rejeitado pessoas demais para uma vida só, que eu ia acabar ficando sozinho pelo resto da vida e blá blá blá.  

Quando Yunhyeong e Jongup voltaram, o assunto fora esquecido e os três garotos do terceiro ano começaram a conversar sobre outra coisa que eu definitivamente não estava interessado. Ainda mais porque Taehyung estava distraído o bastante na conversa para notar-me fitando o loirinho do outro lado da sala mais uma vez. Eu nem percebi quando voltei a observá-lo, parecia automática essa vontade imensa de encará-lo.

Ele não estava mais daquele jeito, com os pés sobre a mesa e tal, apenas retirou-os quando o garoto acastanhado lhe deu um tapa nas coxas e ralhou algo que eu não entendi, mas o meu palpite é que ele tinha brigado com Jimin por estar sentado de maneira desrespeitosa e com os pés sobre a mesa de jantar. Jimin o obedeceu, pois agora estava sentado com os braços cruzados, apenas observando seu amigo acastanhado conversar no telefone.

Nossa, por Deus, Jimin é um garoto muito fofo. Eu pensei que ele só fosse adorável quando suas maçãs do rosto ficavam inchadinhas e os olhos pequenininhos ao dar um sorriso, mas, quando ele começou a olhar para o nada com uma cara de tédio, foi igualmente fofo. Comecei a lembrar do vídeo e, quando vi, estava sorrindo e rindo baixo, olhando-o. O que será que se passa na cabeça dele? Pergunto-me se ele sabe que aquele vídeo foi postado. Ou se imagina que alguém o vê.

Levou dois segundos, talvez um, ou quem sabe três, para ele piscar os olhos duas vezes e, na primeira vez, fitou a minha mesa e meus colegas, e na segunda, olhou para mim.

Não faço ideia da reação seguinte porque eu desviei o olhar para Taehyung de um jeito tão incrivelmente rápido que ele provavelmente nem notou que eu lhe observava. Eu ri, mas foi de nervosismo, ainda mais porque eu estava sorrindo que nem um idiota enquanto o olhava. Por favor, que ele não tenha notado.

Eu estava rindo e suspirando, até que vi Taehyung me olhar também e franzir o cenho.

― O que foi? ― ele perguntou, e eu ainda ria que nem um retardado de tão nervoso.

― Ah. ― pigarrei, ficando sério. ― Nada.

― Nós vamos lá pra cima.

― Fazer o quê?

― Pegar umas cervejas. Aqui não tem nenhuma. ― Taehyung já se levantava, junto com os outros garotos que foram na frente com Hoseok.

― Ah. Sim, ok.

Segui-os, cabisbaixo, e mesmo querendo, não fui capaz de olhar para Jimin novamente. Até quando tive que passar bem ao lado de sua mesa porque ela estava perto da escada. Eu só via os meus pés. A possibilidade dele ter me pego no flagra fora o suficiente para eu apenas querer e poder fitar o chão. Eu sou muito tímido, isso nunca vai mudar.  

Quando subi, caminhei com os meninos por um tempo, passando pelas pessoas até que, do outro lado, vi Eunbi com um pratinho nas mãos. Ela estava com outra garota que eu não conhecia, mas aquilo não importava. A única coisa que me chamou atenção foi o pratinho com bolo na mão das duas. Eu realmente queria uma sobremesa para adoçar a boca.

― Hyung, já volto. ― falei para Tae, partindo meu caminho até elas. Se elas estavam comendo bolo, tinha bolo em algum lugar.

Quando eu cheguei perto o suficiente, Eunbi me olhou.

― Oh, Jeongguk!

― Eunbi, você… ― fitei o bolo em suas mãos. ― Você pegou esse bolo em que lugar?

― Oh. Este? ― vi que o dela e o da menina eram diferentes. ― Tem bolo no terceiro andar. Mas tem que ganhar uns jogos para conseguir subir.

― Ah, jogos? Eu não costumo jogar muitos jogos… Pelo menos não em festas.

A verdade era que eu nunca havia jogado jogos de festa. Mas ela não precisava saber disso.

― Oh, sério? ― Eunbi disse em resposta.

― É, não é a minha praia. ― suspirei, eu realmente queria bolo. ― Acho que vou-

― O bolo é de morango. Tem de côco, doce de leite, entre outros sabores.

Oh meu Deus.

― Com morangos de verdade?

― Sim. Morangos frescos.

Oh meu Deus.

― Ah.

— Você vai jogar, não vai? — ela sorriu, filha da mãe, aposto que estava rindo mentalmente de mim.

— Com certeza. — sorri, ganhando um beliscão no braço e uma risada engraçada. Era a terceira vez que ela me beliscava na noite, acho que era uma coisa que a Eunbi fazia. Uma mania. Era engraçado.

Não comia um bolo com morangos frescos há muito tempo e se aquilo sobre o bolo era chantilly e aquilo cremoso no meio era chocolate branco, eu realmente precisava provar do bolo. Sabe como é bom sentir o doce derretendo na boca junto com a doçura do morango? Não? É a definição de felicidade.

Quando vi Mingyu do outro lado da sala, pensei em ir até ele e chamá-lo para ir comigo, mas antes que eu fizesse isso ele saiu de mãos dadas com outra pessoa e achei melhor não incomodá-lo. Eu teria que ir sozinho. Seria minha morte.

— Vem, eu vou com você. — Eunbi, salvando a minha pessoa, veio ao meu lado. — Você nunca jogou esses jogos antes, não é?

É, ela com certeza era esperta.

— Não… — murmurei, ela riu de lado.

— E você quer jogar?

— Não mesmo… — ela riu de novo. — Por que você fica rindo?

— É engraçado. — depois ela começou a me puxar pelo braço para perto da porta. — Não tem problema, eu conheço o dono da casa. Eu peço pra deixarem você subir.

— Faria isso?

— Sim. — mas então, ela fez uma grande cara travessa. — Mas vai ter que fazer algo para mim.

— O quê?

— Sabe o trabalho de história? Que é para quinta que vem? — assenti. — Eu quero que você faça o meu.

— É isso? — não tinha problema, eu adorava fazer trabalhos. — Tá bom. Interesseira.

— O certo seria “desesperada”. Já viu minhas notas de história? — já estávamos dentro da sala no momento, ri baixo e confirmei com a cabeça.

— Sim, estão uma merda. — ela me beliscou mais uma vez, com um pouco mais de força e resmunguei por isso.

Quando chegamos perto das escadas, ela pediu para eu esperar um pouco e foi falar com uns garotos. Eles conversaram por pouco tempo e depois me olharam. O menino confirmou com a cabeça e depois Eunbi voltou para perto de mim.

— Pode subir. No terceiro andar. — ela disse.

— Obrigado. — e então ela voltou lá pra fora e eu consegui passar pelos meninos, que me cumprimentaram de forma educada. Fiquei surpreso.

Subia as escadas, vendo as pessoas jogando jogos que eu apenas via em filmes como “Finalmente 18” e “Se beber não case”, eu era mesmo um garoto que não sabia de nada, só conhecia o que a televisão me mostrava. Me senti um crianção por isso.

Eu não socializei enquanto subia, apenas ia olhando curioso e passando direto, querendo chegar no bolo o mais rápido possível. Assim poderia voltar lá para baixo e ficar com o Tae até o final da festa.

Sorri ao chegar no terceiro andar e ver aquela mesa cheia de doces. Parecia com a mesa de aniversário de uma criança, de verdade. Eu nunca imaginei que uma festa de “jovens” poderia ser como essa, onde tem bufê de casamento no porão e mesa de doces de criança no terceiro andar. Era estranhamente genial. A primeira coisa que eu fiz foi procurar um copo descartável, eu iria enchê-lo de docinhos e levar tudo para casa.

Quando cheguei perto do bebedouro — onde havia copos de plástico — um garoto passou na minha frente, quase correndo, e pegou o último, ah, o último copinho e saiu andando. Observei-o indignado, vendo-lhe começar a pegar vários docinhos, assim como eu faria. Fiquei ainda mais indignado quando ele sequer notou minha indignação.

Filho da mãe. Roubou meu copo.

— Ei!

Olhei para o lado e vi um menino subindo as escadas, ele estava todo manchado de vermelho, dos lábios até o pescoço e meu palpite é de que era batom; tive certeza de que ele falava comigo quando chegou mais perto e me cutucou.

— Sim?

— Você subiu sem jogar, não foi? — abaixei o olhar e confirmei com a cabeça. — Então vê se me ajuda com umas coisas. Vocês também, todo mundo que subiu sem jogar! — ele apontou para algumas pessoas da sala. — As cervejas lá embaixo estão acabando e os copos acabaram em todo lugar. Vocês vão ajudar a repor!

— Ok… — eu murmurei e a maioria também, foi engraçado por um momento porque parecíamos estar levando uma bronca. E realmente estávamos.

Ele chamou dois dos garotos que estavam no canto e mostrou para eles onde ficavam as cervejas. Ouvi os dois reclamando de como era pesado enquanto desciam e sorri de lado por isso. Apenas porque o menino que roubou o último copo estava descendo escada à baixo com aquelas caixas pesadas. Haha, se ferrou. Se ele não tivesse roubado meu copo, eu teria me oferecido para ajudar.

— Você, irmão do Taehyung. — era oficial, meu primo era popular; olhei e decidi não corrigi-lo e dizer que eu era primo, apenas confirmei com a cabeça e me apressei. — Tem uns pratinhos e copos naquele quarto. Organiza perto do bebedouro e depois vai lá na cozinha pegar mais docinhos pra colocar na mesa.

— Ok. — falei após ter certeza que sabia para onde eu deveria ir.

Caminhei até a porta marrom, abrindo-a em seguida e quase ri quando vi um gato realmente obeso deitado na cama do quarto, onde, ao lado, tinha algumas sacolas de plástico. Ele era cor de caramelo e era bem peludo. Era aquela raça que tinha o focinho… não sei, parecia amassado, achatado, era muito engraçado. Tirei uma foto dele antes de mexer nas sacolas e tirar de lá os copos descartáveis e os pratos também.

Quando estava saindo do quarto, eu apenas vi o cabelo loiro e foi a primeira vez que senti o cheiro de perfume do Jimin, ele havia passado bem ao meu lado e entrado no quarto e, porra, eu saí andando normalmente. Meu cérebro demorou pra entender que era ele que estava passando ao meu lado e dei um saltinho sozinho quando minha mente voltou a funcionar novamente.

Engoli em seco, ajeitando os copos perto de bebedouro e, depois, coloquei os pratos perto da mesa. O menino manchado de batom estava se limpando perto da cozinha e me chamou com os dedos, apontando para a geladeira. Entendi que era pra eu ir pegar os docinhos. Não resisti e espiei o quarto onde Jimin estava ao passar para a cozinha. Foi bem quando ele estava saindo com copos de plástico e ele acabou me olhando de volta. Só tentei não ficar nervoso, até porque não durou sequer um segundo aquela encarada.

Peguei o prato de docinho e grunhi pela vontade imensa de comê-los. Só observava nervoso o bolo de morango quase acabando, apressei meus passos para poder ajeitar tudo de uma vez e poder comer. Meu coração estava um pouco acelerado e eu não sabia muito bem o motivo. Quando ajeitei os doces, o menino estava perambulando de lá pra cá e aproveitei sua distração para roubar um dos morangos.

Que delícia.

— Irmão do Tae. — o rapaz voltou e eu quase engasguei com o morango, mas consegui manter uma postura normal. — Vou pedir para os meninos pegarem o outro bebedouro lá embaixo, pega mais copos. — confirmei com a cabeça. — E vê se para de comer os morangos. — opa, fui pego.

— Ok. — e eu voltei para o quarto dos copos.

Abri a porta do quarto e me deparei mais uma vez com Jimin. Acabei me sentindo envergonhado porque ele estava ali sozinho e… Ele também estava deitado de bruços na cama, de costas para porta e seu rosto estava bem perto do gato. Ele estava brincando com o bichano.

— Oi. — eu murmurei, mesmo que ele não tenha se virado para me cumprimentar quando apareci.

— Olá. — ele se virou um pouco, colocando a mão na cintura e foi fofo, porque as pernas do Jimin pareciam realmente pequenas daquele jeito. — Oh. Você!

E então eu me fiz de surpreso, mas sabia que ele provavelmente havia me reconhecido do colégio. E comecei a pegar os pratos bem lento, porque queria conversar com ele. E ficar ali também.

— Eu? — fiz-me de desentendido, sorrindo um pouco.

— É. Você. — ele rodou na cama e foi fofo de novo, só agora notei que ele estava apenas de meias, o gatinho envolvia o cabelo loiro com as patinhas, parecia gostar muito do Jimin. — Como você está?

Sentei na cama, eu iria enrolar um pouco.

— Eu estou bem. E você? — Jimin sorriu, alcançando a cabeça do gordo com os dedos, afagando com carinho.

— Ótimo. É a primeira vez que eu vejo um gato. — estranhei porque eu costumava ver vários gatos em vários lugares. Gatos pareciam baratas, tinha três em cada esquina.

— Sério? — eu fuxiquei a bolsa de plástico, fingindo procurar algo.

— Sim… Não, quero dizer… — ele estava olhando nos meus olhos. — Bem… é a minha primeira vez acariciando um. Eu tenho medo dos gatos de rua, apesar de alimentá-los quando os vejo… Não os toco.

— Oh, sim… — sorri, pegando os copos na bolsa plástica. — Eles não são como os cachorros, então, toma cuidado… Tipo, quando abanam o rabo, estão irritados, diferente dos cães, que costumam abanar quando estão felizes.

— Vou ficar de olho. — e ele girou na cama outra vez, sorrindo ladino enquanto voltava a ficar de bruços e mexer no gato.

Oh, ele era realmente fofo.

Saí e organizei os copos mais uma vez perto do bebedouro, aproveitei para pegar meu pedaço de bolo de morango. Estava quase acabando, de verdade, então peguei dois pedaços de uma vez e acabei com o bolo. Até raspei o chantilly no prato. Ninguém estava ali para olhar, então…

Estava dando uma das últimas garfadas na sobremesa quando, na pausa do fim da música para o começo da outra, ouvi um miado sofrido de gato soar bem alto do quarto.

Ah, meu Deus…

Deixei o prato sobre a mesa e fui para o quarto, abrindo a porta e me deparando com um Jimin com o nariz muito vermelho e os cabelos completamente bagunçados. O gato estava entrando — com um pouco dificuldade por ser uma bola de tão gordo — embaixo da cama e Jimin estava de pé.

— Ji- — ele espirrou bem alto e depois sacudiu a cabeça. — Jimin, o qu- — e ele espirrou novamente.

Ahhh, meu Deus, meu nariz… Oh! — ele me olhou, abanando o rosto e vi seus olhos encherem-se de lágrimas. Me aproximei um pouco mais. — Nossa, está queimando! — ele dava um espirro atrás do outro, e quando cheguei perto, agarrou meu ombro para se apoiar.

— Isso começou do nada? — perguntei curioso, agora já não era apenas seu nariz, e sim suas orelhas e um pouco do pescoço. Ele estava ficando muito vermelho.

— Uhm, sim, começou. — o espirro foi mais alto e Jimin resmungou por isso, chacoalhando a cabeça. — Meu Deus, ahhh! — abanei seu rosto com minha mão, eu queria muito ajudá-lo, mas não fazia ideia do que estava acontecendo.

Aí olhei para o rabo dançante do gato — que ainda tentava se enfiar sob a cama — e, oh…

— Jimin, você é alérgico a gatos? — Jimin segurou o seu espirro apenas para me olhar, os olhos úmidos levemente arregalados.

— Não, digo… Eu não sei. — piscou um par de vezes. — Mas eu não posso ser alérgico a gatos, eu amo eles! — reclamou bicudo, secando as lágrimas e espirrando novamente.

— Tudo bem, você… Você precisa sair daqui, e suas roupas… — fitei sua calça preta, infestada de pelos claros do gato. — Jimin, você está infestado de pelos de gato.

— Ughh… — ele estava remexendo a cabeça de um lado para o outro, então comecei a puxá-lo para fora do quarto. Notei que ninguém havia voltado para o andar de cima e a música ainda não havia voltado a tocar, mas Jimin estava quase engasgando de tanto espirrar, então ignorei o fato e me concentrei apenas nele.

— Aqui, Jimin. — segurei-o pelos ombros, fazendo-lhe se sentar sobre uma cadeira na cozinha. — Espera um pouco.

Peguei um copo de água e um pano de prato, ficando em pé em sua frente e fiz-o se encostar na parede, empurrando sua cabeça levemente para trás.

— Jimin, vou tentar desgrudar os pelos de você. Tá?

— Por favor… — choramingou.

Agarrei o pano de prato e comecei a bater nas suas calças e Jimin deu um pulinho de susto. Eu só queria tirar o pelo, só copiei o que meus pais faziam com minhas roupas quando íamos para a praia juntos; ficavam batendo o pano até toda a areia desgrudar.

— Ouch! — ele resmungou e vi que bati forte de mais em sua coxa, me envergonhando um pouco por isso.

— Desculpe, aguente mais um pouco, está saindo. — e realmente estava, então continuei batendo, vendo os pelos voarem pelo ar e caírem, visíveis por mim por serem claros e leves em uma cozinha com bastante iluminação.

E então, ele respirou fundo e fitou suas pernas, sorrindo para mim em seguida.

— Você conseguiu a- — e ele espirrou mais uma vez. — Ah, minha camisa… Aquele gordinho estava rolando em mim. — começou a bater em sua camisa, mas não parava de espirrar. — Tenta com o pano-o.

E eu bati uma vez com o pano em sua camiseta e ele gritou de dor.

— Oh, desculpa, eu machuquei você? — procurei entender o porquê havia doído tanto. Afinal, tinha batido do mesmo jeito e até mais forte nas pernas e ele não reclamou assim.

— Ah, é que… estou dolorido. Aish… — ele fungou mais.

Procurei algo em volta, mas nada me veio a mente que pudesse ajudá-lo sem lhe machucar.

Até que…

— Você quer trocar de camisa comigo? — perguntei.

Jimin me olhou com os olhos vermelhos de tanto chorar.

— Você faria isso?

Não disse nada, apenas confirmei com a cabeça.

Jimin parecia realmente mal espirrando daquela maneira, e eu sabia que era bom trocar as roupas quando ficávamos perto de algo que nos fazia mal e… Bem… Pelo jeito, gatos lhe faziam mal. E eu trajava uma blusa social preta e ela estava limpinha, ou seja, não tinha sequer um pelo de gato ali, mesmo que eu houvesse entrado no quarto do bichano.

Mas, quando confirmei com a cabeça e topei fazer aquilo, não pensei o quão constrangedor seria desabotoar minha camisa inteira na frente dele. Eu já disse que sou tímido? Não gostava de ficar pelado nem perto do Tae. Imagina semi nu na frente de um desconhecido, na frente… Dele.

Vi que era apenas dramático demais quando Jimin tirou sua camisa rápido e voltou a espirrar, ele também sacudia os cabelos com as mãos. Minhas bochechas coraram, mas ouvi-lo espirrando fez com que eu focasse apenas nos botões da minha camisa, onde desabotoei bem rápido e apenas fiquei pensando que Jimin estava distraído demais espirrando para prestar atenção no meu corpo. E que meu corpo não era algo que ele iria prestar atenção… é, com certeza não era.

— Aqui. — entreguei minha blusa à ele, e respeitei-o, basicamente não ousei olhar para qualquer lugar que não fosse seus olhos.

Vesti sua camisa e, mesmo que Jimin fosse mais baixo que eu, sua roupa não me ficou pequena. A blusa ficou bem normal em mim e procurei alguns lenços enquanto ele vestia a minha, já que o rosto do Park estava repleto de lágrimas e seus espirros provavelmente fariam seu nariz escorrer. Além de que eu devia ter pelo menos uma distração enquanto ele se trocava.

Quando voltei a ele, Jimin estava abotoando os últimos botões e estava um pouco mais calmo. Se ergueu um pouco e pegou o copo de água que eu enchi para ele, bebendo aos poucos.

Sentei na cadeira ao seu lado e coloquei a caixa de lenços em suas mãos. Na verdade, por um impulso, eu quase sequei suas bochechas com os lenços, mas reprimi na última hora. Jimin respirou fundo antes de pegar os lenços e começar a enxugar os olhos, me olhou em seguida.

— Eu acho que você é um anjo.

Fiquei surpreso e realmente não soube o que falar. Foi muito engraçado como ele falou.

— Ah, Jimin, eu-

— Você é assim por natureza? — aí que eu fiquei mesmo surpreso e acabei rindo baixo da face melancólica do Jimin, nunca me olharam daquele jeito antes, como se eu fosse um salvador. E de pensar que eu pensei a mesma coisa dele hoje de manhã... 

Hah, para com isso. — dei um tapinha em seu ombro. — Você está melhor, Jimin?  — desci a mão pelo ombro e voltei, um afago amigável.

— Ah, sim, muito obrigado. — levou outro lenço para o nariz, assoando com força. — Eu nunca fiquei assim antes, você já? Parecia que eu iria morrer de tanto espirrar. Minha garganta estava queimando.

— Só quando fico resfriado, mas meus espirros não… Jimin!

Um filete de sangue escorrer do nariz do Park me assustou muito.

Assustou pra caralho.

— Oh. — ele levou outro lenço para o nariz, que ficou sujo de sangue. — Ah!

Eu fitei-o preocupado, ainda mais porque ele estava apenas secando o sangue tranquilo. Ele estava mole? Ficando inconsciente? Porra, eu estava quase desmaiando, já me sentia tonto.

O que aquele sangue significava?!

— Meu Deus, meu Deus, meu Deus. — minhas mãos tremeram um pouco e eu comecei a pegar os lenços, ajudando-o.

Jimin me olhou de soslaio e seus olhos se arregalaram. Ele até sorriu.

Por que ele estava sorrindo?!?!

— Jimin, você tá bem, Jimin? — olhei-o assustado, continuando a secar seu nariz banhado de sangue.

— Ei, relaxa, eu tô bem. — ele segurou meu pulso trêmulo e começou a rir um pouco. — Aish, não fique assustado!

— Como posso não ficar assustado? — questionei-lhe, eu ainda estava assustado.

— Hahaha! Você está tão desesperado! — jura, Jimin? Você vai rir de mim agora?

— Ahh, não ria, o que está acontecendo com você? — franzi o cenho. — Está ficando zonzo pela falta de sangue?

Ele riu mais.

— Jimin!

Finalmente cessou o riso.

— Ah, fala sério, você é uma figura! — ele levou sua mão livre até meus cabelos e acariciou.

Por um curto momento, só senti seus dedos curtinhos nos meus cabelos e ofeguei baixo.

Wow… Ele estava me fazendo um cafuné…

— Desculpe. Eu só prendo muito os meus espirros, sabe? Então… Às vezes meu nariz sangra por isso. Acontece bastante.

Suspirei aliviado.

— Poderia ter dito um pouco antes. — resmunguei, os dedos ainda no meu cabelo, acariciando de leve.

— Desculpa. — ele ainda estava rindo.

Não me lembro de mexerem nos meus cabelos com tanto carinho antes. Parecia até com o cafuné da minha mãe e… Nossa.

Incrível.

— Sem gatos para você, Jimin. 

— É... Acho que chega de gatos por hoje.

— Por hoje não, para sempre! — ele deu risada e acabou espirrando.

— Ok. Sem gatos para mim. — e voltou a mexer os dedos na minha cabeça.

— Ei! — lamentei um pouco quando ele tirou a mão da minha cabeça rapidamente e, com ele, olhei o garoto que adentrou a cozinha. — O que vocês estão fazendo aqui? Estão perdendo!

— O quê? — franzi o cenho, Jimin se levantou e eu segui, fazendo a mesma coisa.

— O que está acontecendo? — Jimin perguntou, trocando o lenço em seu nariz e eu o ajudei com isso.

— Briga. Colégio vizinho invadiu! Tão comendo a porrada no Kim!

— Oh não…

Sei que não deveria me preocupar, afinal, existiam vários “Kim” no meu colégio, e Tae provavelmente não entraria em uma briga — ele não gostava de violência —, mas mesmo assim, meu corpo se arrepiou ao ouvir o sobrenome do meu primo e fiquei assustado com a possibilidade de estarem lhe machucando.

— Vamos lá ver, sim? — Jimin me olhou.

— Sim.

Descemos as escadas rapidamente, deixei Jimin ir na minha frente porque ainda estava preocupado com ele e coloquei minhas mãos nos seus ombros quando entramos no meio da multidão. Até que chegamos perto da piscina e vimos aquela confusão danada.

Suspirei aliviado ao ver um garoto de cabelos loiros brigando no meio do gramado, junto com outros e acho que é por isso que o terceiro andar ficou vazio e a música parou. Não era o Tae. Graças a Deus.  

— Jimin hyung! Precisamos sair daqui agora!

Jimin foi puxado com força e acabei tirando as mãos de seus ombros.

— Ji-

— Jeongguk. Agora. — fui agarrado pelo braço também e me assustei, até ver que era o Tae. — Polícia. Vamos embora.

Quando deixei de olhar para meu primo, vi Jimin, já longe. Ele era puxado por seu braço pelo amigo, mas continuava me olhando.

Sorri sem graça e acenei ao meio da confusão.

— Tchau, Jimin! — e eu ainda gritei.

Após isso, eu, Hoseok e Taehyung saímos pela festa buscando quem conhecíamos e todo mundo pegou carona com o Jung. No carro, Taehyung me mostrou um vídeo de como a confusão começou e como tudo ficou violento e feio.

Mas, pra ser honesto… Eu não prestei muita atenção.

Eu só conseguia pensar no quanto eu queria que Jimin soubesse meu nome.

Não pude lhe dizer meu nome.

Lamentei por isso pelo resto do caminho.

Entrei no meu quarto e me joguei na cama, meus pés doíam. Parecia como quando era ano novo e eu ficava na praia com os meus pais até a noite virar, porém, quando chegava em casa, meus pés doíam e eu mal conseguia dormir por isso.

Olhei o relógio na parede e fiquei surpreso ao ver que era quase três da manhã. Não me lembro de ficar fora de casa até tão tarde antes.

— Jeongguk. — estava quase caindo no sono quando senti o peso no meu colchão e, em seguida, fui abraçado. — Primo…

— O que foi? — resmunguei sonolento.

— Pode ir dormir no meu quarto hoje? — franzi o cenho, me virando para ele.

— Por quê? — pisquei um par de vezes.

— Porque… Seu quarto tem tranca.

Revirei os olhos.

— Tá.

Não era uma surpresa Hoseok e ele terem se trancado no meu quarto. Sorte de ambos que meus pais costumavam sair de manhã para ir para o centro, ficar com meus avós. E também não era a primeira vez que eu fazia aquela troca com o Tae e o Hoseok. Eles eram tão óbvios…

Deitei, agora, na cama do Tae e suspirei sonolento. Eu estava tão ansioso que ficava pensando se conseguiria aguentar até segunda. Me arrependi amargamente por não ter gritando: “Ei, Jimin! Eu sou o Jeongguk” quando ele estava se afastando, mas… Aish! Como eu era idiota. 

Pouco antes de cair no sono, assisti mais uma vez o vídeo do Jimin tristinho pelo filme e me lembrei de seu cafuné. Sua roupa no meu corpo não ajudava nada. Eu não queria ficar pensando nele porque... Porque parecia rápido demais eu estar pensando tanto nele, mas não pude evitar. Pensei nele até pegar no sono.

Eu estava certo daquilo. Não iria se passar nem mais uma semana sem que eu diga-o meu nome. 

Porque ele não sabia o meu nome. Certo?


Notas Finais


playlist: https://open.spotify.com/user/nickuchanx/playlist/389snLNVQweLDQVpI9cEDQ
cheguem no meu twitter! falem comigo por lá, amores *-*: https://twitter.com/colyunnie?lang=pt-br

não roubem o copo do jungkook, ele fica bravo >:(

sou um jimin da vida, vivo prendendo o espirro! tipo, de verdade, e têm vezes q meu nariz sangra por causa disso... na primeira vez fiquei preocupada, mas quando fui no médico eles disseram que é normal, mas é um porre! não prendam os espirros, se não o nariz de vocês vai começar a arder e sangrar do nada, é porque estoura alguma coisa aí, eu não lembro, tava lendo jikook na consulta rsrsrsers

e minha demora foi por um motivo bem bobo... bem, eu tenho a história completa e escrita, mas acabei querendo trocar e adicionar algumas coisas, então eu mudei o cap de hoje, por isso demorei! acho que vou voltar no domingo, não sei, mas vai ter outro cap essa semana. se eu não der a louca e começar a querer mudar de novo, é claro hehehe

beijão e até a próxima! <3


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