História Meu Colega de Quarto - Imagine Jung Hoseok - Capítulo VII

O que ele queria dizer com aquilo? Então... ele também precisa de um apartamento? Minha mente estava completamente confusa, eu não sabia nem ao menos por onde começar a pensar.

— O que você quer dizer com isso? — perguntei sem nem ao menos parar para pensar em sua possível resposta.

— Desculpe, acho que preciso conversar um pouco com ele antes de tirar conclusões precipitadas — seu corpo se vira em minha direção com apenas um simples giro, ainda com sua mão direita no bolso frontal de seu grande casaco, enquanto a mão esquerda segurava firmemente o guarda-chuva fechado.

Minha mente permanecia com a confusão sobrevoando-a como uma nuvem cinza carregada. A cada segundo meu cérebro ficava com mais sede de compreensão, mas pelo visto ele iria permanecer com tal sede.

Desperto-me dos pensamentos ao perceber a aproximação de Hoseok.

— Conversarei com Jungkook hoje sem falta, talvez ele te dê uma posição... amanhã, ou até mesmo hoje se ele quiser apenas levar toda a minha avaliação em conta.

— Esperarei o contato, Jung — digo, e sua feição muda completamente de uma hora para outra.

— Me chame apenas de Hoseok, (S/n) — escuto com atenção seu breve pedido e assinto com a cabeça.

— Tudo certo então, Hoseok — um sorriso se forma em seu rosto ao sentir seu nome ser pronunciado por minha boca. Subitamente o pensamento de que estava esquecendo algo invade o meu ser, até me dar conta de que não havia lhe mostrado minha simples lista de exigências a serem cumpridas caso alguém resolvesse residir este apartamento. — Eu tenho mais uma coisa para dizer. Será que você poderia esperar na sala? Fique à vontade para se sentar no sofá se quiser — um sorriso amigável se forma em meu rosto antes de eu seguir rapidamente para meu quarto à procura da folha com os tópicos. Gavetas e mais gavetas de diversos móveis do meu quarto eram reviradas até encontrar o papel.

 Ao deslocar-me para a sala de estar, já com a lista em mãos, vejo Hoseok sentado no estofado cinza de camurça do sofá e olhos que passaram a observar-me há poucos segundos, provavelmente por terem percebido a presença de um movimento se aproximando.

— Neste papel existem algumas exigências que o residente deverá cumprir futuramente — me sento no sofá com uma boa distância dele e lhe entrego o papel branco, esperando que ele lê-se atentamente tais regras exigidas:

≈Regras Para uma Convivência Tranquila no Apartamento≈

1 →  O trabalho de lavar a louça poderá ser divido. Como forma de exemplo, em um dia um lava a louça, no outro, a próxima pessoa será responsável; ou então cada um simplesmente lava o que resolveu sujar. Caso haja algum imprevisto, colar um post-it na geladeira informando o porquê de não ter lavado a louça e se irá lavar depois.

2 → Devem ser combinadas as datas de uso da máquina de lavar para não ocorrerem futuros problemas. A corda para secar a roupa na lavanderia deve ser esvaziada quando as roupas já estiverem secas e deverá estar vazia quando for o momento do outro morador utilizá-la, caso contrário informe-o o que aconteceu.

3 → No caso de planejamento de alguma festividade, evento, comemoração ou banquete, comunique com bastante antecedência e pergunte se a pessoa concorda. Caso a festa seja apenas sua, limpe a casa e deixe tudo nos conformes, já se a festa for coletiva, os afazeres serão compartilhados.

4 → As atividades de limpeza do local poderão ser dividas por aptidão ou preferência. No caso de ocorrer uma indecisão, sorteio a respeito da tarefa será a opção mais justa. Os trabalhos também poderão ser trocados futuramente para não ficar uma coisa extremamente repetitiva e injusta.

5 → Pertences no banheiro ficarão separados para não acontecer de utilizarem produtos uns dos outros sem a intenção. Caso falte algo e a pessoa precisar de tal, pergunte ao seu colega se não terá problema.

6 → O policiamento do volume das coisas será extremamente necessário. Durante o dia não haverão problemas, mas à noite procure abaixar o som devido ao horário de sono do próximo. Caso o gosto musical seja diferente do colega, opte por arranjar um mp3 ou fones de ouvido para evitar perturbações.

7 → Não serão tolerados atrasos da quantia a ser divida com o aluguel.

8 →  Bagunças pelo apartamento são extremamente desagradáveis, então manter as coisas organizadas é algo essencial para tal convivência.

9 →  Manter a preservação dos móveis e eletrodomésticos. Em caso de algum tipo de danificação, ambos os moradores deverão se juntar para comprar um novo.

10 →  Não praticar o ato sexual no apartamento, se o momento estiver a favor, não o faça, motéis são encontrados com muita facilidade.

Hoseok lia cada tópico compenetrado. Quando finalmente termina, ponho-me a falar.

— Diga a ele que eu priorizo muito o último, acho que deve ser uma situação constrangedora com a outra pessoa, seja com ela dentro de casa, no momento, ou então escondido. Sabe como é... imagine você chegando em casa com fome, quando vai para a cozinhar preparar algo para comer, nem para para pensar no que pode ter acontecido em cima da pia. Deve ser extremamente horroroso, principalmente por ter sido um ato feito em um local inapropriado. Pior ainda descobrir depois... ugh! — meu corpo treme de nervoso somente por imaginar tudo o que disse.

Jung solta uma risada e pude perceber seus olhos se estreitando com o ato. Seus olhos formavam uma linha curvada com sua concavidade direcionada para baixo, pareciam duas meias luas viradas para baixo, e juntas formavam um equilíbrio, não chamando tanto a atenção de quem via de perto os dentes claros do mesmo.

— Você sempre fala das coisas tão detalhadamente assim? — ele me olha, tentando cessar a risada e coloca seu queixo apoiado nas mãos unidas que estavam sobre seus próprios joelhos.

— A todo o momento — embarco no mar de risada que aquele cômodo havia se tornado. Hoseok tinha a capacidade de fazer você rir com coisas extremamente simples.

Seus lábios superiores se erguiam mostrando seus dentes claros e a parte de sua gengiva rosinha, fazendo com que os lábios construíssem o formato de um coração.

— Direi a ele, não precisa se preocupar — as risadas já haviam cessado e por agora só restavam as trocas de olhares.

Agradeço, então, com um fino sorriso, apenas para quebrar um pouco os olhares.

— Acho que é isso, te mostrei toda a casa e todos os cantos... e ainda devolvi seu guarda-chuva — ele sorri ao ouvir a palavra “guarda-chuva” e leva seu olhar até ele, que se localizava ao seu outro lado no sofá, porém volta a me olhar logo depois.

— Aqui — sua mão seguiu em minha direção, me entregando o papel das regras.

— Fique com ele e dê ao Jungkook, quando ele vier aqui, ele poderá me devolver — empurro sua mão de volta para onde estava ao falar. Ele confirma com a cabeça e o silêncio domina a sala novamente.

Ele olhava para o nada até resolver se levantar repentinamente. Imito seu passo e continuo a olhá-lo.

— Acho que devo ir agora — mais um pequeno sorriso lançado para mim.

— Eu te acompanho até a porta — me viro, fazendo com que ele me seguisse até o local citado.

Abro a porta com calma e libero o caminho para ele se dirigir para a parte de fora do apartamento. Ele faz isso e então se vira para se despedir.

— Muito obrigado por me deixar olhar seu apartamento, espero te ver novamente qualquer dia — pude sentir o segundo arrepio do dia transitar por cada percurso existente dentro de meu corpo ao ver somente um olho seu piscando em minha direção. O que era aquilo? Ele estava flertando comigo? Por que diabos ele faria isso se nem ao menos me conhecia direito?

— Digo o mesmo. 

E agora? De onde eu criei a coragem para falar isso? E AINDA POR CIMA SORRIR PARA ELE?

— Eu gostaria de tomar um sorvete com você qualquer dia... quem sabe até uma pizza! — ele já se retirava do local, falando enquanto andava devagar e sem pressa de costas para poder manter o contato visual. 

Suas mãos permaneciam repousadas em seus bolsos, e como pareciam grandes, seu pequeno guarda-chuva coube dentro de um deles. Sua mão direita sai de onde estava, revelando o movimento de um aceno. Ao entender o que acontecia, retribuo o feito, esperando com que ele atravessasse o final do corredor e virasse à direita. Antes de fazer isso, ele me entrega seu último sorriso e se vira, pondo a mão no bolso novamente e sumindo de vista.

Entro em casa e fecho a porta. Eu estava como na primeira vez que havia visto-o logo que chegara em minha casa, sorrindo boba como uma criança feliz.

Como é que ele conseguia ter esse efeito sobre mim?