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História Meu Destino! - Capitulo Único


Escrita por: NemoChan

Notas do Autor


Ultimo dia, quase ultimo horário, mas conseguiiiiiii hahaha

Espero que gostem <3

Capítulo 1 - Capitulo Único


Sangue.

Dor.

Grito.

Dor.

Frio.

Molhado.

Sangue.

Dor.

Sons.

Dor.

 

Sentei em um movimento brusco em minha cama, minha respiração estava ofegante e meus olhos arregalados. Olhei ao redor em desespero e suspirei aliviado ao ver que era somente um sonho. Um bem ruim. Dobrei minhas pernas e as abracei com meus braços, tentava me acalmar, meu coração batia de maneira tão intensa que o sentia intensamente e podia ouvir seus batimentos em meu ouvido.

 

Abaixei a cabeça a colocando em cima de meu joelho e repetia para mim aquela pequena frase, que toda noite era pronunciada nos últimos três meses. - “É só um sonho, é só um sonho” – Não sei dizer quantas vezes repetia isso em um tom baixo e tremulo sendo o máximo que minha garganta permitia, escutei o som da porta abrindo e levantei rapidamente o olhar.

 

Encontrei minha mãe me olhando com uma expressão preocupada e seus braços cruzados, dava para ver que ela havia acabado de levantar, na verdade nem sabia que horas eram, mas só pela escuridão em meu quarto era fácil deduzir que ainda era madrugada. Minha genitora se aproximou e sentou na ponta da cama de frente para mim, sem falar nada acariciou meus fios bagunçados e úmidos, em momento algum desviou nossas miradas, até o momento que ela suspirou profundamente e falou.

 

“Está na hora de procurar ajuda, não acha? Você estava gritando BaekHyun, de novo. ” – o tom utilizado por ela foi triste e claramente preocupado, respirei fundo e fechei meus olhos. Sim, sabia que não escaparia. Ter um pesadelo por uma, ou até duas noites é normal. Mas passar três meses gritando e acordando no meio da madrugada não era normal.

 

Abri meus olhos e a olhei enquanto assentia com a cabeça, preferi não falar para ela de meus pesadelos, na verdade ela só notou que eles não pararam quando parei de tomar medicamento para dormir, os quais peguei sem que percebessem do banheiro dela. Fui obrigado a parar, pois se era ruim ter os pesadelos e acordar, era pior ainda eu estar neles e não conseguir sair.

 

Sim, no plural, ao total são quatro pesadelos que se repetem aleatoriamente durante as noites. E sim, eu lembro deles detalhadamente. Até porque eu passei a anota-los em um caderno assim que me acalmo. Os pesadelos sempre são nítidos, como se eu os visse acordado, a única diferença é que nos rostos das pessoas haviam borrões, todos retratavam acidentes ou violência e eu sempre era a pessoa que sofria isso.

 

“Existe um médico. Na verdade, foi a nossa vizinha que o indicou, falou que quando sua filha estava com transtorno pós-trauma, ela o levou e ele a ajudou totalmente” – Olhava minha mãe falar, pelo visto a ideia de ela me levar no médico não era nova, passei a mão por meus fios negros, odiava preocupa-la assim. Já bastava ela ter que sustentar nós dois e minha avó que morava na casa do fundo, ainda tinha que se preocupar com esses pesadelos.

 

“Tudo bem mãe, eu vou. Até porque, não tem como piorar né? ” – Falei sorrindo para ela e vejo a sua expressão suavizar, imagino que ela tenha pensado que me negaria a ir ao médico. Não faria isso, apesar de minha pouca idade de 16 anos, sabia que isso não era normal e poderia ser um problema extremamente sério.

 

Ela levantou e beijou minha testa, dizendo que voltaria para o quarto, para tentar dormir e amanhã mesmo marcaria o médico, concordei com a cabeça e a observei sair do quarto. Sabia que eu não dormiria de novo então levantei e acendi a luz de meu abajur, peguei meu caderno dos sonhos e abri no sonho dois. Li tudo que já havia escrito sobre ele para ver se tinha algum detalhe para acrescentar.

 

No sonho da vez, eu estava em uma avenida que não conheço esperando para atravessar, estava tudo tranquilo, eu olhava o livro em minhas mãos, se tratava de um romance de Shakespeare, descobri qual livro era, um mês e meio depois que os sonhos começaram, eu não via a capa do livro, só via uma página e uma frase dela me fez descobrir (após uma pesquisa na internet), que se tratava da obra Macbeth dele. No sonho eu lia animado as palavras que lá haviam, tanto que não escuto sons altos de buzinas e gritos de pessoas, só percebo que algo estava errado quando, algo aparece em minha visão periférica e me tira a atenção do livro. Só tenho tempo de levantar a cabeça e logo sinto um forte impacto me fazendo gritar e ser jogado para longe.

 

 E era nesse momento que eu acordava, nessa vez consegui enxergar o nome da avenida. Se chamava Sefares, nunca ouvi falar em uma avenida com esse nome, e não pretendia procurar agora. Suspirei anotando esse detalhe e guardando novamente o caderno. Peguei meu celular e vi que eram 4:55 da manhã. Como sempre, acordava de madrugada e não conseguia pegar novamente no sono.

 

Levantei da minha cama e me espreguicei, mais um dia meu começava cedo demais, fui para o banheiro fazer minha higiene e tomar um banho. Não conseguiria ir para o colégio com meus fios e meu corpo suado e grudento. Toda manhã era a mesma coisa, tomava banho, descia, via algum desenho na televisão até a hora de me arrumar e ia para o colégio. Sem nenhuma novidade.

 

 

 

 

..........

 

 

 

 

Havia passado um mês desde que tive aquela conversa com minha genitora, agora me encontrava no carro da mesma indo para a consulta com o médico tão bem falado pelos outros. Passei esse último mês ouvindo-a falar do qual bom ele era e que me ajudaria rapidamente e que finalmente poderia dormir sem medo. Não fiz questão de perguntar o nome dele, até porque, eu havia entrado em época de prova o que foi bem complicado por não conseguir dormir bem e realiza-las com sono e cansado psicologicamente.

 

Ela parou o carro em frente de uma casa simples demais para o tanto que ela falou que esse médico era famoso, parecia um consultório simples, olhei para a estrutura branca e suspirei. Tinha me comprometido a ir, então iria. Para mim, o quanto antes isso acabasse, seria melhor. Me virei para minha mãe e me despedi dela com um beijo na bochecha, dizendo que voltaria para casa de ônibus.

 

Ela se despediu e pediu desculpas por não poder ficar, sorrio negando com a cabeça e saiu do carro. Ela já estava perdendo seu horário de almoço para me trazer, não queria dar mais trabalho ainda para ela. Fui andando calmamente em direção a casa, sem me prender muito ao redor, olhava para frente enquanto andava pela calçada. Cheguei no portão e toquei o interfone.

Logo uma voz claramente feminina soa me perguntando o que eu desejava, olhei o papel em minhas mãos que estava o nome do médico e a hora da consulta. – “Éh... Boa tarde, eu tenho uma consulta com o doutor...” – Li o papel em minhas mãos e franzi a sobrancelha, o nome não era coreano, na verdade, parecia chinês. – “Wu YiFan”.

 

Ela pediu um minuto enquanto eu aguardava do lado de fora, olhei ao redor procurando algo para me distrair enquanto esperava, senti um momento de deja vu, muito forte. Parecia que eu já havia estado ali, continuei olhando para o fim da rua que dava em um cruzamento tentando pensar se eu já conhecia aquele local, até que escutei o trinco se abrindo do portão. Dei um leve pulo de susto e o abri, esquecendo minha preocupação anterior.

 

O interior da casa era simples como o lado de fora, assim que entrei dei de cara com uma bancada com duas mulheres ali, uma no telefone e a outra me olhava sorrindo. Me aproximei e logo fui interrogado sobre horário, número do convenio, o que me levou a procurar o médico e mais algumas coisas técnicas. Após tudo isso ela me pediu par aguardar sentado na próxima sala que o corredor levava, que o médico me chamaria pelo nome.

 

Andei para lá como fui instruído e sentei nas cadeiras clássicas de consultórios, não havia ninguém ali. Na minha frente havia uma televisão ligada em um canal de filmes, o que me fez concentrar no mesmo, sabendo que possivelmente demoraria para ser atendido.

 

Não sei quanto tempo passou até eu escutar uma voz rouca e grave dizer meu nome, desviei minha mirada da televisão até um homem alto, de cabelos platinados e um jaleco de médico.

 

Nossa, ele era o médico? Não era muito novo? Fui tirado de meus pensamentos quando ele repetiu meu nome e arqueou a sobrancelha esperando eu responder. Minhas bochechas ficaram coradas e levantei dizendo um ‘eu’ baixo e gaguejado. Fui até ele parando em sua frente, tive que levantar minha mirada para encara-lo nos olhos.

 

Ele deu um pequeno sorriso e virou falando para eu segui-lo, andei devagar atrás do médico até entrarmos em uma sala totalmente diferente do que eu imaginaria ser um consultório. Fiquei parado na porta e olhei tudo ao redor, haviam dois sofás formando um ângulo reto em frente a uma televisão grande e moderna, além de uma estante cheia de livros e com alguns carros em miniatura. A única coisa que lembrava o motivo de eu estar ali, era uma mesa grande, espaçosa, com duas cadeiras na frente da mesma, além da clássica cadeira de escritório.

 

O médico se aproximou dessa mesa e me olhou esticando a mão em um pedido silencioso para eu sentar na cadeira que lá havia. Andando lentamente, me sentei nela e coloquei minhas mãos nas minhas pernas tentando fazer passar aquela sensação incomoda de ser alvo daquele olhar intenso, olhei para baixo e mordi meu lábio até escutar sua voz novamente.

 

“Me explique o porquê você precisar dessa consulta” – Me surpreendi com o tom frio que ele usou, parecia até que eu estava sendo ameaçado e odiava totalmente essa sensação, suspirei profundamente e comecei a narrar tudo que havia ocorrido esses últimos meses. Em momento algum ele me interrompeu e em momento algum eu expliquei exatamente como eram os sonhos.

 

Quando terminei levantei minha mirada para ele e o mesmo me encarava fixamente possivelmente analisando tudo que eu havia dito, desviei rapidamente a mirada e escutei o outro se movimentar, levantei meu olhar e o vi anotar algo em suas folhas, fiquei o olhando em silencio esperando-o se pronunciar. O que não demorou a ocorrer.

 

“Bom senhor Byun, pelo o que você me disse aparentemente você tem o que chamamos de transtorno do pesadelo. É incomum se ter isso na sua idade, mais da metade dos casos são crianças de até 6 anos, mas tudo indica que você com 16 anos está sendo vítima desse transtorno também. As características dele são exatamente o que você está passando, pesadelos extensos e aterrorizantes que envolvem ameaças à sua sobrevivência, segurança e autoestima. Quando acorda está totalmente alerta e você sabe fala-los com detalhes apesar de não ter me dito. ”

 

Assenti com a cabeça, realmente, tudo que ele havia dito era o que acontecia comigo, eu suspirei aliviado, se havia diagnóstico então havia solução, ou assim eu esperava. Ia perguntar para ele se tinha como acabar com isso, mas fui cortado pelo médico voltar a falar.

 

“Na verdade, sabemos pouca coisa da mente e cérebro dos humanos, não há um tratamento que posso dizer que haverá 100% de cura. Vai de pessoa para pessoa. Tem algumas coisas que recomendamos para pacientes com sua situação, seria mais uma prevenção do que outra coisa. O que percebemos que mais dá certo é fazer atividades físicas e diminuir a cafeína nos períodos na tarde e noite. Além do café, alguns chás e a coca-cola possuem cafeína, outros produtos também contêm isso, porém o que mais utilizam são esses três. Vamos fazer um acompanhamento semanal também. Toda semana você virá aqui e conversaremos sobre seus sonhos, se houve algum avanço, e sobre sua vida e medos. Um dos desencadeadores desse transtorno é a sensibilidade do paciente com medos reais ou fictícios. ”

 

A voz dele era totalmente fria, mas suas palavras eram fáceis de compreender para um leigo nessa área como eu, novamente assenti com a cabeça, na verdade, iria concordar com qualquer coisa se isso me ajudasse a terminar com esses sonhos. Ele sorriu de maneira profissional e entendi que esse havia sido o termino da consulta. Ele perguntou se eu tinha alguma dúvida e respondi que não, ele foi bem claro com o que eu teria que fazer.

 

Levantei e me curvei em agradecimento e despedida. Sai da sala e me curvei novamente para as secretárias me despedindo, perguntei para elas antes de sair, se tinha algum ônibus para eu pegar que iria para meu bairro. Após elas me explicarem sai da casa e andei para o lado oposto ao cruzamento como me foi instruído. Estava animado com a perspectiva de finalmente conseguir dormir totalmente em paz durante a noite.

 

 

 

.......

 

 

 

Faziam dois meses que toda a semana ia para o consultório do Yifan, toda quarta-feira eu me consultava com ele e diferente do que eu pensava o assunto não acabava, falávamos de tudo, de meus sonhos, de minha vida, e com o tempo passamos a conversar sobre ele também. Sobre como ele foi parar nessa área, descobri que ele é jovem, só tem 26 anos, solteiro e que mora em um apartamento perto do consultório. Sobre meus sonhos eles diminuíram, mais o menos, agora em vez de toda noite, eles aparecem uma noite sim e uma noite não. Não há mais troca de sonhos, agora só há um único sonho.

 

O mesmo sonho que tive na noite que minha mãe conversou comigo para ir no médico. Nesse momento estava sentado no sofá da sala do Yifan com um chocolate quente na mão, conversávamos sobre nossos estilos musicais, que eram totalmente distintos. Enquanto eu gostava dos grupos masculinos da atualidade, ele preferia o rock pesado norte-americano. Estava rindo do comentário que ele fez sobre os grupos coreanos masculinos se resumirem a mostrar a barriga sarada quando ele olhou o relógio.

“Não tenho mais nenhuma consulta hoje, quer que eu te leve para casa? ” – Ele perguntou sorrindo para mim, outra coisa que descobri dele nesse tempo, ele só sorri para aqueles mais chegados, nem suas secretárias o veem sorrindo. Me sinto privilegiado com isso. Assenti com a cabeça e levantei pegando minha bolsa da escola, agora saia do colégio e ia direto para lá, mesmo que ele estivesse atendendo outra pessoa, geralmente entre os intervalos dele a gente conversava.

 

Ele se levantou também e pegou seu documento e a chave do carro, fomos andando para a garagem do local enquanto conversarmos sobre banalidades. Me assustei quando senti sua mão segurar a minha e seus dedos se entrelaçarem com os meus, minhas bochechas imediatamente ficaram rubras e olhei para baixo, escutando sua risada rouca em seguida.

 

O chamei de ‘bobo’ em um sussurro que foi ouvido pelo mais velho, já que esse gargalhou com mais vontade enquanto abria a porta do carro dele para mim, não conheço muito de marcas, mas pelo o que me contaram esse carro é caro e importado. O que não muda nada para mim. Colocamos o cinto e logo ele saia da garagem, ele virou o lado oposto que eu virava quando voltava de ônibus. Essa era a primeira vez que voltava com ele de carro.

 

Paramos no semáforo do cruzamento e eu franzi a sobrancelha, eu reconhecia esse lugar. Era estranhamente familiar, estava tão concentrado nisso que nem percebi que o Yifan falava algo. Olhei ao redor até ser atraído pela placa, o nome da avenida me fez ficar branco e congelar. Não era possível, era só um sonho. Corri meu olhar pelos pedestres até achar uma moça, aparentemente jovem lendo concentrada um livro.

 

Assim que eu reparei na jovem escutei sons altos de buzina e um carro indo desgovernado na direção da moça, sem pensar em nada sai do carro e fui correndo até ela. Via meu sonho e o que acontecia misturar em minha mente. Ia conseguir chegar a tempo, escutei gritaria atrás de mim que foi ignorada, antes que atravessasse a rua em direção a moça, dois braços fortes me seguraram e me impediram de ir até lá.

 

Lagrimas escorriam de meus olhos enquanto via a cena de meu sonho se concretizar e a moça ser acertada com força pelo carro desgovernado, observei seu corpo ser jogado a vários metros de distância da colisão, não escutava nada, não via nada, além daquela cena. As pessoas se aproximavam enquanto outras choravam ou estavam em choque.

 

Fui tirado de meu transe quando meu corpo foi sacudido várias vezes, minha visão se focou no Yifan, ele estava com uma expressão de desespero no rosto enquanto suas mãos seguravam e sacudiam meus ombros. – “Baekhyun” – Ele chamava meu nome em agonia, pisquei várias vezes tentando me concentrar e coloquei minha mão em sua mão em meu ombro. – “Fan, acho que meu problema é pior do que imaginávamos” – Falei com minhas lagrimas escorrendo sem controle por meus olhos.

 

O Yifan sem falar nada, me levou para seu carro, me colocou no assento do carro e colocou o cinto. Eu estava sem reação, na verdade a imagem do ocorrido com o sonho se mesclavam em minha mente, as lagrimas ainda judiavam de meu rosto sem nenhuma trégua. Ele começou a dirigir para longe dali, dando ré para conseguir sair do tumulto. Não sei para onde íamos, eu só queria esquecer. Eu estava com medo do que isso significava, muito medo.

 

 

 

.......

 

 

 

Acabei cochilando depois de tanto chorar, quando acordei não estava mais no carro, estava deitado em uma cama de casal e escutava o som do mar pela janela aberta. Sentei na cama e franzi a sobrancelha, eu não morava perto do mar. Sai da cama e fui com passos lentos e silenciosos pelos meus pés descalços até o lado de fora do quarto. Não reconhecia onde estava, era uma casa, estava silenciosa e somente a luz do andar de baixo estava acessa. Hesitante desci as escadas encontrando o Yifan sentado na sala com um copo, com um liquido dourado dentro do mesmo olhando para a janela que dava vista para o mar.

 

Me aproximei lentamente e sentei ao seu lado olhando para o mesmo lugar que ele, não sabia o que falar. Na verdade, não sabia o que fazer, a única resposta que encontrava era que eu era louco. Daqueles bem loucos que deveriam ficar presos e isolados do mundo. Senti a mão do Yifan em minha coxa e levantei o olhar para ele, o mesmo olhava para mim com um sentimento desconhecido para mim.

 

“Você sabia tudo, sabia o nome da avenida e até o nome do livro que aquela menina lia. Por que nunca me contou os detalhes? ” – Já ia perguntar como ele sabia que eu tinha conhecimento desses detalhes, quando vi meu caderno na mesa de centro da sala, suspirei e voltei meu olhar para o do mais velho. Havia esquecido que meu caderno estava na mochila.

 

“Não achei que seria relevante falar Fan” – Suspirei e o olhei sério, estava caindo minha ficha do que isso significava. – “ O que acontece comigo agora? ” – Meus olhos se encheram de lágrimas de novo, estava com medo. Ele percebendo meu desespero passou a mão em meus fios e eu fechei meus olhos apreciando o carinho. – “ Conversei com um conhecido meu enquanto você dormia. Ele pode te ajudar a controlar isso, mas clarividência é algo que foge do meu conhecimento como médico, não acho que seja algo que você conseguirá se livrar. Isso será um fardo que você terá que lidar”

 

A cada palavra dele mais lagrimas escorriam, principalmente ao perceber que estava fadado a ter esses sonhos com tragédias que verei ocorrer e que não poderia fazer nada para mudar. Minha cabeça estava doendo tanto com tantos pensamentos sobre isso que a única coisa que queria era esquecer tudo. Até meu nome.

 

“Eu estarei do seu lado Baek, nunca duvide disso. Não sei se é certo eu me envolver assim com você, por ser meu paciente e por ser menor de idade, mas eu não estou me importando. Ajudarei você a passar por essa fase confusa” – Meus olhos se arregalaram com o jeito que ele falou, isso significava que ele gosta de mim? Meu coração bateu mais forte e todos os sentimentos que quis deixar escondidos nesses dois meses de conversas extravasaram me fazendo o abraçar pelo pescoço e esconder o meu rosto no mesmo enquanto chorava e dizia entre o choro.

 

“E-eu te amo. F-fanfan, isso é e-errado, mas não ligo. Não me d-deixe n-nunca” – implorava totalmente aberto para esse sentimento, estava frágil psicologicamente e precisava de um apoio, e sim, o Yifan será meu apoio, assim como ele foi todo esse tempo.

 

 

 

.....

 

 

 

Depois que descobri se passou três anos, não foram os anos mais fáceis da minha vida, na verdade foram os mais difíceis. Depois daquela noite que eu admiti o que sentia pelo Yifan, eu comecei a ir nesse amigo dele que me ajudou a não acordar mais de madrugada e tentar aproveitar cada detalhe dos sonhos. Agora apesar de ter esses sonhos eu não tinha mais medo, conseguia dormir à noite toda sem acordar. Claro que não tinha 100% de controle sobre isso, algumas poucas noites acordava, gritando e suando, mas cada vez mais eram raras.

 

Aprendi também a identificar quanto tempo demoraria para o meu sonho se concretizar, quanto mais detalhado mais perto de acontecer ele estava. Fui obrigado a amadurecer mais rápido que os meninos da minha idade, tanto que assim que sai do colégio entrei na universidade, exatamente na área de compreensão da mente humana e de seus sentidos, tem um nome especifico, porém isso não muda a utilidade desse curso.

 

A pior coisa que tive que aprender forçadamente era tentar não surtar a cada sonho que se concretizava, todos ocorriam comigo ali. Todos com tragédias envolvendo, e por mais que tentasse, nunca conseguia modificar o que eu vi, até um momento que desisti de tentar.

 

A um ano e meio atrás tive o pior sonho, ou visão, como queira chamar, de toda minha existência. Eu vi a morte da minha mãe, diferente dos outros sonhos, nesse eu via os rostos de todos. E me vi nele, senti exatamente o que minha mãe sentiu no seu leito de morte, 6 meses depois da primeira visão que tive dela.

 

Foi a pior coisa que me aconteceu, no dia do meu aniversário de 18 anos ela escorregou e bateu a cabeça no chão, falecendo ali mesmo. Foi tão rápido que mesmo eu tentando não consegui modificar isso. Chorei, chorei por um mês inteiro e precisei fazer terapia com o amigo do Yifan para conseguir superar o fato da morte dela e o fato que eu apesar de ter visto não consegui modificar.

 

Falando no Yifan, desde a morte da minha genitora eu me mudei para o apartamento dele e colocamos uma enfermeira para cuidar da minha vó, eu a visitava quase todos os dias que eu podia, mas com a faculdade eu não teria condição de cuidar da idosa que não conseguiu superar o trauma de perder a filha. Minha vida não é a melhor de todas, na verdade isso que eu carrego é mais uma maldição que uma sorte. Não tive nenhum sonho bom, nada que me desse esperança no meio de tanta violência e morte.

 

 

 

 

........

 

 

 

 

 

 

 

 

Luzes.

Risadas.

Alegria.

Amor.

Esperança.

Sons.

Amor.

 

Levantei da cama ofegante e olhei ao redor vendo que estava no meu quarto e do Yifan, foi impossível segurar o sorriso que representava minha felicidade. Olhei para o lado e vi o Yifan em um sono profundo virado para meu lado, lágrimas escorriam de meus olhos e eu as secava em quando sorria. Com minha movimentação ele acabou acordando e me olhou em alerta ao perceber que eu estava sentado.

 

“Mais um sonho?” – Ele me perguntou com a voz rouca de sono e de preocupação, ainda sorrindo assenti com a cabeça, sabe, acho que o fato dele ter entrado na minha vida não foi uma coincidência, foi uma ajuda do destino para eu conseguir superar tudo que me aguardava. Tenho certeza que se eu não o tivesse do meu lado eu não conseguiria superar isso e nem sequer sair por cima da situação.

 

Ele me olhava confuso com meu sorriso, sem pensar em nada me curvei e o beijei com todo o amor que sentia por aquele gigante idoso e maravilhoso que sempre esteve do meu lado. Meus lábios e os dele se completavam, assim como nossas línguas seguiam um ritmo perfeito e harmônico. Realmente, ele era meu destino e meu futuro. E apesar de todos os tombos que eu levaria sabia que ele me seguraria e me ajudaria sempre. Assim como eu faria tudo igual para ele.

 

O sonho que tive me trouxe duas certezas, a primeira que eu havia feito certo em aceitar ir no médico e a segunda. Que nem todo sonho é um pesadelo.

 

 


Notas Finais


Achei que ficou muito superficial. Mas se eu aprofundasse iria passar das 5k de palavras </3

espero que tenham gostado

Xoxo <3


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