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História Meu Eu Depois Dela - Sobre o Perdão...


Escrita por: LilyMPHyuuga

Notas do Autor


Capítulo surpresa numa quinta-feira porque sim! =D
Mais uma vez estou com medo de não ter tempo no fim de semana, então estou me dando uma noite de folga para postar esse capítulo para vocês, seus lindos!
Por favor, leiam as notas finais, sim? *-*

Nesse capítulo, um pouco mais de emoção na vida de Naruto e Hinata.
Espero que gostem! ^^"
Boa leitura! ♥

P.S.: créditos da capa do capítulo ao autor da fanart. Quem souber quem é, por favor, me avise, para que eu dê os devidos créditos.

Capítulo 5 - Sobre o Perdão...


Fanfic / Fanfiction Meu Eu Depois Dela - Sobre o Perdão...

A primavera finalmente chegara para ficar. Naruto via Hinata empolgada com o tempo quente, louca para sair de casa o tempo todo e, na maioria das vezes, levando ele com ela. Feiras eram uma paixão recém-descoberta da jovem ninja – todos os dias ele descobria algo novo a respeito de Hinata, e gostava da sensação de conhecê-la além do que a antiga amizade permitia. Por exemplo, a gagueira estava quase sumindo definitivamente, e o loiro notou que só aparecia quando a Hyuuga ficava muito nervosa. Algo cada vez mais raro, ele agradecia.

E naquele dia, a futura Senhora Uzumaki estava animada como nunca!

O rapaz desconfiava que o progresso se devia à conversa que tiveram na cama, da declaração boba que ele tinha feito há poucas noites. Mas não falou nada. Apenas a apreciou enquanto tagarelava durante o café-da-manhã e cantava lavando a louça.

— Aonde vamos hoje?

— Naquela feirinha aqui perto. Quero comprar lã.

— Para quê?

— Para tricô — respondeu simples, o puxando pela rua, empolgada. — Quero fazer um cachecol — respondeu à careta confusa do rapaz.

— Cachecol? O inverno já passou.

— Eu gosto de tricotar. Me acalma.

Lã vermelha. A moça da venda falou que realçava cabelos claros. Naruto fingiu que não ouvia, olhando para o outro lado e sentindo uma gostosa sensação no peito. Estava se acostumando com aquilo... sempre acontecia quando Hinata estava por perto.

— Sonhando acordado?

Sakura tinha um sorriso debochado, e ele coçou a cabeça envergonhado.

— Naruto-kun faz muito isso, não é? — Hinata apareceu com uma sacola, se dirigindo à amiga. — Teve uma vez que o encontrei na piscina do hospital, boiando e com esse sorriso bobo no rosto. Ele tem vergonha de me contar o que estava pensando.

— Prometo conseguir essa informação para você.

— Obrigada, Sakura-san!

Sorriram cúmplices, como se o rapaz nem estivesse ali. Naruto cortou as gracinhas, levando-as para andar mais um pouco. Pararam perto de meio-dia, quando encontraram Chouji e Shikamaru, e, juntos, resolveram ir para a churrascaria. Hinata pediu ao garçom para que trouxesse uma colher, assim Naruto não se limitaria a comer, como antes. Comeram o quanto Chouji deixava, mas aproveitaram que era sábado para completar a fome com dangos.

— E então? — Sakura perguntou à Hinata, com discrição, aproveitando o papo descontraído entre os meninos. — Como tem sido a convivência com Naruto?

— Maravilhosa! — a morena respondeu com sinceridade. — Muito melhor do que eu esperava.

— É mesmo? — A outra ficou surpresa.

— Sim. Naruto-kun é uma pessoa muito fácil de conviver, desde que...

— Esteja bem alimentado — completou, fazendo Hinata rir baixinho.

— Exatamente.

— E quanto ao noivado?

Hinata corou.

— O que tem?

— Como assim o que tem? Não deviam começar os preparativos? Ou ao menos anunciar que estão noivos?

A Hyuuga tentou se esconder por baixo da franja, fingindo continuar a comer para prolongar o tempo de resposta.

— N-Não acho... não acho que seja... a hora. Ainda.

— Mas vocês estão há... quanto tempo mesmo? Quase dois meses morando juntos? Todo mundo sabe.

— Todo mundo sabe que estou morando com Naruto-kun para cuidar dele. Uma missão — salientou.

Sakura tentou argumentar, mas Hinata a calou:

— Melhor deixar acontecer naturalmente. Não quero forçar Naruto-kun a nada. — O sorriso tranquilo pareceu acalmar a amiga. — Já basta tudo que ele faz por mim.

Hinata olhou para o loiro, que lhe sorria abertamente. Ela provavelmente acharia que sorria por causa da conversa com Chouji e Shikamaru, pensou Naruto.

A verdade era que ouvira toda a conversa entre as duas.

 


“Desculpe a demora. De novo.
Comecei um treinamento novo, para me adaptar a fazer jutsus com apenas uma mão. Tem sido um sufoco até agora, e quase não tenho parado de tentar, por isso a demora em escrever. Até agora consegui fazer um clone. Você ficaria desapontado. Aposto que já consegue fazer mil apenas com a mão esquerda...
Karin tem me ajudado com uma paciência incrível! Como é uma ninja sensitiva, ela percebe se estou controlando direito o chakra antes de fazer os selos. Ela me reprovou em todos os testes até agora. Estou cansado, exausto, exaurido...
Mas aprendi a ser teimoso com certo alguém.
Mande lembranças à Sakura, por favor. A carta dela (ou de vocês) me animou um bocado.
Sasuke.
P.S.: ainda não consigo escrever cartas longas.”

— Ele é um homem de poucas palavras e mais ações — concluiu Hinata.

Ela tinha acabado de ler a carta que o loiro recebeu e, revoltado, jogara para um lado.

— Não estou chateado com isso. — Ele coçou a cabeça, nervoso. — Você leu o que eu li? Ele já faz um clone, Hinata! E eu mal sei comer direito com a mão esquerda!

— Ai, meu Deus... — Já prevendo a explosão dele, Hinata correu para a cozinha.

— Pelo amor de Deus, ele pensa que estou treinando também! — gritou o rapaz — E acha que faço mil clones!

A morena esperou até que ele descarregasse a frustração para voltar. Naruto estava jogado no sofá, descontando a raiva no controle remoto. Ela sentou ao seu lado, um sorriso paciente no rosto.

— Por que está tão zangado, Naruto-kun? — Era uma pergunta retórica. Hinata não esperou que ele respondesse para continuar. — O fato de você ter apenas um braço não deve mais ser visto como uma limitação. Esse tempo já passou. Você já faz as coisas muito mais rápido.

— Mas... o Sasuke...

— Sasuke-kun não se deixou abalar por isso — interrompeu. — Ele viu toda a situação como mais uma barreira a enfrentar e superar. Não acha que ele aprendeu direitinho com você?

Naruto abaixou o rosto, com vergonha pela atitude infantil. Hinata sorriu e foi até a cozinha rapidamente, voltando com um pratinho de bolo de chocolate. Pela primeira vez em muito tempo, ele não sentia vontade de comer.

— Vou falar com Tsunade-sama amanhã — ela falou, chamando sua atenção. — Vou perguntar se você já pode voltar aos treinamentos também.

Os olhos dele brilharam. O sorriso finalmente voltara.

Acabou o doce antes que Hinata alcançasse o controle remoto para mudar de canal.

 


A hidroterapia terminou naquela mesma sexta-feira. No dia seguinte Tsunade permitiu que Naruto fizesse exercícios leves pela manhã. Ninjutsu também não seria um problema, desde que Naruto não sentisse dor ao fazê-lo. Como Hinata possuía o Byakugan, o taijutsu do aspirante a Hokage poderia ser aperfeiçoado, com a Hyuuga controlando o seu chakra durante os treinamentos.

Chegaram ao campo de treinamento 3 bem cedinho. O sol tinha acabado de nascer quando Hinata e Naruto colocaram as mochilas sob a sombra de uma árvore. O rapaz tirou o casaco, tão animado que mal podia se conter. Foi até o meio da clareira e esperou que a morena sentasse e ativasse o doujutsu.

— Não se esqueça. Movimentos simples no começo — ela alertou. — Até que você reencontre o seu ponto de equilíbrio.

Naruto não deu ouvidos. Tentou realizar um golpe ágil, soco seguido de giro e chute, e acabou caindo. Hinata apenas ergueu as sobrancelhas. Temendo uma bronca, o garoto levantou rapidamente, decidido a não testar a paciência da amiga tão cedo.

Demorou algumas horas, entre quedas e frustrações, para que o Uzumaki tivesse o controle do corpo. Movimentos lentos até que soubesse equilibrar-se e agir com apenas um braço. Hinata enfim se levantou. Naruto notou que ela desistira do Byakugan logo no começo, e ficou receoso de que ela estivesse entediada ao vê-lo treinar sozinho.

— Você quer alguma coisa? — Ela pegou a cesta que trouxera. — Você não tomou café direito.

O estômago dele roncou. Parou para comer algumas frutas e tomar bastante suco. Voltou até onde estava. Hinata foi também.

— O que foi?

— Vou acompanhá-lo agora.

As íris azuis demonstraram surpresa. A morena tirou o casaco, largando-o em cima do dele.

— Não se preocupe. — Ela riu de seu estado atônito. — Não vou usar o Byakugan.

Ele tentou rir também, meio nervoso. Foi por puro reflexo que desviou do primeiro ataque da Hyuuga.

— Você não falou que ia começar!

Hinata deu um sorrisinho superior, atacando-o com uma série de golpes rápidos. Naruto desviou de todos.

— Muito bom — falou orgulhosa. — Que tal tentar se defender agora?

— Não acha...?

Ela não esperou que terminasse. Os mesmos golpes. Naruto desviou, mas quando foi tentar se defender no último golpe, perdeu o equilíbrio ao erguer o extinto braço direito. Hinata o atingiu com uma força inesperada, e ele tombou a muitos metros longe dela. Novamente, ela não foi acudi-lo.

— Um pouco pesado para um primeiro treinamento — resmungou, segurando o ombro direito dolorido.

— Não seja um bebê. Eu nem comecei.

Os olhos azuis se arregalaram de novo. A Hyuuga não esperou mais um segundo para que ele descansasse. Repetiu os movimentos. O resultado foi o mesmo, dessa vez com o outro ombro atingido.

— Eu fiz alguma coisa errada, não foi?

— Do que está falando?

— Está descontando sua raiva em mim por algo que eu fiz, não é?

O rosto de Hinata mostrava uma genuína surpresa. Em seguida, ela desatou a rir.

— Você está sedentário, Naruto-kun — falou entre risos. — Você é mais forte que isso. Meus golpes são brincadeira de criança perto dos seus.

— Mas eu não posso realizar meus golpes — rebateu, chateado.

— E por que não?

O sorriso no rosto dela o provocava. Naruto finalmente entendeu.

Ele podia se defender atacando.

— Mostre-me o que você tem, Naruto-kun.

Naruto aceitou o desafio. Deu um sorriso confiante antes de partir na direção da morena, atacando como podia e se defendendo sempre que ela via uma brecha em seu ataque. Ainda era uma “luta” lenta, se comparado com a velocidade que ele atingia antes da luta com Sasuke, mas não podia reclamar. Hinata era uma professora muito paciente e acompanhou sua velocidade, mesmo ainda inferior à dela. Os resultados foram alguns arranhões e ombros muito doloridos da parte de Naruto.

Hinata ficou apenas um pouco ofegante.

— Temos que fazer isso mais vezes — ela comentou quando enfim decidiram encerrar o treino.

— Por quê? Para você me matar?!

Ela riu, guardando suas coisas. Levou-o até o Ichiraku – onde ele terminou cinco tigelas de seu lámen favorito – e prometeu uma massagem depois que ele tomasse um banho. Naruto correu para o banheiro assim que chegou em casa. Hinata foi também, assim que ele terminou. Ela o encontrou deitado na cama, de bruços, os cabelos úmidos ensopando o travesseiro.

Naruto ficou agradecido que seu rosto estivesse parcialmente escondido no travesseiro, pois ficou vermelho como um tomate quando ela sentou nas suas costas e começou a massageá-las. Não conseguiu conter os gemidos de satisfação ao sentir todos os músculos sendo pressionados com força para em seguida ficarem relaxados. Estava prestes a adormecer no instante que Hinata parou.

— Tem razão — ele comentou, sonolento, sem sair do lugar. — Devemos fazer isso mais vezes.

 


No dia seguinte foi acordado cedo por um aroma delicioso. Hinata fazia alguma coisa assada, e cheirava muito bem. A moça apareceu logo depois, com a intenção de acordá-lo, mas o encontrou deitado com um sorriso sonhador.

— Pão-de-queijo — ela respondeu à pergunta muda.

— Meu Deus, eu vou ficar com cento e cinquenta quilos!

Hinata riu, entrando no quarto e sentando ao seu lado.

— Vou ao mercado reabastecer a despensa. Não devo demorar.

Ela beijou a bochecha dele com carinho e se levantou. O gesto inocente e não-planejado o acordou no mesmo instante, o coração acelerado. Hinata era sempre doce e gentil, mas quase nunca o tocava, a timidez nesse quesito ainda não superada. E o beijinho inesperado era algo que não devia se desperdiçar.

— Eu vou com você!

Não deu tempo para que ela dissesse que não precisava. Saiu da cama num pulo e ficou pronto em menos de um minuto.

— Ao menos tome café, Naruto-kun! — Sorria. — Não vamos sair com você de estômago vazio.

Comeu tão rápido quanto, Hinata o repreendendo e lhe dizendo que ia ficar enjoado. Não ligou. Comeu, calçou as sandálias e ofereceu o braço a ela.

— Que cavalheiro — ela brincou, aceitando o braço e andando com ele orgulhosamente pela rua.

Hinata escolhia tudo enquanto ele empurrava o carrinho. Ele tentava empurrar doces para dentro do carro, mas ela devolvia a maioria, tentando manter-se séria, mas não resistindo a alguns pacotes de biscoito recheado. Naruto também conseguiu convencê-la a levarem uma caixa de chocolate com trinta bombons sortidos, rindo ao ver a dúvida nos olhos perolados antes de render-se às guloseimas.

— Desse jeito, quem vai ficar com cento e cinquenta quilos sou eu — reclamou baixinho.

— Até parece! Está magra como um palito!

— M-Mas eu... — Ela corou, falando ainda mais baixo. — Eu engor... engordo com facilidade.

Naruto parou de andar e a olhou de cima a baixo, deixando-a ainda mais vermelha.

— Uns quilos a mais não iriam lhe fazer mal, Hinata — confessou. — Você já é bonita. Escondendo esses ossos deve ficar mais ainda!

— V-Vamos... vamos voltar às compras, Naruto-kun.

Ele voltou a acompanhá-la, rapidamente fazendo-a esquecer da vergonha e engatando numa conversa divertida sobre receitas que eles deveriam experimentar. Compraram alguns pedaços de porco por impulso, Hinata prometendo fazer um assado que o faria babar!

Saíram do mercado com várias sacolas, Naruto insistindo em carregar a maioria, deixando Hinata levar apenas duas. Houve um momento em que ela se distraiu com a vitrine de uma loja de roupas, e o olhar do rapaz voltou-se para a rua, depositando-se numa garota de cabelos curtos e castanhos. Poderia ser qualquer uma, mas ele acabou prestando mais atenção. As roupas finas a destacavam dos demais, de vestes simples no centro comercial da vila. Somente quando ela se virou, atendendo ao chamado de sua tutora, que Naruto a reconheceu. Pelos olhos.

Os olhos brancos de um Hyuuga.

— Hinata — ele a chamou baixo, tentando não chamar muita atenção. — Vamos para casa.

— Está tudo bem? — A jovem ficou preocupada com o tom repentinamente sério.

— Sim. Apenas vamos embora, ok?

Ela concordou sem relutância, mas quando se virou para a rua, seus olhos recaíram no ponto em que Naruto não queria. Hinata parou, atônita. Há meses não via a irmã caçula, e pelo olhar dela, o loiro achou que o último encontro não tinha sido dos melhores. Quando enfim Hinata se recuperou, já era muito tarde – Hanabi os avistou, caminhando sem hesitar na direção do casal.

— Bom dia, Hanabi — a irmã mais velha falou, sem gaguejar ou mostrar receio. Naruto ficou surpreso. — Bom dia, Natsu-san.

— Bom dia, Hinata-sama — respondeu a senhora que acompanhava Hanabi. — Não seja mal-educada, Hanabi-sama. Dê bom-dia para sua irmã.

Ela ignorou Naruto completamente.

— Bom dia... — A pequena hesitou. — Hinata.

Hanabi olhou para o rapaz, mas limitou-se a acenar com a cabeça.

— Você parece radiante — Hanabi comentou, tentando não mostrar nenhuma emoção, mas falhando miseravelmente. Era óbvio que não lhe agradara nem um pouco ver a irmã feliz. — Eu a vi no mercado, mas não me aproximei. Mas agora que nos viu, não encontrei motivos para evitá-la.

— Evitar-me?

A sinceridade da mais nova magoou Hinata. Naruto largou as sacolas e segurou a mão dela, tentando lhe passar segurança. O gesto não passou despercebido para Hanabi.

— Não sei por que a surpresa — respondeu friamente. — Você nos abandonou. Preferiu ficar com Naruto-kun do que com sua família.

— Hanabi...

— Papai diz que é uma vergonha para o clã. E, honestamente, não consigo entender o que os anciões do Conselho viram em você.

— Ok, seu show acabou, Hanabi! — brigou Naruto. — Hinata, vamos para casa.

Ele a puxou, mas a morena ficou firme no lugar. Não só queria ouvir o que a caçula tinha a dizer, como também tinha algo preso na garganta.

— Você só olha para o próprio umbigo, Hanabi. — Hinata tinha o tom sério, no nível que Naruto temia. Pelo visto, pegara a menina de surpresa. — Ficou tão chateada por ter sido rejeitada pelos conselheiros que desistiu de ver o que se passava ao seu redor.

— Só o que acontecia ao meu redor era você roubando o meu lugar!

— Eu nunca quis a liderança, Hanabi, e você sempre soube disso! Deixe de ser mimada e preste atenção no mundo à sua volta! — Hinata deu um passo na direção de Hanabi, pisando firme e falando ameaçadoramente baixo: — Use seu Byakugan, criança. Seus olhos são tão bons quanto os de um adulto. Dê uma boa olhada em mim.

— Ela não vai fazer nada — interrompeu Naruto novamente, puxando Hinata de volta. — Nós estamos indo para casa. Agora!

Hanabi fez os selos mais rápido do que o loiro esperava. Ativou o doujutsu, deixando cair o queixo quando olhou Hinata. Naruto temeu aquele olhar.

— O quê? — perguntou assustado. — O que está vendo?

Ela não deu ouvidos ao rapaz. Os olhos brancos voltaram ao normal, e ela gaguejou ao falar:

— O que... o que é... tudo isso?

— “Isso” é o resultado dos treinamentos com papai — falou fria. — “Isso” sou eu não querendo machucá-la nos treinos. — Deu mais um passo na direção da irmã, abaixando o rosto para ficar na mesma altura que a menina. — “Isso”, Hanabi, foi o que eu ganhei desistindo dos meus sonhos e assumindo os seus.

Hinata se afastou, enfim decidindo ir embora. Segurou o braço de Naruto e se virou, mas voltou logo depois, sentindo a necessidade de terminar:

— Mande um recado ao nosso pai, Hanabi. Diga-lhe que estou bem, que nunca me senti melhor! E que nunca, nunca mais, vou desistir dos meus sonhos por causa dele ou por qualquer outro Hyuuga.

A garota engoliu em seco, soltando a mão de Natsu quando Hinata voltou a dar-lhe as costas.

— Qualquer outro Hyuuga, hein? — provocou Hanabi, rebelde. — Está abandonando mesmo a sua família, não é? Não sei por que estou surpresa! Papai bem que me falou que você não passava de uma va...

Hinata segurou Naruto a tempo. Os olhos de Hanabi se arregalaram quando se deparou com a mão do loiro a poucos centímetros de seu rosto, amparadas habilmente pela irmã mais velha.

— Não faça isso, Naruto-kun — Hinata brigou. — Ela é só uma criança.

— Uma criança com a boca muito suja para o meu gosto! — Naruto recolheu a mão, lutando contra a fúria. — Você perdeu sua chance, Hanabi — falou duramente para a menina. — Achei que poderia estar arrependida, que quisesse reatar os laços com sua irmã. Mas pelo visto me enganei... o sangue de barata de Hiashi também corre em suas veias.

Hanabi deu um passo para trás, se distanciando do loiro, precavida.

— A partir de hoje — continuou — eu não quero mais que se aproxime de Hinata. Quero você bem longe dela, de forma que eu fique sabendo se chegar a pelo menos cinquenta metros de distância de nós dois!

— Quem você pensa que é? — revidou a garota. — Você não tem poder nenhum sobre minha irmã! Não passa de um paciente...

— Sou o noivo e futuro marido de Hinata — calou-a falando mais alto. — E, portanto, tenho sim autoridade no assunto! Vou falar só mais uma vez: fique longe de Hinata!

— No-Noivo?

Naruto não se dignou a responder. Pegou as sacolas e a mão de Hinata novamente, levando-a para longe de uma Hanabi chocada. A morena tremia quando chegaram ao prédio onde moravam. Naruto pediu educadamente que o porteiro levasse as compras para cima, alegando que precisava levar Hinata para o hospital. O rosto pálido da Hyuuga convenceu o senhor facilmente, e o loiro a levou para o campo de treinamento do dia anterior. Ela não falou nada durante todo o caminho.

— Agora todos irão saber que estamos noivos.

A brincadeira não arrancou o mínimo sorriso. Hinata tinha os pensamentos longe dali, um alerta soando na mente de Naruto.

“Não me deixe sozinha com meus pensamentos de novo. Por favor”.

— Ei... — Levantou o rosto dela delicadamente, falando de mansinho. — Fala comigo.

Os lábios dela tremeram. Os olhos ameaçaram marejar.

— Ela... ela não sabe de nada...

“Ela”, Naruto percebeu, era Hanabi.

— Papai a enganou... fez com que ela acreditasse que eu a abandonei... que eu queria roubar seus sonhos...

Hinata desviou o olhar, abraçando o próprio corpo, trêmula.

— Ela não sabe... não sabe que papai me expulsou de casa. Ela está sofrendo também.

Naruto viu o rosto choroso, mesmo ela tentando esconder. Aproximou-se devagar, enxugando as lágrimas teimosas.

— Hinata, por favor... Hanabi não merece que chore por ela.

— Ela é minha irmã! — rebateu, nervosa. — E apenas uma criança.

— Uma criança que já foi corrompida por seu pai!

— Não... — Ela balançou a cabeça veementemente. — Não... ela viu... hoje ela me viu. Viu a verdade que papai escondeu.

— Do que está falando, Hinata?

Ela negou com a cabeça de novo, calando-se novamente. Naruto resolveu tomar uma atitude drástica.

— Ok, já chega! — Ele voltou a segurar o rosto delicado da moça. — Hora de colocar esses sentimentos para fora de outro jeito.

Puxou a confusa Hyuuga até a árvore mais próxima.

— Vamos, bata aqui. — Bateu de leve no tronco. — Bote tudo para fora. Sem pena.

Ela ainda mantinha o semblante em confusão.

— Você me pediu para não deixá-la sozinha, lembra? — Ela lembrou, confirmando emocionada. — Se não quer falar, ao menos não prenda tudo isso no peito.

Hinata acenou com a cabeça. Fechou os olhos e respirou fundo, concentrando o chakra nas mãos e atacando a árvore num só golpe.

A árvore foi partida ao meio.

Na vertical.

Naruto engoliu em seco, dando um sorriso nervoso.

— Talvez não tenha sido uma boa ideia... — Pensou melhor e chamou Hinata novamente. — Ok, novo plano: ataque a mim.

— O quê?

— Vamos! Me ataque com tudo o que você tem.

— M-Mas... Naruto-kun, eu posso machucá-lo! — falou preocupada.

— Mas, diferente da coitada da árvore, eu posso tentar me defender. — Garantiu com um grande sorriso. — Não tem problema, Hinata, pode vir. Não se esqueça que eu ainda tenho Kurama.

Hinata concordou depois de um bom tempo, segura de que Naruto usaria o chakra da raposa de nove caudas para se defender caso algo saísse do controle.

— Venha!

A velocidade dela o assustou a princípio. Quase não conseguiu desviar dos primeiros golpes. Viu o rosto dela decidido, concentrado em atacá-lo. Naruto se defendeu de mais alguns. Hinata pareceu chateada por não o acertar, então aumentou sua velocidade.

O que foi um erro.

Naruto ainda não estava preparado, e não teve tempo de se proteger com o manto de Kurama. Num piscar de olhos, Hinata desviou-se do contra-ataque e o acertou no meio da barriga, bloqueando o chakra do garoto no mesmo instante. Naruto foi jogado longe, cuspindo sangue. Hinata deu um grito assustado.

— Naruto-kun!

Correu até ele, que desmaiou momentaneamente com a queda.

— Naruto-kun, por favor, fala comigo!

Ele abriu os olhos, sentindo o corpo todo dolorido quando Hinata acomodou sua cabeça no colo dela. Deu um sorriso devagar, orgulhoso.

— Não disse... que ia tentar me matar?

Hinata deixou escapar mais algumas lágrimas, chorando amargamente de arrependimento.

— Por Deus, por que eu dei ouvidos à sua loucura? — ela reclamava entre soluços.

— Estou ótimo, Hinata. — Riu. — E você? Se sente melhor?

— É claro que não! Eu machuquei você!

— E tenho certeza que pode desfazer o que quer que tenha feito.

Ela engoliu em seco, enxugando tolamente o rosto.

— Vai ser ainda pior — confessou, chorosa. — É melhor esperar a recuperação naturalmente, Naruto-kun.

— Quanto tempo?

— Um dia, no máximo. — Os olhos azuis se arregalaram em surpresa. — Talvez menos com a ajuda de Kurama.

— Nem pensar — ele respondeu rapidamente. — Diminua esse tempo. Sakura-chan disse que ia jantar conosco hoje.

— Por favor, Naruto-kun! É complicado...

— Por quê?

— Porque vai doer ainda mais! — respondeu ansiosa. — Você ficará desacordado por horas!

— Quantas?

— Duas, talvez três horas. Já vi pessoas acordarem até cinco horas depois!

Naruto parou para pensar, sentindo-se um idiota ao aproveitar o carinho que Hinata fazia em seu cabelo e rosto.

— Cinco horas é melhor do que vinte e quatro — falou decidido. — Pode fazer.

Hinata não conseguiu convencê-lo do contrário. Respirou fundo antes de deitá-lo cuidadosamente sobre a grama. Ela passou uma perna por cima do garoto e posicionou-se, em pé, na altura da barriga dele. O Byakugan surgiu, seguido de uma série de selos que Naruto não foi capaz de distinguir. Um segundo depois e a palma da Hyuuga desceu com uma velocidade inacreditável sobre seu tórax.

Naruto deu um ofego de profunda dor antes de tudo escurecer.

 


— Me desculpe...

Ele sentiu sua mão ser agarrada com força, alguém a beijando longamente. Abriu os olhos devagar, com dificuldade para se acostumar com a claridade que invadia...

Seu quarto?

Como foi parar ali?

— Me desculpe...

Virou o rosto para o lado. Encontrava-se confortavelmente sobre sua cama, o braço esquerdo esticado para fora, Hinata no chão chorando copiosamente sobre ele.

— Eu sou patética, não sou? — Ela não tinha percebido que ele acordara. — Uma tola que não consegue controlar as próprias emoções... uma tola! Eu queria tanto ser forte como você! Não deixar que pequenas coisas me abalem. É minha culpa, Naruto-kun... é tudo minha culpa...

Observou-a chorar por longos minutos, a dor do próprio corpo esquecida aos poucos. O peito, no entanto, continuava a machucar. O coração sofria terrivelmente ao vê-la naquele estado. Falava baixinho, gaguejando e soluçando, o coração partido por tê-lo machucado.

— E eu ainda fui ouvir suas loucuras... como eu pude aceitar aquilo?! Era tão óbvio que iria acontecer alguma coisa! Eu fora de controle e você ainda recuperando as forças. Céus, como eu fui idiota! Me perdoe, Naruto-kun.

Hinata finalmente levantou o rosto para olhá-lo. Tomou um susto ao encontrar as íris azuis fixas sobre si, uma lágrima caindo no rosto e manchando o travesseiro.

— Naruto-kun!

Ela se jogou sobre o corpo ainda sensível do rapaz, que deixou escapar um gemido de dor. Hinata o abraçou forte. Ele se sentou devagar para retribuir o aperto. Afastou-se dele, devagar, passando as mãos sobre as bochechas com três marquinhas. A moça se emocionou ao vê-lo de tão perto.

Era a primeira vez que o via chorar.

— Naruto-kun...

— Pare de falar besteira — disse tristemente. — Você não tem culpa de nada.

— Naruto-kun...

Foi a vez dele de puxá-la para perto. Hinata nem se importou quando ele a trouxe para seu colo, encostando-se na cabeceira da cama e a deixando soluçar sobre seu peito. Naruto a abraçou como pôde, ora segurando a cintura pequena, ora passando a mão pelo rosto delicado e beijando longamente sua testa, chateado consigo mesmo por deixá-la naquele estado por causa de ideias absurdas.

— Desculpe, Hinata. Eu quis ajudar e só piorei tudo.

Ela apertou a camisa dele nas costas, escondendo ainda mais o rosto no pescoço dele.

— Você devia saber... — falou baixinho, causando um arrepio no rapaz. — Só de estar perto de você, Naruto-kun... eu já me sinto bem.

À medida que Hinata ia se acalmando, o coração de Naruto ia se aquecendo, batendo forte, aliviado por tê-la ali, tão perto, sentindo-se segura ao seu lado.

Naruto tinha consciência da mudança. O sentimento forte que crescia em seu peito, a vontade de protegê-la a todo custo, de fazê-la feliz... A amizade já estava fortalecida, e nada nesse mundo seria capaz de quebrar o laço que se formou entre os dois. Nada mais poderia separá-los.

Seguro desse sentimento, Naruto beijou a testa de Hinata uma última vez antes de adormecer novamente.

 


Já estava escuro quando voltou a acordar. Hinata não estava mais ali, mas o deitara novamente, acomodando-o com todos os travesseiros e compressas em pontos estratégicos do corpo. Provavelmente devia ter usado o Byakugan para ver as áreas mais afetadas e tratá-las adequadamente.

— Um anjo — deixou escapar, bobo.

Levantou devagar, apenas por precaução. Ao sentir o corpo completamente livre de dores, e com a confirmação de Kurama de que estava tudo no lugar, Naruto correu na direção da vozinha que cantava.

— Você é uma boba! — Era a voz de Sakura vindo da cozinha. — Por isso você e Naruto se dão tão bem juntos! Dois bobões.

— Pode ser — Hinata falava risonha. Ele se escondeu na sombra que o corredor projetava, sem saber direito porque não queria participar da conversa. — Mas é um bobo que consegue me convencer a fazer besteira e que ainda assume a culpa. Não posso perder essa chance.

Sakura riu.

— Tem sorte que ele gosta muito de você. Tive a impressão que o estômago dele tinha virado uma pizza.

— Acho que apertei o tenketsu errado... — Mesmo sem olhá-la, Naruto imaginou seu rosto envergonhado, o que acabou por arrancar-lhe outro sorriso. — Naruto-kun é um anjo! Qualquer outro teria me matado assim que acordasse.

— Ele não é nenhum anjo. — O tom de voz da candidata a jounin mudou para um mais profundo. — Você sabe... ele gosta mesmo de você.

Outra vez imaginando o rosto de Hinata, dessa vez corado até a raiz dos cabelos.

— Q-Que bobagem, Sakura-san! E-Eu e Naruto-kun somos apenas bons amigos.

— Não se dependesse de você, não é?

— N-Não di-diga bobagens, Sakura-san! Naruto-kun é...

— O que eu sou?

Apareceu de repente para as meninas, um sorriso inocente de quem não vira ou ouvira nada. Elas acreditaram.

— Naruto-kun! — Hinata correu até ele, abraçando-o apertado. — Como está se sentindo?

— Faminto! — Ele abriu um sorriso, olhando de Sakura para Hinata. — E então? O que estavam falando de mim?

Foi naquele instante que percebeu a péssima mentirosa que Hinata era. Causou-lhe um alívio ao descobrir esse fato, mas mesmo assim ficou incomodado que ela escondesse a verdade dele.

— E-Eu estava... estava dizendo à Sakura-san que você... que você é um anjo por ter... por ter me perdoado.

Engoliu a mentira e abraçou uma Hinata envergonhada. Queria que ela completasse a frase “Naruto-kun é...”. Queria saber o que significava na vida da morena, se havia algo além da amizade, como Sakura insinuou.

Seu rosto desapontado foi captado pela amiga de infância.

Naruto, ainda abraçado à Hyuuga, colocou o indicador sobre os lábios.

Um pedido para que Sakura não o denunciasse.

 


Notas Finais


E então, o que acharam? Não diminuí o capítulo, atendendo ao desejo da maioria, rsrs. ^^"

Pessoas lindas, eu até respirei fundo antes de começar a escrever. Vocês fazem ideia do tamanho da emoção que tomou conta de mim ao chegar aqui na fic, depois de quase duas semanas, e encontrar 114 favoritos? E 36 comentários em um só capítulo? Hein? Mais do que o dobro do que tinha quando postei o capítulo 4! Não estou acostumada com tudo isso, então peço desculpas se parecer uma bobona. Ainda estou meio aérea aqui, rsrs. ^^"

Preciso agradecer enormemente pelos comentários de Antonnia, PainRikudou, PrincesaCrystal, h-ta, ErickzinBrz, FelipeUch, DEIVIDY-, wanderleyluffy, NIX20, daniclik21, AnninFofin, Mah-Uzumaki, Hyanny, Trevas-kun, ANA_Chan18, princesahyuuga1, Jaine_Nina, Andlucs (que comentou em mais de um capítulo desde a última postagem), Himawari2017 (que comentou em 3 capítulos!), mendes_tessa, xDebora18, sandrinhaleite_, nathmfo, Keiko21, hibi3ber, DaayaChan, NHNathy, Rb_Soares, UzumakiMJ, zlCerejinhaH, Arianay_B, NadyBrauna, Ilovez - Clan Akatsuki e NegaHyuuga (que não só comentou aqui, como comentou em outra fic minha também, bombando nas minhas notificações!)!!! ♥‿♥ Acho que não esqueci ninguém... ^^"
E também, por ser um número significativo, quero agradecer a renatakmila, que foi a centésima pessoa a favoritar minha historinha! Muito obrigada! ♥‿♥

Perdoem o textão. Eu preferi fazer aqui do que no início do capítulo, para não parecer um capítulo antes do capítulo, rsrs. ^^"
E, mais uma vez, muito obrigada por todo esse apoio incrível que vocês estão me dando! Muito obrigada mesmo! É muito importante para mim!
O próximo capítulo deve vir em duas semanas, tudo bem? Lá pelo dia 20 ou 21. =)
Até lá! =* ♥


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