História Meu Gato Cappuccino - Prólogo: Um Novo Amigo

O som do cappuccino caindo sobre a caneca preta era ouvida pela dona dos olhos azuis, e talvez por dois pares verdes ainda desconhecidos.

Era uma tarde fria na cidade de Ascot. Fazia poucos dias que o inverno havia começado, e a neve já caia sobre as ruas e telhados das casas. Zoey, — uma garota de dezessete anos, que estava em seu último ano no colégio de St. Mary's School — estava na cozinha de sua casa, esperando sua máquina de cappuccino terminar de despejar a bebida sobre sua caneca preferida.

Ela amava o frio e o inverno, porém, sofria bastante. Estava acostumada com o clima tropical de sua cidade natal no Brasil — da qual tinha ido embora à procura de melhores oportunidades de emprego e principalmente, de estudo — e quase congelou ao experimentar pela primeira vez, o gélido ar de Ascot naquela época do ano. 

Quando sua bebida favorita estar pronta, pegou sua caneca com cuidado para não derrubar o conteúdo, levantou-se da cadeira com um pouco de preguiça e andou em direção a sua sala. Sentou-se em seu sofá e deixou a televisão ligada em um canal de filme aleatório.

Após alguns minutos em que seu cappuccino já havia acabado se deitou sobre o móvel até acabar caindo no sono.

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O barulho alto do celular de Zoey tocando passou por toda a casa, até chegar aos ouvidos da garota, a despertando. Se levantou com desânimo e andou com passos lentos seguindo o som que o aparelho soltava alto.

Depois de uma longa procura, o achou em seu quarto embaixo de suas cobertas e edredons. Quando olhou para a tela, viu o marcador avisando que deveria tomar seu remédio para dor de garganta. Soltou um suspiro irritado, já havia até mesmo esquecido do bendito. Foi até o criado mudo e pegou o remédio finalmente o ingerindo — sem a menor vontade e quase se engasgando por esquecer do copo d'água.

Após alguns segundos pensando no que deveria fazer, já que não estava mais com sono, decidiu permanecer deitada e ler algum livro. A neve caia em excesso lá fora, teria que fazer um enorme esforço para tirá-la da porta de sua casa na manhã seguinte, deveria aproveitar o tempo de descanso.

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Tudo ficou em silêncio por um bom tempo, só se ouvia o barulho das páginas sendo viradas. O livro estava tão envolvente que Zoey nem mesmo percebeu a hora passar, quando se deu conta, já estava mais que na hora de dormir. 

Guardou seu livro e cobriu seu corpo, apagando o abajur que ficava ao lado de sua cama. Já com as luzes apagadas, bastava dormir.

Quando estava pronta para finalmente pegar no sono, ouviu um barulho. Era como se algo estivesse arranhando o vidro de sua janela. Nas primeiras três vezes pensou que era apenas coisa da sua cabeça, mas depois de ouvir novamente teve certeza de que não estava ficando louca — no fundo, ela desejava que estivesse, afinal não queria ser assaltada em pleno inverno.

Foi levantando aos poucos, andando em passos lentos até chegar em sua janela, passou uma mão pelo vidro que estava um pouco embaçado e se surpreendeu ao ver um belo gato de pelagem negra.

Muitas perguntas passaram pela sua cabeça naquele instante, só que mais rápido que todas elas, foi seu instinto de abrir a janela para salvar o podre gato. Sentiu o forte vento entrando e enchendo sua cara de neve e quando teve certeza que o gato havia entrado, a fechou com a mesma rapidez que a abriu. Limpou rapidamente o rosto e olhou em volta, procurando o felino.

Achou o animal sobre seu tapete, lambendo o pelo de suas costas que estavam úmidos. Naquele momento sentiu-se uma verdadeira heroína, e de quebra havia — aparentemente — ganhado um novo amigo. Um belo gato negro de olhos verdes.