1. Spirit Fanfics >
  2. Meu melhor erro >
  3. Duvida.

História Meu melhor erro - Duvida.


Escrita por: brru

Notas do Autor


olaa :)

Capítulo 3 - Duvida.


 

Duvida 

 

Se esses livros realmente foram da mãe de Fernando, a mesma tem um ótimo gosto.  Romances classificados e contos magníficos, qualquer pessoa que fora apaixonada por livros passaria horas e horas desfrutando-os, estavam bem conservados e alguns com capas protetoras. Depois de ler alguns  e matar minha curiosidade.  Voltei a ler o bilhete,  algo martelava em minha cabeça, eu não poderia aceitar o cheque de Fernando. Nós mal nos falávamos e nas poucas vezes que isso acontecia sempre estávamos discutindo, eu também não sabia o que Manuela acharia disso. Bom,  eu poderia imaginar,  ela não gosta "dessas coisas"  e provavelmente brigaria comigo por esta envolvendo Fernando com a instituição,  ou como ela costuma dizer "com aqueles velhos". Respirei fundo e olhei para o cheque, era uma boa quantia e ajudaria muito,  mas cheguei a conclusão que seria melhor devolvê-lo. Longe de mim causar uma discussão entre dois.

 

Mamãe veio me chamar pela terceira vez  para almoçar,  mas sair e deixar todos esses livros estava sendo difícil para mim.  Almocei e voltei para o quarto,  mamãe disse-me que sairia com a mãe de Tomás e não sabia que horas voltaria. Elas costumavam ir à todas floriculturas da cidade a procura de novidades. Eu não sabia ao certo, qual era o divertimento em procurar por espécies novas de flores,  mas com tanto que ela estivesse feliz estava tudo bem para mim.  O cansaço estava quase me vencendo, e meus olhos já ardiam.... Mas a história de Antony e Maria era extremamente viciante.

Ele era um filho mimado e cafajeste, e ela  uma mocinha como todas as outras... Mas havia nela algo especial.  Quando a autora a descrevia eu a via em mim. Maria era uma casca grossa por fora,  mas seu coração sofria e seus pensamentos nunca a deixavam em paz. Os dois se encontram em um estacionamento, quando Antony roubou sua vaga. Eles corriam contra ao tempo  para conseguir uma única vaga de assistente. Os bens de Antony foram bloqueados por seu pai,  por sua falta de responsabilidade e compromisso. O mesmo teria que conseguir seu próprio dinheiro e sua primeira chance era conseguir aquele emprego. Maria o xingou por pensamento,  pelo mesmo a ter feito dar voltas e mais voltas, a procura de uma vaga para o seu velho carro.

 

Ela bufou quando ele sentou ao seu lado, além de esta totalmente desarrumado,  sua cara de ressaca era mais que evidente. Ela virou-se dando-lhe as costas e focou totalmente na TV a sua frente. Sua irritação começou a aumentar quando Antony insistentemente suspirava fazendo alguns fios de seu cabelo saírem de trás de sua orelha.

“ Você pode parar um segundo?”

Ele a olhou sem a entender e franziu o cenho.

“Do que você está falando?”

“Você não para de suspirar,  não vê que está me despenteando?”

 

Ela colocou o seu cabelo atrás da orelha e bufou. Antony viu aquilo como uma distração já que estava demorando demais a ser chamado para sua entrevista. Ele sorriu malicioso  e continuou a suspirar, e dessa vez mais forte. Tanto que Maria decidiu sentar-se o mais longe possível dele. Outras pessoas foram se juntando a eles até que, os espaços para se sentar já haviam acabado. Uma mulher com um bebê chegara aparentemente cansada, e Antony cedeu seu lugar a ela. Coisa que surpreendeu Maria, mas não a livrou de sua irritação. Ele olhou por todo espaço e só havia um pequeno espaço perto de Maria onde ele poderia se sentir mais acomodado,  sem cerimônias ele caminhou até ela e se encostou na parede.

“Não precisa fazer essa cara,  Maria Helena... Eu não vou suspirar perto de você mais... Talvez eu morra aqui mesmo sem ar...”

Ela o olhou incrédula, como ele sabia o seu nome?

“Como você sabe o meu nome?”

“Esta em seu currículo...”

Ele apontou para pasta transparente que estava em cima das pernas dela.

 

Sorri imaginando a cara de Maria, e mais ainda de Antony. Como alguém poderia ser tão irritante? Votei a foca no livro. Mas gritos vindos do jardim me desconcentraram. Olhei pela janela seguindo os gritos e reconheci a voz de Manuela.  Joguei o livro sobre a cama e desci as escadas, a mais rápido possível. Tomás segurava Eduardo pela gola  de sua camisa enquanto Manuela apenas  gritava por ajuda.

— O que está acontecendo? - perguntei aflita.

Mas eles pareciam não ter me visto. Então dei a volta no jardim de mamãe,  procurei por uma enorme mangueira que havia no mesmo e a levei até o lugar da briga,  pedi para que Manuela  ligasse a torneira, e em questão de segundos os jatos de água  os separaram,  Tomás tropeçou e caiu sobre as roseiras de mamãe, e naquele momento eu soube que Manuela e eu, estávamos muito encrencadas.

— Tomás, você pode me dizer o que houve?! - disse com a respiração ofegante. Olhei para Manuela e seu semblante era de nervoso e medo.— Por favor, não me façam perguntar isso de novo!

— Eduardo estava agarrado Manuela contra sua vontade... - Tomás disparou.

— O que?! - indaguei deixando a mangueira cair no chão.

— Isso é mentira! - Eduardo gritou tentando ir pra cima de Tomás novamente,  mas fora impedido por mim.

— Tudo bem! Eu quero os dois calados... - olhei para minha irmã e respirei fundo. — Manu... Diga-me o que aconteceu...

Ela olhou para Eduardo com os olhos marejados e suspirou. — Eduardo tentou me roubar um beijo e Tomás  interpretou tudo errado!

— Mas o que? Lety não acredite nisso... Eu jamais faria isso! - Eduardo suplicou. — Diga a verdade Manuela!

— Fora você que me beijou! - ela gritou.

— E você correspondeu, até Tomás aparecer... Não se faça de vítima!

— Eu não estou me fazendo de nada... - ela olhou para mim chorando. — Lety, Eduardo não aceita o fim do nosso namoro...

— Aí meu Deus! Eu não acredito que você está fazendo isso! - Eduardo rosnou. — Quer saber? Eu sei que você me ama, mas prefere o riquinho, porque ele pode te dar jóias e roupas caras... - Tomás e eu nos olhamos,  parecia que estávamos assistindo de camarote uma briga de marido e mulher.— Escute uma coisa Manuela, quando você   vier me procurar... será tarde demais!

— Eduardo,  as coisas não precisam ser assim... -  disse ela  com a voz embargada.

— Lety,  não se preocupe... Eu pagarei pelo estrago no jardim de sua mãe... - suspirou. — Só me custará um pouco de tempo...

— Não se preocupe com isso Eduardo... - murmurei, vendo-o limpar uma lágrima sorrateira. — Eu darei um jeito...

— Eu insisto... - ele olhou para Tomás e engoliu a seco, acenou timidamente e saiu. Por um estante pensei que Manuela sairia correndo atrás dele, mas em vez disso,  ela olhou furiosa para Tomás e adentrou nossa casa. Eu ainda não tinha entendido o que havia se passado ali.

— Você tem certeza do que viu? - perguntei a Tomás.

— Eu não sei exatamente... - murmurou. —Mas acho que Eduardo não estava mentindo...

— Tomás...

— Ora Lety, assim que me viu ela começou a gesticular e rapidamente se afastou dele,  logo o acertou com tapa... Você queria que eu pensasse o que?

...

 

 

Alguns minutos depois eu estava na cozinha, sentada e como sempre tomando chá. Eu queria acreditar em Manuela, mas devido ao seu passado eu estava com uma “pulga atrás da orelha”. Ela sempre teve uma boa relação com Eduardo, ate chegaram namorar, ele sempre foi um bom "menino"  e mamãe o adorava. Quando ela conheceu Fernando tudo mudou,  passou a ser mais insuportável e algumas vezes respondia papai com grosserias. À princípio eu pensei que a culpa fora de Fernando, mas  vi que, Manuela estava sendo a pessoa que infelizmente ela sempre sonhou em ser. Nunca se importou com os sentimentos de ninguém, e sempre se colocava acima de tudo.

— Falando sozinha?

— Você pode parar de aparecer do nada? - eu disse com a mão no peito depois do susto que levei.

— Eu também estou feliz em te ver Letícia... - ele sorriu e sentou-se a mesa. — Essa casa está muito silenciosa... - murmurou olhando para os lados. Eu o olhava bebericando meu chá, e pensando em tudo que havia acontecido minutos atrás. Se realmente fosse verdade que Manuela e Eduardo estavam se beijando, não seria justo com Fernando.

— Lety?

— Hmm...

— Aconteceu algo?

— Ah, não! Érr.. Só estou cansada....

— Você me parece preocupada...

– Eu realmente estou cansada Fernando.- repeti.– Mas e você, o que faz aqui a essa hora?

– Por que? Eu não posso mais vir a casa da minha namorada?- disse divertido.

– Bom, claro... mas se não me engano, você costuma esta trabalhando esse horário, ou estou enganada?- tomei um pouco do meu chá, e o encarei.

– Hoje não... vim  convidar você e Manuela para o aniversario da minha sobrinha...

– Oh, eu não sabia que você tinha uma sobrinha

– Tenho.- me corrigiu.– E você só não sabe mais de mim, porque perde mais tempo implicando comigo e dizendo o quão insuportável sou...- ele sorriu sua risada me contagiou por um estante.

– Quem disse que é perda de tempo implicar com você?- arqueei uma sobrancelha.– Depois de ir a instituição, essa é  a melhor coisa que faço, e me divirto muito.

– Se diverte me provocando?- indagou surpreso.

– Claro...-

– Então, isso é uma guerra e eu não sabia?- ele balançou a cabeça em negação e novamente sorriu.

– Talvez você seja lerdo demais para essas coisas...- ele abriu a boca surpreso e manteve-se calado apenas me olhando, de uma forma bem diferente pra falar a verdade.

– Tudo bem, você venceu essa, mas só porque estou atrasado.- virou os olhos.– Tenho que ir buscar alguns doces da festa, e avisar algumas pessoas...- ele levantou lentamente e colocou as mãos nos bolsos de sua calça.– Você pode avisar a Manuela?

– Claro, mas não sei se ela irá...

– Aconteceu algo com ela?

– Não seria melhor você mesmo ir ver?

– Sua mania de responder minhas perguntas com outra pergunta é totalmente irritante...- ele disse se aproximando.

– Mais um ponto para mim...-sorri. Ele virou os olhos e olhou estranhamente para minha xícara de chá. – O que esta fazendo?

– Apenas confirmando uma coisa...- o olhei curiosa.

– O que?

– Você esta tomando chá frio? Ninguém nunca disse a você que chá frio é a pior coisa do mundo?

– Não, você é o primeiro...

– Já tentou tomá-lo morno?

– Eu não acredito que você esta se importando com a temperatura do meu chá...- falei incrédula.

– Pois bem, não é da minha conta.- deu de ombros e se afastou.– Por favor, avise Manuela...- disse já saindo da cozinha.– Ah, seria interessante se você fosse...

 

Ele piscou como sempre fazia quando queria me provocar e se fora. Eu não estava entendo essa nova “relação” entre mim e Fernando, mas era bem melhor que a de antes. Nossas discussões sempre foram por causa de Manuela, eu sempre a protegi de tudo e de todos, e desde que papai morreu esse sentimento de proteção só aumentou. No começo de tudo Fernando parecia muito misterioso e sem lhe dar uma chance o ameacei caso fizesse algo com Manuela. Éramos apenas três mulheres e estávamos sozinhas, mamãe ainda estava triste pela morte de papai, e Manuela não se importava com nada, alem do seu ego. Só restava a mim, ajudá-las e passar confiança. Eu sempre fui a mais forte das três. Papai costumava dizer que depois dele, eu era o homem da casa, sinto muito a sua falta, os seus conselhos sempre me ajudavam a tomar as decisões certas.         

– O que aconteceu com minhas flores?!- ouvi mamãe gritar. Eu teria que ter uma boa desculpa para justifica o estrago que Tomás e Eduardo fizeram.  

...

 

 

– Eu não vou a festa dessa pirralha só para agradar Fernando, Letícia.- Manuela resmungou.

– Você poderia ser menos desagradável?- bufei.– Qual o problema de ir a uma festa infantil?

– Tem crianças lá, e eu as detesto... principalmente a sobrinha de Fernando!

– Bom, então diga isso a ele...- ela franziu o cenho e olhou para mim.

–  Por que esta tão preocupada com isso? Você nunca gostou de Fernando.

– Eu não estou preocupada...- suspirei.– Você só devia se esforça mais, e parar de agir assim...

– Ok Madre Tereza... Você me convenceu vamos a festa da pirralha...

– Eu não vou!

– O quê?- indagou rindo.– Não pense que vou sozinha para o inferno... Se vou ter que agüentar milhões daqueles remelentos correndo de um lado para outro, você também terá...

– Mas... mas eu não tenho o que vestir. Ou mesmo comprei um presente.

– Vista-se freira...- bufei.– E leve uma Barbie, meninas adoram bonecas.- as vezes parecia que Manuela não era minha irmã, seus modos e sua arrogância eram extremamente inaceitáveis.

– Tudo bem...- assenti.– Er... posso fazer uma pergunta?

– Claro...

– Você ligou para o Eduardo? Pediu desculpas?

– Eu não vou pedir desculpas por uma coisa que não fiz! Ele me agarrou, e tentou se aproveitar de mim...

– Você tem certeza?- franzi as sobrancelhas.

– Tenho! Agora sai do meu quarto!.- disse enquanto me expulsava do mesmo.

...

 

 

Fernando.

 

Julia corria de um lado para outro com seus amigos, enquanto eu e Márcia  tratávamos de receber os últimos convidados,  eu nunca pensei que uma simples festa de aniversário daria tanto trabalho. Essa era a primeira festa de Julia desde de seu nascimento. Ela nasceu com  um problema auditivo e devido a isso sempre fora muito tímida. Então, resolvi adotar rock, e fora a melhor coisa que fiz. Rock e Julia se tornaram grandes amigos,  e com pouco de paciência  ela fora perdendo sua timidez. Papai viajou por vários países até finalmente encontrar o parelho auditivo que ela precisava.  Vê-la correndo e sorrindo parece um sonho.

 

— Que tio coruja! - ouvi a voz de Manuela atrás de mim e sorri. — Olá meu amor! - ela me deu um beijo rápido e sorriu, franzi o cenho curioso. Ela nunca gostou desse tipo de festa.

— Ah,  oi! - voltei a sorri. — Marcia precisa de ajuda com os doces, pode ajudá-la?

— É sério? - indagou manhosa. — Eu posso cuidar das crianças, prometo.

— Você? Cuidando de crianças? Isso é novidade...

— É só um treinamento, para futuro... - ela piscou pra mim é forcei um sorriso. Nunca havíamos falando de filhos,  na verdade estávamos longe disso já que, eu ainda não a tinha pedido em casamento.

— Tudo bem... - assenti. — Ah,  você está linda....

— Obrigada... - ela se aproximou mais de mim, e sorriu maliciosamente... Nossos lábios estavam prestes a se tocar, quando um dos amigos de Julia passou correndo entre nós. Manuela deu alguns passos para atrás,  e de repente ouvimos um "Ai".

 

Letícia estava logo atrás de Manuela massageando seu pé. Rapidamente a levamos para sentar-se no sofá da sala de espera. Marcia buscou por uma bolsa de gelo demonstrando preocupação. Olhei para sandália de Manuela, grunhi,  Lety provavelmente estava sentindo muita dor.

— Se sente melhor? - Márcia perguntou a ela.

— Sim... - sussurrou. Seus olhos estávamos vermelhos e cheios de lágrimas.

— Lety por favor,  me desculpe! Eu não percebi que você estava atrás de mim... - Manuela suplicou aparentemente preocupada. — Eu sinto muito...

— Não se preocupe Manu, é só um pé inchado, eu não vou morrer por causa disso... - sorriu tímida. — Vocês não precisam ficar aqui... As crianças devem esta ansiosas para cantar parabéns...

— Tem certeza que vai ficar bem sozinha? - Marcia indagou.

— Sim,  não se preocupe... Não roubarei nada!

— Não seja boba! - Marcia sorriu. — Se precisar de algo, por favor não hesite em me chamar... - ela pediu licença e saiu  para festa.

— Por que sua irmã não fala assim comigo? - Manuela perguntou com os braços cruzados.

— Porquê você não faz nenhum esforço para se entender com Julia...

— Ela não gosta de mim. O que eu posso fazer?

— Sorria mais.... - eu disse divertido.

— Não sou nenhuma palhaça... - ela respondeu sentando-se ao lado de Leticia.

—Então,  nada feito.... Eu estarei no meio da meninada caso precisem de algo.... - pisquei para as duas e sai.

...

 

 

 

Lety.

 

— Por que esta me olhando assim? - perguntei a Manuela.

— Você tem muita sorte Letícia!

— Você só pode está brincando... - virei os olhos. — Estou com pé inchado,  e vou perder a melhor parte da festa, que são os doces... Não tenho nada de sorte...

— Não estou falando disso. - ela suspirou. — Você não vai precisar fingir ser simpática para agradar a família do seu namorado, durante uma festa chata...

— Sabe Manuela? As vezes penso que você só está com Fernando pelo seu dinheiro...

— Sabe irmãzinha?  Talvez você esteja certa... - ela sorriu e me mantive seria. — Bom, por sorte há alguns livros naquela estante... - ela apontou para o móvel que estava atrás de mim. — Você pode se distrair com livros, já que gosta tanto de ler... Até logo...

 

Fiquei alguns minutos admirando tudo a minha volta. A irmã de Fernando devia ser muito rica,  e também tinha um ótimo gosto para decoração. Provavelmente o sofá  que eu estava sentada, valia por toda minha casa. Todo gelo que havia na bolsa térmica derreteu,  então decidi que já estava na hora de levantar, eu ainda sentia algumas pontadas em meu pé, mas nada que me impedisse de andar. Procurei por minha bolsa e voltei a sala principal. Haviam crianças correndo; crianças chorando e algumas gritando histericamente. Procurei por Manuela, e uma moça simpática disse-me que havia a visto no jardim.  Andei por alguns segundos até vê-la conversando com Marcia,  as duas pareciam bem distraídas, então resolvi não atrapalhar a conversa.

 

Por sorte eu estava perto da mesa de doces, na verdade haviam mesas por toda casa e pelo jardim,  graças a Deus todas recheadas dos melhores doces da cidade. Timidamente roubei um da mesa a minha frente e comi,  sim,  era o melhor doce do mundo. Logo,  peguei outro,  e outro. De repente ouvi um latido,  olhei para atrás e um cachorro me encarava, dei alguns passos para o lado e ele voltou a latir. Meu desespero aumentou quando olhei para os lados e me vi sozinha.

 

— Amigo,  amigo.... -  tentei parecer segura, mas minhas pernas tremiam sem parar. Fechei os olhos aflita e tentei controlar minha respiração. De repente ele correu para cima de mim,  tentei me proteger com os braços porém fora tarde demais,  cai no chão sentindo suas lambidas pelo meu rosto e meus braços.

— Ele gostou de você! - ouvi uma fina voz gritar.

— OK,  eu já entendi. - disse aflita. — Tire-o de cima de mim.

— Rock! Aqui garoto... - imediatamente o cão correu para os braços da linda menininha. — Você está bem?

— Sim...-ela me deu mão e me ajudou a sair do chão. — Me chama Letícia!  

— Julia!

— Oh,  então você é a Julia... - abracei. — Parabéns! - sorri.

— Obrigada... - ela sorriu de um jeito divertido. —Deixe-me arrumar seu cabelo... - me agachei e ela delicadamente penteou meu cabelo com os dedos. — Pronto....

— Obrigada...

— Me desculpe por Rock,  o meu tio não soube adestrá-lo.

— Falando mal de mim  mocinha?! - Fernando disse divertido. Ele olhou para mim,  e arqueou uma sobrancelha— O que aconteceu?. -  oh,  eu devia estar horrível.

— Rock,  gostou de Letícia!  - Julia disse saltitante. Fernando olhou para seu cachorro que agora parecia um anjo e balançou a cabeça sorrindo.

— Ele tem bom gosto... -  franzi o cenho com seu comentário e de repente ele olhou para mim. — Manuela disse que você queria doce fui deixar alguns para você, mas não a  encontrei... Pensei que tivesse ido embora...

— Não se preocupe, eu já comi o suficiente... - respondi terna.

— Rock não! - ouvimos Julia gritar, a mesma tentava deixar o cão mais  longe possível de seus amigos. Eu e Fernando sorriamos nos divertindo com a cena. Mas por um estante desviei meu olhar para olhá-lo...

— Perdeu alguma coisa? - ele perguntou ainda sorrindo.

— Ah,  Er... Não!

— Bom,  você não me disse o que achou dos livros...

— São... são maravilhosos...- respirei fundo. — Tenho certeza que todos vão gostar na instituição... - ele parecia feliz com meu comentário. — Mas Preciso falar outra coisa... - ele se aproximou  de mim curioso. Abri minha bolsa e busquei pelo cheque que ele havia me dado. — Eu não posso aceitar... - disse entregando o mesmo.

— Por que não?! É uma simples ajuda... - sorriu confuso. — Entendi,  você achou pouco? Eu posso...

—Não Fernando, não é isso! Eu só não quero meter você nos "meus problemas"... Tenho certeza que eu e Lucrécia vamos dar um jeito.

— Eu não estou entendendo,  você não disse que estavam com problemas financeiros? - assenti. — Então qual é o problema de aceitar um simples cheque? -"simples cheque"  como ele era modesto.

— Eu já disse o  motivo... - murmurei. — Manuela não me deixará em paz se souber que você está ajudando na instituição...

— Tudo bem, então se esse é o problema, eu falo com ela... - ele disse virando-se,  mas fui mais rápida e segurei em seu braço... O puxei para mim e nossos corpos se chocaram. Ele olhou para mim surpreso,  e novamente voltei a sentir... o melhor perfume do mundo.  De repente senti vontade de abraçá-lo, na esperança que seu perfume ficasse em minha roupa. — Lety... - ele sussurrou olhando para minha mão que  ainda o  segurava,  pedi desculpas e me afastei lentamente dele.

— Por favor, não insista Fernando...

— Eu não entendo você...

— E não deve... - desviei meu olhar do seu vendo Manuela se aproxima. — Por favor, não diga nada ela.

— Como você quiser... – respondeu ríspido e forçou um sorriso para Manuela.

...

 

 

 

– É impressão minha, ou você e Fernando estão se entendo?- Manuela disse ao sentar-se em minha cama. Olhei para ela e forcei um sorriso.

– Talvez...- tirei minhas sandálias e me sentei ao lado dela.– Você e Márcia pareciam bem...

– Eu estava me esforçando como Fernando pediu, mas não sei se a convenci.

– Por que esta fazendo isso Manu? Se não o ama, só o fará sofrer...

– Bom, eu não o amo... mas gosto dele...- ela sorriu.– Fernando é a porta para que saia dessa vida, Lety.- suspirou.– Ele é rico pode ajudar nos remédios de mamãe e ainda por cima pode nos tirar desse bairro de gente fofoqueira.

– Você esta fazendo tudo errado... A felicidade vem em primeiro lugar, não adianta ter rios e rios de dinheiro se você não é feliz...

– Graças a deus que eu não penso assim...- ela virou os olhos.– Você devia ser mais gananciosa, pensar no futuro.

– Se o meu futuro é ser infeliz por causa de dinheiro, eu prefiro ficar aqui no “bairro de gente fofoqueira”,  e  tenho certeza que não iria me arrepender...

– Aaaah, não vamos discutir por isso... Eu estou cansada.- ela beijou-me na bochecha e bocejou.– Mas a minha decisão já esta tomada... Talvez algum dia que possa amá-lo.

Entrei debaixo de meus lençóis e fechei os olhos. Eu não queria acreditar que a doce Manuela se transformou ema uma mulher tão egocêntrica e egoísta.

 

...

 

 

 

Dois dias depois.

 

– Você esta bem? - Tomas perguntou pela terceira vez.

– Sim... E se você fizer a mesma pergunta de novo, eu não respondo por mim...- ele me olhou surpreso e continuou encaixotando alguns livros. Estávamos na biblioteca da instituição retirando livros velhos e colocando os que Fernando a havia doado.

– Brigou novamente com Pablo?- bufei.

– Não Tomás! Há dias eu não vejo Pablo... eu só não quero conversar!

– Então eu não vou deixar você em paz ate que me diga o que aconteceu... – ele se aproximou de mim com os braços cruzados.– Já sei, Manuela aprontou de novo.

– Não...- respirei fundo.– Quer dizer... sim tem!

– Eu sabia! Vamos dezimbucha!

– Ela me confessou que só esta com Fernando por causa do seu dinheiro...

– Era só isso?- indagou frustrado.

– Você não esta surpreso?

– Oras Lety, não se faça de boba... Todos sabem disso. – ele riu.– Como costumam dizer em novelas  ‘ não há química’ entre eles, ou mesmo se vê eles com aqueles olhares...

– Que olhares?

– Aqueles de pessoas apaixonadas...Que contagiam qualquer pessoa...- olhei confusa para ele.

– Ai Tomas, você anda assistindo novelas demais...

– Só estou dizendo a verdade... É você que não quer acreditar...

– Vocês não vão acreditar! - Lucrecia disse animada.- Temos mais dois voluntários.

– Quem?- dissemos eu e Tomas.

– Venham aqui, eles estão no corredor...- ela saiu da biblioteca  exalando felicidade.

–  Pode ir, eu vou depois...- Tomas sorriu. Assenti, e rumei para o corredor. Lucrecia conversava com um homem alto, cabelos prestos e ondulados. Tinha boa postura e... eu o conhecia. Me juntei a eles e de repente senti um frio na barriga.

– Lety, esse é Fernando...- nós olhamos sem nenhum expressão ou mesmo nos cumprimentamos. Desde nossa ultima conversa nós não, nos víamos.– Bom, por favor mostre a ele toda a nossa “casa”...- ela disse animada e se afastou.

– O que você faz aqui?- sussurrei.

– Agora sou um voluntario...

– Fernando eu disse...

– Olha não importa o que você disse, eu quero ajudar e é isso que vou fazer. Manuela não manda em mim, ou mesmo em você. A propósito, você devia ter mais atitude e parar de tentar agradar todo mundo.- meu queixo de mediato caiu e eu sequer conseguia falar.

– Ei, não brigue com ela...- olhei para atrás de Fernando e Julia batia o pé chateada.– Não se fala assim com as mulheres tio...

– Me desculpe...- ele disse sorrindo.– É que as vezes algumas mulheres...- ele olhou para mim.– Precisam de choque de realidade...

– Ah é mesmo?- perguntei a ele.– Então veja se isso é real...- com todas as minhas forças pisei em seu pé, de mediato ouvi seu grunhido seguido da risada de Julia ri. Todo rosto de Fernando ficou vermelho, e ele provavelmente estava planejando a minha morte por pensamento.

– Você me paga...- ele sussurrou alisando seu pé por cima de seu sapato.

– Estarei esperando...- respondi. Olhei para Julia e sorri.– Então quer você ajudar pequena Julia?

– Simmm...- respondeu animada.

– Você gosta de ler?- ela assentiu.– Eu conheço uma senhora que gosta de ouvir boas historia, e hoje esta bem tristinha, o que acha de animá-la?

– Eu consigo...-ela segurou minha mão animada. Fernando sorria vendo sua animação, mas quando olhava para mim ficava serio.

– E eu o que vou fazer?- indagou ele.

– Tomás esta na biblioteca... – respondi com desdém.– Se não for muito pra você organizar e encaixotar livros você pode...

– NÃO! Não é muito para mim...- ele se aproximou de mim e sussurrou.– Mulher gelo...

– Ogro!- respondi no mesmo tom.

– Esta tudo bem? - Julia perguntou se colocando entre nós.

– Sim, vamos ver nossa amiga... Ela vai ficar muito feliz...

Ela correu em minha frente totalmente animada, olhei discretamente para atrás e Fernando nos olhava sorrindo, Julia parecia significar muito para ele.  

 

...

    


Notas Finais


gracias pelos comentários... que bom que estão gostando. <33

bjsss

-bru


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...