História Meu Namorado É Um Vampiro - Capitulo 1

Londres, 1867

Muitas vezes quando você fala que veio de um orfanato, as pessoas te olham de jeito diferente. Sentem pena de você. Chegam até a te tratar mal por isso. E foi assim que eu passei por 17 anos. Mas, desde pequena, nunca deixei de sonhar em ter uma família, e pensar que esse pesadelo iria acabar. Até que isso morreu, quando faltou um ano para mim completar a maioridade, realmente a ficha caiu. Eu não seria adotada. Nada mudaria.

Esses pensamentos me deixou um pouco amarga, ou talvez eu tenha amadurecido e nem havia percebido isso. Acabei deixando minhas vontades, meus sonhos, para lá e ocupei a minha cabeça em como seria a minha vida quando eu completasse 18 anos e tivesse que sair do orfanato.

Eu tenho amor e carinho aqui. Tenho amigos e uma cama quentinha que não troco por nada. Mas como será a minha vida quando eu ir embora?

- Tori? – Melliane tocou em meu braço, afastando certos pensamentos da minha cabeça – Está tudo bem?

Eu sorri Para a minha amiga.

- Estou bem –digo, voltando a arrumar a cama.

- Está pensando muito na família que vai vir aqui? –ela perguntou.

Dei de ombros. Na verdade, eu nem sabia que uma família iria visitar o orfanato. Mas isso não me importava, porque a maioria dos casais que vinham aqui, adotavam crianças pequenas, não uma garota de 17 anos.

- Na verdade, Não – falei, terminando de dobrar o ultimo cobertor – Não acho que eles vão me adotar...

- Querida –ela fala, doce – temos que ter esperança!

Encarei a minha amiga. Não a culpo por se sentir assim, ela é uma garota que chama a atenção de todos. Melliane é só um ano mais nova que eu, tem o cabelo cor ruivo e olhos verdes. Ela é a bonequinha do orfanato. Todos gostam dela. E ela é a única pessoa que me dá esperança nesse lugar.

- Você tem razão – murmurei, abraçando-a – vou me vestir e logo irei descer para o café da manhã.

Ela sorriu de orelha a orelha.

- Ok – disse, indo até a porta para sair –Ah, coloque aquele vestido azul, realça seus olhos!

Eu apenas sorri, concordando. Fui rapidamente tomar um banho e optei por vestir o vestido azul que minha amiga falou. Ele é o meu preferido na verdade. Arrumei o meu cabelo em uma trança e me encarei no espelho. O cabelo preto, olhos castanhos, magra... não tenho nada de especial. Então por que alguém me adotaria?

Suspirei.

Fui até o salão de refeição, que era no primeiro andar do prédio. Chegando lá, percebi que estava atrasada, todos já tinham rezado e agora estavam comendo. Andei até a mesa dos meus amigos.

- Oi, gente.

- Oi –responderam eles.

- Sempre atrasada, Victorie? – perguntou Maria, sorrindo.

Eu ri, olhando para a torrada que estava passando geleia de morango.

- Parece que você não é a única atrasada aqui – escutei Derik falar.

De repente, um barulho ensurdecedor assustou a todos, e todos olharam para a porta. Eu já sabia quem era.

- Oi, pessoal.

Christopher sentou ao meu lado. O encarei. Ele é o meu melhor amigo.

- Atrasado? –falei, rindo.

Ele corou, desviando o olhar.

- Acabei dormindo demais... Derik, por que não me acordou?

Não escutei o que ele respondeu logo em seguida, apenas continuei a encarar Cristopher.

Ele estava do mesmo jeito de sempre. O cabelo loiro bagunçado, a roupa amassada e a gravata borboleta arrumada errada. Era tão o jeito dele. E então seus olhos verdes me encaram. Paraliso. Um silencio ficou entre nós todos, já que eles não paravam de me olhar. Me remexi na cadeira e dei uma mordida na torrada.

- O que foi? –perguntei para eles, que continuavam a olhar para mim. Mas riram e voltaram a conversar.

- Eu já disse que você fica linda com esse vestido? –escutei Christopher sussurrar em meu ouvido.

Quase dei um pulo. O conheço desde sempre, e essa era a primeira vez que o escutei falar isso para mim. Para qualquer garota, na verdade. Virei o rosto para encara-lo. Ele estava sorrindo, com as bochechas coradas, dando destaque nas suas sardas. Senti o meu coração acelerar. O rosto dele a centímetros do meu. Corei violentamente.

Por sorte, o sinal soou e tivemos que nos retirar. Sai da sala sem falar nada e corri, quase perdendo as sapatilhas, para o salão principal. Provavelmente, teríamos que nos apresentar para a família que todos falam.

O sol atravessava as janelas do corredor, olhei para fora enquanto corria, o dia estava lindo. Sorri, prestes a empurrar a porta da sala para entrar, quando recuei. Em passos curtos, voltei a para a janela.

- O que foi? – escutei perguntarem pra mim – Por quê saiu correndo daquele jeito?

Não respondi. Uma carruagem acabara de parar na frente do orfanato. Encarei as pessoas que saíam de lá, uma das madres foi correndo atende-las.

- Céus... – de repente Christopher estava do meu lado. Ou estava antes e eu nem havia notado – Essa... essa é a família Wherlock?

Eu apenas continuei a olhar. Até as pessoas olharem para mim. Senti um frio no estomago. O sinal soou pela ultima vez. Christopher colocou as mãos nas minhas costas e me guiou até a sala. Por algum motivo eu estava aflita.

Logo estávamos enfileiradas, as crianças menores na frente. O mesmo os meninos, que estavam na fileira ao lado.

- Está nervosa? – Melliane sussurrou atrás de mim.

Assenti, sem pensar. Percebi ela sorrir.

- Também estou – falou.

Logo escutamos a porta se abrir. Todos pararam com os cochichos e encararam seriamente as madres que apareceram na porta. Christopher, me chamou, baixinho. O olhei. Tive que virar o rosto para rir com a careta que ele estava fazendo.

- ... Eu espero que o nosso orfanato seja escolhido mais uma vez... – Sr. Alvarez falava. Me concentrei em escutá-la, mas o loiro na fila ao lado não me deixava.

Respirei fundo e parei de rir. Logo a porta se abriu mais uma vez e uma mulher começou a caminhar em nossa direção, passando por meio das fileiras. Encarando cada rosto que via. Ela era linda. O cabelo cor cobre e a pele branca. Ela usava um vestido preto, longo, de decote quadrado.

- Crianças – Sr. Alvarez falou mais uma vez – Katherine Wherlock...

A mulher sorriu falsamente, o mesmo todos nós. De repente, as palavras "Bastardos sujos" ecoou na minha mente. O meu sorriso sumiu. Balancei a cabeça. Outro homem passou pela porta, escutei suspiros vindos das meninas. Ele era incrivelmente bonito. O cabelo preto ia até os ombros, a roupa bem arrumada o destacava.

- Argus, querido – A mulher bem vestida falou, encarando o homem – Não são todos lindos?

O mesmo sorriu.

- Damen e Rukia querem vê-los.

A mulher sorriu mais uma vez.

- É claro, chame-os.

Estufei o peito, nervosa. Essa família era diferente das outras que passaram por aqui, eu tenho certeza. Encarei Melliane atrás de mim, vendo como ela estava desconfortável também. Logo na porta apareceu mais um casal. Suspiros novamente quebrou o silencio da sala. O belo garoto, que não aparentava ter mais que 17, entrou acompanhado de uma bela garota. Os dois formavam um Lindo casal, sem duvida!

Percebi os olhos dos garotos brilhando ao vê-la, eu ri, mesmo as garotas não estarem muito diferentes por causa do garoto. Logo senti minhas bochechas queimarem quando a família começou a olhar em minha direção.

- Eles estão olhando para mim – Melliane sussurrou, animada.

Olhei na direção deles, e o garoto loiro estava realmente olhando... para mim! Desviei o olhar, envergonhada.

- A família Wherlock irá passar quatro dias no orfanato, conhecendo cada um de vocês... – Uma das madres falava, mas acabei por não prestar atenção quando os olhos cinzas do garoto focaram em mim. Mordi o lábio, nervosa.