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História Meu Namorado Mafioso - Meu namorado gay


Escrita por: xAphrodite

Capítulo 2 - Meu namorado gay


 

Gay! Gay! Gay!

Como Yoon Jeonghan, poderia ser gay?

Sacudi a cabeça, ainda com os olhos esbugalhados e enfiei mais meus pés na areia, que de longe era a mais limpa do mundo. Senti Hoshi me abraçar de lado, me incentivando a apoiar a cabeça no ombro dele. E foi o que fiz.

Naquela tarde, não me permiti chorar. Depois da investigação frustrada-bem-sucedida, os meninos me levaram para caminhar pela areia do litoral. E em alguns segundos, eu analisei a ideia de me jogar no mar e ver se Poseidon me carregava de uma vez. Como ele poderia estar mesmo me traindo? Esqueci disso tudo, quando Seungkwan apareceu na minha frente com um pote de sorvete, para que eu pudesse afogar minhas mágoas. Ou melhor dizendo, meu duplo chifre.

Quando liguei os fatos, que Cheolie era Olaf e não Elsa, foi como se o monstro de gelo que eu guardava para perseguir os dois, tivesse se transformando na Rena. E tudo que desejava era a minha cenoura, vulgo sorvete de morango.  Até mesmo meu Blank Space, ficou incompleto. Como reagir diante a situação, em que seu namorado te trocou por um cara? Eu queria pesquisar na internet e me certificar de que ficar triste, não eram sinais de homofobia. Mas eu estava muito triste e me sentindo duplamente traída, para me importar de verdade. Já que além dele estar beijando outra boca, ainda mentiu, dizendo que era totalmente heterossexual, sem margem para erros. E como fui tola! Acreditar que um menino tão bonito, de cabelos longos não seria gay. Tá que esses não eram bons argumentos. Tanto eu, quanto a Louca dentro de mim, queríamos somente arrumar ideias absurdas para comprovar o fato.

Jeonghan era Gay!

— Bel — Soonyoung alisou meu braço — não fica assim. Eles nem devem ser nada do que acha. — Hoshi, eu vi. — Enfiei uma colher cheia na boca.  — E vi muito bem. Isso dói! — Praguejei, me encolhendo perto dele.

— Para de sofrer por antecedência. — Seok pediu baixinho.

— Seokmim, você não viu? Eram tão bonitinho juntos, que até eu to shippando. — Arregalei meus olhos para ele, que me encarou de sobrancelhas arqueadas.

— Ah, cala a boca, Bel! Na pior das hipóteses, ele deve ser bi — Seungkwan me repreendeu. Claro, jogando uma nova verdade na minha cara. — Pode ser que a menina bonita seja namorada do Tal Cheolie. E também deve estar sendo traída.

— Seungkwan. — Seokmim disse alto — Só, para!

E com uma sirene na minha cabeça, todas as pequenas insanidades começavam a correr de um lado para o outro, com a nova informação. Jeonghan estaria me traindo e traindo a Elsa? Oh! Ou então, ele estava fazendo um casal com Olaf e com a Elsa. Aquele promíscuo!

Olhei para o mar calmo e um brilho tomou conta dos meus olhos, e de todo o espaço oco da minha cabeça. Lá estava ele, meu livro lindo, sendo aberto com uma luz e escrito em vermelho sangue pela Louca, o nome dele era gravado novamente. A investigação ainda não havia terminado. Não mesmo! Me levantei da areia e os meninos me observaram calados. Meu olhar me entregava, e Seokmim já tinha sacado. Eu tinha um novo plano. Estava de volta e mais que nunca, não havia desistido de descobrir e reunir provas, que meu amado namorado traidor, não queria cabelos cumpridos. E sim, mais curtos que o meu!

— Eu preciso de novas pistas! — Gritei.

— Porque não pergunta a ele Mabel? — Soonyoung me encarou, mas eu já estava decidida.

Só precisava de um sorvete novo. 

Quando cheguei no meu apartamento, deixei o pote de sorvete na mesa. Eu havia comido uns cinco daquele, e algo dentro de mim dizia para parar. Me joguei no sofá com meu celular na mão. Precisava mandar uma mensagem caprichada para aquele traidor, que adorava brincar na neve, se é que me entendem!

Olhei para o celular alguns longos minutos, pensando na cena da tarde. O Cheolie era lindo, e másculo! Tão másculo, que eu quase conseguia imaginar, ele me protegendo de assaltantes numa noite fria. Céus, ele era legal! E quem não gosta de pessoas legais? Ele deveria ser tão divertido quanto o Olaf. Todo mundo ama o Olaf. Enquanto eu, em um momento que era para ser fofa, havia sido denominada "sem sal". Droga! Eu deveria ser mais como ele e menos como o Sven. Apesar dos galhos que levava, combinarem muito bem com minha posição de Rena. Mas Han nunca me cobrava nada, então em grande parte a culpa era dele, por ter me deixado agir assim.

 

"Seu traidor. Quem é Cheolie? Eu vou acabar com você

" ...seu..."

" ...eu vou....".

 

Argh! Eu não conseguia enviar uma frase depreciativa para ele. Não conseguia nem mesmo xinga-lo em voz alta de nada feio. Por mais que tentasse, diversas vezes.

Depois de muito tentar, como se não bastasse meus dedos digitarem frases sozinhas. Onde eu basicamente amarrava Jeonghan num poste e o torturava até me dizer quem era O Cheolie (e chorar muito dizendo que o amava no fim), eu consegui mandar um simples e básico: "oi, venha me ver hoje!".

Eu ainda queria ele perto. No real, eu queria ele mais perto do que antes. Talvez, até mesmo, amarrar ele no pé da cama. E queria que Jeonghan sentisse o mesmo. Gostaria que ele fosse o kristoff, e viesse correndo no meio da neve, só para me salvar. Ou iria me embebedar de sorvete, até desmaiar. E foi nesse ritmo, que fingi minha melhor doença. Ou quase, já que minha garganta começava a arranhar, e meus olhos tristes estavam lá pela falta de coragem de aceitar que, meu Han era gay.

Naquela noite, quando Jeonghan chegou, eu vestia um conjunto moletom cinza. Enquanto fingia uma tosse, como se meus pulmões estivessem velhos, eu me joguei nos braços dele. Ele me encarou enquanto eu deitava minha cabeça em seu peito e engolia um sorriso, substituindo-a por outra tossida, um pouco fajuta demais. No entanto, a julgar pelo olhar do meu traidor, ele havia se preocupado de verdade.

— Você. Cof, cof. Veio. Cof. Hannie! — Disse em meio a uma tosse, semelhante ao do fim da vida.

— Bel. — Ele me abraçou pela cintura. Deixei meu peso em cima de seus ombros. — Nossa, o que andou fazendo? Você parece péssima! — Jeonghan tentou olhar meu rosto, fazendo eu me agarrar mais a ele — Onde estava que pegou esse resfriado? Eu poderia ter trago remédios, se tivesse avisado. — Han me arrastou até o sofá, eu me joguei no móvel, deitando nas pernas dele assim que se sentou.

— Está tudo cofcofcof, bem. — Sorri amarelo — Abusei do sorvete.  — O menino passou a alisar meus cabelos bagunçados, presos por um coque desgrenhado bem no topo da cabeça.

— Sabe que não pode fazer isso Mabel — você também não pode dar atenção a outra pessoa — Vou no seu banheiro ver se tem algum remédio.

— Não! — Gritei rápido. Jeonghan uniu as sobrancelhas parando o carinho. — Eu já tomei um remédio. Só fica aqui comigo. Uh? Eu não sei se passo de hoje. — Me levantei, subindo em seu colo como um gato.

— Passa sim. Noto que sua tosse até melhorou! — Falou com um sorrisinho de canto.

Céus, Bel, você foi pega!

— CofCof. Acho. Cof, cof. Que não!  Preciso de mais carinho.

Han alisou meu cabelo e se ajeitou para que eu sentasse entre suas pernas, me dando apoio na cabeça com seu braço esquerdo. Ele pegou o controle remoto e ligou a TV, que ainda estava plugada com o aparelho DVD ligado e passava o início de Frozen. Ele sorriu para mim, voltando a olhar para a televisão, enquanto eu tossia discretamente, sem desgrudar os olhos de seu rosto.

Jeonghan poderia ser considerado um deus. Olhando ele de onde eu estava, conseguia ver seu pescoço branquinho, os cabelos soltos, parando por cima do ombro, e a boca semiaberta fina. Eu estava hipnotizada, e meu coração pulava comigo pelos quatro cantos da casa. E a Louca, com meu Blank Space aberto, ficava na dúvida se jogava água ou não, no nome do Jeonghan que ainda queimava.

Ele sorriu para a TV quando Olaf apareceu pela primeira vez no filme, e eu formei um bico.

Porque o Cheolie tinha que aparecer e estragar isso tudo?

— Quem é Cheolie? — Oh não! Eu havia dito em voz alta?

Han franziu a testa, e parecendo entender a pergunta, olhou para baixo na minha direção. Iniciei uma sessão de tosse falsa, sem intervalos nem para respirar, tentando pensar em uma boa desculpa.

— Quem?

Não, ele havia entendido! O que eu faria? Levantei de seu colo rapidamente, tossindo o mais forte que eu conseguia, espalhando perdigotos por toda a parte.

— Bel respira amor. Eu vou buscar água! — E correu para a cozinha, me trazendo um copo gigante de água. Bebi olhando o líquido esvaziar.

            E agora? E agora?

Como se a última esperança tivesse caído do céu, ou brotado no sofá, meu celular tocou bem embaixo do meu bumbum. Ah, sim! Atendi com toda a pressa do mundo, sem ao menos ver quem era.

— Alô. Cof. Cof — tossi mais calma, entregando o copo ao Jeonghan — Oi mãe! — Olhei para meu traidor-salvador e tossi mantendo as aparências. A essa altura minha garganta arranhava mais forte, me fazendo pigarrear para consegui falar melhor. — Não mãe, eu estou bem, é só...Jeonghan!

Encarei o menino de olhos arregalados pela ousadia. Eu não pegava o celular dele. Quer dizer, não para isso. Mas não importava! Eu tinha causas nobres de um chifre mal resolvido, o que me dava direitos.

— Olá dona Tabata, a Bel está mal sim... — ele continuou concordando com minha mãe, me encarando vez ou outra com sorrisos de lado.

Sabendo que ele não me devolveria o telefone tão cedo, fui até a cozinha deixar o copo e esconder metade dos potes vazios de sorvete que trouxe da rua, por falta de lixeira pelo caminho. Em que local por, sem ser a lixeira? Abaixei até o armário da pia, certa de que ali era um bom local e levei um susto ao ouvir Han dizer: — Não precisa esconder, eu já vi todos eles!

Ao me virar, ele tinha uma cara amarrada. Tentei formar um pequeno bico fofo, que não surtiu efeito algum nele. Hannie caminhou até mim e me abraçou, deixando um beijo na minha testa.

— Sua mãe vem te visitar essa semana. Ela está preocupada com sua saúde, já que parece que você só anda tomando sorvete. — Bufei irritada, sem forças para rebater.

Ele não tinha o direito de exigir nada. Afinal, ele era o causador da minha insônia. Se Han não tivesse saído estranho aquela quinta feira, todos esses pobres sorvetes ainda estariam vivos, e a música Vejo Uma Porta Abrir não teria virado o meu hino da tristeza.

— Não gosto quando ela vem aqui — resmunguei contra seu peito.

Eu amava ela, mas minha mãe era mandona, e cheia de complexos de verdades que só ela conhecia. Han afagou meu cabelo. Ele conhecia bem a dona Tabata, entendia do que eu falava.

— Eu sei Bel.

— Ela questiona tudo. Sempre consegue me convencer de coisas que não quero fazer. E sempre diz que eu estou errada. — Por um momento eu senti Jeonghan sorri. Ele me apertou um pouquinho mais. — Nós duas sozinhas não nos entendemos!

— Porque vocês são parecidas!

E por um momento eu quis realmente estapear ele. Eu? Parecida com a louca da minha mãe? Não mesmo.

Armei um bico majestoso e sai de seu abraço. Ele sabia que eu odiava ser comparada. E que fosse procurar o Olaf, porque eu não queria mais ele por perto. Cancela as cordas, o plano de amarrar ele no pé da cama já era!

Marchei de volta para a sala, com o peito estufado e sentei. Jeonghan veio logo atrás, jogando os longos cabelos com a mão e parou de pé, na minha frente: — Porque está agindo assim Bel?

— Eu não to não. — Falei ainda olhando a TV, que passava as cenas finais do filme. Porque, Han, você não age mais como o Kristoff? — Você já pode ir. Eu vou ficar bem!

— Tudo bem! — Jeonghan bufou.

E eu não acreditei que ele realmente iria me deixar sozinha, e no leito de morte. Mas tudo que ele fez, foi passar por mim e ir para o meu quarto, me abandonando na sala. Como ele pode? Desliguei a TV e o DVD, e invertendo os papéis, fui atrás da minha Anna. Era para ele me dar atenção, não o contrário. Quando entrei no quarto, Han estava deitado. E então deixei a Louca agir por mim. Coloquei as duas mãos na cintura e parei de pé, ao lado dele.

— Como me abonadona sozinha e doente na sa...

Jeonghan me puxou para a cama, e me imobilizou com seus braços e pernas, enquanto eu me revirava. Droga, eu estava fazendo uma bonita cena.

— Você precisa parar Bel! — Ele disse baixo e próximo ao meu ouvido, e eu fiquei imóvel na hora. Céus, meu rosto poderia se desfazer só pela quentura.

Jeonghan afrouxou o aperto e me permitiu ir para longe. Não que eu quisesse me afastar dele, mas tão perto me fazia parar de pensar. E eu até havia me esquecido, o porque tinha entrado gritando minutos antes. Quando voltei para perto dele, fechei os olhos e me perguntei se tudo ainda fazia sentido. E no fim, meus galhos incomodando mais que o normal, me provou que fazia, ao fechar os olhos e ver Han e Cheolie abraçados.

Sentada no chão da sala do almoxarifado, comecei a refletir sobre como iria descobrir o novo lugar que Hannie iria com Cheolie. Me concentrando em todas as hipóteses - mesmos sendo continuamente interrompida por minha boca que cantava Ah O Verão -, minha única chance era pegar o celular do Jeonghan novamente. Eu precisava transformar esse Olaf, numa poça o mais rápido possível. Por que uma coisa que eu descobri durante a noite, era que eu não iria desistir do Meu Hannie.

Minha mãe viria pela noite, e eu ainda precisava ir no supermercado, abastecer a geladeira de coisas que eu não fazia ideia de como cozinhar e arrumar a casa. Tudo do jeito que ela gostava. Ou teria dona Tabata, gritando no meu ouvido que eu vivia na imundice e sem me alimentar.

Encostei nos arquivos mortos e bufei alto. Para melhorar todo o meu sofrimento, minha noite de falsa doença, me rendeu uma garganta inflamada de verdade. Ao menos, Han havia vindo para a academia comigo, assim não precisava me preocupar se meus galhos estavam maiores, ou não.

Mesmo com aquele peso extra que Hannie me presenteou sem aviso, eu gostava muito dele. E voltava a pensar em outras hipóteses além da traição. Afinal, aquele carro parecia brilhar notas e mais notas de cem. Não sabia de nenhum amigo de Jeonghan milionário. Os únicos que conhecia tinha a sua classe social, médio para o rico. E aquele era, sem dúvidas, rico para o milionário. A Louca colocava seu jaleco de investigação e analisava as gavetas de arquivo, até levantar um envelope e lá conter duas opções para serem marcadas. Gay ou Mafioso? Eu tinha que ver essas questões. Mas a operação purpurina, ainda me parecia mais convincente. Hannie? Mafioso? Por favor, meu Han era um amor.

Não, era?
 

Empurrei o carrinho de compras pela sessão de laticínios, enquanto as três crianças, jogavam coisas dentro dele que não me serviriam para nada.

— O que vocês acham? — Perguntei, analisando um pote de palmito.

— Eu não sei, — Seok parou na frente do carrinho e se pendurou ali — você acha que ele pode ser gay?

— E um mafioso? — Soonyoung disse, colocando uma bandeja metálica para cozinhar bacalhau.

— Ele não pode ser os dois — Seungkwan, que acabava de por duas bandejas de salsichas no carrinho, falou concentrado nos amigos.

— Eu não sei fazer bacalhau, muito menos — tirei aquela quantidade absurda de salsichas — cachorro quente para distribuir na praça. E não! Hannie não seria a melhor pessoa para a máfia. Foi apenas uma hipótese, que vocês disseram. — Acusei os dois mais velhos.

— No momento, só vejo o Jeonghan Hyung com uma arma de glitter.

— Kwan, não é porque nós vimos ele abraçando o Olaf, que ele seria gay — continuei empurrando o carrinho, enquanto DK ainda pendurado na frente, falava para o garoto ranzinza.

— É verdade, nós dissemos sobre a máfia, mas foi apenas uma brincadeira. Quer dizer, o carro era muito luxuoso — Soon disse tentando enfiar temperos no carrinho, que eu impedi jogando-os nele, que saiu gargalhando — Mas não creio que seja isso... SeokmimSeungkwan!

Os meninos não me davam atenção necessária, e isso me frustrava. Eu tinha um problemão aqui, e tudo que eles queriam, era correr pelos corredores do mercado, disputando quem trazia mais coisas desnecessárias ao carrinho. Quando notei que tinha sido abandonada, lembrei da frase da Anna "Quem ama deixa ir", e eu deixei eles correrem.

Tentei por meus pensamentos em ordem. Han de fato, não era um mafioso. O que me fazia voltar ao Cheolie, onde eu via ele destruindo minha história de princesa, ao dar as mãos ao Jeonghan e caminharem na direção do altar. E eu ficava do lado de fora, onde olhava uma placa proibindo a entrada de Renas. Como aquele sentimento doía. Eu só queria sentar, voltar a chorar com mais sorvetes e Frozen reproduzindo minha tristeza. Mas a realidade me jogou, literalmente, contra latas de pêssego em calda e eu corri daquela sessão, que eu nem mesmo sabia como havia chegado ali, deixando as latinhas rolarem com barulho.

Depois de conseguir chegar na sessão de grãos - que era a comida favorita da minha mãe - viva e sem nenhum arranhão, fiz uma limpeza das coisas desnecessárias que os meninos colocaram para um outro carrinho. Que ideia minha trazer esses três para o mercado. Até mesmo Kwan, estava agitado com eles hoje, e não no seu Pou irritante. Eles ainda riam do meu desastre das latas, enquanto eu resmungava e amaldiçoava eles.

— Ele é Gay mesmo — resmungava para os meninos.

— Pelo menos ele não te trocou pela Elsa-Pocahontas. — Kwan me tranquilizou.

— Mas me trocou pelo Kristoff-Olaf. — Debrucei sobre o carrinho — Eu quero descobrir se ele está mesmo com aquele menino. — Resmunguei emburrada — Eu preciso disso! Me ajudem? — Pisquei os olhos com um bico infantil, na direção de Soonyoung. Eu precisava convencer ele, já que Kwan sempre estava disposto, e Seok iria se seu hyung aceitasse.

— Ah, céus. Bel, você vai se arrepender! — Soon praguejou, apontando para mim e me tacando um pacote de aveia. 

Entrei em casa, acendendo a luz da sala e jogando as compras no chão. Caramba, aquilo ali estava realmente uma imundice. Procurei o relógio na parede da sala, e a julgar pelas horas perdidas no mercado, teria pouco tempo para arrumar tudo e ainda me livrar dos potes de sorvete. Droga, tinham coisas de mais para serem feitas. Terminei de amarrar um lenço na cabeça e liguei a TV e o DVD. Já que não tinha rádio, colocaria o CD para rolar no DVD e começaria a minha faxina.

Pensando em como fazer meu traidor me deixar o celular a vista, eu terminava o banheiro. Ele não largava aquele aparelho, como eu teria acesso novamente? Eu sabia bem que olhar o celular dele era errado, mas eu precisava descobrir tudo sobre o Han. E sentia até uma coceira no corpo, só de pensar que ele pudesse me esconder algo, além da sua opção sexual. E se ele realmente estivesse com a Elsa também? Porque vamos lá, até eu me sentia em dúvida da minha orientação sexual, quando se tratava daquela garota. O corpo dela era perfeito, sem contar o cabelo. E o Cheolie também. Ele deveria ser malhado, e todo trabalhado nos quadradinhos abdominais. Parei em frente ao espelho do meu quarto, o qual era o último cômodo a ser limpo, e levantei a camiseta larga. Eu precisava fazer uma academia urgente, e me matricularia, assim que jogasse umas verdades no Han. Como ele não me avisou que eu era um palito humano? Até eu passava a entender porque fui trocada. Cheolie tinha muito mais atributos a oferecer, já que todo mundo sempre quer o boy malhado e bonito. Peguei a vassoura novamente, e varri o cômodo com força. Quem sabe, ao menos meus braços ficassem mais fortes.

Assim que sai do banho, com meu pijama de cookies desbotado infanto-juvenil, que simbolizava desespero ou TPM, desde que eu era adolescente, andei até a companhia que tocava sem parar. E enfim, mamãe havia chego, olhando tudo e me analisando. Até que ela sentou no sofá, bateu a mão em seu colo e me chamou com o indicador.

— Mamãe — sentei em seu colo e agarrei seu pescoço — ele está me escondendo algo.

— Oh Bebel — minha mãe afagou meus cabelos — e você está fazendo o que sobre isso?

— Investigando o celular dele — falei, com receio.

— Você não está realmente doente, né?

— Só a minha garganta está um pouco inflamada. — Confessei. — Eu queria prender o Han aqui.

— Muito bem. — Ela sorriu, fazendo meu coração aliviar — Já sabe o que ele fez?

— Ainda não — só que ele é gay e me deu enfeites na cabeça.

— Uh, então mamãe vai ajudar como puder, tudo bem? — Assenti fazendo manhã. — Mas... essa estante, está realmente uma bagunça Mabel! — E lá estava minha mãe chata de volta.

Andando dolorida pelos corredores da academia, por ter cedido um lado da cama a minha mãe, procurava a sala do Meu Han com um envelope em mãos. E ali estava ele, com meu trio, e os outros meninos da turma, dançando aquela coreografia sincronizada, que só de olhar faria meus pés virarem um nó.

Entrei no estúdio, e esperei no canto a turma terminar os passos. Quando todos se jogaram para um canto, me pus a andar até o fim da sala, onde havia um mural. Como previsto os meninos me seguiram. Sabiam que quando eu vinha, sempre era, ou reclamações ou comunicados de festivais ou competições.

Tirei do envelope o comunicado sobre o festival de dança da cidade e antes mesmo de conseguir pôr a tachinha no lugar, aqueles monstros fedorentos de suor se aglomeram ao meu redor, sujando minha camisa de uniforme branca. Meu Han, fazendo o kristoff, me salvou daqueles monstros suados, e me abraçou, estragando qualquer vestígio de pensamento de que ele poderia ser, meu príncipe.

Me debati em seus braços, ouvindo ele gargalhar e logo depois deixar um selar em meus lábios.

— Jeonghan — o chamei, corada.

— Eles não virão. — Ele sorriu, apertando minha bochecha.

O trio passou por mim, acenando e gritando meu apelido e Han me encarou, levemente sério

— Devia ser mais cuidadosa com esses meninos...

— Ah — resmunguei baixo — Eu os conheço a bastante tempo. — Respondi dando de ombros e Han não pareceu convencido. — Vai fazer o que hoje? Mamãe já chegou e queria cozinhar para você.

Hannie pareceu hesitar, e ver seus olhos pensativos fez o início do meu coração rasgar. Agora ele tinha dúvidas de quem visitar? E não priorizaria nem a minha mãe?

— Tudo bem — ele iria. E minha vontade, era pegar um pincel e escrever "você virou uma poça Cheolie" em todos os cantos da cidade.

— Mas preciso voltar para casa hoje, cedo. — Como assim voltar para casa?

Conseguia ver Cheolie-Olaf dançando perto da minha estátua de gelo, enquanto dava um beijão no Jeonghan, e eu não recebia uma lágrima de amor. Ah! Eu precisava descobrir onde ele iria, e depressa!

Larguei Han sem insistir, com uma despedida falsamente amorosa e corri para o meu celular na minha sala/almoxarifado/espaço do café. Procurei pelos meninos no CHAT, disse que precisaria deles para aquela noite. E nesse plano, precisava da minha mãe também.

Naquela noite, quando o sol terminou de se pôr, minha garganta estava acabada de vez. O sorvete que comi, do trabalho para casa escondido, não foi a melhor opção. Ele era necessário, eu precisava pensar, e menta com chocolate me fazia pensar. Sai do banho tossindo fraco pela ardência, me perguntando se aquilo era carma. Andei para o meu quarto, onde minha mãe folheava uma revista que trouxe, apenas na toalha e comecei a me vestir.

— Bebel, que bunda seca você está filha. — Dona Tabata abriu a boca, assim que eu terminei de vestir a calcinha — Nossa, tem que comer melhor. Meninos gostam de carne também. Deve ser por isso que Han está de casos por aí.

— Mamãe! — Eu gritei, passando o top pela cabeça, seguida de uma blusa larga. Provavelmente, um uniforme velho de algum saco de caridade.

— Olha a roupa que está vestindo. Que deprimente — mamãe levantou, e se dirigiu para o meu guarda roupa. A cara dela entregava seu desgosto — Filha, que guarda roupa horrível você tem!

— Mamãe. — Revirei os olhos com um suspiro — Sabe que não tenho dinheiro para isso... — resmunguei, enfiando uma calça jeans skinner. Agora até minha mãe jogaria, entre linhas na minha cara, que Cheolie era muito melhor que eu? Montei uma carranca para a minha mãe, que se encolheu por dois segundos.

— Vou ver a janta. — Ela me deu um tapa na bunda e andou para a porta — Troque isso por algo mais feminino e bonito. Algo que te deixe menos seca!  — E me deixou, com uma batata quente na mão.

Eu estava em casa, Hannie vinha o tempo todo me ver e naquela noite, só queria estar confortável e medicada. Até porque, mais tarde eu já tinha planos. Mas quando Han chegou, tudo ocorreu bem, na medida do possível. Eu estava maquiada, com um vestido florido e o cabelo solto, muito bem escovado. O que combinava um pouco com ele, de cardigã vermelho e jeans claro.

Precisava de uma distração, e ainda não tinha falado com minha mãe sobre pegar o celular dele. E quando Han, olhou aquele troço pela segunda vez e o colocou na mesa bloqueado, eu vi a minha chance.

— Mamãe, preciso de algo para a garganta. Pode buscar por favor? — Pedi chorosa.

— Eu vou, a senhora não precisa se preocupar. — E lá ia meu inimigo, deixando a prova do crime para trás.

— Mãe, vigia ele — cochichei para ela, que correu para o corredor com um pano de prato em mãos.

Coloquei a senha quase em um movimento só e fui direto para o chat. Sem peso na consciência, nem nada do tipo. O primeiro chat, não era mais o Cheolie-coração e sim S.coups, cuja a foto era a mesma de antes. Aquele bonito casal de dar inveja. Cliquei ali e procurei na conversa um endereço passado a pouco tempo, sem olhar a conversa direito. Depois que encontrei, enviei aquele endereço para mim e apaguei a mensagem, como da última vez. Voltei a conversa, procurando qualquer informação, sobre aquele nome desconhecido. Quem era S.coups/Cheolie, afinal? Continuei olhando a conversa pequena, que tinha apenas coisas banais sobre tempo e basquete, e vi a frase que fez até A louca esbugalhar os olhos.

Amanhã tenho outro lugar para te mostrar".

Meu Hannie estava realmente, de caso com aquele Cheolie e eu não conseguia tirar meu queixo do chão.

— Ele está vindo. — Mamãe apareceu correndo, agitando o pano de prato, e fiz tudo parecer normal novamente.

Hannie me entregou o remédio, pegou o celular, olhou a hora e disse que já deveria ir. Ao contrário da minha mãe, não questionei. Nós estaríamos bem próximos em breve. 

 

— Porque estamos em pleno centro da cidade, olhando para esse hotel luxuoso? — Soonyoung reclamou.

— Estou com frio — Kwan, tremeu do meu lado.

— Agora é sério, isso é loucura, vamos embora!

Era a terceira vez que Kwan reclamava, a quarta vez que Soon perguntava a mesma coisa e a vigésima, que Seokmim dizia que iria embora. E eu ainda maquiada, com um conjunto moletom rosa chiclete, vestido até o capuz, observava de trás de uma mureta as pessoas que entravam naquele hotel.

Era um prédio alto, a entrada era iluminada, e aquela área da cidade era nobre. Só em olhar para as pessoas que me encaravam, passando com seus cachorros pequenos, era notável que elas não viam muitas meninas, de moletom rosa choque por ali, junto a três meninos.

Não agachados atrás de uma mureta.

— Para mim chega. Vamos embora Mabel! — Seokmim levantou e eu o puxei de volta: meu alvo estava chegando. E ele estava, três vezes mais bonito desta vez.

Tossi puxando mais a cordinha do capuz, o fechando até ter apenas o contorno do rosto, e olhei Han se mover graciosamente. Vestia o mesmo modelo de roupa do clube, só que os cabelos presos naquele rabo de cavalo charmoso e calça social. Junto com ele, a Elsa acabava de aparecer. Vestido curto branco, de um ombro, cabelo preso em um coque alto e sorrindo, para o terceiro elemento, que vinha batendo a mão ao longe. Cheolie! Ele parou ao lado do Han e antes mesmo de abraçar o menino, a Elsa o beijou.

O que?

Senti meu sistema, dando pane por alguns segundos e só então, firmei os olhos. E que beijo foi aquele! Tão forte, que eu suspeitava que ela tivesse mesmo gelo nas veias e havia congelado nós quatro, que estávamos mais parados que estátuas.

Hannie riu, enquanto a menina mostrava a língua para ele, depois se virando, ao ser chamado por um senhor gordo, com terno bem cortado. Jeonghan ficou sério, e esperou uns minutos o velho se aproximar. Eles trocaram algumas palavras e o homem entrou no hotel. Meu Han parecia bem mais sério agora, e seu rosto fazia meu coração apertar. Até que outro elemento, da faixa etária dos mais novos chegou, chamando por S.coups/Cheolie com um sorriso enorme. Ele bateu a mão ainda preso a menina, e o novo elemento passou por eles e foi ao Jeonghan. O garoto se aproximou, sussurrou algo no ouvido dele, enquanto entregava uma maleta preta, ao Meu HANNIE! — Oh não! — Soonyoung pareceu gemer de desgosto.

Eu não precisei que ele terminasse a frase. Sabia o que todo mundo tinha visto na cara, menos eu. E como se eu não pudesse contar a Anna, que o coração dela estava congelado por quem amava, eu disse num sussurro vendo meu Hannie entrar com a mala para o salão:  — Mafioso!



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