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História Meu Namorado Se Chama "Lily" - A ginger Charlie's Angel


Escrita por: missdalek

Capítulo 21 - A ginger Charlie's Angel


Fanfic / Fanfiction Meu Namorado Se Chama "Lily" - A ginger Charlie's Angel

Dei a última pincelada antes de afastar-me ligeiramente  pegando o trapo onde comecei a limpar o pincel enquanto observava o trabalho, antes de falar, voltando-me para trás, para olhar Edward que estava no sofá:
          - Pronto. Terminei.
          De sobre o próprio colo ele ergueu os olhos um instante, retirando-os de sobre o alicate e a chave de fenda com que trabalhava, e relanceou um olhar para o quadro:
          - Está ótimo - mas já logo baixou de novo os olhos. Levantei-me e fui para perto dele, limpando os dedos sujos no guarda-pó, que estava sentado sobre as pernas cruzadas, compenetrado no que fazia.
          - E aí, está muito difícil?
          - Ahn... Não muito - ele falou, distraído - Estou quase conseguindo.
          Tirei o guarda-pó e dobrei-o sobre o encosto do sofá, sentando-me ao seu lado em silêncio, dividindo meu olhar entre o quadro terminado e o caderno sobre suas pernas. Logo ouvi um clique que fez-me voltar o rosto, e Edward esticou-me o caderno, já com o fecho arrombado:
          - Voilà.
          Peguei-o com um sorriso e folheei-o muito rapidamente, muito por alto - Obrigada! - e beijei-lhe o rosto, erguendo-me - Pendura o quadro para nós?
          - Não, deixe sair o cheiro primeiro. Daqui sete dias eu penduro - e ele estava muito sério.
          Voltei para perto do cavalete e comecei a reunir as coisas a fim de guardá-las.
          - Por que não pintou mais? Achei que fosse voltar a pintar depois de Alcatraz.
          - Ah - ele gemeu, distante - Ando meio sem tempo.
          - Sem tempo? - eu ri - E o que tanto você tem feito?
          - Tenho ido muito à biblioteca - respondeu, coçando a cabeça.
          - E o que tanto tem feito por lá?
          - Pesquisas.
          - Sobre o quê?
          - Coisas importantes.
          Parei um instante para olhá-lo, parecendo alheado a mim e a todo o seu entorno, ainda no mesmo lugar e na mesma posição de antes, e percebi que ele não queria conversar, então calei-me. Sério, ele tinha o olhar perdido no vazio de um ponto qualquer adiante enquanto com a mão brincava distraidamente com a chave de fenda, e subitamente tive a impressão de recordar-me que não era a primeira vez que ele citava idas à biblioteca, mas mantive-me calada ao invés de comentar isto.
          - Bem, vai querer tomar um banho antes de sairmos?
          Vagamente ele negou com a cabeça - Pode ir, se quiser.
          - Ok - e com meu antigo diário nas mãos, subi as escadas.

*

           Assim que desci para a calçada, com Edward descendo logo atrás de mim, peguei-lhe a mão com a minha enquanto perguntava:
          - Por que quis vir de ônibus? Teríamos chego mais rápido de moto.
           - Ah, não - e fez uma careta - Pra quê? Pra seu irmão ficar me torrando?
          - Ah, Edward, ele não falou por mal, você sabe.
          - Mas falou - disse ele, sério - Agora, deixa disso. Tem aí o número?
          - Sim - eu vinha com o papel na outra mão - 312 - respondi, lendo.
          Edward ergueu o braço e apontou - É bem alí.
          Timidamente parei à porta da oficina, com Edward às minhas costas, e logo fui olhada com interesse por uma meia dúzia de rapazes que estavam parados alí próximo à entrada, enquanto via outros trabalhando lá dentro. Por toda a parte havia peças de motocicletas penduradas e motos desmontadas, que olhei com interesse, mas não via sinal de meu irmão em parte alguma. Logo um dos rapazes dirigiu-se a nós:
          - Posso ajudá-los?
          - Estou procurando por John-John - disse eu - Sou a irmã dele.
          O rapaz abriu um sorriso - Ah! Sei! Ele fala pacas de você - gesticulou para nós - Entrem. Ele está lá nos fundos. Podem entrar.
          Agradeci e entramos, Edward ainda às minhas costas, sem largar-me a mão, muito sério. Passamos por dentro da oficina até alcançar-mos uma porta que dava para os fundos, onde vi um capim um pouco alto crescido num trecho de terra. Mais para a direita, avistei John-John que, de costas para nós, desmontava o motor de uma Harley-Davidson parada adiante, sentado no chão. A custo soltei-me de Edward ao que retorci o braço algumas vezes, abrindo um sorriso e encaminhando-me na direção dele o mais silenciosa que consegui,  ajudada por um pequeno rádio de pilhas que no chão ao lado dele sintonizava uma estação de rock n' roll e que tocava uma música do Creedence. Abaixei-me às suas costas, cobrindo seus olhos com as mãos muito rapidamente, e ele riu:
          - Ei, Lorena, você não é disso, que joça é essa agora? - eu não respondi, nem tirei as mãos, que ele pegou com as dele - O que está querendo? Uma chupada?
          - Ei! - quase gritei - que modos são esses?
          - Pequena! - ele pôs-se de pé num salto, virando-se para mim - Eu pensei que fosse...
          - Sua Lorena... Eu notei - e ri. Ele abraçou-me, apertando minha cabeça no seu peito, antes de erguer as mãos, desculpando-se.
          - Droga. Acho que sujei seu cabelo de graxa.
          - Sem problema. Meu cabelo é preto. Ninguém vai notar - e rimos. Ele então voltou-se para Edward, que tinha parado uns metros atrás.
          - E aí, cunhado? Tudo certo?
          Este não respondeu, mas com certeza acenou, como era seu jeito, e John-John voltou-se para mim novamente:
          - E essa baixada, assim na incerta? A que devo a surpresa?
          - Viemos conhecer o seu trabalho, e te ver.
          - Bom, queria ter umas poltronas, mas não tenho - e riu, pondo-se a rolar uns tambores para perto, que ofereceu-nos para sentar, mas de repente olhou Edward - Bem, a menos que para você não esteja bom.
          - Sem fossa. Está ótimo - falou Edward, e sentou-se sobre um.
          Sentei-me ao lado de John-John e olhei em volta - Ei, aqui é bacana!
          - E sujo, e barulhento - riu o meu irmão - do jeito que eu gosto.
          - Sim - apertei um de seus joelhos com uma das mãos - Aqui é a sua cara! Fico tão contente por você!
          - É. Parece que a vida finalmente está numa boa pra mim.
          Olhamo-nos em silêncio um instante porque ambos sabíamos o que isso significava, e era realmente joia que ele estivesse feliz.
          - E essa Lorena aí, quem é?
          - Ah - ele gesticulou com a mão - É um rabo-de-saia aí, estamos saindo. Ela curte motos pacas. Conheci ela aqui.
          - Bacana! - olhei de novo em volta - Passei lá em Alamo Square. Faz umas semanas.
           John-John não disse nada por bem meio minuto.
          - Corajosa, você - brincou ele, por fim, e eu o belisquei na coxa.
          - Ah, corta essa, John-John.
          - Corajosa sim, se bem sei, deve ter ouvido uma pá de merda - e me olhou bem dentro dos olhos - Não foi?
          Fiquei sem palavras para responder àquilo, mas de repente dei-me conta de algo.
          - Mas, cara, o pai sente a tua falta. É tão claro!
          - Ah, pequena, o pai é um molenga, é um banana bunda-mole; só faz o que a velha manda, ou o que a velha deixa. Megera de uma figa.
          - John-John, não fale assim do papai!
          - Mas é a verdade, saco, ou não é? - estalei a língua, chateada, e suspirei - Ele é na dele, e eu fico na minha - falou John-John que então de repente riu-se, porque parecia não conseguir levar nada muito a sério por muito tempo, e apontou de leve para Edward, que permanecia em silêncio adiante - Abraça esse cara e agradece, porque com a sogra que você arranjou para oferecer, era pra estar encalhada.
          Dei-lhe um tapa antes de voltar-me para Edward, que deu-me um sorriso triste. Um silêncio um pouco incômodo abateu-se sobre nós e de repente dei com ambas as mãos espalmadas sobre as coxas, olhando em torno pela terceira vez. Percebendo isso, John-John quebrou o silêncio:
          - E então, oh da cara sardenta, quer ver a vaga de que te falei? Aqui não é bacana pra cacete?
          Voltei o olhar para Edward, que riu sem graça à pergunta do meu irmão.
          - Acho que não tenho o talento que você tem, John-John. Meu talento é outro.
          - Ah, pode crer, eu esqueci que você é "artista" - riu John-John.
          - E também talvez eu seja mesmo, como você fala, "filho-de-papai", só isso - respondeu Edward, sem emoção.
          - Cara, mas nem um cunhado pra ser meu amigo você me arranjou, hein, pequena? Caramba! - brincou comigo, antes de ouvir seu nome sendo chamado e erguer-se, desculpando-se - Só um minuto, amor, já volto - e afastou-se rapidamente, indo em direção à oficina.
          Olhei Edward por um instante antes de falar-lhe:
          - Certeza que você talvez não fosse gostar de trabalhar aqui?
          Ele girou o olhar em torno, com desdém - Nesse lugar "sujo e barulhento"? Certeza.
          - Mas você curte motos.
          - Eu curto andar de moto. Você curte fazer escova, não consertar o secador de cabelo, não é?
          Subitamente eu ri, porque achei a comparação absurda.
          - Era o sonho de John-John que eu namorasse um cara dos Hell's Angels. Pra ele ter um amigo na família.
          Edward fez uma careta de nojo, antes de falar, muito sério, enquanto examinava as próprias unhas:
          - Mais fácil eu entrar para as Charlie's Angels (As Panteras) do que pro Hell's Angels. Porque, afinal de contas, acho mesmo que devia ter uma ruiva.
          Olhei-o pasma por um instante antes de cair na gargalhada.

*

          Logo John-John voltou, com um cigarro na mão, que parou para acender antes que me dissesse:
          - Ah, pequena, eu ia me esquecendo. Outro dia eu tive uma ideia - olhei-o enquanto ele tragava - O irmão da Lorena é tatuador, então lembrei que você já  falou que tinha vontade de fazer uma, mas de jeito nenhum eu ia deixar os carniceiros que eu conheço porem as mãos em você; agora, o Jay-T é diferente. Se você quiser, dou-lhe uma tatuagem de natal, já conversei com a Lorena e está ok.
          - Você faria isso? - perguntei, animada.
          - Claro - ele sorriu pra mim e deu outra tragada.
          Ergui-me do tambor e abracei-o - Eu adoraria!
          - Eu sabia que sim - ele riu - Bem, agora, se não se importam, preciso fechar esse motor para ainda hoje. Mas podem ficar por aí e fazer companhia.
          - Não queremos atrapalhar. Vamos indo.
          - Vocês é que sabem.
*
          No ponto de ônibus Edward cutucou-me e falou baixinho:
          - Vai mesmo fazer uma tatuagem?
          - Claro, por que não? É presente do meu irmão. E sempre quis fazer. Mas nunca soube de alguém que fizesse - e dei de ombros.
          - Mas você tem noção de que não sai mais, não é?
          - Claro que tenho.
          - E que dói, porque eu ouvi falar que dói pra caramba.
          - Ai, Edward, pára de ser cri-cri, não é você quem vai fazer, sou eu.
          Ele pensou um instante - E o que você vai mandar fazer?
          - Não sei ainda - respondi - Algo de que eu goste muito. Porque  tem de ser algo importante, não é?
          - Ok - suspirou Edward e ficamos em silêncio por alguns  minutos, até que ele pareceu lembrar-se de algo - Ei, agora dei-me conta de porque esse lugar é familiar! Quer fazer uma coisa diferente?
          - Tipo o quê? - eu abri bem os olhos na direção dele.
          - Ir ao cinema comigo.
          - Ah, e desde quando isso é diferente?
          - É sim - e riu, pegando minhas mãos, falando mais baixo -  Tem um cinema aqui perto onde eu sempre vinha antes de te conhecer. Quer ir comigo? - eu continuava olhando-o certamente com cara de que não estava empolgada, e ele então explicou-se - É um cinema privè.
          - Quê? - a voz saiu-me alta, antes de eu olhar em torno para as outras pessoas na calçada e baixar a voz - Quê? Quer me levar num cinema privè?
          - Ah, vamos. Eu falei que era uma coisa diferente - ele riu.
          - Mas eu não vou a cinemas privè -  falei, assustada.
          - Você nunca foi, mas podemos corrigir isso, vem - e puxou-me pela mão, arrastando-me pela calçada.


Notas Finais


Aos poucos Edward está começando a reagir ao que considera "provocação", contrariamente de antes, quando sempre se calava, e suas reações, de começo, podem ser incompreensíveis até para ele mesmo, porque está passando por um momento de transição, e estes sempre são tensos.

Nos próximos capítulos, novos personagens, situações novas e reações surpreendentes. De todos.


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