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História Meu passado não condena só a mim - Finalmente


Escrita por: Piers564

Notas do Autor


Acho que fui um pouco cruel nesse capítulo (mas no meu ponto de vista, foi demais) espero conseguir explicar bem as coisas
Enfim! Boa leitura ^^/

Capítulo 16 - Finalmente


     Três rápidos e precisos disparos seguidos que foram meticulosamente calculados para conseguir acertar nas duas cabeças dos capangas presentes atrás da mulher com a finalidade de os matar, acertando o outro tiro na mão armada de Parker apenas para assustá-lo e fazê-lo derrubar a pistola apontada para Codley, obtendo êxito em ambas as missões desejadas pelo atirador, assim, salvando a vida dela.

     Kennedy esperava morrer naquele instante, havia aceito esse fato por achar que não tinha mais o que ser feito e pensou que Loeny ficaria N-vezes melhor sem sua pessoa, afinal, olha ela tinha ido parar! Então quem raios realizou a ação de ferir Richard? Mais uma vez a morte resolve brincar com sua vida.

     Ainda surpresa pelo desenrolar da situação, Codley resolve olhar para o lado, especificamente, na direção do buraco que fez para entrar naquele depósito, deparando-se com alguém... Tal pessoa a fez arregalar os olhos e abrir a boca, embasbacada, sentindo um sinistro calafrio lhe passar na espinha. Os grunhidos de dor que eram soltos por Parker não chegava aos seus ouvidos pelo o que via e sentia no momento.

     Não podia ser... Não era real... Só poderia está louca, pensa, será que realmente alcançou o limite de sua sanidade por está vendo tal coisa?

  --Na minha criança, você não encosta mais, filho da puta. -Verbaliza o homem que apontava a arma na direção de Richard, esboçando uma enorme ira.

     Essa voz, essa imagem... Não havia mais como negar, mas como...?

  --Tori... -Sussurra vacilante, agora tendo o coração acelerado a uma velocidade que a própria achava ser impossível, sentindo o oxigênio querer faltar em seus pulmões.

  --Olá, garota. -Responde, desviando o olhar dele para ela, sorrindo como sempre sorria à Codley, apenas para frisar de que era ele mesmo que estava ali.

  --Desgraçado!! -Pragueja Richard, segurando a mão baleada que sangrava bastante, passando a procurar algo com os olhos para revidar a afronta.

  --Dessa vez você vai pagar pelo o que fez com ela, Parker. -Debocha ao chamá-lo pelo nome, logo Jones olha para trás, assobiando- Entrem! -Grita.

     Codley sentia que sua cabeça explodiria a qualquer instante. Como aquilo era possível?! Ela o viu cair ferido naquela praia! Viu e chorou em sua lápide! Não tinha como ser verdade. Torimo estava morto, pensava, ainda descrente da atual situação.

     De repente, após a ordem de Jones, entram alguns outros homens armados que acenaram brevemente à Kennedy, a maioria daqueles rostos eram conhecidos por ela. Se tratavam de ex-membros da antiga associação onde "trabalhava". Associação essa que foi por água abaixo justamente pelo medo que o Presidente adquiriu de Richard.

     Logo esses homens adentram o local, não tardando em procurar sobreviventes em meio aos mortos para os matar, ou terminar de matar. Enquanto a maioria concluía o serviço iniciado pela mulher, dois deles vão à Parker e o segura, tendo dificuldade em o prender pela inútil resistência dele, mas ao levar um soco no estômago, parou de mexer-se, dando a deixa necessária para os homens lhe prender os pulsos com uma algema. No segundo seguinte, ele foi derrubado no chão de barriga para baixo, protestando quase que desesperadamente, voltando a debater-se para se soltar, sem receber sucesso nenhum, então os aliados de Torimo o mobiliza, prendendo suas pernas também, com uma espécie maior de algemas. Um deles chegou a sentar por cima do traseiro dele, para não o permitir sair rolando ou algo do gênero.

     Kennedy nada assistiu da prisão daquele monstro, mas soube que a missão foi concluída pelos "Etapa concluída" que ouvia os homens falarem, porém seus olhos se fixaram em Jones já que ainda permanecia estática por vê-lo.

  --Você sobreviveu... -Fala Richard- Mesmo com a sua fuga, achei que com os ferimentos que tinha, não resistiria. Ledo engano. -Ri brevemente.

  --Não poderia morrer antes de você. -Rebate com a cara fechada, transmitindo escárnio através das palavras.

  --Tori... -Codley volta a balbuciar o apelido alheio, pendendo para os lados, mas incrivelmente, conseguindo manter-se de pé.

     Jones guarda sua arma na parte detrás do cós de sua calça, respirando fundo. Era hora de acalmar Kennedy, constata, andando devagar na direção dela, temendo assustá-la com sua aproximação, pisando nos vidros dali.

  --Melhor estancar o sangue desse cara. -Manda durante seu caminhar, olhando para a mulher- E o levem para o mais afastado daqui, deixem-me sozinho com ela. -Para na frente dela, pondo as mãos na cintura, ainda a encarando.

  --Okay. -Os dois homens respondem em uníssono.

  --Que momento mais lindo. -Comenta Parker enquanto era arrastado para mais longe dali, recebendo um forte tapa na bochecha direita seguido de um "Cala a boca!" de um dos homens.

     Jones revira os olhos diante o comportamento daquele infeliz, esperando pacientemente a saída deles que não tardou em acontecer, logo estavam apenas Kennedy machucada e totalmente confusa e ele, são e salvo naquela parte do depósito.

     Torimo tenta alcançar o ombro dela com uma mão, porém ela retrocede um passo, fazendo-o recuar a mão esticada.

  --Olha, garota... -Inicia sem jeito.

  --Você morreu! -Brada, respirando com dificuldade.

  --Bom, eu acho que não. -Olha para si mesmo- Eu preciso te- -Interrompido pela fala da outra.

  --O que merda você pensa que fez?! Quis me matar?! -Tenta golpeá-lo com um soco, mas ele se esquiva para baixo- O que porra tem na cabeça pra ter feito isso comigo?! -Gritava, ainda tentando o socar.

  --Ei, ei! Calma aí! Não dá pra explicar assim!! -Dizia entre as esquivas.

  --Seu puto! -Desfere mais um murro, no entanto, ele consegue segurar seu punho.

     Jones a puxa depressa, fazendo-a colidir em seu corpo, logo a abraçando fortemente como tanto já fez, tomando cuidado para não a machucar mais e transmitir segurança com seu ato. Ela bate fraco várias vezes seguidas no peito alheio, diminuindo a força gradativamente até escorregar seu punho pelo torso dele, tratando de corresponder ao aperto como suas dores permitiam, não conseguindo segurar as lágrimas que clamaram sua libertação.

     Passaram alguns minutos daquela forma, Jones apoiou seu queixo no topo da cabeça alheia, acariciando as costas que segurava com uma mão antes de iniciar:

  --Eu peço quantas desculpas você quiser, mas antes tenho que me explicar. -Fala calmamente, ouvindo-a soluçar- Será que posso fazer isso agora? -Ele sente ela assentir com a cabeça- Certo...

     Ele tenta soltar-se para assim, encará-la nos olhos durante sua história, entretanto, Kennedy o aperta ainda mais forte, o impossibilitando de fazer tal coisa em um claro aviso de "não quero te soltar", o que o fez rir e beijar ternamente seus negros cabelos.

  --Tudo bem... -Diz ele, respirando fundo outra vez- Codley, pra início de conversa, achou mesmo que eu iria morrer tão facilmente? -Indaga baixo; Ela, após algum tempo de reflexão, assente em positivo- Isso foi bom, precisava que você cresse que eu realmente tinha falecido

  --Mas eu sofri tanto, Tori... -Murmura com a voz chorosa, tentando a todo custo recompor-se.

  --Eu sei e peço perdão por isso. -Suspira longamente- Depois que nos mudamos para essa cidade -Inicia sua explicação-, você deixou de lado essa história de vingança e eu, mesmo tendo apoiado a primeira idéia, gostei da decisão. -Sorri de lado- Mas com o passar dos anos, Scott e Asuki me contataram que Richard estava a sua procura, souberam que ele tinha ido atrás de você no antigo apartamento. -Explica olhando para o nada, como se as cenas se passasse à sua frente- Quando soube, entrei em desespero porque não quis te contar, te afetaria demais. -Trinca os dentes.

  --E a sua suposta morte não me afetou em nada, não é? -Ironiza, aparentemente melhor; Ele bufa.

  --Mas o plano inicial era o matar de fato, mas eu não possuía esse direito. -Continua sem importar-se com o sarcasmo alheio- Então bolei um plano, era arriscado, mas o fiz. Achei que, pra você conseguir matá-lo de uma vez, teria que ter uma carta na manga e eu sou ela, porém nem você poderia saber dessa carta.

     Ela escutava tudo com atenção, acalmando-se mais pela voz ouvida.

  --Então forjei minha morte. -Prossegue- Quando fui de encontro à Richard, meu intuito era ser pegue por ele e ser feito de refém. Apanhei bastante, mas consegui. Depois, "sem querer" -Dá ênfase em tal parte de sua fala- deixei meu celular cair do bolso e ele o pegou, queria muito que te ligasse e o otário o fez. -Ri baixo- Sabia que ia mexer drasticamente com o seu psicológico, fiquei realmente muito mal com isso, me perdoe, mas não consegui pensar noutro plano. -Suspira cansado- Com a sua chegada, meu próximo passo era te fazer ir embora, me deixando pra trás.

     As cenas daquela noite invadem a mente de Kennedy, dando a ela uma horrível sensação.

  --Quando tive certeza que você estava distante, eu assobiei e isso fez um deles me dar uma coronhada, me fazendo cair de cara na areia, isso ocorreu na mesma hora que Scott e Asuki saíram de onde estavam escondidos e iniciaram a matança. -Dá uma breve pausa- Parker quase levou um tiro, por isso ele fugiu. Enquanto ele ia ao carro que estava por lá, Scott me tirou do chão e me levou até uma vã. Foi assim que escapei, quase morri, mas não era minha hora.

     Jones consegue a soltar, encarando o semblante perdido naquele rosto machucado e olhos levemente vermelhos, tendo a pele das bochechas coberta por lágrimas secas e sangue.

  --Eu também quase morri, acabei batendo o carro porque não consegui me focar em nada além do que vi. -Assume ela, desviando o olhar.

  --Eu soube, garota, e não me orgulho em saber que fui o principal fator. -Verbaliza sério, limpando o rosto alheio com ambas as mãos.

  --Mas a sua lápide... -Relembra- estava com sua foto e tudo. -Suas pupilas não paravam quietas em algum ponto fixo.

  --Kennedy, pela profissão em que estava, era pra você saber que não é difícil forjar uma lápide em um cemitério. -Revira os olhos- Só precisei de documentações falsas, uma foto e certos contatos. -Dá de ombros- Na verdade, a história da lápide foi mais pra facilitar a reaproximação de Scott sem você desconfiar. -Revela com um discreto sorriso- Isso abriria deixa pra Asuki e assim eles puderam insistir na vingança.

  --Aqueles dois... -Rosna, encaixando as peças. Agora fazia bem mais sentido aquela insistência.

  --Eu lhe vi no dia que foi no cemitério -Continua-, me doeu ver aquela cena sem poder fazer nada.

  --Você estava lá?! -Se espanta- Então você viu...

  --O imprevisto. -A interrompe- Ou melhor dizendo, Loeny. Não estou dizendo que ela é indesejada, longe disso, mas ela dificultou minha vida. Ela foi o principal motivo da pressão feita pelos garotos, mas você foi muito cabeça dura. -Briga, cruzando os braços- Acabou desmanchando todo o meu plano, mas no fim deu certo. -Conclui.

     Ela, após bufar durante um revirar de olhos, verbaliza:

  --Você nunca, ouça bem, nunca! -Eleva a voz, apontando o indicador para o rosto dele- Nunca mais faça isso nem nada parecido! Me ouviu seu velho caduco? -Pergunta firme.

     Ele estreita o olhar diante a fala alheia, além de está tentando mandar em si, ainda o chama por esse apelido? Até nessas horas ela implica?!

  --Não sou velho caduco, caramba! -Protesta- Quanto ao seu pedido -Dá ênfase na última palavra-, não farei nada disso novamente, não tenho coragem. E você ainda precisa de um responsável. -Acaba por sorrir abertamente.

  --Seu...! -Não completa, voltando a abraçá-lo fortemente, finalmente recuperada do susto e da surpresa em tê-lo ali, vivo.

     Kennedy, por mais machucada que estivesse, sentia-se aliviada e demasiadamente feliz pela "volta" de Torimo e por ter conseguido salvar Loeny das mãos de Parker antes que algo de mais ruim acontecesse à ela, evitando mais perdas. Definitivamente a morte gostava de brincar consigo, constata, sentindo o outro se desvencilhar novamente.

  --Eu ia gostar muito de ficar aqui, me desculpando pela crueldade que fiz, mas ainda há uma coisa pra você fazer. -Retrocede dois passos, sorrindo- Parker tem que morrer. E é você que tem motivos pra o fazer, garota. -Vira de costas e anda alguns passos antes de agachar-se, pegando algo do chão- Ele está amarrado, o deixarei nas suas mãos e critérios. -Volta à ela, estendendo o objeto que havia pegue.

     Ela encara a mão estendida em sua direção, observando sua tão amada tanto ser oferecida. Richard estava preso e à sua mercê, possuía reforços, armas espalhadas e estavam em um lugar afastado e ainda era à noite. "Finalmente...", pensa, permitindo que um grande sorriso lhe traçasse os lábios, aceitando a lâmina das mãos alheia.

  --Estou toda fodida por conta dele... Chegou a hora de devolver o favor. -Anuncia com o olhar determinado; Jones apenas ri alto, era de se esperar tal comportamento, afinal, era Codley ali.

  --Vejo que minhas ações valeram a pena. -Meneea em negação- Vai lá e faça o que sabe fazer de melhor.

  --Não vai me acompanhar?

  --Quer platéia pra quê? -Arqueia a sobrancelha- Melhor você ir brincar com ele sozinha mesmo, esperarei no lado de fora. -Põe as mãos nos bolsos, rumando ao buraco onde entrou- Pode demorar o tempo que for preciso. -Fala durante seu caminhar, acenando de costas.

  --Obrigada. -Pede alto, vendo-o virar o rosto para piscar um olho; Ela encara a lâmina em sua mão- Perfeito. -Murmura para si, girando os calcanhares para ir de encontro à Parker.

     Codley sorri enquanto rumava à parte mais afastada do local, ainda sentia diversas dores pelos golpes que levou mais cedo, aquele desgraçado sabia muito bem como bate forte, sabia que ficaria, se é que não já ficou, com diversos hematomas por conta disso.

     Ela, mesmo que dolorida e pelo o que foi feito com Yago, sentia-se bem. Afinal, o homem que a salvou na infância, a salvou novamente na vida adulta, mostrando-se vivo e ativo, mesmo que tais coisas havia sido informações demais para sua cabeça, entretanto conseguiu assimilar os acontecimentos, de fato Torimo não é de se meter em missões suicidas como seria naquela maldita madrugada, mas, perante o desespero e as cenas presenciadas, não tinha como não crer que ele havia falecido por sua culpa. Porém aquilo era apenas uma parte do plano dele para ajudá-la a conseguir vingança. Ainda era dependente de Jones, constata.

     Quanto a sua estranha felicidade, veio por conta do sucesso na busca de Loeny, que estava bem e viva, talvez traumatizada, porém viva. Fora que o tão esperado momento chegou: a hora do acerto de contas. Na realidade, Richard teria que morrer umas dez vezes para pagar tudo o que fez, mas como tal proesa é impossível, aproveitaria a única vida que ele possuía.

     Em poucos instantes ela chega em seu destino almejado, vendo os homens que levaram Parker próximo à ele, estando este amarrado em um pilar dali, estranhamente de cabeça baixa e em silêncio.

  --Estão dispensados. -Diz ela, sorrindo, capturando as atenções alheias.

  --Certeza que quer ficar sozinha? -Indaga um deles, olhando Richard de soslaio, vendo-o sorrir para a mulher.

  --Tenho, podem deixá-lo comigo agora. -Aperta a base de sua tanto.

     Os homens assentem positivamente, saindo dali sem quererem ir contra a vontade dela. Ao constatar que não havia ninguém além de si, Parker e os corpos sem vida, Kennedy caminha com dificuldade para mais perto do homem amarrado de pés juntos e braços para trás ao redor do pilar, encarando-o com superioridade.

  --Conseguiu virar o jogo, putinha -Inicia ele, claramente brincando com a morte-, mas é um pouco tarde para isso. -Ela arqueia uma sobrancelha- Posso não ter matado você ou aquele desgraçado que me enganou, mas consegui implantar medo na doutora, além de ter- -Teve a fala cortada por um tapa na bochecha direita, fazendo-o virar o rosto.

  --Eu sei o que fez, então poupe-me de discurso. -Ele volta a encará-la, enraivecido pela petulância dela- Meu desejo é matá-lo, não ouví-lo. -Conclui.

  --Não tenho medo de você. -Diz debochado.

  --Deveria ter. -Ela aponta a lâmina no rosto dele, mas a desce até o tórax, onde desferiu um rápido golpe, rasgando sua blusa e fazendo um grande corte raso por todo o torso alheio; Parker acaba por gritar devido a ardente dor- Também sei ser perigosa. -Ri baixo, apenas para frisar que não o temia.

     Ainda de boca aberta, mesmo após o término do grito, Richard a observa de olhos arregalados. Ele esperava uma morte rápida, pois era assim que ela desejou na primeira tentativa de o matar, porém, tornou-se explícito que não a teria.

  --Você quer me torturar... -Afirma em um gemido- Previsível. -Ousa sorri, tentando curvar-se, fracassando pela circunstância que estava- Afinal, nem para o próprio pai você deu uma morte rápida.

     Codley abre e fecha a boca em surpresa... Como ele sabia daquela informação? Entretanto, por conta de sua fala, as lembranças do acontecimento lhe invadem a mente, fazendo-a gargalhar alto. De fato ela matou o seu pai, ele havia sido a primeira pessoa que ela torturou até a morte após entrar oficialmente no grupo do quinto andar. Conseguia lembrar da voz dele em súplicas para não o matar, chorando enquanto pedia perdão pelo o que fez, mas isso só a deu mais vontade de prosseguir com a tortura.

     Ela achava que ninguém além da própria e os membros da antiga associação soubesse sobre o ocorrido, mas parecia que esteve enganada durante todo esse tempo. Richard pesquisou mesmo a fundo sobre si, pensa.

  --Ele mereceu a morte que teve, não me arrependo nem um pouco do que fiz.

  --Digo o mesmo sobre os seus queridinhos que matei. -Sussurra na tentativa de abalá-la.

     O sorriso parafusado no rosto da mulher se desmancha, fitando-o bem nos olhos. Ele não se arrependia, o que já era bastante explícito, mas o ouvir verbalizar tal coisa com tanto prazer apenas inflava a raiva que, até então, estava guardada. Ela desfere um forte chute onde havia o cortado, causando em uma pequena abertura no ferimento e em mais um grito de dor pura vindo da boca dele.

  --Obrigada por me lembrar do que eu devo fazer. -Diz, lembrando-se agora, por causa da raiva sentida, o que gostaria de realizar contra ele.

     Kennedy levanta sua lâmina a fim de o mutilar novamente, porém, antes de fazer tal ação, o escuta dizer:

  --Acha que isso vai trazê-los de volta, garota estúpida? -Pergunta de sobrancelha arqueada, fazendo-a paralisar- Amari se orgulharia do que está aprontando? -Tenta a todo custo mexer com o psicológico alheio- E o Chris? Pensou neles? -Mais uma vez seu veneno escorre de seus lábios.

     Ela permanece estática diante a fala pejorativa do outro, olhando para o nada como se enxergasse algo além, sentindo seu coração acelerar ao lembrar do irmão e do ex-namorado. Não... Não poderia se dá o luxo de lamentar por eles, não nesse momento. É como aquele monstro deu a entender: eles estão mortos e não dá para voltar atrás, mesmo que o faça pagar. Essa é a realidade e por isso não devia desviar do seu principal objetivo, coisa que Parker estava disposto a fazer.

  --Quem disse que faria algo para trazê-los? -Volta a encará-lo de sobrancelha levantada- Mas foi bom relembrar deles... -Abaixa a arma branca, sorrindo de maneira enigmática- Você sabe o que aprendi com meu irmão? -Indaga dando a volta no pilar, ficando detrás dele, colocando sua lâmina entre suas coxas; Ele nada responde, indiferente- Bom, ele me ensinou a contar. -Responde a própria indagação, rindo em seguida- Que tal você aprender a contar também?

     Codley, após concluir que ele continuaria calado, segura uma das mãos presas alheia, forçando-o a ficar de mão aberta, logo segura seu mindinho, impondo força para o lado contrário da palma, inevitavelmente o deslocando de maneira lenta, ouvindo-o gritar longamente.

  --Um... -Conta, estampando um sorriso satisfeito; Sem demora, ela pega outro dedo, entortando-o para o lado, fazendo-o sentir mais lentas dores- Dois... -Sussurra divertida.

     Kennedy repete o mesmo processo até chegar ao número cinco, tendo fechado os olhos para deleitar-se com os sons audíveis que Richard liberava contidamente.

  --Sua puta!! -Berra, respirando com dificuldade.

  --Isso, grite de dor. -Ri alto- Diga o que quiser, mas grite! -Bate com força demasiada na mão que continha os dedos deslocados- Sofra!

  --AH! Acabe logo com isso! -Usa um tom de ordem, mesmo que não estivesse em posição de exigir algo.

  --Não. Gosto de brincadeiras. -Debocha- Ainda não terminamos de contar. -Balbucia, pegando a tanto que prendia entre as pernas- Vamos ir até o dez.

  --Do que diabos está- -Se Interrompe para conseguir liberar outro som de dor, pois sentia seu dedão da mão boa ser retirado por um corte.

  --Seis... -Continua Codley, logo arrancando outro dedo com um lento movimento- Sete... -Ele passa a morder o lábio inferior, grunindo abafado; Ela corta outro dedo- Oito... -Ri, divertindo-se com a situação- Nove e dez! -Desfere mais um movimento com a tanto, arrancando os outros dois de uma vez.

     Richard sentia as bases dos dedos latejarem, além da horrível sensação do sangue escorrendo de sua mão. Aquilo doía bastante...

  --Desgraçada... -Geme entredentes.

  --Engraçado, essa fala era minha. -Debocha, voltando a ficar de frente à ele- Agora minha tanto está suja com esse sangue imundo, tsc. -Olhava para a lâmina tingida de carmesim.

     Logo ela volta a fitá-lo, o vendo de rosto vermelho devido a força que usou para gritar, os olhos inquietos, respirando de forma descompassada, até parecia está com... Medo. Codley, ao pensar nessa possibilidade, acaba por sorrir abertamente, não tardando em gargalhar mais uma vez, até perder todo o ar dos pulmões, fazendo tal ação mesmo sentindo seu corpo voltar a reclamar de dor.

  --Estou adorando isso. -Assume, limpando a lâmina na própria vestimenta- Ah, você também falou do Chris... Sabe o que costumávamos fazer na associação? -Indaga exalando excitação.

  --Pouco me importo com o que faziam. -Retruca com a voz falha, tentando parecer firme.

  --De toda forma -Prossegue sem se importar com a resposta recebida-, nós praticávamos combates corpo-a-corpo. -Kennedy solta sua lâmina no chão dali, estalando os dedos e o pescoço em seguida.

     Inconscientemente Richard arregala as orbes, temendo, mesmo que apenas um pouco, aquela versão violenta de Codley. Onde raios foi parar todo o medo que ela sentia de si?! No entanto, ele sabia que tal resposta não importava naquele momento, após tantos anos e crueldades que fez, havia chegado a hora de sofrer um pouco pelo o que já aprontou.

     Ela se aproxima de Parker, o encarando com a estranha mistura de ira e escárnio, não tardando em socá-lo no rosto, fazendo-o virar a cabeça no sentido do golpe, sem dar tempo para ele fazer ou pensar algo, Codley desfere outro murro no outro lado do rosto alheio, passando a socá-lo consecutivas vezes, revezando entre direita e esquerda, fazendo tal coisa até ver o rosto dele inchado, assim como o seu estava, mas o deixou em um estado pior, não evitando inchar seus punhos também.

     O som da colisão do punho da mulher na cara alheia e os sons desconexos de dor do homem, a estimulava a continuar a pancadaria. Logo ela resolve desferir um murro no olho esquerdo dele, realizando também, o feito de dar joelhadas na barriga de Parker diversas vezes, piorando o ferimento dali e vendo-o cuspir bastante sangue. Para concluir o "treinamento", Kennedy o chuta nas partes baixas, fazendo-o fechar ainda mais as pernas durante um longo e sofrido gemido de dor.

     Codley, depois de sentir-se satisfeita em bater, se afasta com certa dificuldade para observar o estrago que causou, elaborando uma careta ao visualizá-lo praticamente banhado pelo próprio sangue, com um olho fechado, rosto mais vermelho e inchado, com o tronco mutilado.

     Ele sentia-se tonto, mexendo a cabeça de um lado para o lentamente, vendo tudo se movimentando e se duplicando. Sua cabeça parecia que explodiria de tanta dor, seu corpo tremia e latejava, sentia a consciência querer esvair-se. Sequer conseguia lançar mais alguma piadinha para provocá-la.

     Entretanto, Parker logo arregala as orbes e se engasga com o nada, pois a mulher ficava aquela tanto em seu ombro, retirando-a dali assim que o perfurou. O mesmo se surpreendia com a resistência que o próprio corpo possuía.

  --Agora... -Diz ela, tendo a voz distante aos ouvidos dele- Sabe o que eu gosto de fazer? -Finca a arma no outro ombro- Gosto de mutilar. -Conclui em um murmúrio.

     Ao cuspir mais sangue, usando o pouco de força que ainda tinha, Richard resolve verbalizar baixo:

  --Me mata logo... Tudo dói... -Murmura sôfrego.

     Ela arqueia a sobrancelha diante o pedido feito, descrente daquilo, então retruca:

  --Me peça "por favor". -Exige, tendo a feição séria.

  --Por favor... -Obedece, suplicando enquanto abaixava o olhar.

  --Não. -Rebate alto, retirando a tanto de onde estava para atravessá-la na coxa esquerda dele- Acha mesmo que sou piedosa? Não importa o quanto te faça mal, não será o bastante para compensar o que já me fez, seu nojento. -Pega sua lâmina novamente.

     Aquele pedido seguido da súplica a deixou ainda mais enraivecida, causando o término do seu "bom humor", passando a ficar séria, segurando sua arma prefeita com força.

  --Você tentou abusar de uma criança! -O corta no braço- Matou meu irmão! -Mutila a perna direita alheia- Matou meu namorado! -Passa a ponta da lâmina na bochecha machucada dele- Brincou comigo e quase me tirou o Tori! -Desfere um corte horizontal na barriga alheia- Me torturou e sequestrou Loeny! -Finca a tanto no pé direito dele, passando a segurá-lo pelos cabelos com força, aproximando seu rosto irado ao dele- Ainda assim quer misericórdia? -Indaga baixo, soando ameaçadora- Vai se foder! -Berra, puxando-o para o fazer colidir a cabeça no pilar.

     Parker gritou, gemeu, engasgou, tudo isso durante o ataque de fúria que a mulher teve, fazendo-o desistir de qualquer negociação, afinal, seria inútil.

  --Você me enoja, nunca odiei tanto alguém como te odeio. -Desabafa- E é somente por essa razão -Puxa sua arma fincada do pé dele, retirando-a dali- que vou acabar logo com isso. -Coloca a tanto na bochecha esquerda do homem, rasgando a pele já machucada com a ponta- Não suporto te ver respirar. -Guia a faca até o olho do homem, deixando-a em frente de tal parte, fazendo-o arregalá-los- Foda-se suas últimas palavras.

     Após concluir sua fala, Codley impulsiona o pulso para frente, fincando o objeto no olho dele, conseguindo atravessar até certa parte do seu crânio, consequentemente, atingindo seu cérebro, finalmente o matando. Sequer se deu o trabalho de retirar aquilo dali, decidiu deixar sua arma pendurada na cabeça dele que abaixou-se quase de imediato.

     Mesmo morto, irreconhecível devido o excesso de porrada e coberto de sangue, aquela imagem ainda a deixava irada, mas... sentia-se vingada, um enorme peso abandona suas costas, deixando-a em paz.

     Logo as dores que antes sentia, voltam com tudo, na verdade voltaram ainda piores pelo esforço que fez com o corpo quase incapacitado.

     Kennedy dá as costas para o corpo falecido de Parker, indo aos rastejos para onde Jones estava, observando pelo caminho o tamanho do estrago feito, pisando em vidros que emitiam sons quando os pisava, tendo que desviar dos homens mortos. Finalmente aquilo obteve um fim, sentia que estava saindo do inferno...

     Ela não demorou a chegar à saída que havia sido sua entrada, visualizando Torimo mais a frente junto aos demais. Ele a vê, então lhe sorri, porém ela sente as pernas fraquejarem, seu corpo doía tanto que chegou a pesar, então ele a observa indo ao chão, não tardando em correr na direção dela.

  --Kennedy! -Brada, agachando-se perto dela para pôr a cabeça alheia em seu colo- Você está bem?! -Indaga preocupado; Ela o encara, rindo de maneira fraca.

  --O que você acha seu velho? -Brinca, ironizando- Estou só o caco... -Fecha os olhos, sorrindo.

  --Mil desculpas por isso, garota. -Lamenta-se.

  --Para de se desculpar, já o perdoei. O que me importa é que você está vivo, e eu também. -Abre os olhos, liberando um cansado suspiro.

  --Você não muda. -Sorri, meneando negativamente.

  --Nem pretendo. Tori, por favor , não me abandona, quase entrei em desespero quando- -Interrompida.

  --Shhh... -Chia em um pedido de silêncio- Não vou. A imprudente da história é você. -Ri, acariciando os cabelos desgrenhados dela- Esqueceu? Você ainda é a criança desse velho aqui.

     Mesmo com a fraqueza por conta das dores, ela envolve a cintura dele com seus braços, o abraçando o mais forte possível, controlando-se para não chorar novamente.

  --Creio que aquele infeliz esteja morto agora. -Jones prossegue- Mas ainda há coisas a serem feitas.

  --Hm? -Balbucia abafada pela posição.

  --Como por exemplo, resolver-se com Loeny. -Codley levanta a cabeça para o olhar, sem deixar de abraçá-lo- Quero que pense bem antes de tomar alguma decisão, afinal, ela acha que você morreu.

  --Mas eu tenho que ir atrás dela! Não posso deixar isso assim! -Protesta.

  --A escolha é sua, só me preocupo com o bem das duas. -Explica- Isso levando em consideração o que a doutora presenciou.

     Kennedy desvia o olhar, divagando as palavras ditas por ele. De fato muitas coisas poderiam mudar entre elas após a confusão, possivelmente até a visão que Yago tinha de si. Mas é óbvio que não desistiria assim, havia várias questões a sanar e resolver com ela. Fora que os sentimentos nutridos pela tal não a deixaria desistir.

  --Vem -Continua Torimo, tirando-a do seu colo para levantar-se-, você precisa de tratamento médico. -A ajuda a levantar também, pondo um braço dela em volta do seu pescoço; Ela sorri, esforçando-se a realizar a ação já que sentia-se quebrada.

  --E depois disso, vou precisar de uma doutora.


Notas Finais


Trollei!
Bom, na primeira vez que escrevi essa história (porque essa já é a quarta vez que reescrevo), Jones realmente morria e a Codley também, mas! achei muito melhor deixar assim. Matá-los seria cruel demais, certos personagens não podem morrer

E desculpe os possíveis erros ^^'


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