Se eu sou capaz de me recordar, na bíblia, contrariando as apologías e representações ao longo da história da humanidade. Os demônios não possuíam chifres enormes, caudas diabólicas, característica pele negra ou rubra, tão pouco a campanhados de tridentes ou feição macabra.
Em contra partida, são descritos como criaturas magníficas e encantadoramente belas e charmosas. Pois assim como o pecado, em sua personificação, são sedutores.
Minhas mãos e meus pés estavam amarrados fortemente com cordas de cipó, à cadeira de madeira ao centro da sala.
Ao me contorcer eu sentia o tecido áspero ferindo meus pulsos e calcanhares, portanto me limitei a poucos movimentos.
Como o meu corpo involuntariamente trêmulo em sua última batalha para obter calor, enquanto o ar gélido e úmido invadia a sala parcialmente escura.
A única luz que perpetuara o ambiente vinha da janela estreita ligeiramente próxima ao meu campo de visão.
Permintindo-me identificar, com dificuldade o demônio diante de mim.
Um homem jovem e alto, de estatura forte e pele alva, que trajava um terno preto despojado.
As mechas ruivas de seu cabelo se projetavam sobre os olhos tão azuis como o profundo oceano, que se mantinham inexpressivos.
Em contraste, os finos lábios, suavemente rosados se uniam em um sorriso melancólico.
O ruivo avançou em minha direção, diminuindo a distância entre nós.
Erguendo o antebraço, com as mãos pálidas e frias acariciou com ternura minhas bochechas.
Suguei meus próprios lábios, permitindo ecoar um som incomodo pelo local.
Que até então, estava em absoluto silêncio, chegando a ser perturbador.
Não demorou muito para o que silêncio fosse quebrado.
O ruivo agora com o dedo indicador pressionava meus lábios, com a face a pouco centímetros, a ponto que eu conseguisse sentir seu hálito quente ao sussurrar:
-Eliza.
Em um salto súbito projetei meu tronco para fora da cama.
Agora sentada, sentia minha respiração soar ofegante, minha pele, roupas e os lençóis estando encharcados devido o meu suor.
Fechei pesadamente meus olhos e pressionei minha mãos sobre meus seios, que se elevavam com meus batimentos cardíacos, tão intensos que acreditei percebe-los ecoando como tambores de orquestas pelo meu quarto.
Eu estava desesperada.
Outra vez acordando durante a madrugada, entre minhas lágrimas, sempre atormentada pelo mesmo pesadelo.
Coloquei os pés nus para fora da cama e senti o frio do chão percorrer meu corpo, ocasionando um leve estremecer.
Agora mais calma,caminhava em direção a porta, durante o trajeto parei. Percebendo meu reflexo pelo espelho em minha cabeceira.
Eu tinha a expressão cansada, olheiras profundas e a franja do meu cabelo negro e espesso cobriam meus olhos grandes e amendoados.
Fazendo meu corpo estupidamente branco e magro, parecer ainda mais pálido.
Essa era eu.
Elizabeth Andrews
Um garota de dezesseis anos de idade, atualmente estudando em Palace of Garden, no segundo ano do ensino médio.
Emocionalmente complicada e difícil de lidar, sem muitos amigos além de Bianca e Artur.
Mas todos sabiam meu nome. Eu sou conhecida como:
"Eliza, a garota problema".
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