História Meu Peter Pan - Capitulo Único

Piscando os olhos algumas vezes eu esperava conseguir afastar a dor de cabeça com esse pequeno gesto, mal havia acordado e já sentia minha cabeça querer explodir, sem contar o mal estar no meu estomago. Eu bebi tanto assim ontem a noite? Não tenho certeza, mas as três garrafas vazias de uísque jogadas no canto do quarto pareciam uma boa resposta.

-- Até mesmo vocês me abandonaram!—resmungo na direção das garrafas e em um ato infantil, do qual agradeço não ter tido mais ninguém por perto para ver, mostro a língua para as figuras sem vida.

Revoltado como minha própria infantilidade e o martelar que prosseguia cada vez mais forte em minha cabeça, me levantei apresado da cama de casal. Péssima ideia! Mal coloquei os pés no chão e logo senti a tontura me atingir, como se a gravidade estivesse me puxando para baixo com mais intensidade do que o normal, me deixei levar até que bati com a testa no armário do lado da cama.

Misty riria disso. Penso com certa nostalgia, por que mesmo minha ruivinha não estava ali? Há sim... A briga da noite passada. Senti meu estomago embrulhar, e garanto que não era fome, nem mesmo o mal estar anterior, era raiva, raiva de mim mesmo, raiva da teimosia da Ruiva. E como para me livrar do embrulho no estomago soquei a porta do armário, ainda sem tirar minha cabeça do mesmo.

O golpe fez com que o móvel tremesse e, por conta do destino talvez, um caderno antigo caísse do mesmo pousando no chão próximo a mim. Por um tempo fiquei encarando o caderno de couro negro e tentando me lembrar de onde ele havia saído. A capa estava empoeirada, com teias de aranha sobre ela, mas não havia duvidas era meu diário antigo!

O diário que comecei a escrever em meio a uma das minhas viagens relatando cada aventura nova até o dia que me tornei o mestre Pokémon que tanto sonhei. Uma onda de nostalgia me tomou por completo e não resisti a tentação de ler aquele diário novamente.

Assim que o peguei, usei uma das mangas da camisa social que eu não trocava desde a manhã anterior, para limpar um pouco da sujeira do mesmo e o levei a até a mesinha do computador, erguendo a cadeira, que eu provavelmente chutei longe na noite anterior, me sentei e comecei a leitura.

Eram muitas as aventuras pelas quais passei, a nostalgia me atacou de tal forma que eu até mesmo me esqueci da dor de cabeça e do mal estar no estomago. Não contive a risada ao ver os erros grotescos de português, escrever nunca foi minha praia então por que eu comecei um diário? Talvez no passado eu tenha adivinhado que podia precisar disso mais pra frente, ou tenha sido apenas um Passa-Tempo, não me lembro mais.

Após alguns minutos lendo acabo chegando a outra parte do diário, quando encontrei a ruivinha em uma das minhas viagens, estremeço ao ler essa parte, foi alguns messes antes de me tornar o Mestre Pokémon que sou hoje. Serena havia arrastado a mim, Clemont e Bonnie para um karaokê da cidade, quando chegamos eu dei de cara com Misty sentada no balcão do lugar junto de Drew que estava babando por certa morena que havia ariscado uma musica do Karaokê. Ela estava tão diferente de quando era criança, o rosto antes gordinho por bochechas rosadas agora mais fino e gracioso, os olhos esmeraldinos tinham uma linha negra os contornando dando assim mais destaque aos mesmo, e seu corpo tinha ganhado mais curvas fazendo-a parecer uma daquelas deusas das histórias gregas. Novamente eu me pego pensando, Por que minha ruivinha não esta aqui?

Continuando a leitura que se dividia entre treinos e pequenas questões de um adolescente apaixonado, cheguei a parte que mais me orgulho em lembrar. Era um sábado de treinamento como qualquer outro, Misty, May e Drew estavam seguindo viagem com minha equipe a um tempo e desde então o esverdeado costumava ficar bastante irritado quando eu me aproximava da Ruiva, ciúmes da prima eu suspeitava, naquele dia a equipe rocket havia aproveitado a ausência de Clemont e os outros para roubar os nossos Pokémon, Misty estava dormindo na barraca quando eles a pegaram por acidente, naquele dia eu fui o herói dela, mandei aqueles três bestas pro ar, salvei minha sereia e ganhei um doce beijo como agradecimento.

Segui a leitura mais um tempo, achei uma parte que falava sobre uma festa a fantasia que fomos obrigados a ir, Myst ameaçou me bater caso eu não fosse vestido de Peter Pan, sua história favorita. E quando cheguei as duas ultimas paginas fechei o caderno com mais força do que necessário, lembrei-me que naquelas ultimas paginas estava o relato de uma briga boba que tivemos na época logo após me tornar o mestre que sonhei em ser, que não escrevi mais pois o caderno havia acabado. Briga muito parecida com a que tivemos ontem, por que digo que foi parecida? Simplesmente por que não me lembro do motivo de nenhuma das duas.

A verdade é que não tenho coragem de ler as ultimas paginas, quero apagar as memorias tristes, mas isso não significa que vou desistir da minha ruivinha. Olhando para o relógio preso ao meu pulso, são 11:07 da manhã, eu sei onde ela se esconde sempre que brigamos, o ginásio de Cerulian me espera!

Por que a minha história com ela não acabou!

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