História Meu querido diário - Primeiro dia de aula

Meu querido diário…

é uma frase clichê, mas não é mais do que um adolescente escrevendo as aventuras do seu dia em um diário. No inicio pareceu um pouco idiota, mas tenho que arrumar alguma utilidade para este presente de fim de ano que minha mãe me deu. Ate que não esta sendo tão ruim, apesar das folhas serem bem infantis, com desenhos de ursinhos e ter aquele cheirinho de framboesa. Ate que eu gosto desse cheiro.
Bom aqui estou eu, no meu primeiro dia de aula na escola nova. Foi um alivio concluir o primário, adolescentes como eu, que tem a estatura acima da média acaba sendo um pouco constrangedor nos primeiros anos na escola. Muitos pensaram que eu era repetente e na verdade era a mais nova da turma. Não posso me irritar com isso, já que graças a genética vinda da família de meu pai, nos meus dez anos de idade já tinha 1,68 de altura. Alem da altura, eu era a única da turma que já usava sutiã e sentia vergonha por isso. Mas agora na escola nova isso não é mais vergonhoso, na verdade junto as garotas mais velhas isso parece super natural.
Meu pai resolveu me levar ate a porta da escola no meu primeiro dia, sorte minha não ser a mesma escola do meu irmão, então ele apenas me deixou e partiu para levá-lo ao seu colegio. Resolvi não estudar na mesma escola que ele, já que minha mãe me permitiu escolher em qual eu queria estudar. De todas as escolas da cidade procurei a que tinha melhores recomendações, já meu irmão optou pela que não possuia tantas regras.
Ao chegar no portão já bateu aquele frio na barriga, fiquei morrendo de medo de fazer algo errado e de pagar mico já no primeiro dia. Observei bem aquele prédio, antigo e rústico. A escola é considerada um patrimonio da cidade, e sua estrutura era muito antiga. Ao entrar pude ver as escadas e pisos de madeiras que faziam barulho ao andar. As janelas eram grandes e de madeiras. Os tetos eram altos e toda a decoração era antiga, os detalhes das portas, o corredor e as mesas. Parecia ser uma obra pronta para ser demolida, mas ate tinha sua beleza nisso. 
Desci junto aos demais alunos para o pátio da escola onde seria determinado nossas salas. Vi um grupo que parecia perdido igual a mim e me juntei a ele. Reconheci alguns rostos, eram alunos que estudaram comigo no ano anterior. Como não era de muita amizade na escola apenas os cumprimentei e fiquei ali parada aguardando as instruções.
Os alunos novos ficaram por ultimo. Nos separaram por idade, nesse momento resolvi me juntar aos mais velhos, afinal não iam conferir meus documentos naquela hora e minha altura me encobria pefeitamente. Nos encamiharam para nossa sala e la foi feito uma dinamica com os alunos para nos conhecermos. Aquilo tudo era tão chato e eu não via a hora daquilo acabar. No final a professora que não me recordo o nome explicou que ainda não tinha os horarios e os professores de cada turma, então após a dinamica teriamos um intervalo e seriamos liberados.
Enquanto a professora discursava sobre a escola, suas normas e a primeira semana de aula, eu me perdi em pensamentos e em um momento me peguei olhando a porta da sala. A turma ao lado foi dispensada, eram os alunos veteranos, possivelmente não tiveram que ouvir todo aquele discurso que eu estava ouvindo. Foi então que eu o vi pela primeira vez, passando pela porta da minha sala. Seus olhos encontraram os meus por poucos segundos, mas o suficiente para prender minha atenção. Ele era alto, muito mais alto que eu, loiro da pele bronzeada. Era magrelo dos ombros largos, do cabelo liso que ele cortava por cima das orelhas. Foi então que minha única curiosidade naquele dia foi saber qual seria seu nome. Após dez minutos tambem fomos liberados. 
Descemos para o intervalo e então tentei encontra-lo novamente. Corri os olhos por todos na escola e não o vi. Por um minuto achei que tinha tido uma ilusão, mas depois me distrai com uma garota que caiu acidentalmente na minha frente. Ela estava na minha sala então fui solidaria e a ajudei a levantar e começamos a conversar. Tinhamos a mesma idade, ela era gordinha do cabelo curto bem encaracolado. Me senti bem por conversar com ela pois evidentemente ela não ia me julgar pela aparencia como a maioria das meninas na nossa idade. Por mais que eu quisesse parecer segura, nunca me senti bem com minha aparencia. Alem de ser alta, tenho cabelo cacheado que sempre deixava preso pois nunca me achei bonita com ele solto. Não era esbelta mas tambem não estava acima do meu peso. Não acho bonito aquelas meninas que eram pele e osso acho que por isso me familiarizei de cara com aquela garota. Seu nome era Layla. Conversamos durante todo o intervalo e depois seguimos nossos caminhos para casa. 
Ao chegar em casa me deitei e só conseguia pensar no rosto daquele garoto que vi passar pela porta. A noite fui ate a casa da minha amiga Julia, para contar como foi meu dia. Não pude deixar de falar sobre aquele garoto. Logico que ela já foi logo dizendo que eu estava caidinha por um desconhecido. A Juh é mais velha que eu tres anos e já passou por isso. Ela é mais baixa que eu, da pele branca e cabelos lisos. Eu sempre a achei linda e os rapazes tambem. Eu sei disso pois todas as vezes que saiamos juntas conseguia ouvir os comentarios dos rapazes quando ela passava. Eu admirava como ela encarava aquilo tranquilamente. Eu não consigo ter essa frieza. Só de sentir alguém me observando já começo a andar diferente e sinto que vou cair. 
Após contarmos como foi nosso dia e lancharmos, eu voltei pra casa e resolvi então começar a resgistrar meu dia aqui neste diário tambem. E depois de escrever estas linhas só consigo pensar como estou anciosa pelo dia de amanha e ver aquele garoto de novo na escola. Talvez consiga descobrir algo mais sobre ele. 
Querido diário, por hoje é só, espero que o dia de amanhã tenha mais novidades para te contar.
Lisa (Liz)