Os reforços das aulas de verão começaram. Tinham poucas pessoas nas salas e algumas nos pátios pois vinha para os clubes. Eu entrei na sala para assisti matemática e o professor se zangou comigo por não conseguir fazer as atividades. Nas outras eu fui bem no reforço! Menos matemática e física e novamente Kakashi sensei sentou para conversarmos.
- Tudo bem. Por que não fazemos assim… - Começou. - Todo dia depois dos reforços normais eu te dou uma ajudinha com essas matérias que está tendo mais dificuldade. - Ofereceu e eu imaginei se o Kakashi sensei não é um anjo.
- Pode mesmo!?
- Claro. Você quer?
- Sim! - Sorri.
- Vamos começar hoje então?
- Okay. - Peguei novamente meus cadernos e começamos por matemática. Quando comecei a entender algumas coisas ele me olhou sorrindo e bagunçou meus cabelos.
- Viu? Vamos continuar assim.
E durante alguns dias foi assim. Depois dos reforços eu e o Kakashi sensei ficávamos na sala, ele me ajudando a estudar e me ensinando com paciência todas as coisas. Com certeza Kakashi sensei é o melhor professor de matemática pois eu estava entendendo muito da matéria. Fiquei feliz quando demos uma pausa para lanchar.
- E então? Está orgulhosa não é?
- Sim!
- Hinata, por que não fala com ninguém da escola?
- Am!? Ah…
- Todos os alunos fazem bullying com você? - Me perguntou com o queixo escorado em uma da mãos.
- A-alguns.
- Não precisa gaguejar comigo. - Brincou e apertou as minhas bochechas.
- O-Okay.
- Tem algum namorado? - Perguntou e eu quase engasguei com o suco. Por que ele me perguntou isso!?
- Não! Nu-nunca namorei antes. - Respondi e senti que estava vermelha de vergonha.
- Deveria. Você está perdendo as coisas boas da adolescência. Amigos, encontros. Não gosta de ninguém? - Perguntou de novo como se aquilo fosse fácil responder..
- A-acho que estou gostando de alguém.
- Quem é? Já contou pra ele?
- Não. Não vou contar. É impossível. - Falei e tive vontade de gritar que acho que gosto dele.
- Oh… Entendo.
- E você Kakashi sensei?
- Eu o quê?
- Tem namorada? - Perguntei também, me surpreendendo por não ter gaguejado.
- Tenho. - Me jogou um balde de água fria com essa resposta.
- Vai casar com ela?
- É muito cedo para dizer isso. - Sorriu e bebeu um gole de suco. - Bem, vamos continuar agora com física?
- Okay.
E mais alguns dias se passaram. Eu e o Kakashi sensei sempre conversamos sobre algumas coisas e história era um assunto em comum que tínhamos. Ele ficou muito surpreso por eu saber tudo sobre a história do mundo shinobi. Hoje seria a última aula das férias de verão. Eu estava saindo do banheiro quando a Ino e mais algumas meninas me empurraram pra dentro.
- Por que o Sai gosta tanto de você? - Me perguntou.
- Sai? - Eu não sei quem é esse. Do que elas estão falando?
- Meu namorado! - Ino respondeu.
- Eu não conheço nenhum Sai! - Falei firme mas elas me empurraram no chão e rasgaram meu casaco me deixando apenas com o uniforme de verão da escola. Elas teriam continuado mas viram o que eu escondo… Meus cortes.
- QUE NOJO! - Gritaram rindo da minha cara e saíram sorrindo. Me julguem mas passei alguns minutos chorando. Como eu teria aula assim? Ninguém pode ver isso! Todos me chamarão de louca!
Corri para a sala e peguei minhas coisas. Pensei não ter sido vista mas Kakashi sensei passava na hora de carro. Botei a mochila na minha frente e continuei andando ligeiro. Ele veio de ré com o carro e quando finalmente pensei que ele tinha desistido, o vir dar a volta e seguir em minha direção.
- Aonde vai Hinata? - Me perguntou e eu fingi não ouvir e sai correndo. Mas ele desceu do carro e me alcançou.
- V-vou pra casa. - Respondi e ele segurou de leve no meu ombro.
- Não está se sentindo bem? Vá na enfermaria e peça para alguém ligar para o seu pai. - Ele ia continuar mas olhou meus cortes. Vários deles. Não tinha como esconder apenas com a mochila pois a partir de um pouco acima do pulso até os cotovelos eles estavam lá. E eu chorei. Chorei com medo de como ele me veria a partir de agora.
- Entre no carro. - Mandou.
- Eu preciso ir para casa.
- Entre. - Me puxou de leve pelo braço e me colocou dentro. Tentei sair mas ele entrou, travou as portas e continuou dirigindo.
Mas o que foi que eu vi? O que essa menina está fazendo consigo mesmo? Não consigo acreditar nisso! Os pais dela não veem isso!? Eu não consegui ficar quieto, coloquei a Hinata no carro e comecei a dirigir para algum lugar em que poderíamos conversar. Cheguei na minha casa e estacionei. Mandei ela descer e a mesma o fez ainda chorando. Entramos e entreguei um copo de suco gelado para ela que aceitou e foi se acalmando.
- Eu preciso ir.
- Vou ligar para os seus pais.
- NÃO! POR FAVOR! MEUS PAIS NÃO PODEM VER! - Gritou chorando.
- Okay. - Baguncei meus cabelos meio nervoso. Quer comer alguma coisa?
- Não.
- Então vamos conversar. - Falei me sentando no chão a frente dela e olhando para aquelas marcas.
- Eu não quero conversar.
- Você vai começar! - Ordenei e ela estremeceu.
- Começar?
- Pode começar. Eu vou escutar. Por que faz isso Hinata?
- Eu não sei! - Chorou novamente. - Apenas me da vontade e me sinto bem! Mas depois me sinto lixo eu não sei! - Chorava tentando se explicar.
- Não sabe?
- É porque doi muito Kakashi sensei! Eu gosto porque aqui doi mais e eu tento evitar isso. - Segurava o pulso próximo ao peito. - Meus pais me odeiam desde que eu era criança então eu fazia isso e quando vi não consigo deixar disso! Eu não consigo! - Respondia em meio ao choro e a única coisa que fiz foi me levantar do chão, sentar ao seu lado e dar um abraço.
- Então vamos entender a razão real por mesmo sabendo que não é bom, você continua fazendo?
- Co-como? - Soluçou.
- Você não quer que eu conte para os seus pais não é?
- Não.
- Então vai aceitar ir em uma amiga minha que é psicóloga?
- Não! Eu não sou maluca! - Se levantou saindo de perto de mim.
- Eu não estou dizendo isso. Não quer deixar de se machucar?
- Si-sim.
- Então aceite. Uma consulta só, que tal?
- Não consigo falar com desconhecidos.
- Eu fico lá com você.
- Vai entrar na sala da psicóloga comigo?
- Sim. O que acha?
- Okay.
- Amanhã nós vamos. Por enquanto eu vou te levar pra casa. - Falei pra ela e coloquei um dos meus casacos sobre ela.
- Obrigada.
- Vamos?
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