História Meu suicídio - Capítulo único

Hoje seria o grande dia. Mary tinha uma apresentação na escola na qual eu não queria ir, então eu aproveitaria essa chance. Mary já sabia da existência dos cortes em meus pulsos, mas nunca falou nada. Ela nunca deu importância. Deixei meus pensamentos de lado e fui para o banho. Logo que a água morna alcançou meu corpo, saquei a lâmina e cortei meus pulsos. A cada corte, uma lágrima. As pessoas julgavam aquelas feridas. Elas achavam que eu fazia aquilo por frescura. Eu sempre tive as mesmas respostas, como "Você não sabe pelo que eu passei" ou "não julgue uma vida a qual você não viveu". A verdade era que eu sofria. E muito. Eu já cheguei ao ponto de me cortar sem derramar nenhuma lágrima, mas também já cheguei a chorar a ponto de não conseguir segurar uma lâmina. Terminei meu serviço e fui me vestir. Calça moletom preta, manga longa preta e blusa de frio preta. Aquele moletom eu não tirava por nada. A camiseta e as minhas pulseiras escondiam muita coisa, mas não tanto quanto aquela blusa. Coloquei um tênis e sai do quarto.
- Bom dia, Jade.
- Bom dia mãe…
Minha mãe quase nem ligava pra mim. Peguei minha mochila e sai. Chegando na escola, sentei debaixo de uma árvore e fiquei escutando a música.
- Oi Jade! - exclamou Alana, uma sem noção que vivia me enchendo.
- Oi.
- Devia encaixar o pulso.
- Por quê?
- Porque tá sangrando.
Olhei para meu pulso e vi que o sangue ainda pingava.
- Por que você não para de se cortar?
- Por que você não cuida da sua vida?
Ela emburrou e foi embora. Logo, o sinal bateu e fomos pra aula. As aulas passaram voando e logo eu fui pra casa. Chegando lá, Mary estava na sala brincando de boneca.
- Seu pulso ta sangrando- disse Mary friamente. Mary tinha os cabelos castanhos e os olhos verdes. Ela tinha apenas 10 e já me tratava com muito desprezo.
- Eu vou enfaixar.
- O que aconteceu?
- Machuquei na Educação Física.
- Até parece.
- Os pontos romperam, por isso ta sangrando.
- Aham.
Sai e fui pro meu quarto. Passei o tempo todo desenhando e escutando música, até que meu pai abre a porta.
- Estamos saindo. Vai ficar bem?
- Vou, sim.
Ele acenou com a mão e saiu, fechando a porta. Assim que o carro saiu, fui correndo na caixa de remédios e peguei um pote cheio de pílulas Lara dormir. Fui até o banheiro, onde me deitei na banheira e tirei uma foto minha. Logo, eu engoli todo o pote e esperei fazer efeito. Rapidamente, eu sono chegou. Eu quando eu estava quase dormindo, coloquei minha última foto me todas as redes sociais que eu tinha com o título "Eu antes de morrer". E dormi. Dormi para sempre.
FIM