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História A garota do calendário - CAMREN - Capitulo 2


Escrita por: momentoscamren

Capítulo 2 - Capitulo 2


Fanfic / Fanfiction A garota do calendário - CAMREN - Capitulo 2


— É por isso que eu acho que você deve pegar o emprego que a sua tia ofereceu e ver o que acontece. — Minha melhor amiga, Dinah, mascou seu chiclete de um jeito barulhento do outro lado da linha. Afastei um pouco o celular da orelha. —  É a unica solução. De que maneira você vai conseguir livrar seu pai do Austin e dos capangas dele?

Dei um gole na água fresca enquanto o sol da califórnia dividia as gotas em fragmentos de luz salpicados na garrafa.

— Não sei o que fazer, DJ. Não tenho essa grana toda. Não tenho grana nenhuma.— Suspirei, de um jeito alto e dramático demais até para os meus ouvidos.

— Olha, você sempre curtiu se apaixonar...

— Não mais! —Lembrei minha melhor amiga de toda a vida. 

Eu podia ouvir o barulho de vegas pelo telefone. As pessoas acham que o deserto é um lugar tranquilo. Não na strip. Maquinas caça-níquel tilintavam e campainhas soavam constatemente em qualquer lugar em que você estivesse. Não dava pra escapar.

— Eu sei, eu sei. — Ela mexeu no telefone fazendo-o estalar no meu ouvido. — Mas você gosta de sexo não é? 

— Eu não sou uma barbie DJ. Por favor, não me faça perguntas idiotas. Estou em uma situação complicada aqui. — Ou melhor, se eu não encontrar um jeito de conseguir um milhão de dólares, meu pai é que estará.

Dinah gemeu e mascou seu chiclete.

— O que eu quero dizer é que se você pegar o trabalho de acompanhante, só vai precisar estar sempre bonita e transar muito. Você não fica com ninguém ha meses. Poderia muito bem aproveitar a chance né?

Dinah era única pessoa capaz de transformar um trabalho de garota de programa, no emprego dos sonhos.

— Não estamos no filme uma linda mulher, e eu não sou a Julia roberts.

Caminhei até minha moto, uma suzuki GSX-R600 que apelidei de suzi. Era única coisa de valor que eu tinha. Passei a perna sobre o banco e coloquei o celular no viva-voz. Separei meu cabelo em três partes e fiz uma trança.

— Olha, eu sei que você tem boas intenções, mais sinceramente, não sei o que vou fazer. Não sou uma prostituta. Pelo menos não quero ser. — O simples pensamento fazia meu peito estremecer de pavor. — Mas tenho que pensar em alguma coisa, preciso ganhar muito dinheiro, e rápido.

— Sim, eu sei. Depois me conta como foi o encontro na Exquisite Acompanhantes de Luxo. Se puder, me ligue a noite. Merda, estou atrasada para o ensaio e ainda tenho que me vestir. 

Sua voz entrecortada e eu podia imaginá-la correndo pelo cassino para chegar ao trabalho, o celular colado ao ouvido, sem dar a minima para quem a observava ou achava que ela era louca. Era isso que a tornava especial, ela falava as coisas do jeito que eram... Sempre, assim como eu.

Dinah trabalhava no show burlesco Dainty Dolls, em Vegas. Homens do mundo todo vinham assistir ao show sensual na strip. Mesmo assim, ela não ganhava o suficiente para emprestar a mim ou ao meu velho. Não que eu tenha pedido.

— Ta bom. Te amo sua vaca. 

Falei docentemente enquanto enfiava minha trança dentro da jaqueta de couro.

— Te amo mais vadia.

Virei a chave no contato, acelerei e abaixei a viseira do capacete. Enquanto guardava o celular no bolso interno da jaqueta, coloquei o pé no pedal e sai em alta velocidade, em direção a um futuro que eu não queria, mais não tinha como evitar.

~


— Mila! Minha querida!

Minha tia falou enquanto envolvia os braços finos ao meu redor, me esmagando contra o peito. Para uma mulher franzina ela era muito forte. 

— Tia millie! É tão bom rever você. 

 Comecei a falar quando dois dedos, com unhas grandes pintadas de vermelho me silenciaram.

Ela estalou a língua.

— Aqui você vai me chamar de sra. Milan. — Revirei os olhos dramaticamente. — Boneca em primeiro lugar, não revire os olhos. Isso é grosseiro e nada feminino.

Ela apertou os lábios.

— Em segundo lugar, nunca me chame de Millie, essa mulher se foi há muito tempo. Morreu quando o primeiro homem em quem eu confiei fez picadinho do meu coração e deu para os cachorros comerem.

A imagem era feia, mas tia Millie era extremamente honesta.

— Cabeça pra cima. 

Bateu na parte de baixo do meu queixo me obrigando a erguê-lo de imediato.

Instantaneamente endireitei a postura, forçando os peitos para frente, seu sorriso de lábios vermelhos se ampliou exibindo dentes brancos, perfeitamente alinhados. Eram os mais bonitos que o dinheiro poderia comprar. Ainda assim, mesmo beirando os cinqueta anos, tia Millie estava com tudo em cima.

— Bem, você é muito bonita. Mas vai ficar ainda mais depois que a colocarmos em algo mais apresentável e fizermos o ensaio fotografico.

Dei um passo pra trás e bati numa cadeira de couro logo atrás de mim.

— Ainda não concordei com nada.

Os olhos de Millie se estreitaram novamente.

— Você não disse que precisava de muito dinheiro e rapido? Por causa do imprestavel do meu cunhado que está no hospital? 

  Ela se sentou delicadamente, cruzou as pernas e apoiou os braços com leveza no couro branco da cadeira.

Tia Millie nunca gostou do meu pai. O que era uma pena pois ele fez o melhor que pôde como pai solteiro especialmente quando a irmã dela - minha mãe - abandonou as duas filhas. Eu tinha dez anos na época. Sofia tinha cinco e desde então não tem lembrança nenhuma da nossa mãe.

Mordi o lábio e olhei em seus olhos castanhos, éramos tão parecidas tirando as cirugias plásticas que ela tinha feito, era como olhar em um espelho vinte e cinco anos a frente. 

Ajeitando os ombros contra a desconfortável cadeira, respiei fundo.

— Sim, dessa vez meu pai se meteu num grande problema com o Austin. Ele está em coma. Foi duramente espancado há quatro semanas. Ainda não acordou, ele está com o corpo todo engessado.

 — Jesus cristo, que selvagens.

  Ela sussurrou e passou a mão pelo cabelo, colocando um fio atrás da orelha, e se recompondo silenciosamente.

— É. E na semana passada, quando quando eu estava de vigilia do lado da cama dele, um dos capangas do Austin veio me ver. Disse que era o fim da linha para o meu pai. Se não receberem o dinheiro com juros vão matá-lo. Depois vão vim atrás de mim e de sofia. Eles chamaram de "divida herdada". De qualquer forma preciso juntar um milhão de dólares e rapido.

Tia Millie apertou os lábios e bateu a unha do indicador contra o polegar varias vezes. O tique taque incessamente quase me deixou louca. Como ela podia estar tão calma, tão indiferente? A vida de um homem, a minha e da minha irmã estavam em risco. Ela não ligava para o meu pai, mas sempre teve um fraco por mim e minha irmã. Seus olhos encararam os meus ferozes e brilhantes, com uma emoção desconhecida.

— Podemos conseguir em um ano. Você acha que eles lhe dariam esse tempo para pagar parcelado? 

Os pelos dos meus braços se arrepiaram e eu joguei os ombros pra trás, em defesa. Balancei a cabeça.

— Eu não sei. Tenho certeza de que o Austin quer o dinheiro e como tivemos um lance um tempo atrás posso tentar pedir. Aquele filho da puta sádico sempre gostou de me ver de joelhos, implorando.

— Guarde as suas aventuras sexuais pra você boneca. — Ela sorriu maliciosamente. — Parece que vamos ter que colocá-la pra trabalhar imediatamente. Temos que adiantar tudo, preciso de você aqui amanhã de manhã para a sessão de fotos. Vai durar o dia inteiro. Vamos tirar fotos, fazer videos.

Tudo estava acontecendo muito rapido, as palavras "podemos conseguir" soaram em meus ouvidos como uma tábua de salvação, um bote em mar aberto cercado de tubarões, porém ainda flutuando.

— Mas eu vou ter que dormir com eles? Quer dizer, eu sei que existe diferentes tipos de acompanhantes.

  Fechei meus olhos esperando por sua resposta até que senti algo quente apertar minhas mãos. Ela estava segurando.

— Boneca, você não tem que fazer nada que não queira, mas pra conseguir todo esse dinheiro, precisa considerar a possibilidade. Meus cliente e eu temos um acordo verbal, por assim dizer. Minhas meninas dormem com eles e eles acrescentam vinte por cento a comissão. Esse percentual é deixado em dinheiro, num envelope, no quarto da garota. Nada disso é pago pra mim ou pra minha empresa, já que a prostituição é ilegal na Califórnia. 

Assenti num gesto de cabeça, sem jeito, sem saber o que pensar, mas concordando mesmo assim.

— Vou agendar você por mês. Essa é a unica maneira de conseguirmos um cheque mensal de seis dígitos. — Seus olhos estavam brilhando e eu quase acreditei que poderia ser facil se eu tivesse a mente aberta. — Você vai ser enviada pra onde o homem estiver, ou a mulher e ser tudo o que eles precisarem durante o mês. Mas eu não vendo sexo. Se você dormir com eles vai ser uma decisão sua. Entretanto quando der uma olhada nos homens e nas mulheres que eu tenho na lista de espera, você vai pensar duas vezes sobre ir ou não ir pra cama com eles. Isso sem falar no pagamento extra. 

Ela sorriu e depois se levantou.

Senti que estava presa a cadeira de couro incapaz de me mover. Pensamentos de como é que eu ia dar conta desse trabalho rodeavam minha mente feito abutres ferozes, caçando e bicando minha moral.

— Vou fazer isso.— Ouvi-me sussurrar.

— Claro que vai. — Ela olhou pra mim. Seus lábios se abriram em um sorriso torto. — Você não tem outra opção se quiser salvar seu pai.

 




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