História Meu ursinho de pelúcia - Xícara de lembranças

"Era um novo dia e uma nova escola e estava já acostumada com isso, conheceria pessoas e teria afeto por alguma delas, porém logo teria de me mudar novamente e deixá-los consequentemente. Então preferi não me apegar à ninguém nas últimas viagens que tive e nessa não seria diferente. 

Me arrumei com extremo desânimo e fui para a cozinha, peguei uma maçã e fui para o jardim observar as orquídeas. Pelo menos algo bom nessa casa que veria em outros ambientes(se acaso eu mudasse novamente), a casa era boa e tinha lindos móveis antigos, e esse era o problema.Eu não queria me apegar.

Esperei meu pai no banco na entrada da casa,ele parecia sonolento e sussurrou um "bom dia" não respondi.Afinal era culpa do trabalho dele que a minha vida era assim.

Ele me levou para a escola e a única conversa que tivemos foi um "Boa sorte" Assenti e sai do carro. A escola era enorme e parecia não ter fim, cheguei e logo fui procurar uma biblioteca. Sem sucesso.

Resolvi então ir para a minha sala, bati na porta da que me indicaram que seria a minha. Uma professora abriu e disse:

-Alícia não é? Seja bem vinda, pode se sentar ao lado de Allan-Olhei e ela apontou para um garoto de cabelos loiros e sentei ao lado dele. Ele me olhou parecia curioso. 

Começou então a aula que era tão fácil que chegava a dar tédio e os meus lábios já não aguentavam mais, afinal costumo morde-los como ato de ansiedade. 

Olhava o relógio implorando para que ele tivesse piedade e deixa-se que as horas corressem por ele. Como sempre desejos não são a realidade. Quando bateu o sinal para o recreio já havia desistido, caminhei até o corredor quando duas garotas me pararam.

-Viemos dar as boas vindas-Dizia uma delas de cabelos loiros sorrindo-Sabe que... Você fica bem de cabelos coloridos? 

Nisso uma de cabelos pretos outra pegou um balde de tinta azul e rosa para tacar mim. Fechei os olhos e esperei a tinta, eu não iria desviar muito menos respondê-las. Pra que gastar meu precioso tempo com pessoas insignificantes e infantis? 

Embora que eu esperei as tintas serem lançadas em mim, eu senti elas sobre um pouco do meu cabelo, mas... Não na proporção que deveria. Abri os olhos e vi Allan à minha frente, ele havia me protegido e ficou completamente enxarcado com a tinta, as garotas o olhavam assustadas, talvez não esperavam que ele aparecesse.

-Allan?... Sério me perdoe! Eu não quis... Na verdade não era para ter caído em você -Falou a de cabelos loiros. 

-Era para ter caído nela não é? -Ele apontou para mim-Espero que fique bem claro que não é para tocarem nela. 

Elas assentiram e ele me puxou pelo corredor até uma fonte que havia no pátio da escola. Sentamos ali e ficamos observando a água até que resolvi puxar assunto. 

-Você deveria se limpar sabia? Está em um estado deplorável -Olhei para ele e ele se virou olhando para mim. 

-Você também deveria. Embora que fica bem com os cabelos coloridos -Ele disse e eu sorri. 

-Por que me defendeu? Não deveria, você nem ao menos me conhece -Perguntei porque isso me intrigava. 

-Eu te defendi porque não gosto de injustiças, e se o problema é esse, prazer eu sou Allan -Ele disse e eu ri. 

-Prazer sou Alícia-Rimos da nossa situação afinal todos nos olhavam e as tintas estavam prestes a secar. 

-Ótima maneira de se conhecer não é?-Ele comentou.

-Sim, sem dúvida alguma.

Me despedi dele indo aos vestiários, lá troquei a blusa que pois havia pingado a tinta do meu cabelo nela, e lavei os cabelos. Finalmente poderia dizer tchau às tintas. "

-Ei? Alícia? Que foi? Está aí sem me responder olhando para o completo nada. -Acordei dos meus pensamentos com o Allan reclamando de como eu estava avoada hoje, desde aquele dia já se passaram 4 anos e finalmente meu pai não fez mais nenhuma mudança desde então. 

Allan e eu agora éramos inseparáveis por mais que no começo ter amigos não fazia parte dos meus planos, não me arrependo de ter me tornado amiga desse ser estranhamente divertido. Bom, de certa forma onde eu estava com a cabeça quando virei amiga de um popular atrevido? Somos tão diferentes afinal. 

-Estava pensando no dia que nós nos conhecemos. 

-Sério? Nem me lembre, foi muito difícil tirar aquela tinta de mim tenho pesadelos com ela toda noite. 

-Ahh para de ser exagerado Allan, vamos logo! Você tem que ir para a casa e estudar tá bom? As provas seram depois de amanhã e com as suas farras vai acabar perdendo o ano -Ele riu e assentiu.

-Tudo bem então... Que fofa se preocupando comigo! Se não fosse por você eu já teria bombado diversas vezes ou teria muitas recuperações -Disse ele apertando minhas bochechas. 

-Ainda bem que reconhece o meu esforço -Disse e fomos conversando até em casa, ele era meu vizinho e por isso me acompanhava todos os dias.