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História Meu velho relógio. - Cadê meu pai?


Escrita por: sakuramashiro

Capítulo 2 - Cadê meu pai?


Fiquei olhando o relógio mudar o último segundo, era tudo o que eu não queria. Uma dor de cabeça feroz começou a tomar conta de mim e por um instante achei bom, porque assim não iria para o exame, meu pai não deixaria, preza que minha saúde seja sempre impecável, entretanto, a dor começou a ficar mais e mais intensa. Minha visão ficou turva, meu nariz sangrou e a última coisa que vi, foi o meu velho relógio ficando mais quente em minhas mãos e seus ponteiros correndo rapidamente.

Tudo apagou.

Quando recobrei a consciência, ainda sem abrir os olhos senti o sangue em meu rosto, um pouco até talvez grudado em meu cabelo, que mesmo louro, agora estaria vermelho e grudento. Imaginei o chão do meu quarto sujo e uma tristeza tocou meu coração, era um carpete verde claro, ia ser horrível limpá-lo. Pensei em meu pai, se ele me visse naquele estado, provavelmente brigaria comigo ainda por cima. Decidi levantar. Tudo doía, parecia que eu tinha caído da escada do corredor. Ela é bem íngreme, uma queda e pronto, eu com certeza teria ossos quebrados. Decidi que iria me apoiar na cama, para conseguir levantar, ainda sem abrir os olhos tentei apalpá-la, mas sem sucesso, como eu poderia ter caído tão longe da cama? Tentei sentir o carpete esticando minha perna direita, mas além da intensa dor, o chão parecia muito mais áspero e duro. Algo não estava certo.

Decidi abrir os olhos.

Assim como Dorothy, eu não estava mais no Kansas. Meu carpete havia sumido, minha cama havia sumido, meu quarto havia sumido. Talvez eu tivesse sumido. O lugar era horrível, eu provavelmente estava em um buraco causado por algum tipo de erosão, tudo tinha um tom cinzento, incluindo o céu. Tudo tinha um cheiro estranho, ruim. Eu definitivamente não estava mais no meu quarto e em hipótese alguma poderia imaginar onde estava.
Bastou uns cinco segundos de consciência recobrada para que meus ouvidos voltassem a funcionar e foi então que ouvi barulhos estranhos vindos da direita. 

- Liastroch! Liastroch! Hoi! Hoi!

Era uma língua estranha e mesmo fluente em três línguas, essa nem de longe eu conhecia. Decidi sair de onde eu estava. Levantei ainda com dor e olhei em volta. Foquei em olhar mais para o lado oposto dos sons e de longe vi um caminho mais escuro. Perfeito para que eu pudesse fugir e me esconder. Eu não sabia onde estava e nem quem fazia aqueles sons, decidi não ficar ali para descobrir. 
Treino condicionamento físico desde os treze anos, mas naquele momento, minhas pernas não eram a melhor escolha, se eu pudesse, teria as trocado. Tentei correr, mas cambaleava demais, acho que a quantidade de sangue que saiu do meu nariz acabou me desestabilizando e minha visão ainda estava comprometida.

- Hoi! Liastroch, kolibao!

O som ficava cada vez mais perto e eu tropeçava cada vez mais. Uma pedra, uma pedra passou pertíssimo da minha cabeça, pude sentir o vento na minha orelha esquerda, o que me motivou ainda mais a correr e me esconder, com certeza não eram amigáveis.
Consegui escorregar em uma vala de terra escura e acabei me tornando parte do lugar por conta da sujeira. Os sons ficaram mais próximos e eu cada vez mais imóvel, o som parou. Escutei passos, pensei ser meu fim e foi então que o som começou a voltar e os passos desapareceram, lentamente, o som começou a diminuir e se afastar. 

Eu estava na lama, suja, com dor, em um lugar desconhecido com pessoas ou seres estranhos e sem nem imaginar o motivo de tudo aquilo. Claro que poderia ser uma alucinação, minha pressão devia ter caído quando senti a dor de cabeça, mas ainda sim, doía demais para parecer mentira. 
Me esgueirei para fora da vala, ainda toda coberta por lama e observei ao longe silhuetas humanas aproximadamente no lugar onde eu iniciei minha "aventura" na terra do Mágico de Oz. Eles seguravam algo brilhante, imediatamente coloquei a mão no bolso. Meu relógio. Eles estavam com meu relógio. Por que do meu quarto todo, ele foi a única coisa que veio comigo?

Eu queria poder pensar direito aquela hora, mas não conseguia, tudo ainda doía. Lentamente fui perdendo a força e escorreguei para dentro da vala novamente.

- Cadê meu pai?

Tudo apagou de novo.



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