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História Meus dias sombrios - Minha mãe ainda não me entende.


Escrita por: WoNdErLuSTt

Capítulo 1 - Minha mãe ainda não me entende.


Fanfic / Fanfiction Meus dias sombrios - Minha mãe ainda não me entende.

Mãe, minha depressão é como uma metamorfose, um dia ela é tão pequena quanto um vagalume na pata de um urso, e no próximo dia... é o urso, e esses dias eu me finjo de morta até que o urso me deixa sozinha, eu chamo os dias ruins de dias sombrios. Minha mãe me diz
"-Tente ascender velas.", quando eu vejo uma vela, eu vejo o brilho de uma igreja, a tremulação de uma chama, as faíscas de uma memória mais jovem que o meio dia.
         Eu estou de pé ao lado do seu caixão aberto, é o momento que eu aprendo que cada pessoa  que eu já conheci irá algum dia morrer. Além disso mãe, eu não estou com medo do escuro, talvez isso seja parte do problema, e minha mãe me diz "-Eu acho que o problema é que você não consegue sair da cama." eu não consigo, a ansiedade me mantém refém dentro da minha casa, dentro da minha cabeça, e minha mãe me diz "-De onde a ansiedade vem?" a ansiedade é o primo de fora da cidade fazendo uma visita, que a depressão se sentiu obrigada a levar pra festa. Mãe, eu sou a festa, só que eu sou uma festa que eu não quero ser, uma festa na qual eu não quero estar, e minha mãe me diz "-Porque você não tenta ir a uma festa de verdade ver seus amigos?" claro, eu faço planos, eu faço planos mas eu não quero ir, eu faço planos por que eu sei que eu deveria querer ir, eu sei que algumas vezes eu gostaria de ter ido, é que simplesmente não é muito legal se divertir quando você não quer se divertir mãe. Sabe mãe, a insônia toda noite me pega em seus braços e me larga na cozinha, no tenor e brilho da luz do fogão.
       Sabe, a insônia tem esse jeito romântico de fazer a lua parecer uma companhia perfeita, e minha mãe me diz "-Tente contar ovelhas." mas minha mente só consegue contar razões para eu ficar acordada, então eu saio pra caminhar, meus joelhos disfêmicos fazem CLEC como colheres de prata seguradas em braços fortes com pulsos flochos, eles tocam minha cabeça como desajeitados sinos de igreja me lembrando que eu estou sonambulando num oceano de felicidade que eu não posso me batizar nele, minha mãe me diz que ser feliz é uma decisão, mas minha felicidade é tão vazia quanto um ovo furado por uma caixinha, minha felicidade é uma febre fervente que vai estourar logo. Minha mãe me diz que eu sou tão boa em fazer algo do nada e depois na cara dura me pergunta se eu tenho medo de morrer, não eu não tenho medo de morrer, eu tenho medo de viver. Mãe eu sou sozinha, acho que aprendi quando papai foi embora á transformar a raiva em solidão e a solidão em ocupação, então quando eu te digo que eu tem estado super ocupada ultimamente, eu quero dizer que eu ando caindo no sono assistindo noticiário esportivo no sofá pra evitar confrontar o vazio... o espaço da minha cama, mas minha depressão sempre me arrasta de volta pra minha cama, até que meus ossos sejam os fósseis esquecidos de uma cidade esquelética afundada e minha boca um cemitério de dentes quebrados de tanto morder a sí mesmos.
          O auditório vazio do meu peito desmaia com ecos de batidas do meu coração, mas eu sou uma turista descuidada aqui, eu nunca vou verdadeiramente saber todos os lugares em que estive. A minha mãe ainda não me entende... mãe, você nao consegue perceber que eu também não.



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