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História Meus Últimos Sete Dias - Sete


Escrita por: solnoelly

Notas do Autor


Eu não sei, só escrevi.

Capítulo 1 - Sete


Fanfic / Fanfiction Meus Últimos Sete Dias - Sete

Eu estou aqui, no mesmo lugar onde estava ontem, neste mesmo horário. Sentada lendo uma revista, bem, fingindo ler uma revista.

Estou em uma busca. Procuro alguém que me interesse. 

Estou aqui a dias e até agora nada. Tudo o que eu vejo são pessoas irritadas, chateadas, estressadas.  

Estou aqui por opção, não por necessidade, mas sim por pura vaidade. 

Estou cansada de estar aqui por tanto tempo. 

— Droga! —  diz um cara que acabou de derrubar algo que parece ser um monte de chaves.  

Captura toda a minha atenção. Ele se abaixa para pegá-las enquanto tenta segurar sua papelada. Eu o observo do banco da praça.   Parece tão atrapalhado que me arranca um sorriso. Fecho minha revista e vou a seu encontro. Me abaixo e pego algumas chaves, coloco-as na latinha onde ele está juntando todas elas. Nosso olhares se encontram e ele sorri. 

— Obrigado. — Ele diz logo após ouvirmos o som da ultima chave caindo sobre as outras dentro da lata. 

— Não se preocupe. 

— Eu preciso ir, estou atrasado. — Diz se levantando. 

— Tudo bem.  

Meu olhos o acompanham até o perder de vista quando ele vira a esquerda.  

— É ele. — Digo para mim mesma.  

Dou os primeiros passos em direção ao caminho percorrido por ele e sinto um incomodo no meu pé direito, pisei em algo. Continuo   andando sem me importar com o que havia pisado. Me concentro em ir o mais rápido possível até aquele cara desastrado. 

Sinto alguém tocar meu ombro, me viro e um garoto me entrega uma chave, dizendo que eu a deixei cair. Pego a chave sem hesitar.
 Era obvio que era da pessoa que estou tentando alcançar. Agradeço o garoto e começo a correr, talvez eu ainda o encontre.  

Corro até me sentir ofegante, viro a esquerda, mas já não  o vejo. É uma rua qualquer, não tão movimentada, não o vejo em lugar     nenhum. Ando pela rua, na esperança de encontra-lo. Olho em cada estabelecimento, mas nada. Coloco a chave no bolso de meu vestido cor naval.

Desisto e volto ao banco da praça,  agora não mais fingindo ler uma revista, nem mesmo observando as pessoas, tudo que penso é   eu perdi o que demorei para encontrar.

Volto para casa, o ar frio do ar-condicionado deixa minha pele arrepiada, coisa que odeio. Vejo um bilhete em cima da mesa. 

“POR FAVOR VENHA AO ESCRITÓRIO.” 

Meu pai costuma deixar bilhetes sem assinatura e isso me irrita bastante. Mesmo que eu saiba que são dele, acho a assinatura no     fim do bilhete tão importante quanto o recado que precisa ser dado.  

Vou até o loucamente movimentado escritório de advocacia de meu pai. Me aproximo de sua sala e o escuto discutindo com um de seus funcionários.  

— Isso foi algo muito irresponsável.  

— Senhor me desculpe. Ocorreu um incidente e eu... 

— Não me venha com desculpas. Sabe quantas pessoas matariam para estarem no seu lugar?  

— Sim senhor. 

— Pois eu não acho que saiba novato. Eu apenas lhe pedi para fazer uma atividade simples. Se você não encontrar essa chave até amanhã estará despedido.  

— Sim, senhor. 

— Agora saia de minha sala.  

Percebo que a conversa terminou e me afasto da porta para não perceberem que eu estava ali. Volto em direção a sala. Me esbarro em alguém e me desequilibro. A pessoa me segura e quando me equilibro olho para seu rosto. É ele. Será possível?  

— Você. —Digo sorrindo.  

— Você. — Ele diz. 

—Eu preciso te entregar algo. — Falo enquanto tiro a chave do meu bolso.  

Os olhos dele até brilham quando o entrego a chave. Ele me abraça, mas não diz nada.  

Ele entra na sala de meu pai e eu o sigo. 

— Aqui está, senhor. — Ele diz colocando a chave na mesa de meu pai. 

Permaneço na porta. 

— Bom, agora volte ao trabalho. 

— Sim, senhor. — Diz. 

Ele passa por mim sem dizer nada, apenas sorri. Sorrisos significam muito para mim. 

— Que bom que está aqui. Sente-se. — Meu pai diz para mim.  

— O que é tão urgente que não pode ser tratado por telefone? — Digo me sentando. 

Meu pai olha em meus olhos e mantem o silêncio.  

— Você parece preocupado. — Digo. 

— Sua mãe quer que você vá passar um tempo com ela em Bragança.  — Ele diz. 

— Obviamente você sabe que eu não vou... — Falo. — Tem a faculdade e minha vida. 

— Você não vai viver lá, vai ser apenas um tempo.  

— Um tempo pra quê? Respirar o ar do campo?  

— Ana Carolina, não faça piadas. Sua mãe e eu decidimos que vai ser bom pra você. 

— Bom pra mim? Você não acha que eu é quem devo decidir o que é bom pra mim? Afinal eu já tenho dezenove anos.  

— Enquanto eu te sustentar sou eu quem decide o que é bom para você ou não. 

— Então é isso? Dinheiro? Você não se cansa de jogar na minha cara que me criou sozinho? Porque eu estou cansada de ouvir isso. Eu não pedi pra nascer e eu não tenho culpa se a Anabel te abandonou! 

Minhas palavras o magoaram. Eu me senti muito mal por ter dito aquilo, segundos depois.  

— Você vai amanhã.  

— Pai, eu não vou. — Digo me levantando.  

Saio da sala dele sem deixar que ele diga algo, não iriamos terminar essa conversa  nunca se não fosse opor minha falta de interesse em ouvir baboseiras. 

Vou até a sala de meu tio Dave, ele sempre me ajuda quando estou com problemas.  

— Tio Dave?  

— Oi, Carolina, já imagino o que veio fazer aqui.  

— Será que a gente pode conversar agora?  

— Claro, feche e a porta.  

—Meu pai quer que eu vá para Bragança, sabe, para ver a Anabel.  

— Sim, ele me disse.  

— Eu não quero ir. 

Ele respira fundo.  

— Você não acha que já está na hora das coisas mudarem? — Diz. — Afinal já se passaram muitos anos.  

— Eu não quero que nada mude. Não quero ter que olhar para ela.  

— Você não pode odiá-la para sempre, Carol. Pelo menos tente. Seu pai me disse que seria apenas por uma semana. 

— Tempo suficiente para eu morrer de tanto ódio, não acha?  

— Faça isso. Se não por você, por ele.  

— Vou pensar. Obrigado por me ouvir. — Digo saindo da sala.  

É difícil pensar na mínima possibilidade de eu gostar do tempo que possa passar em Bragança. Não pelo fato de que  eu  odeio  cidades do interior, mas sim porque a pessoa que eu mais odeio no mundo está lá.  

Vou até o terraço onde posso pensar melhor. Encontro Lia, ela está fumando.  

— Ainda vem aqui para pensar? — Diz quando percebe minha presença.  

— Sim, é muito difícil pensar com toda aquela barulheira lá em baixo. 

— Cigarro? —Diz me oferecendo. 

— Não valeu, eu parei. 

— Sorte a sua.  

— É. 

— O que você tem com o novato? 

— Desculpe? 

— Sabe, o Miguel. Eu te vi o abraçando mais cedo. 

— Ah, o Miguel... Nós somos amigos, só isso.  

— Seu pai o detesta. 

— Por quê? 

— Não sei. Ele o enche de trabalho, mais que os outros. — Lia diz. — E o trata muito mal também. 

— Meu pai nunca foi um poço de gentiliza. 

— Mas com ele é diferente, é pior. — Ela joga o toco de cigarro no chão e o esmaga com seu Oxford. — Preciso ir.  

Reflito sobre o que Lia disse enquanto aprecio a vista. Não consigo imaginar alguém odiando o mesmo cara desastrado
e doce que eu conheci hoje. 

Desço para falar com ele, o vejo do outro  lado  da  sala  separando  papeis  em  uma  mesa.  Caminho  em  sua  direção,  ele  me  vê, pega os papeis e saí. Foi uma atitude estranha. Fico parada tentando entender. 

— Carolina, quanto tempo. — Diz a irmã de meu pai. 

— Olá, tia Mari. — Digo a abraçando.  

— Faz meses que você não aparece aqui.  

— É, não tenho muito o que fazer aqui, na verdade. 

— Quem dera se pudesse dizer o mesmo. —Disse se afastando.  

Vou para onde Miguel foi. Ele está com mais papeis.  

— Oi, precisa de ajuda? — Eu perguntei.  

— Não, tenho que procurar a Rose para assinar isso. — Diz, indo embora.  

Ele nem mesmo olhou para mim.  

Decido ir para casa. 

Quando chego, durmo um pouco e quando acordo já está escuro. Checo meu celular e vejo que são oito horas. Tomo um banho  quente e desço para come algo. Vejo um novo bilhete na sob a mesa. 

"JANTAR IMPORTANTE COM MEUS SÓCIOS. SE ORGANIZE PARA AMANHÃ." 

Ele continua com a ideia de que eu preciso ver minha mãe. Droga.  
             Aproveito que papai não está em casa para ir ao escritório dele, preciso olhar a ficha do Miguel, talvez eu descubra algo.  

Quando paro meu carro na frente do escritório, olho se estou com as chaves certas. Saio do carro e abro a primeira porta, entro e a tranco. Essa é a hora que Lucas, o segurança, saí de seu posto para tomar um café.  

Para minha sorte só tem câmeras nos sétimo andar, onde fica a sala de meu pai e todos os sócios.  

Pego o elevador e vou até o sexto andar onde fica as sala de Rose, com certeza ela tem o que procuro. Abro a sala, mas  não  encontro nada. Então vou até o quinto andar pelas escadas. Está tudo muito escuro e a lanterna do meu  celular  não  é  muito  eficiente.  

Vejo que há um luz acesa, vou até lá. Espio pela fresta da porta e vejo Miguel. 

— Ei, você. — Digo. 

— Ah, oi. O que está fazendo aqui a essa hora? — Pergunta

— Vim buscar algo. —Digo. — E você? 

— Trabalho extra.  

Penso no que Lia disse sobre meu pai ser muito duro com ele. 

— Por que está me ignorando? — Pergunto 

— Eu não estou. — Responde.  

— Não está?  

Eu o olhei nos olhos para que ele tivesse certeza de eu sabia que ele estava mentindo.  

— Certo, você me pegou. Sim, eu estou te ignorando, desculpe.  

— Bem que você estava me ignorando eu sabia, quero saber o porquê. 

— Porque... — Disse. — Porque você é... 

— A filha do chefe?  

— Isso.   

— Qual dos seus colegas babacas te disseram que você não deveria se aproximar de mim?  

— Todos, na verdade. 

— Eles são mesmo uns idiotas. 

— É, são. 

Ficamos em silêncio.  

— Olha, vamos fazer o seguinte, finge que eu sou só a garota que te ajudou a pegar as chaves do chão. 

— Não posso esquecer o fato de que salvou minha vida quando me entregou aquela chave perdida. — Falou. 

— Foi muita coincidência.  

— Ou destino... — Disse olhando para mim. 

— Ou destino. — Falei. 

Ele sorriu e voltou a olhar para o seus papeis.  

— Me faria um favor? 

— Sim. Ou melhor, talvez.

— Meu pai quer que eu vá passar um tempo com minha odiada mãe. Eu não quero ir, mas ele está me obrigando. Então...  

— Então?  

— Eu pensei que se você fosse comigo, eu talvez poderia odiar um pouco menos a experiência. 

— E quando seria isso?  

— Amanhã. 

— Me desculpa, eu não posso.  

— Por favor, vai ser só por uma semana. 

— Eu não posso arriscar perder esse emprego.  

— Você não vai! Eu falo com meu pai.  

— Eu... Eu não sei. Seu pai não gosta muito de mim. Pra ser honesto não acho que ele vá permitir isso. 

— Ele não vai ter escolha, eu sei conversar com meu pai. Por favor, é muito importante que você vá comigo. 

—Tá, eu vou. 

— Muito obrigado. 

— Tá. — Falou.  

— Você deveria ir pra casa, alguém pode terminar isso para você. — Falei indo embora. 


Notas Finais


Obrigado por ler.


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