História Mi Tentación - Preocupação.

Com a respiração falha ela permaneceu por mais alguns minutos nos braços dele, sentindo os dedos dele entre seus cabelos, a respiração no mesmo ritmo que a sua. O coração na mesma sintonia. Os corpos dividindo o mesmo calor. E as mentes presas ao beijo lento de alguns minutos atrás.

     Em silêncio, depois de um longo tempo tomaram coragem para se afastar, o que foi estranhamente difícil. Paola vestiu suas roupas e o olhou pela última vez antes de voltar para o acampamento, sorriram um para o outro sem a necessidade de pronunciar qualquer palavra. Henrique sorriu bobo quando ela se afastou, a imaginou por tanto tempo em seus braços, mesmo que fosse por míseros segundos. Ainda sentia o calor das mãos dela em contato com o seu corpo, o sabor dos lábios dela em sua boca e o sorriso vagando por sua mente. Já ela, se revirou no colchão da barraca até o dia amanhecer, sentia calor nos lugares que ele tocou com firmeza, mordia os próprios lábios ao lembrar-se do beijo, sorriu sozinha sem perceber e quando os primeiros raios de luz começaram a timidamente aparecer, ela adormeceu.

(...)

     - Vocês podem conhecer a fazenda, garanto que não vão se arrepender. Só peço que estejam aqui meia hora antes da finalização da prova, pode ser? - o diretor avisou e Ana sorriu animada, Jacquin também não escondeu o sorriso. 

      - Pao chama o Fogaça, ele deve estar dormindo ainda mas com certeza não vai querer perder isso. Jacquin vamos comigo até o carro pegar meu chapéu e não adianta fazer essa cara - a jornalista eufórica já saiu andando puxando o Francês pela mão. Paola tentou protestar, estar com Henrique sozinha, mais uma vez? Díos Santo. 

    A Argentina foi até a barraca em passos lentos, e cautelosa, abriu a mesma e entrou, encontrando o bad boy enrolado em um cobertor. Observou os lábios dele e o beijo da noite passada invadiu seus pensamentos, mais uma vez das incontáveis vezes. 

     - Henrique - ela pôs uma das mãos no rosto dele e sua feição que estava calma sumiu por completo ao sentir o quão quente o tatuado estava. Passou a mão pelo rosto dele, preocupada. Por que TÃO preocupada? - Henrique, acorde! - ela o chamou de novo e ele resmungou algo que ela não entendeu, abriu os olhos devagar e ao vê-la ele sorriu de canto sem mostrar os dentes. - Está queimando em febre, o que houve? Ta sentindo alguma coisa? - ela não queria parecer tão preocupada, mas seu tom em um quase desespero a denunciava. Henrique, sentindo uma forte dor de cabeça e uma puta dor de garganta já sabia que estava prestes a ser atacado por uma gripe, tentou manter os olhos abertos para não perder o rosto da morena de vista, que estava tão próxima ao ponto de sua respiração preocupada chegar até ele. 

     - Eu só preciso dormir Pao - ele falou baixo levando a mão até o rosto dela, estar tão perto sem poder toca-lá era algo fora de cogitação.

     - Você está muito quente - ela segurou a mão dele que estava em seu rosto e a afastou. - No dorme, já volto - ela saiu da barraca e correu até a equipe do programa, avisando ao diretor o estado de Fogaça. Ana e Jacquin se preocuparam e de imediato desistiram do passeio.

      - Eu não posso fazer nada. Contratamos uma equipe médica que até então não chegou. Pô, uma gripinha gente? Não posso dispensa-lô por isso, a prova precisa dos três. Ele aguenta até terminar essa externa, na prova de eliminação posso pensar em dispensa-lô.  - Pato sequer os olhava enquanto falava, folhava uns papéis que estava em suas mãos mas pode sentir muitos dali o olhando com desprezo. Pato era uma boa pessoa mas seu excesso de profissionalismo e falta de sensibilidade sempre foi algo que manchava sua personalidade.

       - Eu e Pôla iremos dar conta Pato, já vi Fogaça doente e te garanto que o que ele precisa agora é ir para casa descansar. - Jacquin disse sério encarando o diretor.

       - Câmera 4, 5 e Ana Paula vamos para a área onde estão os convidados - Pato saiu andando ignorando totalmente o fato de Henrique. Ana Paula bufou possessa seguindo ele, Jacquin olhou para Paola e enxergou nos olhos da morena a preocupação com o bad boy.

       - Eu cuido dos competidores, cuida do tatuado e tenta o levantar antes do fim da prova - ele puxou a amiga para perto a abraçando com carinho - Vocês sempre cuidaram um do outro, mas nunca foram capaz de assumir o que explica esse cuidado, que é único. Estão bem grandinhos, no? - com seu sotaque carregado ele soltou tudo de uma vez, Paola o olhou perplexa. O Francês sorriu e se afastou indo até o local onde ocorria a prova.

     Paola não sabia o que pensar, sentia tudo se misturando dentro de si, como um vendaval. Temeu ao imaginar o resultado final desse fenômeno dentro de si. Balançou a cabeça tentando afastar esses pensamentos e voltou para a barraca, no momento, queria apenas cuidar de quem a cuidou por tantos anos.