História Midnight Bottle - Vamos ficar acordados até de manhã.

“I won't act my age, no I won't act my age

 No, I'll still feel the same around you.”

Depois de conversar com o Chris eu apaguei, não lembro que horas eram, muito menos como eu dormi, só sei que acordei meio desnorteada pelo apagão.

Levantei-me e ainda de pijama e fui preparar meu café, peguei a garrafa, o coador, pó de café, açúcar e tudo que eu precisaria, arremessei meu celular no sofá enquanto ainda terminava de coar, depois servi o cheiroso café em uma das minhas canecas prediletas, sentei-me no sofá, liguei a TV e fiquei trabalhando enquanto bebia o café. Terminado o ritual, comi algumas bolachinhas e fui dar uma geral na casa. Passei algum tempo limpando, mas principalmente arrumando a enorme bagunça que só eu sou capaz de fazer; e na mesma intensidade arrumar. Fui colocando as coisas no lugar e acabei esquecendo o celular, resolvi trabalhar no ensaio dos meninos, acabei salvando umas fotos mais engraçadas que eu havia photoshopado para mostrar à eles.

Quando por fim terminei tudo, tomei banho, troquei-me e decidir ir ao shopping almoçar. O caminho até lá foi tranquilo, já estava dentro do shopping quando percebo meu celular tocando, era o Chris me chamando para almoçar com ele e os garotos no shopping e assim combinamos de nos encontrar. Sentei-me na mesa onde eles estavam e as conversas fluíam, mas sempre voltava em relacionamentos, os garotos riam enquanto falavam qual a youtuber ou famosa cada um deles era apaixonado, eu ria na mesma intensidade mesmo não entendendo algumas coisas, ainda assim fiz alguns comentários ácidos que os impressionaram.

Estávamos a caminho do estacionamento, quando encontramos Júlio e um outro rapaz. Ele chama-se Igor, é melhor amigo do Júlio e acrescentando a sua apresentação: tão bonito quanto o próprio. Todos conversávamos sobre a festa de hoje, então recebo um e-mail para a confirmação de um ensaio para essa semana ainda, fomos caminhando juntos até o estacionamento, os meninos me levariam em casa.

Fomos o percurso todo perturbando o Christian, para piorar o lado dele contei para Mauro e Lucas a história dele com a Mari, inclusive, saudades da minha amiga. Gravei alguns snaps com o celular do Chris, com o que eles chamam de queimação. Chegamos em casa eu entrei e eles foram, afinal precisávamos nos arrumar para a festa.

Fui para o quarto, dei mais uma olhada pra ver se tinha mais alguma informação sobre o ensaio e me comunicaram que o Chris estaria, porém ainda tentavam contatar mais uma pessoa e como não havia certeza, não me deram nomes. Enquanto lia algumas propostas para as fotos, acabei apagando de novo! Meu deus eu só posso ter alguma doença, como pode o ser humano estar em plenas atividades mentais e de repente parecer um computador sem bateria, desligar repentinamente e só ligar quando tiver carregado, louco porém era exatamente assim que me sentia.

Obviamente me atrasei, sai correndo pro chuveiro, fui mais para arrumar o cabelo mesmo, estava claramente correndo contra o tempo já que sabia das horas que precisaria pra me maquiar, a minha estimativa exagerada chegaria na boate 3 da manhã. Enquanto realizava o processo da minha quase montagem drag, Chris me avisou que passaria aqui, disse que não precisava, contudo ele insistiu, então decidi que ia beber e isso se tornaria um perigo iminente.

Ele já me aguardava na sala e nada de eu conseguir achar a droga dos meus brincos, parece que duendes se alimentam do meu desespero e escondem minhas coisas quando mais preciso delas. ACHEEEEI! Meu deus, achei que nunca mais os veria, fui encaixando os mesmos enquanto ia com o Chris pro carro do Lucas.

Chegamos bem depois do horário combinado, então fomos entrando sem enrolação e em meio a multidão procurando o resto da galera que também estão aqui, então encontramos Júlio e mais um monte de gente que não me interessa, já que não conseguia tirar os olhos dele. Ele veio até mim, eu dei dado um cumprimento geral, já que não seria nada inteligente cumprimentar pessoa por pessoa em meio a essa barulheira. Se aproximou, dizendo-me:

– Não vai me dar oi não?!

– Mas eu já dei oi Júlio­­ — Sorri, ele chegou mais perto do meu ouvido.

– Então eu não ouvi, não me lembro de ter ouvido sua voz.

– Na verdade eu dei um ‘oizinho’ para todos.

– Acho que eu mereço mais que um ‘oizinho’ né?! – Nesse momento ele já estava com a mão no meu pescoço, enquanto falava muito próximo ao meu rosto.

– Só merece se me der esse copo aí, hoje eu vim com os meninos então vou me jogar – disse levantando os braços e dando um giro.

Quase institivamente Júlio parou meu rodopio segurando minha cintura, me encarou como se introduzisse seu olhar no fundo do meu, carinhosamente direcionei minha mão ao seu ombro, fui deslizando a até chegar em sua mão e tirar o copo da mesma. Virei a cerveja dele sem nem pensar.

– Desse jeito você não aguenta meia hora aqui – falou dando uma gargalhada maravilhosa.

– Você realmente não me conhece, a única coisa que me tiraria daqui com meia hora é a polícia – gargalhei também e joguei minha cabeça pra trás, ele se aproximou do meu pescoço.

– Vamos pra pista?! – Perguntou-me já me levando em direção ao centro da balada.

Assim fomos para o meio da multidão, dançamos muito, fomos atrás do resto do pessoal para levá-los conosco. Em um súbito surto mental me deparo competindo com Igor e Júlio quem de nós virávamos mais copos de cerveja, claramente foi uma péssima decisão.

O resultado? Minha última lembrança é estar no carro do T3ddy enquanto Chris me lotava de perguntas das quais eu não fazia ideia das respostas e depois disso apagão total.