História Mil palavras - Segundo andar

O final de semana foi ótimo, no sábado todos estavam com seus afazeres de sempre, quase não se falaram, apenas um oi ou outro e o planejamento de domingo; todos acabaram obrigando Laura prometer fazer lasanha, Ela ficou feliz, obvio que obrigaria todos a ajudarem, o que a deixou super contente um laço verdadeiro vem a partir das pequenas coisas.

No domingo:

Era 11horas quando a mãe de Laura saiu , ela que já tinha sido avisada das visitas, ficou aliviada da filha finalmente ter amigos, mesmo assim pediu para Thiago passar para ver o que acontecia durante a visita; Laura já esperava por isso e ficou alegre apesar da desconfiança, afinal apresentaria seu irmão para os novos amigos e tinha certeza que nenhum deles tentaria seduzi-lo como as outras “amigas” que ela já levou até sua casa.

Logo sua campainha toca, quando foi atender apenas Sophi e Lorena estavam la:

- yo Laura-chan – disse Sophi pulando nos braços de Laura com sua aura alegre de sempre, estava vestindo um daqueles vestidos de sempre com estampa de frutas alegres, uma meia acima do joelho branca e um arquinho com orelhinhas de gato, seu cabelo estava solto, era a pessoa mais fofa que Laura veria naquele dia.

- oii, tudo bem? – Lorena parecia contente, ela vestia roupa parecida com de Laura short jeans e camisa de banda, um lenço prendia seu cabelo de um jeito bem afro e moderno, era a pessoa mais descolada das três garotas.

- e ai pessoas, cadê Marcos e Pablo? – estranhou Laura olhando portão a fora.

- foram comprar doces – respondeu Lorena com um sorriso divertido.

- ta bom, vou deixar o portão aberto para eles, vamos – virou para entrar em casa sendo seguidas pelas duas garotas.

No caminho:

- eu sei o que você fez tah- disse Pablo com um olhar divertido para Marcos.

- fiz o que?, ta ficando doido é?! – “quais delas será que ele sabe?”.

- A noite enorme, tudo dorme...- começou a dar risada com a cara de susto de marcos.

- Ta me seguindo é? – deu um soco de leve soco no ombro do gordinho.

- meu poder é saber das coisas – olhar serio.

- desculpa ai grande mestre dos magos – Marcos começou a rir.

- só um aviso, não me deixa mexer no seu celular.

Nesse clima brincalhão chegaram a casa de Laura, reparam o portão aberto, estranharam, ficaram com medo de ter acontecido algo, afinal era algo incomum no meio da cidade, onde já se viu deixar Portão aberto!?, por isso não hesitaram em entrar, Marcos segurou a vassoura que estava próximo de maneira ofensiva para protege-las de seja la qual for a ameaça.

A cena seguinte os surpreendeu causando um calafrio nos meninos seguido de uma tensão que eles não poderiam imaginar sentir, era simplesmente inesperado, estavam incertos mediante as consequências do que poderia acontecer a seguir, o que os olhos deles viram chega a ser difícil descrever mas tentarei.

Lorena deitada no sofá com a roupa torta e cabelo bagunçado, com Sophi sentada em suas costas, Sophi também se encontrava descabelada porém diferente de Lorena ela tinha um sorriso vitorioso em seus lábios, Laura estava amarrada com um lenço  sentada no chão haviam dois corações rabiscados em suas bochechas, a garota chorava de rir, de seja la o que tivesse acontecido.

-socorro – implorou Lorena para os garotos que aparentavam medo da garota acima dela.

- Shophii-ii – disse Pablo segurando o riso, era o único que ainda conseguia falar – temos docee- mostrou a sacola da  padaria.

Como uma leoa faminta Shophi atacou Pablo, não pelos doces, e sim pelo motivo que a obrigou batalhar.

- ajuda eu Pablo-chan – ela disse com voz frágil de quem ganhou a batalha.

- ma-mas o que aconteceu aqui? – Marcos tomou folego, finalmente conseguiu perguntar.

-Sophi quer fazer maratona de anime – Lorena levantou do sofá ainda bagunçada e foi soltar Laura.

- Eu só disse que preferia filme e as duas me atacaram – mostrando os corações de rendimento em sua face, finalmente foi desamarrada do lenço que pressionava seu pulso.

- de a outra face, jesus dizia – Lorena falou para justificar-se. – todo mundo sabe que filmes são rápidos demais, eu queria ver uma serie...e fui vitima dessa otaku doida – disse fazendo bico.

- p-pode ser anime – marcos e Pablo disseram após se entre olhar e ver o semblante assassino de Sophi.

-haiii, alguma sugestão? -sophi saltitou alegre.

- nenhuma -respondeu Laura conectando a internet na televisão.

-  ben-to, combina com a gente – diz Sophi sorrindo.

Após isso todos concordaram, como estava calor e não tinha espaço nos sofás, eles os afastaram e deitaram no chão, que foi coberto por um cobertor macio e almofadas aconchegantes, e enfim começaram a maratona dos 12 episódios de ben-to, sempre rindo e comentando entre os episódios.

fizeram a pausa para cozinhar a lasanha, todos juntos, foi engraçado saber como Sophi era sem jeito na cozinha e como Marcos que aparentava não saber fazer miojo ser tão habilidoso quanto Laura; Cada um com seu jeitinho. A lasanha saiu assim que Thiago chegou, eles estavam no meio de um dos episódios e brigando para saber de quem era a vez de ir dar uma olhada no fogão, por fim Thiago foi obrigado a olhar assim que chegou a sua casa., sem ao menos ser apresentado a ninguém, após retirar a travessa do forno voltou a sala, todos estavam concentrados no anime, não querendo interromper disse:

- Desculpa ai pessoal, vou tomar banho e já volto – subiu correndo para o quarto.

- quando voltar a gente come- respondeu Laura, já estava com fome eram 15hrs da tarde e até agora só tinham lanchado besteira.

Thiago desceu e cumprimentou todos, eles se deram bem de imediato, foi bem divertido, a imagem de todos comendo, rindo e brincando nunca ia sair da memória de nenhum deles, parecia algo pequeno mas era sem duvida uma das melhores sensações do mundo.

As horas se passaram, Thiago se despediu de todos, segundo ele havia uma promessa de passar a noite com a namorada; Todos estavam satisfeitos com a noite, acabaram de assistir o anime, arrumaram a cozinha e ficaram brincando o resto do tempo, jogando papo fora, até já estar a noite, eram 19:47.

A mãe de Laura chegou, ficou feliz em conhecer os amigos dela, eram todos muito educados, mas estava cansada e subiu para tomar banho resolvendo dar espaço para filha e os amigos.

- Mãe posso sair com eles? – eles a chamaram para fazer o de sempre, mesmo que não tivesse planejado a noite estava bonita, perfeita pra isso.

- claro, mas não volta tarde – permitiu.
Quando eles saíram, passaram na casa de marcos para pegar os sprays e andaram por uns quarteirões para achar um muro no qual pudessem escrever, tomando cuidado para achar uma rua deserta.

Quando acharam, era em uma sacada no segundo andar de uma pequena ruazinha, a casa parecia vazia e não seria nada difícil acessar o segundo andar do local, que mais parecia um armazém com caixas de madeira vazias empilhadas do lado de fora:

- ta na hora de ensinar Laura a subir neh!? – falou Pablo olhando para cima.

- Ainda não – protestou Lorena, Marcos concordou, esses dois, hunf sempre com instinto protetor.

- haa gente qual é?! – disse Laura – não sou criança eu posso fazer isso.

- Eu te ajudo – Sophi respondeu começando a subir nas caixas de madeira que davam acesso a pequena sacada, subindo no parapeito da casa abandonada e estendendo a mão para Laura. – Vem eu te seguro.

- oukay – o coração da garota acelerou em uma mini explosão de adrenalina, a adrenalina de estar fazendo algo errado, logo subiu na sacada sem precisar se esforçar tanto, olhou para os companheiros que a esperavam a baixo mostrou um sorriso e  acenou – consegui viu!

- eu sabia que conseguiria -Sophi a abraçou - agora observe – a garota pixou uma pequena frase na pequena parede disponível.

~se você não muda, nada muda~

Era um recado a pobre pessoa que morava la, o lar que parecia pequeno a abandonado, se há alguém que mora ali, esse alguém não vive, sobrevive, será que era só alguém infeliz que desistiu de seus sonhos? Ou uma casa temporária de quem vai atrás do que acredita?! Eles logo saberiam, infelizmente.

- Vem vamos descer – Sophi chamou Laura com um sorriso enorme, ela ainda não sabia o erro que cometeu ao se precipitar, talvez o verdadeiro  erro foi subir ali, ou não verificar se era realmente seguro, um erro que em breve não poderia ser desfeito, mas qual erro cometido que pode ser desfeito com facilidade?, seja la quais forem esses erros eles devem ser concertados da melhor e mais rápida forma possível, acho que quando se concerta ele não vai pesar tanto assim na sua vida, então seja igual o bob o construtor e concerte, pois tem certos erros que só com trabalho árduo o arrependimento  para de arder, esse é um desses erros.

- vamos – Laura sorriu inocentemente de volta, um sorriso que em breve seria apagado.

- vai na frente eu te seguro, não tenha medo.

- não tenho, to com vocês.– sorriu segurando na mão de Sophi com uma mão e o parapeito com a outra seu apoio era Sophi, colocou o pé esquerdo na caixa mais próxima, olhando para baixo queria ver onde pisava.

- HEII – um grito ecoou de dentro da casa, assustando Sophi que sem querer soltou Laura.

A garota não estava apoiada na caixa ainda, a caixa cambaleou com a brutalidade que o outro pé a pressionou, Laura escorregou, tentando se segurar no parapeito e equilibrar a caixa bamba, seu coração acelerado e sua mente que tentava seguir os reflexos para se manter firme falharam e Laura acabou caindo de onde estava, um borrão branco passou em sua mente “ferrou”
Marcos que estava abaixo da sacada, viu a cena toda que durou segundos, ele estava bem abaixo dela e ainda bem que conseguiu amortecer a queda da menina, se ralou um pouco ao cair no chão de cimento, mas valia a pena se fosse para proteger sua amiga.

- VOU CHAMAR A POLICIA – disse a mulher gorda que gritou segundos atrás.

- CHAMA UMA AMBULÂNCIA TAMBEM – gritou Lorena vendo que Laura não respondia aos chamados – ela desmaiou.

Todos entraram em desespero, foi Sophi que telefonou para ambulância ainda na sacada mesmo,
Ambulância essa que estava demorando demais para chegar, a dona da casa preferiu por hora acolher os adolescentes, com o pensamento de denuncia-los mais tarde.

Pablo se culpava um pouco pelo acontecido, foi ele que a fez subir "estava na hora de aprender..."

Sophi ainda mais “eu não devia ter soltado ela, por um susto bobo"

Marcos nem sabia o que pensar, só queria ve-la bem logo.

Lorena imaginava como contar para mãe dela, que confiou sua filha a eles.

Laura via apenas o escuro e não podia pensar em absolutamente nada.

O que era para ser um dia feliz acabou em escuridão.