História Milagre de Dezembro - Milagre de dezembro.

A rua se encontrava vazia àquele horário. Era possível apenas vez alguns poucos flocos de neve caindo sobre o chão em um baque mudo. As folhas das árvores balançavam levemente devido a brisa fria que insistia em passar por ali. Naquela época era raro ver algum carro passando por aquelas avenidas, pois ninguém se arriscava a passar pela trilha coberta pelo manto branco.

Jimin e Jeongguk voltavam para a casa do mais velho depois de uma tarde barulhenta na casa de um amigo. Como estavam próximo do natal, precisavam adiar os preparativos, para no dia não precisar se incomodar com tal feito.

Andavam a passos apressados e desajeitados - devido a quantidade de agasalhos que usavam -, visando chegar ao destino o mais rápido possível, para assim cessar aquele frio cortante. A casa que estavam era apenas alguns quarteirões, e como saíram a tarde decidiram ir a pé mesmo, não sabiam que voltariam tão tarde da noite, pois já eram por volta das vinte e três horas.

Podia-se ver a respiração se projetando naquele clima, uma breve fumaça saía da boca de ambos toda vez que respiravam. Ninguém se atreveu a quebrar o silêncio que havia se instalado entre os dois desde que colocaram os pés fora da casa de Taehyung. O frio era demais para dizer algo, os dentes chocavam-se, fazendo um mínimo barulho.

Faltavam apenas dois quarteirões para chegar a casa do alaranjado, podia-se dizer que já estavam cansados, pois a friagem os deixavam desgastados. Naquela rua um dos postes de luz não estava funcionando, portanto aquele espaço estava mais escuro, o que fez Jimin estremecer.

O menor arregalou seus olhos em um ímpeto quando sentiu a mão de Jeongguk segurar a sua em um ato repentino. Mesmo com toda a temperatura amena sentiu suas bochechas esquentarem. Não retribuiu o aperto, não até ter certeza do que o outro estava fazendo.

- O que está fazendo? - Perguntou baixo com a voz um pouco trêmula devido aos dentes que insistiam em bater entre si. Não ousou olhar para a face do outro. Sentiu que seus dedos eram incapazes de se mexer.

- Está muito frio, não consigo esquentar minhas mãos. - O moreno falou simplista. Também não olhou para o outro, apenas continuou seus passos apressados, sendo seguido por Jimin. Sentiu os dedos gordinhos coberto pela luva felpuda apertarem os seus. Queria sorrir, mas não era capaz no momento.

Já era possível ver a casa do menor, a mesma se encontrava coberta por neve. As cercas que rodeavam a casa eram cobertas por pisca-pisca, resplandecendo a vista. Apressaram ainda mais aqueles passos que pareciam contidos. Deram uma breve corrida -ainda de mãos atadas - até se encontrar em frente àquela porta enfeitada com um azevinho.

O pequeno soltou as mãos e procurou pelas chaves em seus bolsos, encontrando no esquerdo de seu casaco. Destrancou a porta e abriu, dando passagem para que o mais alto passasse primeiro, mas ele relutou, dizendo para Jimin entrar primeiro, e assim ele fez. Jeongguk trancou a porta à pedido do mais velho.

Ao entrarem sentiram ser recebidos pelo calor, que era preservado dentro da casa com paredes de madeira coberta por gesso. Retiraram as pequenas botas cheias de neve que usavam, as deixando na entrada e, com pressa subiram aquelas escadas, indo em direção ao quarto do menor.

Adentraram o cômodo com rapidez. Queriam tomar um banho e se esquentar em baixo das cobertas, e quem sabe tomar um chocolate quente antes de adormecer. Ambos deitaram na cama, deixando por um momento a exaustão tomar conta de seus corpos frágeis.

Minutos em silêncio se passaram antes de  Jimin se levantar e pronunciar.

- Você quer ir tomar banho primeiro? - Sua voz saira rouca, indicando que ficaria com um resfriado, devido a friagem. Retirou o cachecol que usava e em seguida seu sobretudo, mostrando por vez o seu sweater cinza escuro.

- Pode ir primeiro hyung. - Jeongguk apenas respondeu baixo, ainda deitado na cama e fitando o teto. O frio havia passado, não por completo, mas boa parte. Se permitiu fechar os olhos se deixando levar pelo silêncio depois de ouvir um murmúrio de concordância vindo do ruivo.

O menor apenas procurou por algum pijama em seu guarda roupas e seguiu para o banheiro. Não se preocupou em trancar a porta, havia apenas Jeongguk ali.

Se despiu, olhando para seu corpo nu refletido no espelho. Apoiou as mãos na pia e olhou para baixo. Suspirou pesadamente. Não iria deixar acontecer de novo, mas era mais forte que si. Passou as mãos de seu peito até seu abdômen, sentindo as costelas ao deslizar as palmas pelo torso.

Sentiu os olhos marejados mais uma vez, e logo uma lágrima cair sobre o assoalho, seguida de várias outras gotículas salgadas.

Se permitiu olhar para o espelho mais uma vez, se perguntando internamente o por quê. Não conseguia olhar para seu próprio corpo sem ver insatisfação estampada em seu rosto. Não era feliz dessa forma, não comia algo que sustentasse à dias, mas mesmo assim não via diferença alguma.

O que havia de errado consigo?

Chorou. Deixou com que lágrimas e mais lágrimas descessem de seus orbes, molhando a pia de mármore. Era uma tristeza momentânea, sabia que depois de alguns minutos passaria e que voltaria ao normal.

Ouviu o rangido da porta se abrindo, dando vista para um moreno que tinha um semblante confuso e triste em sua face, que entrou sem permissão. Jimin apenas tentou esconder suas partes íntimas com uma toalha que estava próxima, pois as lágrimas não poderiam ser escondidas.

- Jimin... - Suspirou enquanto se apoiava na porta que já se encontrava fechada. Sabia o motivo pelo qual o menor chorava, e não suportava ve-lo assim. Jimin vinha perdendo muitos quilos, o deixando fraco, era visível para Jeongguk o quanto o menor sofria com isso.

O mais novo se aproximou do corpo diminuto, ficando atrás do mesmo. O ruivo apenas abaixou a cabeça e fechou os olhos, não tinha coragem de olhar para o outro visto a situação em que se encontrava.

Deixou com que mais algumas gotas caíssem, mudas. Respirou profundamente. Sentiu as mãos gélidas de Jeongguk passarem por suas costas, devagar. As mãos passaram por seus braços, seu abdômem, pararam em sua cintura, uma de cada lado, segurando levemente. Se arrepiou com o contato.

- Jiminnie, você é perfeito!

Se sentiu desabar naquele instante, parecia não ter mais forças para se manter em pé, mas ali estava, sendo abraçado por Jeongguk. Chorou, chorou como nunca havia chorado antes. Deixou com que milhares de lágrimas deixassem seus olhos amendoados. Soluçava alto, dentre fungadas.

Passaram-se minutos com Jimin ainda chorando nos braços de Jeongguk, que mantinha seu rosto na curvatura do pescoço do menor, buscando conforto em seu corpo.

Quando percebeu que o choro cessou, o mais novo virou o corpo menor para si, buscando fitar aqueles olhinhos vermelhos. Se aproximou devagar, deixando os rostos próximos, capazes de sentir a respiração um do outro. O moreno mantinha as mãos na cintura fina do mais velho, que apoiou as mãos em seus ombros.

Não demorou para que Jeongguk juntasse seus lábios finos nos do menor, em um selo demorado. Jimin sentiu uma corrente elétrica passar por seu corpo. Os olhos de ambos se encontravam fechados, com os rostos ainda próximos. O moreno juntou suas bocas mais uma vez, intensificando o beijo.

Era lento, cheio de ternura. Sentiam o amor passar de um para o outro, proteção. Era um beijo calmo, sem malícia alguma. As línguas dançavam lentamente entre si, sentindo o gosto do outro. Cessaram apenas quando o ar fez falta nos pulmões.

Jeongguk desceu seus lábios para o pescoço imaculado do menor, deixando alguns selares, não queria marcar aquela pele branquinha. Passava as mãos nas laterais do corpo do alaranjado, sentindo seu corpo quente. Novamente virou o corpo de volta para o espelho.

- Jimin, eu quero que olhe o quanto você é lindo, e o quanto fica perfeito enquanto fazemos amor. -

O ruivo se olhava naquele espelho, tentando encontrar um ponto positivo em sua aparência. As palavras de Jeongguk tiveram um efeito surreal sobre si, fazendo seu interior ferver. Sentiu alguns beijos molhados por suas costas, logo sentindo uma leve ardência em sua entrada, soltando um gemido sôfrego.

- Não feche os olhos, veja o quanto é maravilhoso. 

Olhou para seus olhos vermelhos, rosto suado e corpo que se remexia junto ao outro atrás de si. Por um momento se permitiu ver a beleza em sua face.

Gemidos baixos eram os únicos sons escutados naquele cômodo. Nenhum dos dois se atrevia a falar nada, era um momento de amor e inocência, não havia porquê estragar com palavras, os toques já diziam por si mesmos.

Foi virado e envolvido em um abraço apertado, transmitindo calor e euforia. Ouviu a voz rouca de Jeongguk sussurrar em seu ouvido.

- Eu te amo.

Naquele momento, se permitiu sorrir.

Não pode conter as lágrimas ao se ver nu em frente ao espelho. Mas não pode conter o sorriso ao sentir mãos rodearem sua cintura em um ato caloroso.