História Mind - Parte I - Precisamos conversar

Eu e John sempre fomos amigos muito próximos, desde crianças. Mas, nessas últimas semanas, ele vem agindo de forma estranha, comigo principalmente. Evitando-me, ou algo do tipo. Não que ele seja a pessoa mais amorosa e chegada em mim, mas também ele anda bastante comigo. Desde... Hum... Sempre. Mas, agora, parece que ele quer me afastar, sei lá. Não gosto disso. Na verdade, ninguém gosta disso, óbvio.

Estou decidia que hoje vou (tentar, afinal ele está me evitando, como eu já havia falado) conversar com ele. Mando uma mensagem dizendo "Precisamos conversar" para ele. Sei que normalmente as pessoas assustam com uma mensagem dessas. Mas, é necessário, afinal, não quero perder essa amizade de uns 6, 7 anos ou mais.

Arrumo-me às pressas, pois estou quase atrasada e saio de casa sem comer nada.

◊◊◊

Chegando ao colégio, procuro pelo John para conversarmos. Estranho, falta pouco para a aula começar e ele ainda não chegou. Não que ele seja um aluno exemplar, na verdade, ele quase sempre mata aula para passar um tempo com aquele amigo mais velho dele, o Thomas. Meu celular vibra. Acho que é ele.

"Não é necessário conversar. Na verdade, não podemos conversar."

Como assim? O que ele quis dizer com isso? Agora estou confusa. Alguém o proibiu de falar comigo? Seria uma namorada ciumenta? Ou alguém que gosta de mim? Não, não. Espera. Ninguém gosta de mim. Eu acho. E por que não é necessário eu conversar com ele se ele vem me evitando? Será que ele percebeu que está me evitando? Ou será que ele não quer mais a minha amizade? Um monte de perguntas rodeia a minha cabeça agora.

O sinal toca me assustando. A vontade de matar aula é enorme. Mas é melhor não. Não vou correr o risco de ser pega e levar uma bronca da minha mãe só por causa de uma paranoia criada pela minha mente.

Não que eu fosse uma Neri, mas também não sou uma pessoa que não estuda, vai mal, não faz lição, não se esforça, etc. Sou o que podemos chamar de "normal".

Entro na sala de aula, e todos olham para mim, inclusive a professora. Que legal, atrasei. Passei tempo demais pensando. Merda! Merda! Merda!

- Licença. - Peço baixo, envergonhada.

Percebi que o lugar do John estava vazio. Nem ouvi o que o professor ou professora disse durante a aula. Fiquei pensando sobre o que poderia ter acontecido.

Ele com certeza deve ter matado aula (o que é mais provável) ou atrasado. Embora eu já tenha certeza do acontecido, não posso descartar opções.

Acabei de lembrar que não respondi o John, que burra! Pego meu celular secretamente e o escondo debaixo da carteira. Deito um pouco na cadeira pra escrever. Mando "Claro que precisamos. Se o assunto não fosse sério, eu não pedia para conversarmos pessoalmente. E como assim 'Na verdade, não podemos conversar.'?"

- Alessia! - fudeu - Posso ver o que a senhora tem debaixo da sua carteira, que parece ser mais interessante que a aula? - a professora pergunta e todos olham pra mim curiosos.

- Que pergunta besta, é obvio que ela está conversando com o John né. - um garoto do fundo fala e a sala faz um "Hum!". Em parte, eu até estava conversando com o John mas isso não é da conta deles. Que merda!

- Eu estou falando com a Alessia, Edward. Quer sair da sala junto com ela? - agora, a sala faz aquele barulho de Turn Down For What, sabe?

- Se possível. - ele responde, com um sorriso de lado.

- Eu já sei que você sabe que é meu celular. Já estou saindo. - respondo irônica. Saio da sala xingando a professora de todos os palavrões possíveis.

- Você saiu mesmo da sala. - comento quando vejo que o Ed me seguiu.

- Achou que ia ficar sozinha aqui? - ameaço responder mas ele põe o dedo indicador sob a minha boca - Não precisa responder, foi uma pergunta retórica.

◊◊◊

- E não se esqueçam de estudar para a prova de amanhã! Tchau gente. - a professora de matemática falou antes de sair da sala. Finalmente ela saiu, agora posso voltar. Aproveito para passar na carteira da Hanna, a mais nerd da sala, para perguntar da prova.

- Vai ter prova amanhã?

- Sim. Capítulo 3 ao 8.

- Me fodi. - Falo comigo mesma e então me lembro de agradecer a Hanna - Ah, e obrigada Hanna.

- De nada. Boa sorte.

Volto para a minha carteira e espero o próximo professor ou professora.

◊◊◊

O John não apareceu na segunda e nem na terceira aula, então deduzi que ele não viria hoje. Mesmo assim, continuei o dia pensando sobre o que ele tinha me mandado mais cedo.

O meu maior defeito é criar problema onde não tem; pensar demais em casos simples; criar enigmas em frases fáceis; e por aí vai.

Preciso de um banho gelado, urgente. Despi-me e olhei minha imagem no espelho do banheiro. Hum, eu não sou nem um pouco bonita como todos falam.

Isso me lembra um dia, que eu estava jogando Verdade ou Desafio com o John, o Ed, a Lissa, a Jhen e mais algumas pessoas. A Jhen, uma das mais populares, escolheu o Ed, que pediu verdade. "O que acha da Les?" Les, saudades desse apelido, era como me chamavam antes. Na verdade ainda me chamam assim, só que o John escolheu Kai, não sei como, e eu gostei mais de Kai. "Hum... Como assim?" Ed perguntou. "Ah, sei lá. Bonita, feia, gostosa, sexy, algo assim." "Ok, a Les é bonita, muito bonita" todos fizeram um coral de 'Huuuummm!', menos o John. "John ficou com ciúmes, foi?" Lissa perguntou/comentou. "Mas que droga, só porque eu não fiz o coralzinho quer dizer que eu esteja com ciúmes?" John retrucou, bravo. "Olha o ciuminho. Les é concorrida gente!" Uma pessoa aleatória falou. "Calem a boca e vamos continuar logo." eu pedi. Mais tarde, o jogo já tinha acabado e eu estava voltando para casa com o John, já que moramos no mesmo bairro. "Preciso te contar uma coisa" ele parou. "É tão importante assim pra você parar de andar?" eu perguntei, rindo. Ele continuou sério. "Ok, o assunto é sério, pode falar" falei após voltar um pouco para ir pro lado dele. "Você sabe que eu gosto de você, né?" ele perguntou, olhando pra mim. "Sei, eu também gosto de você" respondi indiferente. "Não, você não ta entendendo. Eu gosto muito de você. Eu...te amo." Eu lembro que tinham pensado 'Puta que pariu Sonny John Moore'. "Hum" respondi indiferente. "Hum??!" Só isso?!" ele perguntou meio magoado. "Desculpa preciso ser franca: não sinto o mesmo por você." Pelo o que eu me lembro, depois disso ele ficou mais ou menos uma semana sem falar comigo. Acabei com as esperanças dele.

Depois de um tempo, refletindo e relembrando como era antes, decido ocupar minha mente com outra coisa. Acho que vou ligar pra Lea, ela sempre sabe o que fazer quando não tem nada para fazer.

- Mas é claro que nós precisamos de uma festa! Que pergunta besta, Kai. - ela fala após eu contar o que havia acontecido. Sempre tudo ela acha que é uma festa que vai resolver; festa não é tudo nessa vida. Ela tem que entender isso.

Eu iria discordar, se ela não me interrompesse:

- Não. Não. Nós precisamos é de uma viagem. Festas nunca dão certo par se livrar dos problemas. - como assim?! Toda vez que eu conto um problema para ela, a menina conclui que precisamos de uma festa. Será que ela enjoou de festas? Se sim, ainda bem. Nunca fui muito fã de festas. Ainda mais com Lea, a garota que pega geral. Na certa iria ficar de vela. - Vamos viajar para bem longe daqui, desse país chato. - ela conclui. Do mesmo jeito, eu vou acabar de vela! Ela com certeza vai levar um namorado para essa viagem. Eu é que não vou.

- Você ficou louca? Primeiro que tem prova amanhã. Segundo que não podemos simplesmente fazer as malas e viajar! É um proce-

- Podemos, sim! Você precisa descansar um pouco. E eu também preciso.

- Me deixe terminar de falar; é um processo que precisa de no mínimo uns 6 meses para ser planejado.

- Foda-se! E não vamos viajar para tão longe e nem por muitos dias, só uma sema-

- Uma semana?! Olha se lembre que tem prova e que as minhas médias não estão boas o suficiente para eu faltar.

- Tem p.s....

- Não. Péssima ideia. P.s. é cara. Entre nós duas só você é rica, eu sou no máximo com um bom dinheiro e olhe lá.

- Lembrei de outra coisa: daqui mais ou menos um mês é férias de meio de ano amore!

- Ah não. Não é uma boa ideia. 

Ela vai viajar sozinha, pode ter certeza.