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História Mine - Twenty-eight


Escrita por: Saline

Capítulo 28 - Twenty-eight



London (UK) - 2013, 18th May 一 1:04am
P.O.V. Catherine Valentine

Cocei os olhos para tentar acordar melhor enquanto caminhava pelo corredor escuro me apoiando na parede, apenas uma lamparina fraca de cada lado em cada corredor não deixava tudo breu. 

Estava tudo muito silencioso, tive dificuldade para achar o interruptor do último corredor para a cozinha que tive que apalpar quase a parede inteira, e por fim abri a porta de madeira da cozinha, o barulho rangido ecoou no resto do corredor, me fazendo estremecer junto. Mas lembrei que não havia ninguém para chamar atenção ali, já que Carmit estava de folga e Harry dormia no andar acima. A casa era muito grande para se ouvir um simples barulho de uma porta.

O interruptor da cozinha foi mais fácil, era logo mais ao lado da porta, a luz muito clara ardeu meus olhos instantaneamente. Fui logo até a geladeira pegar a jarra de água e peguei o caminho de volta para o meu quarto, apagando as luzes que havia acendido. O sono até me fez tropeçar no primeiro degrau da escada e derrubar umas gotas de água do copo. Isso me fez acordar um pouco, respirei ajeitando o passo para subir. 

A luz do corredor iluminava o lado esquerdo da escada, eu fui a apagar, e percebi que era o corredor que dava para o quarto de Harry. Olhei para trás e para frente, tudo estava vazio.

Embora meus pés estivessem pregados ao chão, meu pensamento voou para o quarto do Harry. Então me coloquei no caminho dele. Passei por duas portas fechadas até chegar no final do corredor que fazia curva, uma sala vazia tinha um grande vaso de flor na mesa redonda do centro em frente a porta grande de duas maçanetas entreabertas. Me aproximei com um pouco de receio, não sabendo o que poderia encontrar. Era o quarto de Harry, eu nunca tinha entrado nele. Empurro a porta devagar, ela range um pouco e meu coração acelera com medo dele perceber, seja lá de onde ele esteja.

Meus pés travam na entrada. A primeira coisa que meus olhos capturam é um espelho grande redondo com uma moldura muita velha numa parede escarlate. Ele reflete a imagem alta de Harry sem camisa me encarando com olhos negros. Me viro assustada para a imagem real bem atrás de mim. Ele está sorrindo, mas o seu sorriso me dá arrepios de tão sombrio.
Dou um passo para trás, adentrando o quarto, ele dá um para frente, fechando a porta atrás de si. Dou outro para trás e ele dá outro, eu já estou desesperada.

一 Fugindo de mim, Catherine? 一 pergunta desabotoando o cinto da calça.

一 Não...

Respiro com dificuldade, seus braços fortes me seguraram, Harry me virou com força contra a mesa do canto em baixo do espelho, só me deu tempo de proteger o meu rosto contra a parede.

一 Você disse que não ia me bater 一 choro agoniada, não conseguia me mover. Senti ele abaixar minhas calças com brutalidade 一 Por que está fazendo isso?
Ele segurou meus braços mais forte, eu chorava desesperada.

一 Fazendo o que?
Me apoiei na mesa tentando me levantar, isso só servia para fazer ele me pressionar com ainda mais força.

一 Eu concordei, concordei em fazer tudo o que você queria 一 implorava sentindo lágrimas grossas descendo pelo meu rosto. Não entendia porque ele estava fazendo isso.
Gritei com a dor do cinto que ele estalou na minha bunda.

一 Pára! Por favor pára!

一 Que droga, Catherine, acorda! Você está sonhando! 一 o ouço gritar.

Abro os olhos no susto o encontrando em cima de mim. Harry está segurando meus braços contra a cama, eu os sinto doer de verdade. Olho em volta rápido, são as paredes do meu quarto. Só então percebo que estava tendo um pesadelo.

Harry me puxou para o seu colo, me abraçando. Eu estava ofegante, meu peito doía pelo quão rápido batia o meu coração pelo susto do pesadelo que parecia tão real. O abracei com força, ainda sentindo as lágrimas quentes escorrendo pelas minhas bochechas, eu chorava tanto quanto no sonho.
Deitei a cabeça na curva do pescoço de Harry, respirando seu perfume que aos poucos foi me acalmando.

É tão estranho, eu estava morrendo de medo no sonho, sendo que agora me sentia tão segura com ele ali. Era como se ele me salvasse dele mesmo.

一 Eu estava te batendo? 一 ele pergunta baixo.

Eu suspiro com a cena horrível do que acabara de "acontecer" na minha mente e murmuro que sim. O ouço arfar.

一 Isso não vai mais acontecer.

一 Você promete? 一 peço, ele disse que era um homem de palavra.

一 Você sabe que tudo depende de você.

一 Mas eu tenho feito tudo o que você quer 一 digo agoniada me afastando.
Harry me olha meio surpreso e tira uma mão da minha cintura, levando até meu rosto, onde ele enxuga uma lágrima.

一 Eu sei 一 murmurou e me apertou contra o seu corpo. Voltei a deitar a cabeça na curva do seu pescoço, sinto ele acariciar meus cabelos. O abracei de volta.

Não era justo. Eu sentia que estava traindo a mim mesma ao me dar conta de que gostava dele. Gostava de ficar com ele quando estava assim, apenas me abraçando...

Abri os olhos acordando pela segunda vez e logo fico confusa sobre o que tinha sido real e o que tinha sido um sonho. O sol entrava no quarto pelo estreito espaço das cortinas, eu olho para o relógio do criado mudo, mas ele estava parado em 1:30. Tinha parado de funcionar de novo. Levanto-me um pouco desnorteada indo para o banho.

Ao chegar na ponta da escada para descer, para olhar o corredor do outro lado, que dava para o quarto de Harry e tenho arrepios ao me lembrar do pesadelo.
Tinha sido só um sonho mesmo?

Levo a mão até meu traseiro, onde ele havia me batido no sonho, sempre ficava dolorido por dias, mas dessa vez não estava. Respiro aliviada por ter sido só um sonho. Então ele tinha me acordado mesmo de madrugada ou isso também tinha sido um sonho? Estou tão confusa. Minha cabeça doía um pouco.

Encontro Harry logo ao entrar na biblioteca, e me sinto estranhamente bem ao vê-lo. Ele fechou um livro em cima da mesa assim que seu olhar encontrou o meu, e sorriu brevemente, fechando o segundo livro.

一 Acordou agora?

Balanço a cabeça e olho para o relógio antigo de madeira na parede atrás dele, já passava do meio-dia. Eu tinha dormido tanto assim?

一 Dormiu bem?

Assinto adentrando mais na grande sala marrom. Ele se vira com um livro em mãos, esticando o braço para guardá-lo numa prateleira alta. Ao chegar mais perto eu vejo que é a área de Matemática.

一 O que aconteceu ontem... 一 comecei com um pouco de vergonha, ele logo se virou para mim e esperou eu terminar, eu já não sabia se queria mesmo saber 一 Foi real?

一 Depende. De qual parte está falando? 一 se virou para a estante de livros de volta.

一 Que você me acordou...

一 Ah, sim 一 procurava algum livro da estante 一 Você teve um pesadelo e eu te acordei, e você dormiu no meu colo 一 disse normal, concentrado nos livros.

一 Ah! 一 exclamo.

一 O que exatamente você sonhou? 一 pergunta puxando um livro e indo até a mesa, o colocando em cima.
Minha garganta seca ao lembrar da cena.

一 Eu entrei no seu quarto e você... me bateu 一 sinto vontade de chorar só de lembrar, a dor pareceu bem real na hora.
Harry levantou o rosto com a sobrancelha erguida e me encarou pensativo.

一 Você quer ir no meu quarto?

一 Não 一 respondo imediatamente.

Ele fecha o livro que havia acabado de abrir, sem tirar os olhos de mim.

一 Então por que pensa em ir lá?

一 Eu não penso, eu só sonhei...

一 Se sonhou é porque estava pensando em ir lá 一 rebateu.

Eu tinha curiosidade sobre o quarto de Harry, era verdade, mas eu não contaria isso para ele. E mesmo sem dizer nada, ele parecia saber.
Harry soltou o livro e deu a volta na mesa, vindo na minha direção. Meus pés parecem pregados ao chão, e só Harry conseguiu desprendê-los quando passou pegando minha mão e me levou com ele.

一 Aonde estamos indo? 一 pergunto ao sairmos da biblioteca, mas acho que já sabia a resposta.

一 Para você parar de imaginar coisas 一 diz.

Nós já estávamos subindo as escadas, pegamos o corredor esquerdo. Seus passos calmos, era fácil o acompanhar, mas eu estava com medo. Chegamos ao final do corredor que fazia curva. Era a sala com a grande porta de madeira de duas maçanetas. Harry me soltou na frente, para eu entrar.

Girei uma maçaneta e empurrei levemente. O rangido da madeira velha me fez suspirar. Eu não queria mais entrar, queria voltar para o meu quarto. 

一 Entre 一 ele diz, eu hesito um pouco 一 É só um quarto, Catherine. Não há nada demais. Entre 一 reforça.

Inspiro coragem ao adentrar o cômodo, a primeira coisa que eu vejo é o espelho redondo de moldura de madeira velha na parede escarlate e o reflexo de Harry atrás de mim. Ele dá um passo para frente e fecha a porta atrás de si. Me viro assustada para ele.

一 É igual ao seu sonhos? 一 pergunta e outro arrepio me incomoda.

一 É exatamente como no meu sonho 一 confesso.

Harry dá dois passos na minha direção, prendo a respiração, ele pára.

一 Não vou te bater, Catherine 一 diz levemente irritado e faz sinal para eu ir para o lado, onde vejo uma segunda abertura.

Respiro fundo para dar alguns passos, onde era o quarto dele. Era de um vermelho imenso, mas meus olhos se fixaram diretamente na cama logo no centro. Tinha um baldaquino gigante que ia desde a base de madeira no chão até o teto alto. Eu me aproximei, indo até a frente da cama para ver melhor. As duas colunas dos pés da cama eram de madeira escura cheio de... Me aproximei mais. Eram bebês entalhados. A coluna era cheio deles. Um arrepio me perturba outra vez ao me virar para Harry parado me observando.
Eram bebês entalhados! Era bizarro.
Subi o olhar pela coluna e dei alguns passos para trás para poder ver melhor. O teto ao final do baldaquino era esculpido de crianças.

一 São anjos?

一 Sim.

Eram anjos esculpidos detalhadamente, eles enfeitam todo o teto do quarto inteiro de cores cinza, verde e vermelho envelhecidos. Na verdade era tão bonito, me lembrava a cúpula de uma igreja muito antiga, e isso me deu mais arrepios.

A cama dele é gigante e bem arrumada com lençóis de cetim vermelhos, guardada pelo grande e alto baldaquino de anjos entalhados na madeira velha, como eram feitos nos túmulos dos padres na igreja.

Olho em volta, todo o quarto era nas cores cinza, verde e principalmente vermelho envelhecidos; os sofás, poltronas, papel de parede, tapetes, cortinas...
Bem de frente a cama, uma grande lareira de concreto apagada, com um velho relógio em cima, parecido com o de uma das salas de estar. De fato, parecia muito uma das salas, exceto pela cama...

O cheiro dele vagava suavemente o cômodo com uma mistura de madeira.

一 É como você imaginava? 一 ouço sua voz rouca perguntar, me viro para Harry que agora vinha na minha direção lentamente.
Nem nos meus sonhos mais estranhos eu imaginaria toda essa parte de anjos.

一 Mais ou menos, não imaginava os...

一 Anjos 一 completou 一 São lindos, não são? 一 olhou para cima, faço o mesmo. Concordo os olhando também. Obviamente era estranho o fato de estarem no quarto de Harry, mas eles eram tão bem esculpidos que era impossível alguém não os achar maravilhosos.

一 Você os mandou fazer? 一 pergunto curiosa.

一 Não, eu não construí essa casa 一 responde ainda olhando o teto.

É claro que não, é uma casa muito antiga. Que pergunta idiota.

一 Quem construiu?

Ele abaixa o olhar em mim.

一 Você é mesmo muito curiosa 一 diz sorrindo.

Dessa vez seu sorriso era quente e confortável, o que me faz sorrir também sem nem me dar conta.

一 Mas não tão curiosa a ponto de já ter descoberto 一 continuou.

一 Como assim? 一 penso alto.

一 Todas as respostas das suas perguntas estão aqui 一 abre os braços ao redor. Aqui onde? 一 Mas talvez você seja muito nova para saber 一 ele diz e o mesmo parece pensativo.

Eu volto a olhar ao redor, há uma pequena sala com sofás e poltronas lindos cor de sangue, do outro lado há uma porta, onde eu suponho ser do closet/banheiro.

一 Então, gostou? 一 ele pergunta.

Balanço a cabeça sincera e olho para o teto mais uma vez, aqueles anjos parecem estar nos vigiando.

一 Não quer deitar?

Abaixo o olhar para Harry dando a volta em uma das colunas de anjos e parando ao pé da cama.

一 Não 一 respondo nervosa olhando para os lençóis vermelhos, e sobre eles algumas almofadas de vários tons da mesma cor, bem arrumados.

一 Catherine 一 ele me chama suavemente, eu me aproximo automaticamente, parando a uma distância segura.
Talvez fosse o cheiro agradável dele flutuando pelo ar que me fazia relaxar no estranho fato de estar dentro do quarto do Harry, ou talvez fosse os seres celestiais esculpidos por todo o teto que pareciam guardar o quarto, mas quando Harry deu os passos que faltavam para acabar com a distância entre a gente, eu fechei os olhos ao sentir seus dedos levantarem o meu queixo e seus lábios macios na minha testa. Outro arrepio correu minha espinha, dessa era por causa de uma sensação boa.

一 Você ainda vai dormir nessa cama 一 sussurra.

Abro os olhos surpresa com suas palavras.

"Quando você for minha" 一 complementa.

"Eu já sou sua, não?" 一 lembro um pouco confusa, ele sempre fazia questão de me lembrar disso.

Seus olhos verdes impenetráveis me deixam sem ar.

"Não completamente, ainda".
 



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