2015:
Sorry:
Eu cheguei mais cedo, não havia muito o que fazer no clube. O departamento medico estava vazio e a única coisa que havíamos feito foi analisar os exames para constatar quem estava cem porcento e quem não estava.
Quando cheguei em casa, não encontrei Zlatan mais seria melhor ficar sozinha. Tomei um banho e fiquei deitada na cama assistindo TV. Estava começando a cochilar quando ouvi o som do chuveiro ligado. Desliguei a TV e sai do quarto.
Fui para a cozinha decidida a comer alguma besteira. Olhei os armários e peguei um pacote de biscoito recheado. Me sentei em uma das banquetas e comecei a comer.
- Biscoito recheado a essa hora? E a alimentação saudável? – Zlatan entra na cozinha perguntando.
- Como de forma saudável todos os dias, posso escapar pelo menos uma vez. – digo e continuo comendo.
Ele começa a mexer nos armários e depois vai para a geladeira.
- Eu comprei ambrosia... e doce de leite. – ele diz.
- Ok.
- Fui naquela loja que vende produtos brasileiros, que a Belle indicou. – ele fala.
Já entendi o que ele está querendo fazer mais não vai ser fácil assim.
- Quer um pouco agora? Eu vou comer. – ele fala.
- Não, abrigado. – me limito a dizer.
Me concentro no pacote de biscoito enquanto ele se serve do doce brasileiro.
Quando levanto o olhar dou de cara com ele me encarando do outro lado do balcão.
- Você poderia colaborar. – ele diz.
Arqueio a sobrancelha.
- Com o que? – questiono.
- Você sabe.
- Se eu soubesse eu não estaria perguntando.
Ele solta o ar pela boca.
- Zlatan está tentando voltar as boas com você, mais você parece não querer. – ele diz.
Dou risada.
- Quando a gente quer fazer as pazes com alguém depois de uma merda gigante, nós pedimos desculpa. – digo.
Ele revira os olhos.
- Zlatan acabou de admitir que, apesar de não ser ele quem está te ignorando, ele está cedendo.
Ele começou a falar na terceira pessoa no meio de uma discussão.
- Dá pra parar de falar na terceira pessoa?
Ele ri.
- Se você para de me tratar como um estranho... – ele diz.
Reviro os olhos e deixo o pacote de biscoito no balcão e me levanto indo para a sala, mais Zlatan era rápido, enquanto eu me estava dando o meu primeiro passo ele já estava segurando o meu braço.
- Vai ser assim? – ele pergunta.
- Você quer assim. – digo.
Ele fecha os olhos por alguns segundos e me puxa para perto.
- Ok, eu sei que errei... estou admitindo isso. – ele diz.
Apenas fico olhando para ele.
- Eu não deveria ter ido aquela festa e nem te comparado com Helena. – ele diz.
- O problema não é você ir a festa... isso não causaria toda essa briga. O problema foi você ter ido sem me avisar.
- E agora? Satisfeita? – ele pergunta.
- Se você pediu desculpas porque quer sexo, sinto em te informar que não vai ter. – digo.
Ele revira os olhos.
- Você quer que eu faça o que? Já pedi desculpas, assumi que errei...
- E você fez tudo isso porque quer liberar endorfina.
Ele ri.
- Não vou mentir, quero muito mais não é só isso... eu estou sentindo falta da minha mulher... – ele começa e aproxima o rosto do meu.
Aqueles olhos negros me encarando...
- Sinto falta das suas risadas sem motivo... – ele diz e segura meu cabelo.
Por que ele tem que ser assim? Tão Zlatan!
- Sinto falta de você falando por horas e horas... – ele diz perto do meu ouvido.
Foi impossível me manter firme.
- Estou sentindo falta de brigar com você por causa do espaço na cama...
Pronto, estava nas mãos dele.
- Me desculpa vai? – ele pede.
Suspiro.
- É... pode ser. – digo e ele ri.
Ele se afasta um pouco para me olhar.
- Pode ser? – ele pergunta.
Sorrio e balanço a cabeça positivamente.
- Agora falando sério... eu não sou a única com quem você deve se desculpar. – digo.
- Eu já fiz isso... já fui na casa da Helena e conversei com eles. – ele fala e fica sério.
- Vocês têm que ir a escola deles, falar com a professora, com a diretora... – digo.
- Eu não quero falar sobre isso agora... – ele fala.
Seguro o rosto dele.
- Zlatan, o Vin é tão normal quanto o Max, não precisa tratar os assuntos dele com tanta delicadeza. Não há nada de errado com o autismo. – digo.
Ele estava relutante em aceitar que o filho dele era autista, mesmo sabendo que o grau de Vin era leve e que o tratamento já estava sendo feito.
- Eu não sei lidar com isso. – ele confessa.
- A única coisa que você deve fazer é conversar com eles, pedir para terem calma... é normal que algumas crianças tentem usar isso contra eles, mais você tem que ensina-los a ter controle... e se controlar também. – digo.
Ele ri um pouco.
- Eles são maravilhosos Zlatan, continuam sendo os mesmos garotos... – digo.
Ele fecha os olhos por alguns segundos.
Não estava sendo fácil lidar com as pessoas comentando, perguntando e jornalistas fazendo suposições sobre Vin. Isso estava deixando o gigante sobrecarregado.
- Obrigado. – ele diz.
Sorrio para ele.
- Viu como foi bom pedir desculpas? – pergunto empurrando os ombros dele de leve.
Ele ri.
- Tenho que concordar. – ele diz e me puxa para perto colando nossos corpos.
Passo meus braços por seus ombros e fico na ponta do pé.
- Vamos lá no quarto nos resolvermos, vai... – ele pede.
- Olha quem está um rapaz pidão hoje... – digo debochada.
- Estou merecendo... fiz tudo do seu jeito, agora é hora de recompensar o “rapaz pidão”. – ele diz e morde meu lábio inferior.
- Será que ele merece mesmo?
- Fiz o que você queria... – ele diz e deixa um tapa na minha bunda.
- É... tá merecendo... – digo e beijo ele.
Como eu estava com saudade do meu marido.
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