Alguns dias depois:
Antes de partir para Saint Denis eu abri o resultado do meu exame de sangue e como minha mãe havia dito, eu estava gravida. Agora minha gravidez era uma realidade.
Ao chegar ao estádio fui direto para o meu acento me acomodar e como o destino estava gostando de brincar comigo, eu estava ao lado de Helena.
- Max, Vin. – chamo as crianças ao me aproximar do meu lugar.
Eles olham logo e sorriem. Vin, como sempre, vem logo me abraçar já Max permanece naquele estilo do pai.
- Eu pensei que você não vinha. – Vin fala.
Dou risada.
- Acha mesmo que eu ia perder os últimos jogos do seu pai pela seleção? – pergunto passando a mão no cabelo dele.
- Papai não iria deixar. – ele diz e ri.
Faço um toque com Max e me acomodo.
- Como vai Joana? – Helena pergunta.
Fico sem saber distinguir se é falsidade ou se ela estava apenas me cumprimentando.
- Muito bem e você? – respondo.
- Maravilhosamente bem. – ela diz.
- Joana, olha. – Vin começa a me mostrar um jogo que ele havia instalado no tablet.
Fico entretida com ele até os jogadores subirem para aquecer.
Zlatan sabia o lugar que estaríamos e logo nos procurou. Acenei para ele e mandei um beijo e isso não passou despercebido pelo telão. Vimos o aquecimento dos jogadores e depois eles voltaram para os vestiários.
Estávamos esperando a volta das seleções quando passou alguém por nós com batatas fritas. Meu estomago revirou na hora e foi impossível disfarçar o meu enjoou.
- Joana? Você está passando mal? – Max pergunta.
- Não Max, foi só uma coisa de momento. – digo e tento sorri para ele.
Helena me observava.
- Já entendi tudo. – ela diz para mim.
Me limito a olhar para ela.
- Já passei por isso duas vezes, sei como é... e não adianta querer esconder, eu sou experiente o suficiente para não acreditar. – ela diz.
- Por que tentaria esconder alguma coisa de você?
Ela fica com aquele ar de riso.
- Vai saber...
Quando as seleções voltam, nos concentramos no jogo. O primeiro tempo foi fraquíssimo, poucos lances de perigo para ambos os lados e um Zlatan nervoso. Assim que o segundo tempo começou a Suécia levou o um gol e mesmo abatido pelo gol sofrido, Zlatan olhou para o time e tentou passar confiança para eles. Só aos vinte e seis que conseguimos arrancar um empate dos Irlandeses. Foi uma jogada de persistência de Zlatan que culminou no gol contra.
O momento estranho ficou por conta da gente nas arquibancadas, eu, os meninos e Helena comemorando o gol. A ex e a atual lado a lado e ainda por cima comemorando o gol da seleção de Zlatan.
O jogo ficou nisso mesmo e logo após o fim Helena seguiu com os meninos para Paris, enquanto eu fui direto para o hotel onde a seleção estava hospedada. Fui para o quarto de Zlatan e fiquei esperando ele.
A cada minuto que passava eu ficava nervosa, queria contar a ele da minha gravidez mais não sabia como, cheguei até a pesquisar na internet como fazer isso mais não me ajudou muito.
- No que tanto pensa? – escuto a voz de Zlatan.
Olho para ele e sorrio.
- Nada demais. – digo.
- Ultimamente “nada” é o que mais tem te deixado estranha. – ele observa.
Ele me conhece.
- É besteira, não é nada demais. – digo.
Ele vem até mim e para na minha frente.
- Tem certeza? – ele pergunta.
- Depois falamos disso. – digo.
Eu perdi toda a coragem para contar.
- Parabéns pelo jogo. – digo mudando de assunto.
Ele revira os olhos.
- Empate com a Irlanda... minha despedida vai ser um fiasco. – ele diz.
- Não é para tanto Zlatan. – digo.
- Não estou com vontade de falar do jogo. – ele diz.
- Ok.
Ele fica insuportável depois de uma partida perdida ou que acaba empatada.
Ele fica andando pelo quarto fazendo não sei o que enquanto eu fico deitada na cama mexendo no celular.
- Trouxe aquele negocio do Brasil? – ele pergunta.
- A paçoca de amendoim? – pergunto.
- É, isso ai.
Ele nunca lembra o nome, mais adora.
- Está na minha bolsa, pega ai. – digo.
A bolsa estava largada no sofá do quarto e como ele estava perto ele podia pegar.
Volto a me concentrar no meu celular e nas imagens do Instagram quando ouço ele se engasgar.
Ao olhar para ele vejo a garrafa de água caída no chão e o meu exame nas mãos dele. Meu corpo gela na hora.
- Exame de gravidez? – ele pergunta ainda tossindo.
Ai meu deus. Eu esqueci que o exame estava na bolsa.
- É... eu... – eu começo a gaguejar.
- Mais que diabos está acontecendo? – ele pergunta sério.
Ele não parece ter gostado da noticia.
- É o que está escrito ai Zlatan. – digo.
- Como assim? – ele parece não acreditar.
Suspiro e me sento na cama.
- Eu estou gravida Zlatan. – digo.
Ele fica me encarando sem dizer nenhuma palavra. Ele faz isso por longos minutos e eu me arrependo amargamente por ter mandando ele procurar algo na minha bolsa. De todas as reações que eu imaginei essa com toda certeza foi a pior, o silencio machuca muito.
Me levanto, calço meus pés e vou até ele pegar minha bolsa e meu exame. Ele não solta o exame.
- Dá para me devolver isso? – pergunto.
- Você vai embora agora? – ele pergunta.
- O que você quer que eu faça? Eu não vou ficar aqui com você me olhando estranho a noite inteira. – digo.
Ele suspira.
- Você quer que eu faça o que? Eu descubro isso assim e você quer que eu ache normal? – ele me questiona.
- Eu não quero nada Zlatan. – digo.
- Você não vai embora agora, a cidade está perigosa, está cheia de bêbados e corremos o risco de atentado. Eu não vou deixar você sair. – ele diz autoritário.
- Eu já disse para você não me dar ordens. – digo irritada.
- Eu estou cuidando de você e mesmo você não querendo aceitar isso, eu ainda vou fazer. – ele diz.
- Quer ficar com o exame, então fica. – digo soltando o papel e tentando sair mais ele me segura.
- Você não vai sair. – ele diz se levantando.
- Me solta. – peço.
- Não.
Olho para ele.
- Se você sair por aquela porta, eu vou te buscar e te trago de volta... nem que seja arrastada. – ele diz.
Abro a boca para falar algo mais nada sai.
- Você sabe que eu faço. – ele diz sério.
Que ódio dele.
Jogo a bolsa com ódio no sofá e arranco os sapatos com raiva.
- Tem umas peças para você na minha mala. – ele diz.
Olho para ele.
- Vá se ferrar. – digo.
Ele volta a se sentar no sofá com o exame nas mãos.
Não havia muito o que fazer, eu iria ficar porque sabia que havia casado com um maluco que não conhece limites. Mexo na mala dele e pego minhas peças intimas.
- Pode pegar uma camisa, caso queira. – escuto ele falar.
O ignoro por completo e sigo para o banheiro. Me tranco lá e tomo meu banho. Bem que minha mãe me avisou sobre esse mar de hormônios que eu iria me afogar, eu estou sentindo raiva, estou magoada e com vontade de chorar.
- Eu não vou chorar. – digo para mim mesma.
Respiro fundo, visto minhas peças e volto para o quarto e me deito na cama. Me cubro dos pés a cabeça e apesar de não estar com um pingo de sono eu fecho os olhos e tento dormir.
Quando sinto a coberta ser levemente puxada eu decido fingir que estou dormindo.
- Eu sei que você não está dormindo... – escuto Zlatan falar.
Continuo com os olhos fechados.
- Eu estou assustado com a noticia mais... mais eu gostei. – ele diz.
Abro os olhos.
- Convenhamos que abrir a bolsa da sua mulher e encontrar um teste de gravidez é assustador. – ele fala.
- Depois falamos disso, agora eu quero dormir. – digo.
- Não fica chateada... eu não soube como reagir na hora, mais eu estou feliz. – ele diz.
- Mais foi um ogro. – digo.
Ele ri.
- Me desculpe.
Ele parecia está sendo sincero e isso me amolece.
- Você está feliz mesmo? – pergunto.
Ele sorri.
- Claro que sim, fiquei surpreso porque nunca falamos sobre uma gravidez e você nunca se mostrou com vontade de ser mãe, mais eu estou feliz, eu amo meus filhos e com certeza irei amar o nosso. – ele diz.
Respiro aliviada ao ouvir isso.
- Quando vamos ao medico? Eu quero participar de tudo. – ele diz e passa a mão na minha barriga.
Sorrio com tal ato.
- Eu vou pedir a Belle o nome da obstetra dela e vou marcar a consulta. – digo.
Ele se deita ao meu lado e eu me aconchego nele.
Zlatan virou a minha bússola nos últimos anos e eu acho que esse foi o motivo do meu desespero.
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