História Mine - Capitulo 27

Pov. Joana Ibrahimovic:

Eu liguei para Zlatan seguidas vezes, mais ai eu percebi que não iria adiantar nada, ele não queria me atender. Cansei de espera-lo para o jantar e acabei comendo sozinha, depois peguei minhas coisas e fui para o quarto de hospedes.

Eu queria ter sido forte o suficiente para não ter chorado até pegar no sono, mais eu não fui. Ao acordar pela manhã, minha cabeça estava um pouco dolorida, mais me levantei, tomei um banho morno e depois de ter me vestido, eu fui preparar algo para comer.

Quando sai do quarto de hospedes e passei pela porta do meu quarto, vi ela aberta. Minha curiosidade misturada com minha preocupação, fez com que eu espiasse. Zlatan estava deitado de bruços ainda com a roupa do dia anterior. Ele bebeu.

Volto a seguir o meu caminho para a cozinha e a cada passo que eu dava tinha algo fora do lugar, almofadas, tênis, meias, mochila.

Respiro fundo e ignoro tudo aquilo.

Apesar da raiva que eu estava sentindo, eu preparei um café bem forte, enquanto comia minhas torradas e tomava meu suco de laranja. Ao terminar, lavei o copo e o prato e quando me virei, dei de cara com Zlatan com a maior cara de ressaca.

Sem a mínima vontade de olhar para a cara dele, eu saio da cozinha e vou direto para o quarto onde passei a noite. Liguei a TV e fiquei fingindo para mim mesma que me importava com o jornal que estava noticiando.

Batidas na porta entre aberta me despertam.

- Posso entrar? – escuto a voz de Zlatan.

Faço o que ele anda fazendo comigo, o ignoro. Fico com os olhos grudados na TV.

- Quando eu cheguei você já estava dormindo. – ele fala e ai eu percebo que ele já está dentro do quarto.

Infelizmente eu não sou igual a ele, então paro de fingir dar atenção a TV e olho para ele.

- Eu acabei chegando um pouco mais tarde... – o interrompo.

- Um pouco mais tarde, Zlatan? Custava usar a merda do telefone para avisar que chegaria tarde? – falo alterada.

- Eu estou tentando falar com você normalmente. – ele fala.

Rio irônica.

- Ah... desculpe supremo, é que eu não costumo fazer o que você quer. Se você quer alguém que fale normalmente com você, vá procurar outra pessoa para fazer isso, porque eu não sou obrigada a ficar passando por isso tudo e agir como se nada tivesse acontecido. – explodo.

Ele me encara por alguns segundos.

-  É isso que eu deveria fazer. Você só vive para reclamar, talvez alguém queira viver isso aqui sem me encher o saco. – ele diz.

Fecho os olhos por alguns segundos processando o que ele havia me dito.

- Eu encho o teu saco?

Ele se cala.

- Só para deixar claro, as minhas reclamações são todas com motivo. Eu virei a sua empregada, eu faço tudo dentro dessa casa e você se queixa porque eu reclamo? Essa nunca foi a vida que eu idealizei para mim, eu não nasci para cuidar de porcaria de casa, mais mesmo assim eu guardei o meu sonho e vim atrás de você. Se você quer arranjar outra, boa sorte, agora não pense que eu sou a Helena que vai ficar te esperando. – digo e só consigo sentir mais raiva por não ter conseguido dizer isso tudo sem chorar.

Ele parece perceber o que falou.

- Me desculpe... eu só... eu também estou estressado. – ele fala e tenta se aproximar.

- Me deixa sozinha. – peço.

- Joana... – o interrompo.

- Sai daqui, me deixa sozinha.

Ele suspira mais acaba fazendo o que eu pedi.

Eu não estava aguentando mais isso, todo dia uma pequena briga e agora veio isso. Não sei com quem ele estava e ele ainda me vem com essa de dizer que vai arranjar outra. Tudo isso é demais para mim.

Procuro o nome da pessoa que está mais próxima de mim e ligo.

- Olá mulher do narigudo. – David atende fazendo graça.

- David... eu posso ir para a sua casa? – pergunto chorando.

- O que aconteceu? O que Zlatan fez? Ele encostou um dedo em você? – ele pergunta assustado.

- Não... eu só quero sair daqui e... eu estou precisando fugir dessa vida de merda que eu estou levando. – digo.

Ouço ele soltar o ar.

- Claro, aqui em casa tem bastante espaço, pode vir. – ele diz.

Respiro fundo.

- Obrigada David, eu vou sair daqui agora mesmo. – digo.

- Essa sua pressa está me deixando preocupado. – ele comenta.

- Só pessoalmente para contar tudo. – digo.

- Ok. Vou mandar o endereço por mensagem. – ele fala.

- Obrigado, mais uma vez. – digo.

- Pare de agradecer palhaça, nem parece que tem Ibrahimovic no nome. – ele diz e ri.

Tento ri, mais eu não estava com cabeça para isso.

Desligamos e eu vou para o meu quarto. Graças a Deus Zlatan não estava lá dentro, vou direto para o nosso closet e preparo uma pequena bagagem para mim, aproveito e já troco de roupa e quando saio do cômodo, dou de cara com Zlatan sentado na cama.

- Para onde você vai? – ele pergunta.

- Para o inferno. – respondo áspera.

- Joana, eu estou falando sério. – ele fala.

- Eu também estou, você não é o Deus e eu sou a pessoa que está enchendo o seu saco? Então, temos que viver em lugares opostos. – digo.

- Eu já tentei me desculpar pelo o que falei, eu falei sem pensar. – ele diz.

- Eu preciso de um tempo fora daqui, eu estou exausta de tudo. – confesso.

Ele fica calado me encarando.

- Te mando noticias da nossa filha. – digo.

- Espera... vamos conversar. Vamos nos resolver. – ele se levanta e vem em minha direção.

- Você melhor do que ninguém sabe que nós não estamos conseguindo trocar meia palavra sem que não vire uma discussão. Eu estou precisando de alguns dias de paz para depois ver o que faremos do nosso casamento. – digo.

O que ele me falou não sai da minha cabeça e eu preciso de um tempo para organizar tudo.

- O que você quis dizer com isso? – ele pergunta nervoso.

- Talvez o mesmo que você. – me limito a dizer.