2012, meados de dezembro:
Pov. Joana:
Eu só posso ter ficado louca, transei com aquele metido e o pior, gostei tanto que continuo com isso. Meu conforto é que ele realmente está separado da mulher e é homem o suficiente para me tratar profissionalmente na frente de todo mundo.
- Eu não vou jogar de óculos. – Escuto uma voz de criança.
- Se você não usar essa porcaria você não vai enxergar um palmo a sua frente, quem dirá uma bola. – A voz de Zlatan.
Ele deve ter trazido os filhos.
- É que os meninos ficam rindo dele e ele não sabe bater em ninguém. – Essa voz deve ser do outro filho dele.
- Maximilian, não me atrapalhe. – Ele pede irritado.
Resolvo aparecer e ver o que estava acontecendo.
Zlatan estava de pé na frente dos dois filhos, enquanto o mais velho tinha a maior expressão de tédio e o mais novo parecia irritado. Assim que me vê Max arregala os olhos, curioso Zlatan olha para ver o que era e me vê.
- Wow, você parece que saiu de uma capa de revistas. – Vincent diz esquecendo o problema dos óculos.
Dou risada.
- Deixa de ser idiota Vin. – Max pede ainda me olhando.
- Essa é minha fisioterapeuta. – Zlatan diz e eu senti uma certa ênfase no “minha”.
- Oi meninos, eu sou a Joana. – Digo e sorrio para eles.
- Oi... – eles respondem.
- Vieram treinar? – Pergunto.
- Sim... – eles respondem.
- E por que não estão em campo? Todo mundo já está lá. – Comento.
- Vin é idiota e está me atrasando. – Max diz.
Ele parecia fisicamente com a mãe, mais o gênio com toda certeza era do pai.
- Pare de chamar o seu irmão de idiota. – Zlatan diz firme.
- Por que não quer ir para o campo Vin? – Pergunto me aproximando do pequeno de óculos.
- Meu pai não quer me deixar entrar em campo sem meus óculos. – Ele diz se enfezando.
Tinham que puxar ao pai no quesito gênio?
- Você não enxerga sem eles. – Zlatan diz.
- Por que você não quer usar os óculos? – Pergunto mesmo sabendo a resposta.
- Eu fico nerd. – Ele diz.
Dou risada e balanço a cabeça negativamente.
- Eu adorei os seus óculos... e eu também uso. – Comento com ele.
- Você... você gostou mesmo? – Ele pergunta sem acreditar.
- Claro que sim... – digo passando a mão no cabelo dele.
Um moicano estilo o de Vidal do Chile.
- Agora podemos ir? Estamos perdendo tempo. – Max fala com o irmão.
- Podemos. Você também vai? – Vin pergunta.
Dou risada.
- Vou adorar ver vocês jogando. – Digo.
Os meninos se levantam e nós partimos em direção ao campo.
- Vamos para minha casa hoje. – Zlatan diz baixo e mantendo a postura para não dar bandeira.
- O que eu falei sobre decidir coisas por mim? – Pergunto.
A maioria dos jogadores levou os filhos e as crianças estavam adorando aquela atmosfera de treino. Enquanto todos se mostravam entretidos com isso, eu e Zlatan fingíamos prestar atenção e mantínhamos nossa conversa como se fosse algo profissional.
- O seu porteiro e seus vizinhos vão começar a falar... acho que você não quer isso. – Ele diz.
Ele sempre usa esse argumento.
- Já falam bastante e para todos os efeitos somos amigos. – Digo.
Ele segura o riso.
- Amigos... eu estou indo na sua casa com frequência, por vezes durmo lá e você acha que eles acreditam nessa amizade? – Ele pergunta.
Reviro os olhos.
- Pai, vem aqui! – Vin grita.
- Até mais tarde. – Ele diz e sai correndo para ver o que o pequeno tem.
Continuo observando as crianças com seus pais e vejo o quanto eles se divertem e não consigo deixar passar que Zlatan era bem diferente com as crianças, ele se divertia e esquecia aquela pose dele.
Quando todos começam a sair, eu vejo que é hora de partir para minha sala. Assim que me sento, Louis entra na minha sala.
- Apresentei o seu trabalho a Nasser e... – Ele faz suspense.
- E...? – Pergunto curiosa.
Eu havia conversado com Louis e pedido uma chance para mostrar uma outra forma de tratamento, usando ervas medicinais substituindo alguns medicamentos e exames depois da partida independente de dores ou não.
- Aprovado. – Ele diz e sorri.
Só falto soltar fogos de felicidade.
- Eu já estou velho e vou preparar o meu sucessor... na verdade sucessora. – Ele diz apontando para mim.
Paraliso.
- Eu sinto a sua competência, vejo a sua sede em ser a melhor e isso me faz acreditar que você irá dirigir isso aqui muito bem. – Ele diz.
Me seguro para não me emocionar.
Louis era um exemplo para mim, dirigia tudo com firmeza e competência e ouvir esses elogios dele fizeram cada dificuldade valer a pena.
- Louis, você é um profissional que eu admiro muito e ouvir isso de você é.… é maravilhoso. – Digo.
Ele sorri para mim.
- Apenas verdades. – Ele diz e pisca para mim.
Eu e ele conversamos mais sobre a posição de Nasser em relação ao meu projeto de mudar um pouco a forma de recuperação e prevenção de lesões e quando nos demos conta já era hora do almoço.
Almoçamos junto com os outros membros da equipe técnica do clube e depois cada um seguiu para suas casas.
Assim que cheguei em casa recebi uma mensagem de Zlatan.
Estou à sua espera.
Ele ainda não entendeu que eu odeio quando ele me trata como se eu fosse um dos companheiros dele?
Tomo um banho e visto uma camisa, que ele havia deixado aqui e que eu sempre esquecia de devolver, e um short jeans curto. Não me preocupo em me arrumar para ele, não é como se ele nunca tenha me visto num dia ruim.
Pego o meu carro e sigo para o insuportavelmente rico bairro de Paris. Ele morava numa casa enorme, sendo que vivia sozinho. Deve ser para caber ele e o ego.
Como ele havia me dado uma cópia da chave da casa, para eu entrar sem ficar tocando campainha, eu já entro e dou de cara com a ex dele sentada no sofá e ele andando de um lado para o outro.
Helena me lança um olhar de desdém mais isso não me intimida.
- Oi Zlatan. – Digo sorridente.
Ela arqueia a sobrancelha extremamente fina.
- Então é ela? – Ela pergunta apontando para mim.
Tiro os meus óculos escuros e olho para ela com ar de riso.
- Eu o que? – A questiono.
- Hum... Helena, já era para você ter ido embora. – Zlatan fala sério.
- Não posso conhecer sua amiga? – Ela o questiona mais não tira os olhos de mim.
- Eu sei o que você está tentando fazer. – Ele diz firme.
A risada dela preenche o ambiente.
- O que eu estou tentando fazer? – Ela o questiona.
- Helena... – ele parece tentar avisar a ela.
- Você sabia que ele me falou que queria te levar para a cama? – Ela pergunta cruzando as pernas.
Mantenho minha expressão de naturalidade mesmo estando surpresa.
- Bom para você. – Digo.
- Helena já chega. – Zlatan diz mais alto.
- Nós só estamos conversando... eu, você e sua amante. – Ela diz.
Dou risada.
- Amante? Pelo que eu sei vocês estão separados. – Digo.
- Apenas um rompimento de casal... ele só precisava matar o desejo dele. – Ela diz naturalmente.
- Onde você quer chegar com isso Helena? Você está me tirando do sério. – Ele diz irritado.
- Calma Zlatan, estamos nos conhecendo. – Digo a ele.
Ele me olha por um tempo.
- Quem está me tirando do sério é você Zlatan, já deu tempo de você matar a sua vontade. – Ela diz e sai da linha.
- Eu já disse que acabou Helena. – Ele diz.
Ótimo programa da tarde, presenciar DR de ex casal.
Ela respira fundo e volta a assumir a postura metida dela.
- Já passamos por isso várias vezes e ele sempre enjoa dos lanchinhos... – ela diz tentando me ofender.
- Então você não precisa se preocupar e ficar correndo atrás dele, já que segundo você ele sempre volta. – Digo.
Ela se sente atingida, mais ri do que eu falei.
- Não se ache especial, vocês sempre perdem a graça. – Ela diz.
- Fala isso por experiência própria? – Alfineto.
Ela passa a mão naquele cabelo extremamente loiro.
- Não querida, o que eu tenho com ele não se compara a essas relações mixas que ele arranja na rua.
- Então por que tanta preocupação?
Ela fica calada me observando.
- Você realmente está se achando porque dorme com ele? Fiz isso boa parte da minha vida. – Ela diz.
Dou risada.
- E você está se sentindo ameaçada por mim? Ele vai voltar... – digo debochada.
Ela me olha de cima a baixo.
- Com toda certeza ele vai voltar, ele não gosta de pirralhas cheirando a leite. – Ela diz e eu dou muita risada.
- Você passou de todos os limites. – Zlatan se intromete.
Ela se levanta e ajeita a roupa brega dela.
- Olha querida, ele está adorando o meu cheiro de... leite. – Digo rindo.
Ela revira os olhos.
- A sua ingenuidade cansa. – Ela diz.
- Mais o vigor cansa mais. – Digo com um sorriso no rosto.
Ela se aproxima de mim e eu vejo Zlatan dar passos em nossa direção.
- Vagabundas como você ele compra em qualquer esquina, não se ache especial ou melhor que ninguém. – Ela diz.
Ela me chamou de vagabunda?
- Tia... eu não tenho culpa se a minha juventude atraiu ele, você tem duas opções aceitar ou ficar se humilhando atrás dele. Te garanto que a segunda opção vai te trazer mais rugas. – Digo venenosa.
Ela não fala nada e sai pisando duro.
Olho para Zlatan e ele estava com uma expressão indecifrável.
- Não tinha uma ex menos chata? – Pergunto a ele.
Ele ri.
- E esse vigor todo? – Ele pergunta mudando de assunto.
Dou risada.
- Pode vim conferir sueco. – Digo.
Ele já me puxa para perto e me beija com desejo.
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