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História Mine Again - - And time goes by.


Escrita por: superflysex

Notas do Autor


Espero que gostem ;)

Capítulo 4 - - And time goes by.


2 ANOS DEPOIS. 

Familiarizar-se com um hospital era um tanto trágico para qualquer um que os vissem tão à vontade. Mas preferiam acostumar-se a um isso que há um cemitério. Sem dúvidas. Passavam já cumprimentando as enfermeiras, Katherine as vezes questionava: '' Como vai seus filhos?'' ou perguntava se já estavam melhor de algum problema do passado. Aprendeu a fazer amizade com diversos funcionários, alguns já via mais que muitos de sua própria família. 
As crianças por um lado, ficavam apenas em um sorriso rápido. Comportamento comum de adolescentes. Haviam mudado muito nesses dois anos; Ficaram menos comunicativos, principalmente em relação ao público. Ainda não haviam dado entrevista, apenas Katherine e não sentiam-se preparados para tal. Ao menos uma vontade de Michael gostariam de manter. De qualquer forma, todos reconheciam suas faces, já que paparazzi já era uma rotina. 
O sétimo andar do elevador apitou. Katherine, Latoya, Prince, Paris, Blanket e um par de seguranças saíram, reencontrando em poucos passos o quarto que vinham visitar três vezes na semana. Os homens de preto ficaram do lado de fora, junto aos outros dois que protegiam aquela entrada. Esses anos todos, isso não havia mudado. As vezes pensava no cruel que deveria ser trabalhar, ficando simplesmente parado para proteger uma porta e revistar os mesmos médicos e enfermeiros de sempre. 
Mas haviam sido bem sucedidos nessa parte. Até o momento nenhuma foto ou gravação vazada. 
Adentraram. Duas enfermeiras lhe sorriram, estavam terminando de retirar uma sonda da garganta de Michael. 
- Bom dia senhora Jackson, Latoya, crianças. - Irina uma delas pronunciou-se, bem humorada. - Acabamos de alimentá-lo. 
- Bom dia Irina. - Responderam juntos.  
A outra enfermeira repetiu as saudações. Essa se chamava Carly.
Como todos os dias que vinham, a mesma imagem. Uma cama de hospital, já sem aparelhos de respiração, um homem deitava como se estivesse dormindo. A aparência era serena, quase como se fosse paz. E talvez fosse... Para ele. Mesmo na tragédia, chegava a ter certo charme pensar que uma insônia o trouxe aquele ponto e que agora um sono profundo o impedia de regressar. 
- E como ele está hoje? - Latoya perguntou, enquanto sentava-se em um sofá junto dos menores. 
Katherine ficou em uma poltrona, ao lado da cama. 
- Ótimo, não engasgou com a sonda. Demos banho nele hoje de manhã, está sendo bem cuidado. - Explicou Carly, anotando algumas coisas na prancheta. Depois voltou-se para a família ao redor. - Vamos dá privacidade agora, qualquer coisa aperte o botão de emergência. 
Saíram com leves expressões na face. Mais um dia aparentemente tranquilo. 
- Ele parece menos pálido do que semana passada. - Comentou Kate. 
- Ganhou mais peso no último mês também. - Latoya reparou. 
Esse era um bom sinal. Michael havia dado entrada no hospital muito abaixo do IMC para sua altura e idade, não fora fácil encontrar uma dieta para um paciente em coma que também pudesse repor o peso que precisava para ele. Era lento, mas aos poucos ia engordando e aos poucos chegariam a meta que Michael deveria estar. 
- Paris, venha me ajudar a penteá-lo. - Disse Kate, levantando-se. A menina mexia no celular. - Se seu pai acorda e se vê com o cabelo nesse estado... Ai sim fica grave. 
- Não acho que será isso que ele vai reparar. - Ponderou, enquanto apanhava um pente. O cabelo cheirava a morango. O shampoo que haviam comprado recentemente. 
Prince caminhou até a janela, um tanto entediado. Observou a vista, vendo a mesma de sempre. Ao horizonte, prédios e uma imensidão de céu. Nas ruas, um grupo de cinco fãs junto há dois ou três paparazzi. No início acampavam mais de cem na porta daquele centro, tanto fanáticos quanto a imprensa. Atualmente, o número havia diminuído em tamanho considerável, mas ainda sim sempre tinha um ou outro. 
- Podemos comer no taco bell quando irmos embora? - Blanket questionou com Latoya, os grandes olhos implorando por um sim. 
- Tem que ser rápido. Você não fez sua lição de casa, lembra? Se formos tem que terminar o trabalho assim que chegarmos. 
- Eu prometo.  Mas vamos, vamos. - Cruzou as mãos em forma de oração. 
- Dez minutos, no máximo. 
--x-- 
- Psiu, psiu, psiu. - Um sussurrar acontecia conforme andava pelos corredores do colégio. 
Clichês como armários, patricinhas, nerds não importavam para seus olhos. Até por que andava de cabeça baixa e qualquer descrição daquelas pessoas não lhe interessavam. Odiava a escola e adiava cada um ali. Apertou sua mochila em seus ombros querendo sumir. Por que seu armário tinha que ficar tão longe? Pensava. Todos os olhos continuavam em si e todos os cochichos também. 
Sentiu o tremor de seu celular, no bolso. Sem cessar a caminhada continuou andando. Ao seu redor, escondiam as risadas esperando o momento que Paris viria a surpresa. 
Era uma mensagem de texto. 
'' Sacrifico crianças em ritual. Idade? Zero há treze anos, preferência por meninos. Valeria a pena o holocausto de uma para salvar a vida de um pedófilo? Me ligue''. 
De imediato, o que veio até Paris foi uma escuridão, como se tudo ao seu redor houvesse deixado de existir. Odiava se dizer acostumada com o que lia na internet e odiava ainda mais estar acostumada com o que sussurravam quando passava. Mas dessa vez era distinto. Fora de frente, fora mais do que murmúrios. 
Sem que nem ao menos pudesse raciocinar de volta para a terra, um mar de risadas foi visto ao seu redor. Parou seus passos, não conseguindo mais caminhar. 
Riam riam alto, sem disfarce. 
- Essa foi bem criativa Tripp. - Alguém gargalhou para Tripp Maguire. Um garoto de sua turma de matemática, sem muita perspectiva de futuro. Assim como eu ultimamente. 
Sentia-se no inferno, tanto que seu rosto queimava pela fogo de seu ódio. Só não sabia se o inferno era aquele colégio ou se era dentro de si mesma. Não queria chorar, mas a vontade era de cair desmaiada. Não foi capaz de segurar. Lágrimas vieram em conjunto a uma dor que parecia dilacerar seu peito. 
Mas numa fração de segundos, seus olhos encontraram o causador da '' criativa brincadeira'', a encarando com o ar do mais puro humor e frieza. Fantasiou-se pulando no pescoço dele e de cada um, berrando palavras contra sua ignorância e destruindo-o um com seus argumentos. Mas uma força interior pela falta de pulso a retraía. A verdade era que nem ao menos sabia como reagir. 
Ainda em mais lágrimas, virou as costas e correu. Como trilha sonora, os risos aumentaram. 
Correu em uma velocidade que chegou a machucar suas pernas pela dor, parou somente quando o prédio estava longe o bastante para sentir que era pequeno. Infelizmente não era possível passar por aqueles portões. Se arrependia. Arrependia de ter ido a escola naquela manhã, arrependia de ter ido a escola em qualquer manhã, arrependia de ter contado que estava doente há seu pai e ter chamado aquele maldito médico, arrependia de ser quem era. 
O queria de volta e ao mesmo tempo, uma voz interior dizia que preferia ser filha de outra pessoa. O que ela mesma condenava-se por pensar. Teve o melhor pai do mundo enquanto ele estava ali, como podia ser tão estupida em ter uma parte sua desejando não o ter conhecido?
Parou a corrida, encarando a quadra do campo de futebol. Onde de longe parecia aparentemente vazia. Paris chorou mais um tanto, sem receio pelo barulho que seu corpo emitia ao fazê-lo. Em casa tinha medo de sua vó ou de seus irmãos ouvirem. Era a primeira vez em anos que conseguia chorar em paz. 
- Não acha que devia ter dado uma surra naquele cara? - Ouviu de alguém. 
A cabeça que estava baixa, levantou-se assustada. Era Oliver Martim. Na qual o esteriótipo era de valentão. Um drogado qualquer da escola, na qual remetia medo quando andava. Estava no último ano e era repetente por duas vezes. Moreno, de olhos verdes e roupas escuras de bandas de rock que ninguém além dele no mundo deveria conhecer. 
Paris respirou profundamente antes de responder. 
- Viu aquilo? - Se sim, como chegou ali tão rápido. A estava seguindo? 
Oliver riu. 
- Te filmaram e já mandaram pra todo mundo. Te vi correndo até aqui. - Balançou os ombros, com indiferença. - Ainda acho que devia ter metido uma surra nele. 
A menina já queria desviar daquele tópico. Não o aguentava mais. 
- Está bolando aula? 
- Não sei quando foi que eu não bolei. - Riram. Ele a encarou de cima a baixo por alguns segundos. Não parecia de todo uma menina chata, como a maioria das desprezadas do colégio. Feia como são normalmente, já tinha certeza que não era. - Vem. - A chamou. - Estamos aqui em baixo. 
Não esperou por ela e caminhou, desaparecendo por debaixo da arquibancada de ferro. Sem entender, Paris franziu o cenho e olhou em volta certificando-se que estava realmente na realidade. 
Mas mesmo que negasse, não pôde opor a curiosidade. Também não tinha como, já que não haviam opções de amizades para si. Talvez aquela fosse uma. 
Desceu a estrutura da arquibancada, chegando ao campo onde a vista da parte de baixo do grande ferro que as pessoas sentavam-se para torcer nos jogos foi exposta seu outro lado. Junto de Oliver, um grupo de seis pessoas. Com o mesmo estilo rebelde e rejeitados que ele. Garrafas de bebida e o que parecia ser cigarros completavam o cenário. 
Não conseguiu evitar, houve uma apreensão. 
- Quer ficar aqui com a gente? - Disse Oliver. 
De novo a pergunta: Estava em posição de recusar amizades ou qualquer um que a quisesse receber? De maneira alguma. 
- Claro. 
--x-- 
DIAS DEPOIS. 
Como sentia falta daquele lugar. Seu pai odiava e Paris também. Mas lembrava-se de um bom tempo ali. Depois de tantas viagens e vida de nômades fora bom se estabelecer. Para Prince Las Vegas era casa. Veio para um fim de semana visitar seu avô, junto com seus tios e primos. Joe havia se transferido para lá. Uma casa espaçosa e confortável. 
Mas como tudo que é bom durava pouco, amanhã regressariam para Los Angeles. Perguntava-se onde seu pai iria gostar de viver quando acordasse? Aceitaria qualquer lugar que ele quisesse ir. Sonhava com isso. Sonhava com o abraço, sonhava com os olhos dele abertos, era o que mais sentia falta. 
Em contraponta a seu pensamento, Prince começou a sentir a própria garganta seca. Não bebia água desde o voo.
Desceu as escadas com cuidado para não fazer barulho. Caminhou em passos largos até a porta da cozinha, parando na soleira. A luz estava acesa, mas não estranhou. As vezes seu avó tinha aquela mania, de deixar luzes assim. Mas ao aproximar-se, vozes foram ficando mais próximas. Havia alguém ali. 
Atentou-se para escutar. 
- Mas é claro que ninguém vai autorizar isso. - Era seu tio Randy. 
- Nem comenta com a sua mãe. - Dessa vez, Joe. - Se ela souber que sugeriram desligar os aparelhos, é bem capaz de enfiar na cabeça que o hospital tá tramando contra o Michael, que vai inventar uma desculpa e dizer que ele morreu. Alguma loucura do tipo. 
Prince elevou suas mãos até a boca, para interromper um grito. Desligar os aparelhos? Não. Isso nunca. Não iria permitir. 
- Não tem que contar porque não vai acontecer, não vamos desligar nada. - Disse por fim. - Já to de saco cheio dessa situação. Ouvi dizer que vão lançar mais um álbum '' póstumo'' - Riu sem humor. - Enquanto isso, ninguém tá vendo nada entrar do que esses advogados estão fazendo. 
- Sabe muito bem que não podemos. Esse assunto de novo? 
- De novo? Joseph, vai dizer que acha isso justo? 
- Não, não acho. - Bebeu um pouco de água. - Mas foi o que seu irmão ordenou, o que a gente pode fazer? 
Randy estressou-se. 
- Será que dá pra todo mundo parar de agir como se Michael fosse o rei das boas decisões? - Pediu, com certo enojo. Amava seu irmão, mas não podia deixar aquela cegueira dominarem a todos. - Primeiro, ele prefere entrar em guerra contra uma gravadora por orgulho de vender um catálogo, demitiu em massa qualquer um que dissesse que ele estava gastando demais, sabia que estava endividado e não parava de comprar, tentamos intervir no problema dele com remédios e nos afastou. Alertaram sobre mil pessoas e ele não deu ouvidos. - Relembrava-se, enquanto listava suas razões contando nos dedos. - Joseph, esse era um homem de cinquenta anos de idade, até quando teremos que culpar todo mundo pelos erros que ele cometeu? Até quando vamos ter que inventar explicações e jogar as responsabilidades para outros? - Perante os argumentos, o pai preferiu o silêncio. Relembrar a auto-sabotagem do próprio filho era um pensamento de toda noite desde aquele junho. Randy continuava. Frustrado. - Eu detesto falar isso, mas as vezes eu tenho a sensação de que nem nos filhos ele pensou. -  O pai fitou-o com um olhar de desentendimento. - Essas crianças não tinham nada além dele, Joseph. Não tinham mãe, não eram próximos da família. Tinham só ele. E... Mesmo assim, Michael não pensou nessas crianças. Por isso, mas não me peça pra santificá-lo. Não me peça. 
Atordoado, Prince sentia que não aguentaria mais tempo refletindo sobre palavras do tipo. Correu de volta para o quarto de hospedes que o recebia por aquela noite. Afundou em uma coberta sentindo a dor junto dos pensamentos. Pesando um contra um. 
Chorou. Chorou pelo tio ter razão. Não havia pensando nele; Chorou até a idealização do pai, que era um super herói para ele antigamente, ser reprimido totalmente dentro de si. 
--x--

INGLATERRA. 
Em muito tempo não sentia-se satisfeita como naquele nível. Voltar a música havia sido a melhor decisão que Lisa Marie poderia tomar. Trabalhar era um incentivo para acordar todo dia e dá o melhor de si; A vida não era infinita e por isso que tinha que se auto-motivar sempre que possível. A onda de inspiração veio com todo esse arremate de sentimentos que andou tendo. Concluiu mais, aceitou mais, perdoou mais. Uma clareira foi aberta numa floresta interna e hoje tinha respostas para o que nunca achou que teria. 
Todo esse dominó, causou uma mudança dentro de si lhe abrindo os olhos e a mente para outros questionamentos do passado. Foi uma adolescente mimada por anos de sua vida, até mesmo quando a idade adulta já estava mais do que presente. E agora, após tanto tempo, via-se, finalmente, uma mulher. 
Era hora para um disco. Era hora para se jogar no que amava fazer. Colocar para fora essa Lisa que se tornou, que conheceu. 
Saiu do restaurante com esse sentimento por todo seu corpo. Ela e Michael, seu marido, tiveram um jantar com Bone Burnett, que havia escolhido como seu produtor. A conversa não poderia ter sido melhor, assim como a troca de idéias sobre o som, estilo e tudo que envolvia produção. Dessa área não sabia muito, mas também estava disposta a opinar se preciso. 
Ela e o esposo caminhavam pelo estacionamento em silêncio, procurando pelo carro. De imediato ao encontrarem, Michael Lockwood tateou os bolsos. 
Bufou. 
- Esqueci a chave lá dentro. - Por sorte Burnett ainda estava no estabelecimento. - Fique aí, já volto. - Saiu sem cerimônias, deixando-a só de frente pro veículo. 
Passaram-se das oito da noite e tinham de voltar para casa; As crianças estavam com Riley, que a veio visitar por dois dias. Não contou exatamente o tempo, mas não demorou menos de trinta segundos após a saída do marido para que avistasse um outro corpo seguindo do mesmo restaurante em procura, também, de seu automóvel. Terno e gravata, reparou. Um dos muitos executivos lá dentro que estava tendo um jantar de negócios. 
O homem de aparência normalizada, apenas um tanto mais alto do que o usual, caminhou coincidentemente para sua direção. Um pouco mais para a direita; Seu carro sendo provavelmente o que estava ao lado dos deles. 
Aproximou-se, retirando os olhos da BMW e pondo-se sobre Lisa. No exato instante, abaixou a cabeça para não passar correspondência. 
Mas não adiantou. Ele parou. 
- Oi. - Tentou um charme. - Problemas no seu carro? 
Pôs se a observá-lo outra vez. Sorria de lado, com os olhos brilhantes. 
- Não. - Balançou a cabeça em complemento. Por um momento Lisa não conseguiu responder; Andando com o marido para todo lado, fazia um bom tempo que não era paquerada assim de frente. Os olhares eram normalmente disfarçados. 
Nem ao menos sua roupa insinuava nada. Uma simples calça de tecido escuro, sapatilhas e uma camiseta social branca, até um tanto masculina. O cabelo estava em uma trança de lado, que Riley fez lhe dizendo que seria jovial. 
- Tem certeza? Eu ficaria feliz em te ajudar. Me chamo Dylan, a propósito. E você?  
Abriu e fechou os lábios por várias vezes antes de falar. Foi quando viu o marido regressando, em passos lentos, para onde estavam. 
- Casada. - Apontou disfarçadamente para a frente. 
Dylan virou a cabeça para onde o dedo dela indicou e mirou uma outra figura, vindo até eles. Não queria se meter em problemas. 
- Perdão. - Desculpou-se, enquanto preparava-se para adentrar em seu automóvel. 
Até Michael chegar à esposa, Dylan já dava a partida para fora.
- Conhecia? - Em sua voz um tom de estranheza. 
Resolveu provocar. 
- Um estranho misterioso e paquerador. - Cruzou os braços. - Ciúmes? 
Ele riu. 
- Vamos pra casa, vai. - Desconversou um tanto zombeteiro, ainda com um riso na face. 
Apesar de um tanto desapontada, não poderia dizer-se em choque. Uma das principais características que a atraíram em Michael era a tranquilidade dele para encarar as situações de um relacionamento. Só que as vezes essa tranquilidade lhe vinha como indiferença. Nunca foi o mais romântico, mas também não era uma pedra de gelo. Não gostava de brigas, não as procurava. Via sempre um jeito de escapar de todas e, quando isso acontecia, a deixava falar. Mas principalmente não sentia ciúmes. 
Odiava admitir, mas as vezes sentia falta de uma forte briga. De uma paixão e... De um bom ciúmes. 

FLASHBACK - 1994. HIDDEN HILL, CALIFÓRNIA. 
- Você definitivamente tem que desistir de doces. - Confessou, limpando a boca para cuspir o alimento. Ou o protótipo de um bolo, que saiu queimado. 
Ambos riram. 
Lisa levou o prato, com seu projeto falho para o lixo. 
- É a terceira vez que eu tento, só hoje. Sério. Nunca consigo. - Danny continuava a gargalhar. - Não ria de mim. - Apanhou um pano de prato o batendo com ele. 
Estavam na cozinha da casa de Lisa. Havia o chamado para lhe ajudar com o forno, após perceber que tinha queimado mais um. Era aceitável na cozinha, mas normalmente Danny entendia melhor de certas coisas do que ela. 
E forno era uma dessas. 
O clima entre eles era amistoso e de brincadeira. 
- E não vai conseguir mesmo, não enquanto tiver um super-herói otário pra te ajudar. Menina mimada. 
 Estava contente em poder ter uma relação tão boa com um ex-marido. Ainda mais quando havia filhos envolvido no meio. Quando tem isso, há de fazer dá certo. E para eles não estava sendo nenhum sacrifício. 
Estavam redescobrindo-se na amizade. 
- Eu mimada? Não esqueça da vez que a mimada aqui teve que matar uma barata pra você. - Sorriram de novo, mais alto. 
- Interrompo? - Soou um timbre ao fundo, até um tanto sarcástico. 
Lisa estremeceu de imediato, antes de encarar. Danny o fez no primeiro momento. 
Droga, pensou ela. Segurando o desejo de dar um soco na mesa. 
- Boa noite Michael. - Disse Danny educado. 
- Boa noite, senhor Keough. - Endureceu a voz, exibindo o tom mais grave que raramente vinha. 
Houve uma curta pausa de silêncio constrangedor. Michael pesou o olhar sobre Lisa, sendo evidente que não estava contente. Ela não correspondeu, mirou o chão, o forno ou qualquer coisa menos ele. 
- Bom, é melhor eu ir. - Danny tentou ser descontraído na fala. - Trago as crianças para vê-lo? - Dirigiu-se há Michael. 
Lisa interviu. 
- Amanhã Michael fala com eles. - Não usaria seus filhos como escudo para escapar de uma briga. 
- Boa noite, então. Vou indo. - Avisou, já caminhando para sair. 
Esperou os minutos necessários da ida dele, para aguardar a explosão. Mas contrariando-a, Michael simplesmente retirou os óculos e o chapéu o colocando em cima de um balcão. 
- Sabe... - Começou, falando com frieza. - Eu não me surpreenderia se não tivesse me ouvido chegar porque eu tentei ao máximo não fazer nenhum barulho. Ser uma surpresa e tudo isso, mas mesmo se eu tivesse gritado, '' Ei, mulher. To aqui'' não me ouviria. - Endureceu a expressão e riu sem humor. - Estava muito entretida. 
- Não começa a palhaçada. Não começa que hoje eu não to afim mesmo. - Intimidou, elevando o dedo médio. 
- Palhaçada? Palhaçada? - Um grito. - Como quer que eu aja? Fico cinco dias fora pra uma viagem de negócios e quando chego em casa, feliz em voltar, ansioso. Entro e me deparo com essa cena. O que quer de mim, droga? 
Aproximaram-se
- Você tem que botar uma coisa na sua cabeça. Danny não é um ex namorado que eu tenho amizade. Ele é pai dos meus filhos, claro que temos que ter uma boa relação. É pro bem das crianças. - Já estava cansada de ter de repassar aquele argumento tantas vezes. - O que você quer? Que meus filhos cresçam traumatizados por um divórcio ruim dos pais? Por brigas? 
- Está colocando as crianças nisso pra fugir. 
Lisa segurou-se para não lhe dar uma bofetada, chegando a elevar sua mão para isso. 
- Não me repita isso. Não seja doente, me entendeu? Não seja doente. 
- Outra coisa: Em que mundo um casal se separa e a ex mulher compra uma casa DO LADO DA DELA, pro ex-marido viver? - Mais um tópico que o tirava do sério. Ter comprado uma casa para Danny ao lado da sua. - Em que planeta o você acha que está? E eu que sou doente. 
- Temos guarda compartilhada. É errado não querer que meus filhos fiquem pra lá e pra cá? Isso parece doente pra você, pensar nos meus filhos? - Sendo vizinhos, tanto no dia de Danny quanto no de Lisa para estarem com as crianças, não tinham que abdicar deles. Era um método que imaginou que funcionaria perfeitamente, até Michael saber. 
- E eu? Como eu vou ter seguridade? Ano que vem provavelmente tem o lançamento do álbum, vou entrar em turnê, o que eu não duvido. Vou ter que te deixar aqui? Te deixar do lado dele? Literalmente do lado dele? 
Lisa rolou os olhos. 
- Vai ter que confiar em mim. 
Ele fingiu uma gargalhada. 
- Esquece. - Disse. - Assim que começar a rodada de promoção você viaja comigo. 
- Não pode me obrigar. - Rebatou com ódio.
- Tem certeza que não? 
- Pois eu te digo que não. - Assegurou firmemente. - Não vou deixar meus filhos e embarcar em uma turnê louca dessas. - Caminhou para ir-se do cômodo. O deixaria ali. - Vou dormir. Você hoje fica com o quarto de hospedes. 
Michael bufou, em estresse. A deixando partir. Acabaria a discussão por hoje. Ao menos aquele tópico. 
No fim, ele a soube convencer. Ela ajudou pois não trancou a porta do quarto; Resultado: durante a madrugada, a pantera adentrou o cômodo. A persuadindo durante todo o restante da noite. Com beijos, toques, pele e tudo que uma manipulação exigia. 
Não resistiu. Cedeu a cada palavra que Michael queria que fizesse. 
--x-- 
TEMPOS ATUAIS. 
Refletiu sobre a situação no estacionamento sendo surpreendida por um pensamento. 
Era errado sentir falta daquilo? 



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