- Acho que ela não vai ter condições de comparecer...
- Tão jovem... É uma verdadeira lastima...
Escutei ao fundo pessoas conversando... Procurei me mexer, mas meu corpo não me obedecia. O que estava acontecendo?... Onde eu estava?... E quem eram aquelas pessoas afinal!
Respirei me acalmando, preciso fazer algo! Procurei reunir toda minha energia forçando meu corpo a reagir... E então senti uma dor lacerante em minhas costelas seguido de muita falta de ar... Algumas maquinas começaram a apitar e escutei varias pessoas correndo de um lado para o outro.
- Bonnie... Senhorita Bonnibel... _ Chamou uma voz familiar...
- Betty... _ Sussurrei _ Chama o meu pai por... Favor... _ Respondi com certa dificuldade ainda de olhos fechados.
- Eu gostaria muito PB...
Sua voz saiu embargada e eu finalmente abri os meus olhos encarando-a meio atordoada pela claridade... E então percebi que fui internada numa suíte do nosso hospital, mas... Por quê?
- N-Não foi... Um sonho... _ Meus olhos marejaram meu coração acelerou e eu perdi minhas forças... Levei minhas mãos ao meu rosto não contendo o choro _ Eles... Eles se foram Betty! Meus pais! Meu irmãozinho!
Ela me abraçou procurando me confortar.
- Seu irmão esta vivo, ele esta no quarto ao lado... _ Disse ela _ Ele sofreu apenas um grande corte na cabeça...
- E-Ele já sabe?... _ Hesitei um pouco.
- Sim... _ Betty respirou fundo tentando segurar suas emoções_ Contamos agora a pouco, e ele esta conversando com alguns psicólogos...
- Obrigada Dra. Betty... _ Limpei minhas lagrimas e controlei um pouco meu estado _ Ele precisa de mim! Poderia me levar pro quarto dele.
- Ou... Claro...
Bettty me levou até a porta do quarto do Gumball, abri aquela porta e meus olhos foram direto em meu irmãozinho Gumball... Minhas costelas doíam, meu pé esquerdo estava preso a uma bota ortopédica e o resto do que sobrou do meu corpo estava em frangalhos, mas ignorei tudo aquilo me desvencilhando dos braços de Betty e correndo para a cama dele... Gumball praticamente pulou em meus braços escondendo seu rosto em meu ombro esquerdo, ele chorou compulsivamente por longos minutos, e os médicos presentes nos deixaram a sós...
- Eu estou aqui PC... _ Sussurrei _ Vamos ficar bem...
Ele soluçava tentando conter o choro...
- P-Promete PB?... _ Perguntou ele com sua voz abafada por ainda estar com seu rosto em meu ombro_ O p-papai... A mamãe! E-Eu não posso viver sem eles!
Gumball deixou suas emoções tomarem conta de seu estado de espirito chorando com mais força envolvendo minhas cintura, arfei de dor ao senti-lo me apertar, mas correspondi seu abraço contendo minhas lagrimas... Eu precisava ser forte por nós dois!
***
- É com grande pesar e tristeza que nos reunimos hoje para nos despedirmos desse casal tão querido por todos onde quer que eles fossem...
O padre discursava as palavras finais no cemitério diante dos caixões dos meus pais... Não prestei muita atenção, pois minha mente vagava distante tentando escapar de tudo aquilo... Muitas pessoas vieram se despedir, aproximadamente umas trezentas pessoas ao todo, mas procurei não me ater a cumprimentos abraçando meu irmão e deixando essas trivialidades com a Betty uma parceira de pesquisas com meus pais, medica dedicada além de uma velha amiga da família...
- Bonnie... _ Chamou ela _ Você quer dizer algumas palavras? _ Perguntou ela.
- Não... _ Minha resposta quase não saiu de minha boca...
Betty fez um sinal para que as homenagens continuassem...
O dia nublado parecia combinar perfeitamente com minhas roupas totalmente negras... Eu nunca havia entendido o motivo clichê das pessoas usarem preto em enterros, hoje sei que é porque meu corpo e minha alma não conseguem aceitar outra cor para expressar tamanha dor que eu sinto!
Olhei para os céus e as nuvens anunciavam que logo a chuva se faria presente...
- Chegou a hora Gumball... _ Sussurrei em seu ouvido_ Seja forte, eles sempre vão estar com agente.
- Isso é verdade? _ Perguntou ele me abraçando.
- Sim, é a verdade por trás da morte... _ Soltei um leve sorriso _ Pense nisso como uma grande viagem que eles estão fazendo... Um dia estaremos juntos novamente...
Meu irmão me abraçou me dando um beijo no rosto, sequei suas lagrimas e juntos depositamos uma rosa para cada e um beijo de despedida em suas testas...
Assistimos os caixões serem baixados... Aos poucos as pessoas se dispersaram com a chuva caindo serenamente por todo o local, e mesmo Gumball relutando eu pedi para Betty leva-lo e cuidar dele em nossa casa...
E no final ali estava eu... Sentada com as pernas entre meus braços olhando para no nada a minha frente... Os pingos gelados lavavam minha alma, e um copioso choro baixinho fluía dos meus olhos...
- Pai... Eu prometi ao senhor algumas coisas... _ Disse com a cabeça entre minhas pernas _ Eu irei cumprir cada promessa feita!... E um dia estaremos juntos rindo de tudo isso...
Senti alguém se encostar do meu lado com um guarda chuva me cobrindo...
- Assim você vai acabar pegando um resfriado...
Olhei para cima... E para minha surpresa era a Marceline quem estava ali parada do meu lado... E maravilha, mais lembranças vieram a minha cabeça, eu não queria encontrar ninguém hoje e principalmente nenhum Abadeer... Se ao menos eu não tivesse ficado uma hora a mais vendo-a cantar... Balancei a cabeça tentando me afastar desses pensamentos... Afinal ela não teve culpa teve...
- Eu não me importo mais... _ Respondi descrente.
- Eu também já perdi alguém importante... _ Disse ela.
- E quem seria?... _ Afinal porque estamos tendo essa conversa?!
- Minha rainha... _ Marceline respondeu me encarando com um fraco sorriso de canto _ Minha mãe se foi quando eu e meu irmão tínhamos apenas sete anos...
- Sinto muito... _ Respondi deixando uma lagrima rolar ao olhar o tumulo a minha frente...
- Não sinta... _ Disse ela _ Bonnie... Já são quase seis da tarde... Pelo que eu observei deve ter umas duas horas que você ta aqui sozinha em baixo dessa chuva... Vamos eu te deixo em casa... _ Ela estendeu sua mão me ajudando a levantar.
Acompanhei Marceline até a entrada do cemitério, a mesma me guiou até seu Veloster Tunado abrindo a porta me convidando para entrar...
Passei o endereço sem encara-la e fizemos boa parte do trajeto em silencio...
- Obrigada pela carona Marceline... _ Agradeci.
- Não foi nada de mais baby... _ Ela sorriu me estendendo a mão_ Me chama de Marcy ok.
- Tudo bem... Obrigado por tudo... Marcy _ Cumprimentei a pálida entrando em seguida.
Escutei o carro ligar apenas quando fechei a porta, foi muito inesperado, mas fiquei feliz em revela no fim das contas...
***
P.V.O MARCELINE.
Cheguei em casa deixando meu Veloster na garagem... Mal entrei e o meu querido pai já me aguardava.
- Então... O que você descobriu?
- É muito cedo para dizer... _ Respondi pegando uma long no frigobar _ Ela ta muito abalada ainda.
- Fique de olho Marceline!... Quero saber cada passo dessa rosinha...
Senti meu estomago revirar... Normalmente eu adoro alguns trabalhos que meu velho me passa, mas aterrorizar inocentes é um lance que eu gosto de evitar. Deixei Hunson com suas neuras e me dirigi ao meu quarto... Capotando em minha cama.
***
P.V.O BONNIE.
(Uma semana depois)
- Vamos Bonnie, eu estou com você! _ Fionna tentava me animar na faculdade.
Varias pessoas me cumprimentavam me dando os pêsames, eu realmente queria esquecer aquilo tudo e cada um seguir a sua vida...
- Fionna... _ Chamei _ Me tira daqui... _ Sussurrei ao ver mais pessoas se aglomerando, pois acho que eu ficaria ali o dia todo...
Aquela loira maluca entendeu o recado e logo tratou de dispersar as pessoas me arrastando para nossa sala rs...
- Ufa! Obrigada Fi! _ Agradeci desabando em minha cadeira.
- Relaxa ai Bonnie... _ Sorriu ela _ Eu não vou deixar ninguém chegar perto de você! Dizia ela socando as mãos.
As aulas pareciam uma eternidade, mas procurei me dedicar como sempre!
***
(Mais tarde)
Cake e o BMO insistiram em me levar para o refeitório, mas fome era a ultima coisa que eu sentia... Dormir era tudo que eu queria nesse momento...
Coloquei meus fones abaixando minha cabeça deixando a musica me levar... Shatter Me (feat. Lzzy Hale)
Dou piruetas no escuro
Vejo as estrelas através de mim
Um cansado coração mecânico
Bate até que a canção desapareça
Alguém, acenda uma luz
Estou congelada pelo medo dentro de mim
Alguém, faça com que eu me sinta viva
E deixe-me em pedaços
Então corte-me desse destino
Tonta, girando sem parar
Alguém, faça com que eu me sinta viva
***
P.V.O MARCELINE.
Procurei pela rosinha no refeitório e nada, nem sinal dela... Com algumas perguntas discretas Fionna acabou soltando que a Bonnie estava em sua sala e que estava sem fome... Ao entrar ela estava lá debruçada em uma mesa do fundão...
Passei minha mão em seus cabelos e acabei por sentir seu perfume e finalmente chamar sua atenção...
- Será que eu vou ter que monitorar você?..._ Perguntei enquanto analisava sua cara de espanto ao me ver _ O que foi? Sou tão feia assim?
- N-não é isso... _ Respondeu corando_ Eu apenas não esperava você aqui...
- Toma... _ Estendi minha mão esquerda_ É para comer, não quero ver você doente...
- O-Obriga... Eu acho... _ Escutei suas ultimas palavras quase inaudíveis enquanto ela abria o embrulho.
Bonnie comia devagar sem pressa ou fome alguma... Eu a estudava procurando algo que pudesse ser usado para ela ceder logo às vontades do meu pai e eu não ter que machuca-la futuramente... Pra falar a verdade eu gostaria que ele não tivesse jogado isso pra cima de mim, suspirei vendo o quanto inocente era aquela garota... Linda, inocente e muito gata por sinal...
Continua...
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