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História Minha "Doce" Vizinha - Capítulo 4


Escrita por: Marcia91

Capítulo 4 - Capítulo 4


Depois que Fernanda entrou no carro ao meu lado, é que eu pude sentir seu perfume. Como cheirava bem aquela mulher. Um cheirinho de rosas misturado com morango, acho que era seu cabelo que cheirava a morango.

            Nem percebi que eu fiquei olhando as pernas dela na maior cara de pau. Ela estava vestida com um shortinho jeans curto que mostravam suas belas pernas, usava também uma blusinha decotada, estava sem sutiã. Era a mesma blusa que eu a vi colocando, quando estava observando-a pela janela.

— Perdeu alguma coisa aí? – Pergunta ela, vendo onde meu olhar estava fixo.

— Na...Não. – Me recompus, olhando para a frente e ligando o carro.

— Aonde você quer ir? – Pergunto, evitando olhá-la.

— Você é a motorista. Pode me levar a onde quiser. – Diz ela, me olhando. Olho para ela também. — Me surpreenda. – Diz com um sorriso encantador.

Nossa, meu coração acelerou de uma tal forma que acho que vou ter um treco.

— O...OK – Digo, minha voz subindo uma oitava. Saio com o carro. Vou falando para ela onde ficam as lojas, o shopping, mercado, padaria... essas coisas todas.

— Você mora aqui a muito tempo? – Ela me pergunta, olhando o movimento pela janela do carro.

— Eu moro aqui desde que nasci. – Respondo. — Acho que conheço cada canto desta cidade.

            Continuamos rodando e fui indicando os melhores estabelecimentos para ela. Entrei em uma pista que ia para fora da cidade. Depois de um tempo parei o carro. Estávamos em um morro, dava para ver a cidade inteira. Era um lugar calmo. Adorava ir lá a noite, dava para ver o céu estrelado como em nenhum outro lugar.

            Descemos e nos encostamos na parte da frente do carro. Toda vez que eu ia lá, pegava o carro da minha mãe. Ele tinha a frente mais larga, então dava para deitar no capô e olhar as estrelas.

— Aqui é lindo, tem uma vista incrível. – Ela diz, olhando o céu.

— Eu sempre venho aqui, ainda mais quando as coisas não dão certo. Venho para pensar. – Digo, sabendo que ela está me observando.

— Você é diferente. Mais madura e séria. – Ela diz, me olhando nos olhos. — As garotas de 19 anos que eu conheço, são ainda bem infantis. – Ela ri e eu a acompanho nas risadas. Logo ela muda de assunto. — Está gostando da faculdade de Administração? – Ela me pergunta.

— Sim. E você, porque não fez Psicologia antes, já que é a sua paixão? – Pergunto.

— Eu tinha a empresa para cuidar. Ela ficou parada por muito tempo, até eu ter idade para comandá-la. – Nanda diz, olhando para longe meio pensativa. — Então me vi fazendo Administração para saber administrá-la. Acabei fazendo Direito também, para ficar por dentro de leis e todas essas coisas, não ser passada para trás por ninguém, saber todos os meus direitos.

— Sente falta deles? – Eu pergunto, me referindo a seus pais, um pouco depois do silêncio que se fez presente.

— Muito. – Responde triste, entendendo minha pergunta.

— Você sente falta do seu pai? – Pergunta ela, me deixando sem palavras. Fico um bom tempo calada.

— Sinto. Ele morreu de câncer quando eu tinha doze anos. Parece que foi ontem que eu estava sentada com ele lá na varanda de casa, antes dele passar mal. – Digo, sendo levada por meus pensamentos a uns anos atrás. Recordando aqueles dias tristes, aquele ano que não sabíamos como sobreviveríamos sem ele. — Foram dias difíceis àqueles. Um ano sombrio e triste ao mesmo tempo. – Falo, com meu pensamento longe.

Ficamos em silêncio, cada uma com seus pensamentos. Havia tanto tempo que eu não falava do meu pai com ninguém. Pensar nele sempre me levava àqueles dias. Tentei por muito tempo ser forte, por minha mãe. Naquele mesmo ano, ela descobriu que estava grávida da Milena. Eu tentava sempre manter minha mãe para cima, não deixava-a desistir. Mas como é que eu tentava mantê-la ali, dia após dia, tentando fazê-la sorrir, sendo que eu mesma queria jogar tudo para o alto, sumir? Como eu disse, foram dias nebulosos.

— Vamos? – Pergunto, retornando ao presente.

— Sim, vamos. – Ela responde. Entramos no carro e voltamos para casa. No meio do caminho ela volta a falar.

— Desculpa, não queria te deixar triste. – Ela diz, me olhando com uma carinha triste.

— Não se preocupe. Eu estou bem. – Digo, olhando-a e sorrindo, ganhando um sorriso dela.

Quando chegamos, paro o carro em frente a sua casa.

— Adorei o passeio. – Nanda comenta, se virando para me olhar.

— Eu também. – Digo, me virando para ela.

É incrível como seus olhos prendem os meus. Sem controlar, meu olhar desce para sua boca. Não sei quanto tempo fiquei olhando, só sei que fui tirada do transe pela sua voz.

— Você é meio estranha sabia? – Ela diz, rindo. Minhas bochechas estavam queimando.

Viro para a frente, com vergonha. Ela se aproxima e me dá um beijo na rosto.

— Boa noite. – Ela fala, saindo do carro sem esperar resposta. Fico olhando até ela entrar em casa. Sigo para a minha casa colocando o carro na garagem.

Depois que entro, vou para o meu quarto. Já deitada e ainda sonhando com aquele beijo que ganhei no rosto, vejo que recebi uma mensagem no celular.

''Não pense que eu esqueci que te surpreendi me olhando trocar de roupa. Vai ficar me devendo ou sua mãe saberá disso. Fernanda''

Mulher abusada essa. Como é que ela conseguiu meu número? E que história é essa de que estou devendo a ela? Chantagem comigo não rola.

Ainda pensando nessa mensagem, escuto alguém bater na porta. Libero a entrada e minha mãe entra.

— Como foi o passeio? – Ela pergunta, mantendo um sorriso no rosto.

— Foi bom. – Falo, olhando para ela.

— Ela é linda né filha? – Balanço a cabeça para sua pergunta. — Parece que vocês se deram muito bem. – Continua sorrindo.

— Ela é gente boa. – Digo. — Ela me mandou mensagem agorinha mas eu não passei meu número. – Comento, pensativa.

— Fui eu que passei. Depois que você foi para a cozinha, dei seu número a ela. – Ela fala, como se fosse uma besteirinha qualquer, mas o sorriso nunca deixa seus lábios. — Bom... vou te deixar dormir tá? – Ela fala, vindo me dar um beijo. – Até amanhã.

— Até amanhã. – Assim que ela sai, me viro na cama pensando na Nanda, em seu sorriso, em seus belos olhos e durmo logo em seguida.

Na manhã seguinte, acordo lembrando do sonho que eu tive. Parecia tão real. Sonhei que beijava alguém. Não sei quem era, não consigo lembrar, só sei que tinha olhos azuis. Não sei se vocês já tiveram esse tipo de sonho, mas é muito bom. Acordei sentindo o gosto daquele beijo. Não me perguntem como eu sei, apesar de nunca ter beijado, mas sei que era o gosto do beijo.

Depois de ficar um tempo tentando lembrar mais do sonho, sem sucesso, levantei e fui me arrumar. Tinha aula.

— Bom dia filha. – Diz mamãe, assim que eu entro na cozinha.

— Bom dia. – Respondo, ainda aérea por causa do sonho.

Percebo minha mãe me olhando, na verdade, me analisando com o mesmo sorriso de ontem.

— Que foi? – Pergunto, encarando-a, sentindo que estou ficando vermelha.

— Nada. – Ela diz, sorrindo mais ainda. Não sei por que ela está sorrindo tanto.

— A senhora está sorrindo desde ontem, o que foi? – Pergunto, um pouco brava.

— Você ainda não sabe? – Ela me pergunta. — Tem certeza?

— Tenho. Não sei do que você está falando e não estou entendendo nada. – Digo. Ela fica calada com aquele sorriso, terminando de arrumar a mesa.

— Vai me contar ou não? – Pergunto, dessa vez mais brava.

— Eu sabia que esse dia chegaria. Só não sabia que seria uma mulher que faria isso com você. – Ela diz, me olhando e ainda sorrindo.

— Mulher? Que mulher? Fazer o que comigo? – Pergunto, sem entender nada. O que deu na minha mãe? Está tão estranha.

Ela me dá um beijo e vai saindo da cozinha.

— Você vai descobrir em breve o que estou falando. – Ela se vira e pisca para mim. Ainda está com o mesmo sorrisinho.

Só falta ela ter endoidado de vez.

Depois do café, faço a mesma coisa, escovo os dentes, pego minha mochila e saio.

Como sempre, sou a última a chegar na faculdade. Diego e Carla logo vem falar comigo.

— Oi baby? – Diego fala, todo animado.

— Oi Di, oi Carla. – Digo, sorrindo e ganhando um abraço dos dois.

— E aí, tem novidades? – Carla me pergunta.

— Eu tenho uma nova vizinha. – Digo, tentando manter minha expressão normal. Quando eu pensava na Nanda, meu coração parecia que tocava samba.

— Vizinha? – Diego pergunta. – Mora sozinha? Tem marido? Filhos homens?

— Sim, ela mora sozinha e resposta para as outras duas é não. – Respondo.

Carla estava me analisando. Tentei continuar normal. Ela era inteligente, devia estar pensando várias coisas, sabia ler as pessoas muito bem. Eu achei que ela falaria algo, mas se manteve calada.

— Ontem minha mãe me fez sair com ela para mostrar o bairro. – Digo.

— E como ela é? – Diego pergunta.

— Ah, sei lá. Normal. – Diego faz um careta.

— Quero saber se é bonita, ou velha, coisas assim sua pateta. – Ele fala.

— Ela é bonita, tem olhos azuis, cabelos lisos com cachos nas pontas, um corpo bonito... – Respondo, tentando não ficar vermelha. Carla ainda me observa.

— Pra quem diz que não é lésbica, você prestou muita atenção hein? – Diego diz. Logo Carla e ele caem na gargalhada.

— Nada a ver. – Falo, revirando os olhos. — Queria que eu saísse com ela e não a olhasse?

Não conseguimos conversar mais porque os dois não paravam de rir e logo o professor chegou.

Depois da aula, voltei para casa.

O restante da semana passou assim, rápido.

Não conseguia esconder minha vontade de ver a Nanda. Toda vez que surgia algum assunto relacionado a Fernanda, mamãe me olhava e sorria. Eu ainda não entendia o que ela queria com esses sorrisos.

Na sexta, saí com Diego e Carla. Fomos lanchar no shopping, no Mc Donalds para dizer a verdade. Fizemos o pedido e depois de pegarmos os lanches fomos nos sentar.

— E então, quando é que você vai falar com o Pedro? – Eu pergunto para Diego.

— Não vou. E você, quando é que vai assumir que está apaixonada pela sua vizinha? – Diego manda na lata me fazendo cuspir refrigerante por toda a mesa.

— O QUE? – Pergunto, quase gritando e atraindo a atenção de outras pessoas.

— É isso mesmo que você ouviu. – Carla diz, se intrometendo. — Diego nem percebeu, mas eu sim. Eu que falei pra ele que você está apaixonada pela sua vizinha.

— Da onde você tirou isso? – Pergunto para ela. — Eu não estou apaixonada.

— Está sim. Dá para ver sua cara de boba toda vez que fala nela. Sem contar que você fica vermelha e seus olhos brilham. – Carla fala.

— Eu não estou e não fico assim. – Digo. — Qual o problema se eu disse que a minha vizinha Fernanda era uma puta de uma deusa? Isso não quer dizer que eu esteja apaixonada por ela. – Digo

— É muito bom saber que você me acha uma deusa, Mel. – Fernanda diz, parada bem ao meu lado. Mais que droga, eu nem vi ela ali. Eu devia estar roxa de tanta vergonha.



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